What???
Pedro Azevedo
"A deficiente calibragem técnica das linhas de fora de jogo originou a má avaliação de um lance de ataque do SC Braga, aos dois minutos do jogo com o Moreirense FC. O jogador do SC Braga encontrava-se em jogo por 1,18 metros e não em fora de jogo" - explicação oficial sobre golo (mal) anulado ao SC Braga
Quer dizer, como se já não fosse mais do que suficiente a subjectividade da intensidade discricionariamente medida pelo VAR, ficámos a saber que as linhas de fora de jogo que nos aparecem no ecrã podem estar deturpadas por um erro de "calibragem técnica". "What"? É verdade, já não bastava o Conselho de Arbitragem, o árbitro, os árbitros assistentes, o quarto árbitro, o VAR e o senhor que traz as bicas para a rulote (assistente de VAR), temos agora de nos preocupar com a figura do "Técnico de Imagem". A quem cabe calibrar referências como as grandes-áreas, linhas laterais, linha do meio-campo, linhas de fundo, etc, de forma a poder medir-se o posicionamento relativo dos jogadores no campo. Diz o Duarte Gomes que havendo 3 câmaras na análise dos potenciais foras de jogo - de topo/master (ângulo aberto), de fora de jogo e de "curtos" (ângulo fechado) - o que falhou foi a triangulação entre elas, uma explicação em forma de assim (grande O'Neill!), como se o Nuno Mendes tivesse colocado a bola nas costas do lateral esquerdo contrário, o Nuno Santos aparecesse e tocasse para o lado e o Pote rematasse cento e dezoito centímetros por cima da barra. Porém, existe uma diferença: é que, enquanto o remate do Pote não deixaria de ter sido um mau gesto técnico, faria parte do futebol. Agora, num país que se pretende civilizado e que defenda a transparência e a integridade como valores de referência em sociedade, a Liga - organizadora da competição - e a FPF - responsável pela arbitragem - deveriam imediatamente ter anunciado a promoção de um rigoroso inquérito para apuramento das causas que originaram o erro, com o fim de as apresentar posteriormente a clubes e adeptos de futebol, dando garantias de eliminação de potencial erro futuro (através do reforço de meios técnicos e de infraestrutura) e blindando assim a competição contra a suspeição. Terá custos? Sim, montar por exemplo uma torre acima das bancadas de forma a se poderem elevar as câmaras (de outro modo colocadas em cima do relvado em estádios sem as melhores condições) terá um custo. Mas, qual é o custo da falta de transparência?
Era só mesmo o que nos faltava: duvidarmos das linhas. Será que, para além do vídeo-árbitro assistente, passaremos também a ter a figura da "Tia" (Técnico de Imagem Assistente)? Este futebol português é um pagode. Oh yeah!