Um agente de mudança
Pedro Azevedo
Os resultados do Sporting nas últimas décadas estão indelevelmente associados à crise de valores na nossa sociedade e à falência das instituições que nos superintendem.
O clube, com a nobreza de valores que o acompanha desde a sua fundação, foi absolutamente trucidado por uma sociedade que hipervaloriza o dinheiro em detrimento do mérito e da conduta ética.
Nessa conformidade, e de forma a podermos manter a nobreza da nossa actuação, é importante que os sportinguistas e sua Direcção se consciencializem de que têm de ser um agente de transformação, de mudança. É que a inacção, no actual contexto, não será prudente, mas sim radical, e contribuirá para um ainda maior agravamento da nossa situação.
Temos de interiorizar que o sucesso não é só o resultado final, mas sim, essencialmente, o caminho que é percorrido e as escolhas que fazemos. Isso, que define um homem bem sucedido, ou um "homem do bem", é também válido para as instituições. Assim, perante o meio que nos envolve, o Sporting não pode ser conformista ou situacionista, tem de agir e protagonizar as reformas que urge implementar.
O desporto e o futebol necessitam desse Sporting heterogéneo na sua raíz de apoio, mas homogéneo no repúdio de certo tipo de comportamentos de que enfermam as competições. Por isso, não há que tergiversar nem hesitar, mas sim despertar uma raíz renascentista que nos liberte do espartilho que nos querem impôr, algo que para ser obtido necessita de que quem dirige saiba ouvir e arregimentar.
Para terminar, deixo-vos com uma citação do Marquês de Maricá: "Os homens sem mérito algum, brochados de insígnias e de ouro, são comparáveis a maus livros ricamente encadernados".