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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

16
Set19

Tudo ao molho e fé em Deus - Pontes de lança pouco afiada


Pedro Azevedo

Existem dois LP no Sporting. Um dos LP (Leonel Pontes) é aparentemente provisório, o que significa que um destes dias pode vir a ser considerado obsoleto como a cassete e ver-se substituído por algum moderno CD, ou mesmo por um PC. O outro LP (Luíz Phellype) engana muito, pois é na verdade um Single, peça única em Alvalade. Acontece que no Bessa nem o Single estava disponível, pelo que o LP tocou várias faixas mas a agulha encravava sempre que se aproximava da faixa central. Ainda assim, Leonel tentou construir pontes de ataque através das alas, improvisando um ataque dinâmico, como que substituindo pontas de lança por Pontes de lança, mas a verdade é que a primeira parte foi confrangedora. (Com um plantel desequilibrado, jogadores lesionados, sem um ponta de lança e com pouquíssimo tempo de trabalho de conjunto dada a paragem para as selecções não é justo atribuir-lhe grandes responsabilidades no que se viu.)

 

A equipa que jogou esta noite no Bessa foi a que teve o maior cunho pessoal de Frederico Varandas desde que este assumiu a presidência do clube. Assim, de início alinharam 6 jogadores contratados já este ano, no decorrer do jogo chegaram a estar 7 simultaneamente em campo, tendo no total sido utilizados 9 novos jogadores (Rosier, Neto, Borja, Doumbia, Plata, Bolasie, Jesé, Eduardo e Camacho). Um verdadeiro Team Varandas! Houve também 4 estreias absolutas, com Rosier e Bolasie a alinharem de início e Jesé e Camacho a entrarem mais tarde. A defesa foi praticamente toda nova, apenas se mantendo Mathieu do último jogo. Desta vez alinhámos com a extravagância de dois jogadores portugueses. Outra novidade foi haver alguém da Formação (com boa vontade), o equatoriano Gonzalo Plata. O que não houve foi um ponta de lança, após nos termos "aliviado" de Bas Dost (mas não aliviado de aumentos salariais de administradores da SAD, ao que parece), emprestado Gelson Dala e não inscrito Pedro Mendes. Em contrapartida, supostamente abundam os "avançados-centro", essa figura da mitologia dos anos 60 e 70 que certamente muito será do agrado do presidente Varandas. Enfim, ao fim da quinta jornada do campeonato voltámos à pré-época. E com desequilíbrios por demais evidentes no plantel...

 

Segundo o presidente, o Fernando, que dizem os registos apenas efectuou um jogo no Brasileirão, foi considerado a revelação do campeonato. Vindo de quem diz apostar na Formação e em contratações cirúrgicas, obviamente não tive como duvidar. Por isso fiquei a sonhar com o jogaço que o Fernando teria feito e a projectar a sua futura estreia pelo Sporting. Acontece que o brasileiro veio ou está lesionado, algo que parece ser comum aos jogadores contratados este Verão, vidé Camacho e Rosier, este último aquele francês (bons pormenores hoje) que custou 5,3 milhões de euros mais os direitos económicos do Mama Baldé e do qual só ganharemos 80% de uma futura venda. Assim sendo, transferi as minhas expectativas para o Jesé, à espera daquilo que o espanhol poderia fazer num só jogo. E não é que o rapaz não me deixou ficar mal? É que se o Fernando num só jogo foi merecedor do título de revelação do Brasileirão, o Jesé após o Bessa também se tornou merecedor do título de revelação do... RAP. É verdade, andamos a ouvir música há já algum tempo e no caso do espanhol o que pudemos observar foi um jogador pesado e longe dos seus melhores tempos, embora tenha mostrado um ou outro pormenor do antigamente. Em todo o caso, antes RAP que R.I.P., pois estranho seria este lento definhar Sportinguista deixar alguém dormir descansado ou, pior, o clube dormir o sono dos justos.  

 

O jogo? Sem ponta de lança, Leonel Pontes pretendeu imitar a organização do caos de Fernando Santos, na esperança de desorientar os pupilos do Lito Vidigal. Só que Leonel, apesar de Pontes, não é engenheiro nem conta hoje em dia com Cristiano Ronaldo. Para além disso, contou com Borja, o mesmo que começar com 10 - a condição física de Jesé e a necesidade de ter alguma arma-secreta no banco terão aconselhado essa "solução" - , hoje também especialmente mal a defender. A quem pediu para ir à linha centrar enquanto o ala do mesmo lado metia para dentro, o que é o mesmo que sugerir a um gato para se atirar para uma banheira cheia de água, ou seja, uma missão antecipadamente condenada ao fracasso. Ao mesmo tempo, para criar ainda mais entropia no sistema, Neto, aparentemente nervoso, só fazia asneiras, Plata mostrava-se inconsequente e Wendel, eventualmente cansado de jogos e viagens a meio da semana, também não acertava uma. De um erro do brasileiro resultaria mesmo o livre com que o Boavista inauguraria o marcador através de Marlon, um antigo jogador do Fluminense com o mesmo nome de um outro com história nos clubes hoje em confronto. Por tudo isto, e pese embora os esforços isolados de Bruno Fernandes e do congolês Bolasie, não surpreendeu ninguém que os leões tivessem chegado ao intervalo em desvantagem. 

 

Para o segundo tempo, Leonel Pontes decidiu jogar com 11. (É que mesmo muito abaixo do seu melhor, Jesé é infinitamente mais jogador de bola que Borja.)

Aproveitando o cansaço do pobre do Ackah, coitado, acometido de cãibras nas pernas após ter percorrido quilómetros com o propósito quase exclusivo de acertar uns pontapés em Bruno Fernandes, os leões foram apertando o Boavista até ao seu último reduto. Apesar disso, as oportunidades escasseavam. Como excepção que confirmou a regra apenas um lance concluído por Bolasie com um remate que ainda tocou ao de leve na barra da baliza de Bracali. Acercando-se cada vez mais das imediações da grande área axadrezada e trocando a bola com algum critério e movimentações constantes, os leões começaram a ganhar faltas em zonas de perigo. Assim, após uma infração cometida sobre Bolasie, Bruno Fernandes empatou a partida, beneficiando ainda de um desvio num jogador boavisteiro que estava na barreira aquando da marcação do livre. 

 

O Sporting empolgava-se, mas Jorge Sousa entrou em acção. Já antes havia mostrado cartões amarelos polémicos a Luís Neto e a Yannick Bolasie, agora admoestava pela segunda vez Bruno Fernandes, dando-lhe assim ordem de expulsão. Por uma falta que não foi mais grave do que qualquer uma cometida por Ackah, o tal ganês com ganas de morder as canelas ao capitão leonino que escapou sem ver sequer a cartolina icterícia. Depois das três penalidades contra nós em casa, da expulsão de um vimaranense no Dragão quando ainda nem estava decorrido 1 minuto de jogo - havia um outro defesa no lance - e do penálti a favor do Porto em Portimão que desbloqueou o marcador num jogo que só terminou aos 98 minutos com o golo da vitória portista. Assim vai o futebol português... 

 

Uma palavra final para Leonel Pontes, um homem sem prazo e com uma tarefa. Para nosso azar e sua má fortuna essa tarefa assemelha-se cada vez mais a uma daquelas incumbidas a Hércules. Quer dizer, para matar o maior leão do mundo não precisam dele e espero que não lhe exijam que faça o mesmo à serpente com corpo de dragão, tão protegida ela está pelos apitos. Mas, mesmo excluindo essas duas, a tarefa não se afigura de auspiciosa resolução, pese embora a cassete do clube sugira que nos reforçámos melhor do que a concorrência - é bom haver exigência, mas ela devia começar no esboço de um plantel - , coisa amiga e que não deve aumentar em nada a pressão sobre o Leonel. Resta-lhe, por isso, tentar fazer o melhor com um plantel com apenas 1 ponta de lança, alguns "avançados-centro" e uma Ala dos Namorados de fazer inveja a El Rei Dom João I. É certo que ainda há Bruno Fernandes, mas nem mesmo este conseguiu evitar que Marcel Keizer passasse a ser um santo contestável. Segue-se um jogo para a Liga Europa em Eindhoven - by the way, foi a Philips, cujos funcionários fundaram o PSV, que inventou a cassete, pelo que isto está tudo ligado - e uma recepção ao Famalicão onde não poderá contar com o capitão, aquele que, conjuntamente com o francês Mathieu e o argentino Acuña, forma o trio de imprescindíveis (já sei que não gostam do termo "insubstituíveis"). Entretanto, os jogadores novos ir-se-ão entrosando, um novo ponta de lança se irá improvisando, pelo que lá para o fim do campeonato poderemos fazer umas flores... Já não serão é túlipas, mas quem sabe não emergirá uma Goodyera da Madeira? Boa sorte, Leonel! 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Yannick Bolasie

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