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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

27
Jan19

Tudo ao molho e fé em Deus - O Inverno do nosso contentamento


Pedro Azevedo

Confesso que não estava especialmente confiante antes do jogo. Vendo e ouvindo a antevisão televisiva, nos vários canais, pior fiquei: a média das probabilidades a nós atribuídas era a alegria dos cemitérios de um sportinguista.

Com esta carga em cima, sentei-me à frente do televisor. Sintonizei a SportTV. Os comentários iniciais foram no mesmo sentido, como se o jogo já tivesse terminado antes mesmo de ter começado e o que nos fosse dado a assistir daí para a frente, uma mera formalidade.  

 

Passado um curtíssimo ímpeto inicial portista, o Sporting pegou no jogo. Incrédulo com o que via no relvado, o comentador tardou a dar o braço a torcer. Pelo menos muito mais tempo do que André Pinto ou Petrovic demoraram a dar o nariz a partir. A verdade é que as melhores oportunidades no primeiro tempo foram dos leões. Com a excepção de uma cabeçada de André Pereira, todos os lances de perigo foram nossos, destacando-se dois remates desenquadrados de Nani, uma carambola em Raphinha que quase tomava o rumo da baliza e um livre de Bruno Fernandes a tirar tinta ao poste, em jogada precedida de um cartão amarelo-alaranjado atrbuído a Felipe. Perante isto, o senhor da SportTV disse que o Sporting tinha conseguido equilibrar o jogo. (Não tenho a certeza, mas talvez não fosse má ideia entregar a decisão das partidas ao senhor comentador da SportTV. Assim, ambos nos poupávamos ao incómodo: nós, de ver os jogos; ele, de ter de se interrogar porque é que tudo correu ao contrário da sua lógica das coisas.)

Entretanto, o árbitro mostrava total desprezo pela "lei da vantagem" e dava cartões conforme a vontade das bancadas, para o efeito transformadas num circo romano de polegares para cima e para baixo consoante a vontade da maioria ruidosa. Em consequência, Acuña viu um amarelo incompreensível e Keizer, assustado, no reatamento decidiu colocar Jefferson no lugar do argentino. 

 

A troca dos laterais esquerdos abria uma perspectiva tenebrosa para o segundo tempo e a expectativa não saiu gorada: entre ajoelhamentos defensivos e perdas de bola no ataque, o brasileiro contribuiu da forma habitual para a (hiper)tensão deste adepto. O que isto foi de dar de fumar à dor (até à exaustão)...Para piorar o cenário, o "soundbyte Abel(ico)" de que o futebol não é basquetebol produziu efeitos e André Pinto caiu por terra - sangrando abundantemente do nariz - após uma cotovelada de Marega, tudo sem qualquer admoestação de João Pinheiro. Sem centrais no banco entrou Petrovic, o qual pouco tempo depois também se magoou na mesma zona. O jogo voltou a ficar interrompido, o sérvio esteve fora do campo a ser assistido (Miguel Luís chegou a estar de prevenção para entrar, de forma a que Gudelj pudesse recuar para a defesa), e as várias adaptações em tão curto espaço de tempo criaram alguma desestabilização (e mesmo pontual desorientação) na equipa leonina. O Porto, liderado por Brahimi, aproveitou, embora sem criar grande perigo, excepção feita a nova cabeçada de André Pereira, desta vez para defesa de Renan Ribeiro. Até que, num lance onde Gudelj estava muito metido na área e Wendel demorou um pouco a fechar, Herrera rematou praticamente sem oposição. O tiro não saiu colocado, mas Renan calculou mal a trajectória e deixou a bola ressaltar para a frente, proporcionando a recarga vitoriosa do recém-entrado Fernando. 

 

A perder a 10 minutos (mais descontos) do fim, Keizer arriscou o que pôde - já só tinha uma substituição possível - e trocou Gudelj por Diaby, recuando Nani para organizar o jogo com Bruno Fernandes. Sob a batuta dos capitães, o Sporting tomou as rédeas da partida e começou a ameaçar as redes de Vanã. Eis então que, num lance insólito, Diaby antecipa-se na área a Oliver e é carregado por este, em jogada sem perigo iminente. João Pinheiro não viu, mas o BiVAR (é verdade!!) chamou-lhe a atenção. Após visionamento das imagens, assinalou "penalty". Bas Dost converteu, igualando o marcador. O Sporting podia ter decidido o jogo ainda no tempo regulamentar, mas Vanã salvou miraculosamente o Porto ao defender um remate de Raphinha que concluiu uma assistência soberba de Bruno Fernandes. 

 

Seguimos para "penáltis" e o Sporting voltou a falhar primeiro. Após novo golo de Dost, Coates repetiu o falhanço da semi-final. Mas Renan tornava a baliza pequena e Militão escolheu (acertar no painel d`) a Super Bock. Bruno marcou com a classe do costume, e quando Hernâni partiu para a bola comentei para o lado que iríamos ganhar. Estatisticamente, os canhotos geralmente cruzam a bola nos penáltis e Renan também assim o pensou e defendeu. A conversão de Nani deixou-nos muito perto da vitória. Ficámos com duas hipóteses em aberto para ganhar o jogo: se o Porto falhasse a penalidade seguinte, ou Raphinha convertesse a última, o Sporting ganharia. Para sossego do meu coração, Felipe acertou no travessão e começou a festa. Abracei todos os que estavam à minha volta e já não ouvi os comentadores, mas admito que tenham tido uma noite longa a explicar como o Porto perdeu um jogo antecipadamente ganho. Deve ter sido coisa para um certo monólogo shakespeariano que envolve a constatação de que a consciência tem um milhão de diferentes vozes...

 

Na Pedreira, o Sporting levou a Taça e Keizer ganhou o seu primeiro título como treinador. Foi a segunda vitória consecutiva dos leões na competição, com a curiosidade dos 4 jogos da Final Four terem sido ganhos por penáltis. Já se sabe, connosco é sempre a sofrer até ao fim. Destaque-se também que ganhámos os últimos 8 jogos (!!) de mata-mata disputados contra o FC Porto (ninguém diria, pois o tratamento dispensado pela CS foi sempre de "underdog"), o que nos torna já numa espécie de São Jorge (proponho-o para padroeiro do clube) para os dragões, mesmo que neste caso tenhamos tido menos um dia de descanso e a erosão psicológica adicional de uma (prolongada) série de grandes penalidades. 

 

E assim, ao contrário das primeiras linhas de Ricardo III - "(Este é) o Inverno do nosso descontentamento" - , ou do livro homónimo de John Steinbeck, somos os CAMPEÕES DE INVERNO!!!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes (mas "Renan é grande", como disse Dost). Num segundo plano, Petrovic, Coates e Nani (quando passou para o meio) estiveram acima dos restantes. Destaque ainda para Diaby, providencial ao ganhar a grande penalidade.

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