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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

06
Mai19

Tudo ao molho e fé em Deus - Killer Instinct


Pedro Azevedo

Em Manhattan, as ruas não têm nomes mas sim números. No Jamor, a equipa da casa também não tem nome. E hoje o Sporting deixou-a feita num oito. É o que geralmente acontece no futebol quando, de um lado, se reúne uma equipa com tendências suicidas e, do outro, uma (finalmente!!!) com "killer instinct".

 

Silas será, porventura, um treinador para equipa "grande", com guarda-redes, defesas e médios com qualidade técnica superior que garanta alta eficácia de passe perante o risco iminente. Numa equipa média, tal ambição assemelha-se a praticar trapézio sem rede e a queda pode ser bem dolorosa. Ainda assim, os azuis estão fora de perigo, no nono lugar da tabela classificativa, sinal de que a estratégia serviu para o nosso campeonato, facto digno de realce num clube (SAD?) com as dificuldades por todos conhecidas.

 

Num final de tarde triste para Muriel, acabou por ser Guilherme, o seu substituto, a "pagar as favas" (são verdes...). Tudo começou quando aos 4 minutos o guarda-redes brasileiro arriscou um passe para Eduardo, que estava pressionado por dois adversários. Da perda de bola subsequente resultou, primeiro, um remate de Raphinha que encontrou Luíz Phellype (deitado) no caminho da baliza e, depois, um chuto de Bruno Fernandes salvo sobre o risco por Cleylton. Em condições normais, tal seria considerado um aviso. Acontece que, 6 minutos depois, Muriel repetiu a gracinha e agora com consequências bem mais gravosas para a sua equipa: Raphinha interceptou a bola, iludiu um defensor contrário e rematou de pé direito para o primeiro golo do jogo. (Ou como uma ideia de sair a jogar se transforma em hara-kiri.) 

 

Se as coisas já não estavam a correr bem a Muriel, ainda viriam a piorar: Bruno Fernandes e Raphinha combinaram para aplicar na prática o enunciado da Lei de Murphy e o guarda-redes acabou expulso. Silas alterou o seu 3-5-2 para um 4-4-1, fazendo sair um dos centrais e baixando os alas para posições defensivas, a fim de que pudesse entrar alguém para a baliza. Em cima do intervalo, Bruno Fernandes, com um toque de magia (calcanhar), serviu Luíz Phellype para o segundo golo dos leões, o sétimo do brasileiro em seis jogos consecutivos a marcar.  

 

No início da etapa complementar, o Sporting abrandou um pouco o ritmo. Os azuis ameaçaram e à segunda tentativa reduziram o marcador. Mas estava escrito que o dia não seria bom para os pupilos de Silas e, para prová-lo, nada como Gudelj finalmente mostrar a sua lendária, dir-se-ia até hoje mitológica, meia distância, ainda que para tal tenha beneficiado de uma carambola digna do Mundial de Snooker que se está a disputar em Sheffield, Inglaterra. Com o golo sofrido, os azuis definitivamente baixaram os braços. Já desorientados, de uma bola perdida na sua área viria a resultar um penálti desnecessariamente cometido sobre Luíz Phellype. Na conversão, Bruno Fernandes marcou o seu primeiro da tarde. Com 20 minutos ainda para jogar, o Sporting manteve a pressão, revitalizando o miolo do terreno com a entrada de Idrissa Doumbia para o lugar de um pouco intenso Wendel. Bas Dost preparava-se para ir a jogo, mas o Felipe das Consoantes não abandonaria o campo sem deixar pela terceira vez a sua marca no jogo, interpondo-se entre um defesa e o guarda-redes adversário e servindo em bandeja de prata Bruno Fernandes para novo golo. Mal entrou, o holandês marcou: nova bola perdida pelos azuis no seu meio-campo e Bruno Fernandes a servir Dost, o qual marcou à segunda. Depois, Acuña centrou da esquerda e Bruno Fernandes, sem deixar a bola cair, completou o hat-trick, obtendo o seu 31º golo da época, um record europeu para um médio. A partida não terminaria sem que Doumbia se estreasse a marcar - aventurou-se em caminhos que para o colega sérvio seriam o Cabo das Tormentas -, após assistência de Diaby (e belíssima simulação de Dost), na sequência de um passe de ruptura de (quem mais?) Bruno Fernandes (31 golos, 18 assistências, participação importante em outros 16 golos, ou seja, influência em 59,6% dos golos do Sporting). Foi o 109º golo da temporada, marca que suplanta os 108 golos da última temporada de Jorge Jesus, quando ainda faltam 3 jogos para terminar esta época.

 

Em conclusão, na jornada em que deixou de ter hipóteses matemáticas de ganhar o campeonato, o Sporting registou a sua vitória mais robusta da época. O "killer instinct" tão arredio ao leão rampante - na década de 90 já Bobby Robson se queixava da sua ausência - acabou por se manifestar de forma exuberante, algo inimaginável num campo onde o mais que provável futuro campeão nacional perdeu por dois golos de diferença (na Luz, o Benfica também não bateu o Belenenses SAD). Uma pequena compensação e mais uma demonstração do sortilégio do futebol, a fazer-me lembrar um outro 8-1, ao Braga, que há 35 anos atrás presenciei no antigo José de Alvalade. Dia 25 voltaremos ao Estádio Nacional, na esperança de que desta vez não haja um (J)amor de perdição que tudo deite a perder. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes. Menções honrosas para Luíz Phellype e Raphinha. Destaque especial para o regresso de Bas Dost (1 golo). 

BrunoFernandesBelenenses.jpg

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