Tudo ao molho e fé em Deus - Hell's Kitchen
Pedro Azevedo
Vendo os programas despotivos nas TVs, há sempre inúmeras razões que justificam o não lançamento de jovens do Sporting. Assim, quando a equipa está mal, a sentença é que pode queimar-se o jovem, quando a equipa está bem não deve mexer-se em time que ganha e quando a equipa está assim-assim não se pode prejudicar as rotinas, pelo que, no fim do dia, não podendo ser cozido ou mexido, o jovem nunca pode estrelar. Deste modo, resta-lhe "ficar a assar", quando não a estufar, ou melhor, a estofar o banco de suplentes. Há ainda a forte possibilidade, a mais comum, de a sua ascensão à primeira equipa ir sendo cozinhada em lume brando num qualquer tacho em Alvalade. Por isso, bem pode chocar a nossa galinha dos ovos de ouro que haverá sempre argumentos para ir, certamente através de um intermediário, comprar ovos a um qualquer aviário. "Shocking, but true"!
Esta noite, num jogo que estava bloqueado, Pedro Mendes entrou para o lugar de um apático Luíz Phellype. Um pouco nervoso, a verdade é que esteve no lance do golo da vitória, fixando e estorvando o defesa norueguês e permitindo o aparecimento desde trás de Bolasie. Aliás, o atacante da nossa Formação mexeu-se mais em 30 minutos do que o Felipe das Consoantes no dobro do tempo. Vitória do Sporting e feliz associação à causa rosa para estirpar o cancro de resultados. Já tinha acontecido com o Lask, agora também com o Rosenborg, o rosa dá-nos sorte.
Pouco mais para contar num jogo em que Rosier foi capaz de levar as bancadas ao desespero durante o primeiro tempo, caindo sozinho, tropeçando na bola ou deixando livre o seu corredor para a penetração do único jogador tecnicista da equipa norueguesa, o nigeriano Adegbenro. Doumbia também pareceu jogar sobre brasas, sinónimo da falta de confiança que se abateu sobre a equipa. Já Wendel poderia estar dentro de um incêndio que ainda assim provavelmente não despertaria da sua sonolência. Os melhores foram os faquires Acuña e Mathieu - parecem imunes à temperatura - , Bruno Fernandes, embora abaixo do que já lhe vimos, e Bolasie, o homem cujo golo iluminou a noite leonina. Em plano aceitável, Renan e Vietto.
Tenor "Tudo ao molho...": Yannick Bolasie
P.S. Bonita a homenagem a Jordão. Eterna saudade.