Tudo ao molho e fé em Deus
Hat-Tri(n)cão
Pedro Azevedo
O Ruben Amorim é treinador de futebol. Dos bons, quero eu dizer. Mas é hiperactivo, e um hiperactivo não se conforma com o que tem ou com situacionismos, precisa de estar sempre a alterar alguma coisa. Por isso, o Amorim mudou totalmente a forma de jogar do Sporting depois do clube ter sido campeão ao fim de 19 anos. Deitando fora a fórmula vencedora e procurando uma outra mais de acordo com o estatuto de clube grande, ainda que porventura em desacordo com as vitórias. Relacionado com esse desassossego, troca de centrais a cada jogo e durante um jogo como quem muda de roupa interior. Nem sempre por insatisfação com o que tem, muitas vezes por aparente gestão do desgaste de competição ou para dar uso ao roupeiro. Para o Ruben a inacção não é prudente mas sim radical. Estivesse ele em casa, em vez de em Alcochete, e andaria a arrastar os móveis de um lado para o outro, mudando-os de lugar ou trocando-os por outros novos, dispondo a Sala de Estar em 3-4-3 para assim melhor enquadrar o Feng-Shui. (O Ruben é o Scouting, que outro além dele seria capaz de descobrir um avançado chinês assim?) Se bem que há jogadores que são mais substituídos que outros. O Esgaio, por exemplo, é quase sempre titular. Alguns esperariam ver ontem o Bellerin. Mas o dia ideal para os Vegan foi a Sexta-feira Santa, o Domingo de Páscoa seria sempre de ressurreição para alguém nascido na Nazaré. Como tal, o Esgaio ganhou uma outra vida. Quem também regressou ao mundo dos vivos foi outro ex-braguista. A novos começos podem corresponder novas identidades, por isso para já tratem-no por Hat-Tri(n)cão. E, claro, não poderia haver trocas e baldrocas sem o mínimo de organização, razão pela qual o camaleónico Pote é fundamental. Num mundo de mudanças, não haverá muitos Urbanos capazes de realizar tantas funções ao mesmo tempo, desde carregador de piano até motorista que sabe como ninguém dar acelerador, travão ou embraiagem ao nosso jogo. Só não concordo com esta coisa de o ponta de lança Coates jogar como central durante 75 minutos. Ontem tal poderia ter-nos custado caro, tantas foram as tentativas de antecipação falhadas que nos custaram golos. Mentalidade de avançado centro, é o que é. Se pensasse como central, reflectiria duas vezes antes de procurar adivinhar e se comprometer assim nos lances. Canto do cisne a jogar com os Gansos? Boa semana, com especial ênfase na Quinta-feira!
Tenor "Tudo ao molho...": Hat-Tri(n)cão