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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

13
Mar23

Tudo ao molho e fé em Deus

Quando o futebol é arte


Pedro Azevedo

Uma letra vale mais do que mil palavras...

 

Nos últimos anos surgiu uma corrente de pensadores universitários, logo seguida por um movimento de treinadores, que pretendeu afirmar o futebol como uma ciência. Quem não se lembra, por exemplo, do Mestre da Táctica e das suas jactantes elucubrações baseadas no denodado trabalho de investigação do Professor Manuel Sérgio? Mas é indubitavelmente como arte que o futebol se reconcilia com o espectador e este com o jogo. Porque mesmo numa era em que ao marketing é requerido que envelope a assistência a um jogo como uma experiência, ninguém que se desloque a um estádio está à espera que essa experiência envolva pipetas, tubos de ensaio ou o azul de tornassol. [Exceptuando o Luis Filipe Vieira, que acusou azul no papel tornassol quando exposto a condições básicas (Alverca) e depois mudou para vermelho (Benfica) e ficou com uma certa acidez.] E até os incendiários, que também os há infelizmente nos campos de futebol, optam pelo very-light ou petardo antes de se comoverem com a chamazinha que emana do Bico de Bunsen. 

 

Se é o futebol-arte que nos anima a alma, ninguém que tenha visto a recepção do Sporting ao Boavista pode ter dado o seu tempo como mal-empregue. E a razão principal tem um nome: Nuno Santos. O destaque dado ao Nuno é curioso, porque aqui e noutros fora tanto lhe tem sido gabado o empenho e concentração competitiva como reclamada a falta de criatividade. Mas uma coisa é a técnica, que o Nuno tem de sobra, outra a habilidade específica no 1x1 (o drible), que não é a especialidade do nosso jogador. Embora a base de um bom jogador seja a recepção, o passe e o remate, por vezes a revienga, o engano, salta mais à vista. Mas são mais olhos que barriga. A verdade é que a técnica também pode ser criativa, e o Nuno ontem provou-o abundantemente. Candidato ao Prémio Puskas, o seu remate de letra foi arte pura, pelo que de uma certa forma o jogo terminou aí, as suas restantes ocorrências, do mesmo modo que a hora ou o local onde foi disputado, apenas servindo para enquadrar esse glorioso momento que tanto prestigiou (justificou?) o futebol. E como a esmerada expressão artística é também uma sublime forma de inteligência, a execução do Nuno mostrou uma inteligência prática. Porque, se o futebol é tempo e espaço, o nosso ala esquerdo poupou o tempo que demoraria a puxar a bola para a sua canhota e aproveitou o pouco espaço disponível com aquele toque de magia. Depois de há uns tempos atrás já nos ter deliciado com uma assistência para golo executada com igual perícia. Inspirado, ainda lhe saiu uma trivela na direcção da baliza, mas os deuses devem ter achado que já era de mais - além do golo épico, adicione-se uma assistência para... autogolo - e fizeram subir ligeiramente a bola. 

 

Gostei bastante da atitude do Sporting durante todo o tempo. O resultado só não foi superior porque continuamos a falhar nos detalhes, especialmente na precisão dos cruzamentos e no timing de soltar a bola por parte dos médios, que por vezes engasgam desnecessariamente o jogo. Apesar de algumas limitações técnicas, estou convencido de que temos um grande ponta de lança em construção em Alvalade. O Chermiti dá apoios frontais, como no lance do primeiro golo, procura a profundidade, desloca-se lateralmente, pressiona alto, nunca está parado. E arrasa uma defesa com as suas movimentações, abrindo espaços para os colegas. O nosso jogo torna-se muito mais fluido, alegre e produtivo. Só lhe faltam mais golos para ser o "Cherminator". Ah, e o Paulinho marcou. Pelo terceiro jogo consecutivo, provando-se que a concorrência é um bem em qualquer actividade. E quem o serviu, quem foi? O Esgaio. Terá sido a revolta dos "patinhos feios"? Ainda vamos a tempo de os ver como cisnes? Que continuem, que por mim está bem assim!

 

Tal como o Herman, parodiando o Baptista Bastos a propósito do 25 de Abril, no futuro muitos Sportinguistas entre si perguntar-se-ão onde estavam no dia em que o Nuno Santos fez "aquela" obra de arte. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Nuno Santos. Who else? Edwards e Ugarte continuam em grande nível. Coates está a subir de forma. Diomande impressiona no passe e condução de bola. Israel revelou atenção entre os postes e bom jogo de pés. 

 

P.S. No dia da obra prima do Mestre, a prima do mestre-de-obras que é a "apitagem" portuguesa voltou a pintar... a manta. De negro. Penálti claro por marcar sobre Trincão. 

nuno santos boavista.jpg

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