Tudo ao molho e fé em Deus
“Quatro Centrais Futevoltaicos” e um Chermiti ligado à corrente
Pedro Azevedo
Com Manuel Ugarte mais baixo no terreno do que é costume, formando uma inovadora (para o treinador) linha de quatro defesas - 4 Centrais Futevoltaicos, que esgotaram as baterias num circuito fechado que foi a consagração da posse estéril - , Rúben Amorim pretenderia alimentar o resto da equipa com segurança. Só que o jogo foi de noite, o sol há muito já se havia posto e o recúo do uruguaio acabou por enfraquecer o jogo atacante do Sporting, que com menos um homem no meio campo perdeu energia e ligação entre os sectores. Essa ausência de corrente no miolo, agravada pela falta de meios auxiliares de diagnóstico - o (grego) Buscapoulos ficou em Lisboa - , persistiu durante todo o jogo. E, se no relvado faltou condução de energia, no banco deu-se um apagão. Salvou-se então a inteligência de Pedro Gonçalves e a energia de Chermiti, o único jogador que verdadeiramente esteve sempre ligado à corrente. Desta parceria nasceria aliás o único golo do desafio, com a Defesa vilacondense a ser arrastada com sede a mais ao Pote e o Chaimite a atingir o alvo. Antes, quase tudo foi deprimente, desde a arbitragem de Manuel Mota - Quantas faltas pode um central fazer sobre um mesmo jogador (Chermiti) sem sofrer a devida punição disciplinar? - até aos centros inversamente proporcionais de Matheus Reis - se o Chermiti ia ao primeiro poste, ele metia a bola no segundo; se o nosso ponta de lança surgia ao segundo pau, o brasileiro punha a bola no primeiro - , passando pelos desastrados passes de Ugarte, gerando uma exasperação no adepto que só não se transformou em frustração devido à expedita acção de Adán numa ocasião. Mas ganhámos, o que permitirá uma qualquer outra leitura do jogo mais adaptada ao resultado. Com a Vossa licença, para esse peditório eu passo.
Em resumo, jogámos como sempre quando na condição de visitante esta época e GANHÁMOS como (quase) nunca. Com o golo marcado por um miúdo de 18 anos da nossa Formação, o que me fez surgir um brilhozinho nos olhos. Hoje soube-me a pouco, hoje soube-me a tanto... (É destes oxímoros que também se faz o sortilégio do futebol.)
Tenor "Tudo ao molho": Youssef Chermiti. Pote, Adán e Inácio (passe a queimar linhas no golo do Sporting) salvaram-se também da nota negativa.