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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

18
Dez22

Tudo ao molho e fé em Deus

Um guião escrito no Céu


Pedro Azevedo

... E, lá em cima, no Céu, Maradona sorri...

 

Pode uma equipa ser tão superior táctica, técnica, física e mentalmente sobre outra e ainda assim isso no final não ser suficiente? Pode, se do outro lado estiver um Mbappé, e já agora um treinador (Deschamps) capaz de reconhecer o erro em que incorreu desde o início de jogo e adicionar um médio à sua equipa para reequilibrar as forças a meio-campo. Só assim se explica a razão pela qual a Argentina, depois de dar um amasso à França durante 70 minutos, foi para prolongamento e, mais tarde, para penáltis contra uma selecção que lhe foi notoriamente inferior a maior parte do tempo. Com um meio-campo todo-o-terreno onde MacAllister predominou com um jogo sobrenatural e Enzo e De Paul mostraram uma energia muito tipica dos gaúchos, os argentinos desde o início engoliram o meio-campo macio dos gauleses. Com a bola rapidamente recuperada, Messi depois fazia fillet mignon dos restantes franceses, avançando em combinações ou servindo um Di Maria com o diabo no corpo na esquerda. Um primeiro golo surgiu, produto da inépcia defensiva de Dembele, e logo um segundo apareceu após concretização da melhor jogada colectiva da competição. O intervalo chegou sem que a França fizesse um remate à baliza de Emiliano Martinez, que por essa altura estava ainda a aquecer os motores para o que viria a seguir, uma situação provocada também pela ingenuidade de Deschamps, que subestimou a capacidade competitiva argentina ao apresentar uma equipa que do meio-campo para a frente só tinha verdadeiramente um homem (Tchouameni) competente nas tarefas defensivas e com poder de choque para ganhar uma bola dividida. 

 

A toada do jogo manteve-se inalterada até aos 70 minutos, altura em que aconteceram dois factos relevantes: Mbappé fez o primeiro remate da França e Deschamps lançou Camavinga no jogo, sacrificando um defesa, e trocou Griezmann por um extremo (Coman), alterando o seu 4-3-3 para um 3-3-4 com 2 médios de combate e dois alas bem abertos. Contendo finalmente as investidas argentinas, a França pôde finalmente fazer chegar jogo à sua arma Mbappé, pelo que não demorou muito até que este causasse estragos ao adversário, primeiro através de uma penalidade a castigar uma má abordagem de Otamandi, depois num tiro acrobático a que Martinez não conseguiu chegar. O jogo foi empatado para prolongamento.

 

Scaloni demorou demasiado, mas quando mexeu na equipa o impacto foi imediato. Com Paredes fresco em campo, a substituir um De Paul muito castigado por entradas desleais dos franceses, a Argentina voltou a impôr-se na partida. A acabar o primeiro tempo, Lautaro, que entrara para o lugar de um batalhador Álvarez que marcara um golo à Mario Kempes nas meias-finais, desperdiçou ingloriamente duas boas oportunidades de voltar a pôr os argentinos na liderança do marcador. Até que, já no reatamento, Messi surgiu na ressaca de um terceiro golo perdido por Lautaro e... marcou. As semelhanças com a final ganha pela Argentina contra a Alemanha no México 86 vieram-me logo à memória, com o marcha do marcador e a tónica da partida a evoluírem exactamente da mesma forma. Só que haveria ainda um último twist no jogo: após uma mão argentina na sua área, Mbappé completou um hat-trick, o oitavo golo (um mais do que Messi) do avançado na competição. O jogo estava frenético e, no último minuto, Kolo Muani (enorme defesa de Martinez) e Lautaro (pela quarta vez!!!) perderam o golo da vitória, pelo que o jogo foi para decisão da marca da grande penalidade. 

 

Os craques apressaram-se em marcar a primeira, Mbappé para começo das hostilidades, Messi logo de seguida, mas depois Emiliano Martinez defendeu o remate de Coman e fechou a baliza a Tchouameni enquanto os argentinos (Dybala e Paredes) não falharam, cabendo a Montiel a honra de acabar com o sofrimento dos sul-americanos. 

 

Um grande jogo de futebol em que o guião parece ter sido escrito no Céu, privilégio exclusivo de uma estrelinha (d10s) tocada por Deus que mantém a mesma influência junto do "Barbas" (Maradona dixit) que já tinha quando connosco, simples mortais, conviveu no Planeta Terra. A final esteve para ser uma cópia da de 1986? Sim, mas uma mãozinha de Deus na luva de Emiliano Martinez deu-lhe o pico de gallo que faltava ao sabor a México.  

 

Tenor "Tudo ao molho...": Mac Allister. (Messi e Mbappé merecem o empate técnico, pelo que me decidi por um jogador que fez um jogo tremendo, não desprezando a exibição também surreal de Di Maria.)

 

P.S. Parabéns especiais ao nosso ex-jogador Marcos Acuña.

maradona e messi 3.jpg

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