Tudo ao molho e fé em Deus
A última ceia
Pedro Azevedo
"That's all folks!", este conto de Cinderela terminou para nós. Para o ano haverá mais, assim o esperamos. Na verdade, não queríamos que esta época de sonho acabasse. Talvez por isso, prolongou-se até quase à meia-noite, não indo mais além apenas por receio que a carruagem se transformasse numa abóbora. Para o fim ficou a ceia, um bom caldo verde onde se afundaram uns chouriços madeirenses. Ainda deu para haver um Pote de Ouro no finalzinho do arco-iris, com o nosso Harry Pote a mostrar toda a sua Art Deco naquele seu jeito de quem faz um passe (de magia) à baliza, no processo batendo o Esferovite na disputa pelo melhor marcador do campeonato.
O jogo começou tão tarde que o Jovane entrou em campo à hora do costume, mais um motivo para dar razão a quem acha que o cabo-verdiano é melhor quando entra tarde. Sendo ele geralmente letal entre as 21H45 e as 21H55 (jogos que se iniciam às 20H00), ou entre as 23H00 e as 23H10 (apito de saída às 21H15), não surpreendeu que tivesse começado por assistir o Pote nesse primeiro intervalo de tempo. Por fim, utilizou o último espaço temporal para, num passe à Neymar, fazer a assistência decisiva para a Bola de Prata. Tudo está bem quando acaba bem, e o Jovane acabará sempre por entrar a altas horas. Dizem que está provado ser melhor assim...
Pode ser que um jogo que acabou tão tarde tenha sido uma parábola da carreira de João Pereira. Uma pena que a sua despedida tenha ocorrido sem público. Não há duas sem três e à terceira (passagem por Alvalade) foi de vez, o João finalmente arrumou as botas. Obrigado pela raça e empenho. Seguir-se-à uma carreira como treinador e uma forte candidatura a destronar Rúben Amorim como alvo predilecto do Conselho de Disciplina. A coisa promete.
Agora vamos para a "silly season" a sonhar com a próxima época. A Olá já anunciou que criará um Perna de Pau à Sporting para nos dessedentar no Verão. Um Perna de Pau à Sporting? Acho a coisa um bocadinho provocativa, até porque neste Sporting 2020/21 não houve pernas de pau, só craques. Por isso, deixo uma sugestão: que tal reeditar o Super Max(i)? Se o Adán se puser a jeito...
Tenor "Tudo ao molho...": Pote