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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

14
Mar21

Tudo ao molho e fé em Deus

“Inimigo” invisível


Pedro Azevedo

Uma pessoa olha para as primeiras imagens emitidas directamente do Regimento de Milícias de Tondela e começa logo a interrogar-se sobre a forma como se deve combater um "inimigo" que não se vê. É que aparentemente estavam só 11 jogadores do Sporting em cima do terreno do jogo, mas os tondelenses haviam vestido camuflado, preparado uma emboscada e agora camaleonicamente confundiam-se com a vegetação enquanto aguardavam o início das hostilidades. Não os víamos, mas sentíamos que eles estavam lá, ou anos e anos de sistema do futebol português não nos tivessem já suficientemente desenvolvido a intuição (e a visão noturna). O mote estava traçado, a estratégia deles passava por extrema mobilidade oculta, íamos ter uma luta de guerrilha. Instintivamente pensei que o tempo da camisola, calções, botas e caneleiras já era e o jogador do futuro equiparia com capacete binocular de infravermelhos e assim. Veio-me logo à cabeça o Platoon e imaginei o filho do Martin Sheen a fumar umas cenas e a pensar no White Rabbit que seria preciso tirar da cartola para ganhar o jogo. (Mais tarde na carreira o rapaz dedicar-se-ia mesmo a da cartola tirar coelhinhas... da Playboy.)

 

Rapidamente se percebeu que os Beir'altacongs queriam-nos meter a encher chouriços, atar e pôr no fumeiro. As nossas movimentações eram constantemente vigiadas, o que nos colocava num espartilho. E não tínhamos quem conseguisse saltar as trincheiras que os tondelenses haviam montado com snipers como linha de defesa ao longo do terreno. Entretanto, desperdiçámos ingloriamente 45 minutos a tentá-lo com as mesmíssimas soluções ("I'm sitting on the dock of the bay, watching the tide roll away, ooh I'm just sitting on the dock of the bay, wasting time..."). Do meio campo para a frente os únicos homens com poder de choque eram Palhinha e TT, mas estes não são propriamente criativos, pelo que pensei que as entradas ao intervalo de Jovane e de Matheus Nunes poderiam complementar essas outras duas unidades, juntando mais força física a velocidade, imprevisibilidade e capacidade de ultrapassar linhas. Mas não, voltámos exactamente com o mesmo onze. E a primeira alteração também não foi de ruptura com o andamento do jogo, visando mais posse de bola e passe à distância quando este jogo específico estava a pedir essencialmente capacidade de penetração e dinamite. Obviamente, não resultou. Por essa altura já eu andava a ouvir o Adagio e com tendência para passar ao original do Albinoni , aquele que o Morrison escolheu para o seu "An American Prayer". O jogo continuou exactamente no mesmo enervante rame-rame até que Tabata e Jovane finalmente o conseguiram agitar. Nomeadamente o cabo-verdiano, que se posicionou mais perto de TT e obrigou os beirões a dispersarem atenções. E de uma bola recuperada por Jovane à entrada da área viria a resultar o envolvimento que permitiria a Pote assistir TT para o golo da vitória. 

 

O Sporting cumpriu com o essencial dos 3 pontos. No entanto, independentemente da inquestionável valia dos nossos jogadores, hoje não foi nada claro que tivéssemos escolhido o onze mais adaptado às circunstâncias que fomos encontrar em Tondela (não é com "Bolshoi" que se ataca "Hanói"). Mas ganhámos, e isso nunca defrauda ninguém, logo em princípio não deverá ser alvo de processo por parte da Comissão de Inquisidores, perdão, de Instrutores da Liga. Em princípio. R-E-S-P-E-C-T!

 

Tenor "Tudo ao molho...": TT. Uma palavra de apreço para a forma como defendemos. Noutros tempos, um falhanço como o de Feddal geraria logo o pânico e seria um golo certo. Hoje em dia não. E porquê? Porque os restantes jogadores sabem exactamente como colectivamente se posicionar e que linhas de passe encurtar. E isso é muito trabalho de treinador e da sua equipa técnica, sem desprimor pela forma como os jogadores apreenderam rapidamente os conceitos, que isto de atrás não deixar ninguém entregue à sua sorte tem muito que se lhe diga. Assim, podemos não impressionar ofensivamente, mas esta equipa continua a ser muito difícil de bater. E isso é meio-caminho andado para o sucesso.  

P.S. Retalhos da vida do futebol português: o João Pereira no Sporting nem precisa de jogar para apanhar vermelhos. Quando estava do outro lado da Segunda Circular, o Hugo Viana é que nem precisava de lhe tocar para ver um vermelho. Ah, e o pisão no pé do Tiago Tomás? Lá por o homem ser TT não quer dizer que valha tudo, não é? 

golotondela.jpg

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