Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

28
Fev21

Tudo ao molho e fé em Deus

Matheus contra a burocracia


Pedro Azevedo

Tenho vindo aqui a escrever em inúmeras ocasiões que o maior mérito (e são vários) que deve ser creditado a Rúben Amorim é ter feito com que o todo seja maior que a soma das partes. Não sei se Vos parece pouco, mas esta ideia do colectivo, quando comparada com a dos nossos adversários, a mim afigura-se como muito boa. Vejam, por exemplo, o caso do FC Porto: ontem à noite, no Dragão, eles tinham dois Sérgios. Tal presumivelmente configuraria um Sérgio ao quadrado. Só que não, eles empataram-se, não remaram para o mesmo lado, extremaram posições entre a soberba de um e a humildade do outro, enfim anularam-se. Senão vejamos: no final do jogo, enquanto o Oliveira, cheio de fanfarronice, altaneiramente se arvorava em finalista vencido da Champions, ele que no único ano (dos 12 que leva como profissional do clube) em que o Porto conseguiu chegar a uns quartos-de-final da prova milionária estava emprestado ao PAOK, o Conceição, muito comedido, não se queixou de não ter o Garrido, o Martins dos Santos ou mesmo toda a família Calheiros por atacado a apitar, antes pelo contrário ter-lhe-ia modestamente bastado o silvo do Soares Dias para que um sorriso lhe iluminasse a face. Ora, está bom de ver, com esta divergência de postura não há colectivo que resista. Depois não se venham queixar de outrém. Basta! Organizem-se, por favor.

 

Não se pense porém que o Porto jogou apenas contra si próprio, do outro lado estava um Sporting apostado em não deixar jogar o Porto do Conceição e em jogar contra o Porto do Oliveira. Para não deixar jogar o primeiro, o Rúben Amorim meteu o João Mário desde início a esconder a bola, a arrefecer o jogo e os colegas mais jovens de forma a que a tensão não lhes induzisse uma expiração mais forte dentro da própria área que levasse homens reconhecidamente franzinos como o Taremi ou o Marega a caírem para o lado como tordos. Já para jogar contra o segundo, o Rúben fez entrar o Matheus Nunes. Foi remédio santo, a tal ponto que os portistas ainda não devem estar refeitos do susto que apanharam. Estava o Porto meter a carne toda no assador e logo teve que pensar duas vezes antes de entrar em aventuras que lhe poderiam ter custado uma severa indigestão...

 

Parafraseando o grande Gabriel Alves, o jogo não foi bom nem mau, antes pelo contrário. Em comprimento, a maior parte do tempo jogou-se em 40 metros, o que talvez tivesse recomendado transferir a partida para uma quadra de futsal no topo de uma montanha, evitando-se assim o restante tempo ingloriamente perdido pelas equipas no patético esforço de tentar meter a bola por cima das defesas contrárias. (Era pô-los ribanceira acima e abaixo a procurarem a bola perdida para verem o que é bom para a tosse.) É que com tanto tráfego concentrado em tão pouco espaço, nem a circunvalação lhes valeu, até pela desinspiração de quem utilizou essas duas faixas de rodagem. Deste modo, o jogo ficou condenado a resolver-se por quem conseguisse romper o cerco no meio. O Porto tentou, mas também aí a perna esquerda de Taremi não esteve em consonância com a sua direita, anulando-se ambas e inviabilizando um golo cantado. Que culpa temos nós disso? O Sporting procurou-o também num raide em excesso de velocidade de Matheus Nunes, o único alta cilindrada que se mostrou capaz de acelerar em zona urbana, tão cheia de urbanidade que foi uma enfadonhice quase todo o tempo. A bola saiu a tirar tinta à barra. Nada mais houve a registar. O Porto diz que teve mais 4 oportunidades? Sim, o Sérgio Oliveira perdeu uma boa oportunidade de estar calado, o Conceição deixou passar a oportunidade de pedir mais 13 penáltis até ao final do campeonato e ainda houve duas bicicletas do Taremi que a esta hora ainda devem estar a circular no Freixo. O que houve, sim, foi aproximações à baliza. E dessas o Sporting também teve, com Matheus Nunes como denominador comum: primeiro, a flectir para dentro e rematar contra Mbemba; depois, a driblar 3 numa cabina telefónica com o seu "M Turn" e a servir Pote na área; finalmente, após tirar dois adversários do caminho com uma simulação e servir Jovane na esquerda para um contra-ataque perigoso.

 

No fim do jogo não foram só os Sérgios que falaram. O Amorim também falou. E disse qualquer coisa, o que em si não é de todo de estranhar. Disse, por exemplo, que após uma jornada em que o segundo classificado previsivelmente encurtará a distância para o primeiro não se pode afirmar que o título está mais perto. Fez bem. É que uma coisa é termos 10 ou 9 pontos de avanço, outra é ignorarmos que há ainda 39 pontos em disputa e vários jogos complicados pelo caminho, pelo que o que a matemática nos diz é que apenas cerca de 25% do trabalho está feito. Como tal, o resto precisa de ser confirmado. Jogo a jogo.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Matheus Nunes. Eu sei, jogou pouco tempo. Mas jogou muito, todas as suas acções tiveram um toque de brilhantismo e o Olimpo do futebol para mim ainda é reservado àqueles poucos que conseguem desequilibrar. Belíssimas exibições também de João Mário, Palhinha, Coates, Feddal e Adán, todos num plano superior ao dos restantes.  

palhinha5.jpg

(Imagem: A Bola)

35 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Mensagens

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D

Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Siga-nos no Facebook

Castigo Máximo

Comentários recentes

  • Pedro Azevedo

    * o nome

  • Pedro Azevedo

    Obrigado, Hugo.O melhor será mesmo mudar I nine do...

  • Hugo

    O Castigo Máximo é terminal obrigatório após jogo ...

  • Pedro Azevedo

    Olá José, obrigado eu pelo seu feed-back. O Daniel...

  • Jose

    Olá Pedro, obrigado pelas análises com que nos b...