Carnaval de (O)VAR
Pedro Azevedo
É Carnaval, ninguém leva a mal!?
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Pedro Azevedo
É Carnaval, ninguém leva a mal!?
Pedro Azevedo
Estes jogos da fase de grupos da Taça da Liga fazem-nos recuparar a memória do que era o futebol sem o VAR. Nesse sentido, assemelham-se àqueles documentários que hoje se fazem sobre a, outrora louvada pelos comunistas, antiga RDA, que exploram as incongruências do modelo de sociedade "socialista" de inspiração soviética. É claro como a água que haverá sempre saudosistas do antigo regime, orgulhosos adeptos dos irmãos Calheiros como dos automóveis Trabant, da escassez de títulos do Sporting ou da ausência de alimentos nas prateleiras dos supermercados de Berlim Leste. E há até quem procure reescrever a história e ignorar o controlo totalitário de outros tempos. Encontrando razões no tempo que se perde e falta de espontaneidade como no desemprego ou habitação precária actuais. Mas o muro finalmente caiu e nada voltará a ser como antes, ainda que alguns "Ostalgies" (nostálgicos) que pululam por aí em programas de televisão pareçam falar para as massas como aquele filho que esconde da mãe, recentemente desperta de um coma pós-enfarte, a inabalável alteração entretanto produzida no status-quo. Tal como no filme de Wolfgang Becker, intitulado "Good Bye Lenin!". Só que os Sportinguistas viveram conscientes esse período negro, os "Ostalgies" é que estao a leste...
Pedro Azevedo
Não existe neste momento tecnologia suficiente para determinar com um nível de significância alto se um jogador que à vista desarmada está em linha se encontra de facto em fora de jogo. Desde logo porque o ponto de contacto na bola no momento do passe é muito difícil de determinar com exactidão na medida em que há um atrito não negligenciável entre a superfície do corpo do jogador e a bola (para não falar da incerteza quanto ao efectivo momento em que a bola contacta com a superfície do corpo do jogador ou dela sai). Ora, esse atrito, de décimos de segundo, implica um número considerável de "frames", todos eles apontando para uma posição absoluta e relativa (face aos adversários) do jogador que recebe a bola diferente. Deste modo, torna-se impossível determinar com segurança se o "frame" escolhido é o correcto ou não. Assim, a aceitação da decisão final do VAR é essencialmente um acto de fé, o que nesta religião pagã de que comungam os adeptos do futebol geralmente não augura nada de bom.
Acresce que a própria representação do terreno de jogo em computador pode implicar um erro humano. Foi aliás o que aconteceu em Moreira de Cónegos aquando da deslocação do Braga. Nesse jogo, os bracarenses viram anulado um golo legal por alegado fora de jogo quando o seu jogador estava cerca de 130 centímetros em jogo. Na altura o erro foi imputado ao operador de imagem, mas estranhei não ter havido um inquérito rigoroso por parte da Liga que produzisse conclusões que pudessem sossegar os adeptos do futebol quanto à não recorrência deste tipo de erro. É que se avançamos para a tecnologia com a finalidade de evitar o erro, então deveremos por todos os meios assegurar que essa própria tecnologia não se torna uma fonte do próprio erro, manipulável e assim contribuinte para o adensar do clima de suspeição. E é nisto que eu me gostaria de focar: o que fazem as autoridades competentes no sentido da promoção da transparência? É certo que não se pode ser a favor da verdade desportiva e depois queixarmo-nos de um fora de jogo de 2 cm, mas mandaria o bom senso que houvesse uma espécie de caixa negra onde estes lances milimétricos seriam arquivados para posterior observação de um comité de análise independente, comité esse que depois tornaria pública a sua avaliação.
Quanto à questão da margem de segurança nestas decisões de fora de jogo, o problema é exactamente determinar que tipo de margem deveria ser usada. Para tal, talvez fosse interessante determinar em média qual o impacto de um "frame" em centímetros, mas isso estará certamente dependente da velocidade de deslocamento de um jogador, variando assim consoante a situação específica. Por outro lado, admitindo que se daria uma margem de erro de 15 centímetros na determinação de um fora de jogo, logo apareceria gente a queixar-se se o fora de jogo fosse de 16 cm, insinuando que o tal centímetro adicional teria sido forjado.
Assim, não havendo possibilidade com a tecnologia presente de determinar com exactidão o momento em que a bola efectivamente sai do corpo do jogador (diferente do momento do primeiro contacto) que faz o passe, o que sugiro é que se aposte na transparência e que alguém mais tarde venha publicamente informar se a decisão foi bem ou mal tomada face aos óbvios constrangimentos existentes. Como deveria ser, na total salvaguarda da verdade desportiva possível, não dando azo a que o adepto pensasse em manipulação. O que não me parece bem é que o espectador em casa, que é quem paga o serviço televisivo que indirectamente, via DireitosTV, alimenta os clubes (e por conseguinte a Liga), não tenha acesso às medições de fora de jogo de outros dois lances ocorridos em Moreira de Cónegos. Isso não só aparenta ser um desprezo por quem efectivamente paga o futebol como também em nada contribui para a idoneidade do produto Futebol Português.
Concluindo, de pouco serve dotarmos o futebol de um instrumento de apoio à verdade desportiva se depois nos esquecermos dessa finalidade primária e envolvermos o VAR numa opacidade absolutamente contrária ao princípio que o emanou. Nesse sentido, exige-se que haja quem controle à posteriori as decisões do VAR. E, já agora, que as comunicações entre VAR e árbitro sejam públicas, a bem da transparência. Teme-se o quê? Haverá bem maior na promoção de um produto que a sua idoneidade? Food for thought...
Pedro Azevedo
"Era (foi) um jogo que necessitava de video-arbitro. A minha carreira teria sido diferente, se tivesse havido VAR nesse jogo" - declarações do ex-árbitro João Capela a A Bola no âmbito do celebérrimo Benfica-Sporting em que ficaram várias penalidades por marcar a favor do Sporting, o mesmo que Jorge Jesus, à época treinador do Benfica, classificou como "limpinho, limpinho" do ponto de vista da influência da arbitragem no resultado final.
Pedro Azevedo
... e sem tecnologia de linha de baliza...
Pedro Azevedo
"A deficiente calibragem técnica das linhas de fora de jogo originou a má avaliação de um lance de ataque do SC Braga, aos dois minutos do jogo com o Moreirense FC. O jogador do SC Braga encontrava-se em jogo por 1,18 metros e não em fora de jogo" - explicação oficial sobre golo (mal) anulado ao SC Braga
Quer dizer, como se já não fosse mais do que suficiente a subjectividade da intensidade discricionariamente medida pelo VAR, ficámos a saber que as linhas de fora de jogo que nos aparecem no ecrã podem estar deturpadas por um erro de "calibragem técnica". "What"? É verdade, já não bastava o Conselho de Arbitragem, o árbitro, os árbitros assistentes, o quarto árbitro, o VAR e o senhor que traz as bicas para a rulote (assistente de VAR), temos agora de nos preocupar com a figura do "Técnico de Imagem". A quem cabe calibrar referências como as grandes-áreas, linhas laterais, linha do meio-campo, linhas de fundo, etc, de forma a poder medir-se o posicionamento relativo dos jogadores no campo. Diz o Duarte Gomes que havendo 3 câmaras na análise dos potenciais foras de jogo - de topo/master (ângulo aberto), de fora de jogo e de "curtos" (ângulo fechado) - o que falhou foi a triangulação entre elas, uma explicação em forma de assim (grande O'Neill!), como se o Nuno Mendes tivesse colocado a bola nas costas do lateral esquerdo contrário, o Nuno Santos aparecesse e tocasse para o lado e o Pote rematasse cento e dezoito centímetros por cima da barra. Porém, existe uma diferença: é que, enquanto o remate do Pote não deixaria de ter sido um mau gesto técnico, faria parte do futebol. Agora, num país que se pretende civilizado e que defenda a transparência e a integridade como valores de referência em sociedade, a Liga - organizadora da competição - e a FPF - responsável pela arbitragem - deveriam imediatamente ter anunciado a promoção de um rigoroso inquérito para apuramento das causas que originaram o erro, com o fim de as apresentar posteriormente a clubes e adeptos de futebol, dando garantias de eliminação de potencial erro futuro (através do reforço de meios técnicos e de infraestrutura) e blindando assim a competição contra a suspeição. Terá custos? Sim, montar por exemplo uma torre acima das bancadas de forma a se poderem elevar as câmaras (de outro modo colocadas em cima do relvado em estádios sem as melhores condições) terá um custo. Mas, qual é o custo da falta de transparência?
Era só mesmo o que nos faltava: duvidarmos das linhas. Será que, para além do vídeo-árbitro assistente, passaremos também a ter a figura da "Tia" (Técnico de Imagem Assistente)? Este futebol português é um pagode. Oh yeah!
Pedro Azevedo
Não sei se Vasco Santos até é o melhor árbitro do mundo e as chefias da arbitragem portuguesa, UEFA e FIFA é que estão desatentas, mas a verdade é que o Sporting não costuma ter muita sorte com ele. Uma infeliz coincidência, por certo, mas a verdade é que o Sporting regista apenas 46,2% de vitórias nos jogos apitados pelo árbitro natural de Gondomar. Não se pense que o histórico comporta jogos grandes. Pelo contrário, envolve, isso sim, partidas com adversários como a União de Leiria, Marítimo, União da Madeira ou Feirense (derrotas), Olhanense, Vitória de Setúbal ou Nacional (empates), Feirense, Nacional, Gil Vicente, Moreirense, União da Madeira ou Estrela da Amadora (vitórias). Fazendo fé nos dados disponibilizados pela Liga Portugal (e Transfermarket) o Sporting em 39 pontos possíveis apenas fez 21(aproveitamento de 53,9%) nos jogos arbitrados por Vasco Santos desde a época de 2008/09 (o aproveitamento global do Sporting nos campeonatos, desde essa data até ao momento presente, é de 67,5%). Há pelo menos um deles que me ficou atravessado, o da derrota na Madeira contra o União com um golo em fora de jogo (época 15/16), numa altura em que previamente a esse jogo o Sporting levava 7 pontos de avanço na classificação. Nos últimos anos, Vasco Santos converteu-se a Vídeo-Árbitro. Nessa função as suas actuações não têm estado isentas de polémica, bastando consultar a internet para aferir tal. Calhou-nos agora em sorte(?) para Guimarães, deslocação difícil e a exigir a melhor concentração dos nossos. Num tempo em que o VAR vem sendo uma crescente fonte de polémica (vidé o desempenho de André Narciso no recente Paços de Ferreira/FC Porto ou a intervenção de Tiago Martins no Sporting/Porto), espera-se que Vasco Santos tenha um desempenho isento de erros e não venha a ser mais uma "espada" pendente em cima da cabeça dos nossos jogadores, nesse cenário tornados Dâmocles, para além daquela que legitimamente desembainharão uns briosos vimaranenses que aliás adoptaram Afonso Henriques como símbolo. Por isso, aqui deixo os meus votos de que equipa de arbitragem e VAR tenham uma óptima actuação. Se assim for, mesmo que o Sporting porventura não saia vencedor, disso aqui darei nota após o jogo.
Pedro Azevedo
No Portimonense-Porto, Vasco Santos viu uma mão. O azar dos pupilos de Folha foi serem de Porti...mão. Se fossem de Portipé...
A não uniformização dos critérios do VAR é uma brincadeira. Brincadeira é Carnaval. Carnaval d' OVAR, ou, no caso, de O VAR. Mas, como todos os carnavais, um dia acabam. Às quartas-feiras europeias. De cinzas, obviamente.
Pedro Azevedo
Depois de uma semana negra para a arbitragem portuguesa, o Domingo começou com uma exibição do "VAR tudo" na Feira, uma daquelas situações em que metáfora e realidade se confundem. Em boa verdade (ou será VARdade?), todo o futebol português é uma feira. Senão vejamos: temos os elásticos, que puxam para cima, a barraca dos tirinhos (entre concorrentes), o carrossel das transferências, os carrinhos de choque do pobre do Ristovski, os espelhos que aumentam a dimensão dos craques (na Comunicação Social), as "canções pimba" do senhor Piscarreta, tudo isto enquadrado pelas roullotes das febras e dos couratos, petiscos diversos e cerveja a rodos, que o que é preciso é vender a bola aos pacóvios como uma festa...
Se no Sábado, no Dragão, muitas dúvidas ficaram sobre o lance que permitiu ao Porto adiantar-se no marcador, ontem, em Santa Maria da Feira, houve três lances polémicos decididos sempre contra a equipa da casa. O primeiro, resultou na anulação daquilo que seria o 2-0 para o Feirense. O segundo, permitiu ao Benfica empatar a partida. Finalmente, o terceiro evitou que o Feirense voltasse a empatar o jogo. Enfim, um Domingo como outro qualquer, mas com o adepto anónimo, o "Al Patinho", como figurante, e um "actor" canastrão - penso, logo "un pasito mas" caio Pizzi - como protagonista de um filme Série B.
Após o episódio Catão/Boaventura e a narrativa que vi montar à volta da expulsão de Ristovski, a minha vontade de continuar a ser um idiota útil a alimentar a feira do futebol português esmoreceu. Confúcio dizia que se um problema tivesse solução, então dever-nos-iamos concentrar nessa solução, mas se não tivesse solução, então deveríamos deixar de nos preocupar. Nesse sentido, se o peso dos actuais protagonistas esmaga a nossa leveza de espírito e já não há relativização de situações que nos garanta a tranquilidade, então o melhor é afastarmo-nos.
Nesse estado de espírito, ontem não fui a Alvalade. Ainda assim, não resisti a acompanhar na televisão. E se tranquilidade era o que procurava, o jogo deu-me uma noite muito descansada. Tudo começou quando o Felipe das Consoantes deu desenvolvimento a um rápido contra-ataque e abriu na esquerda para o Wendel, este lançou na frente no Acuña, que com um pequeno toque deu no Phellype, que chegou à bola após uma impressionante cavalgada e mostrou um PH ácido de mais para Leo Jardim, o homónimo do nosso antigo grande treinador que defende a baliza vilacondense. Inaugurado o marcador, o Sporting viria ainda a dilatar a vantagem na primeira parte, quando um Messias em crise de fé abalroou o Phellype, o qual acabara de cabecear uma bola endereçada por Bruno Fernandes. Chamado a converter a penalidade, Bruno marcou-a de forma irrepreensível, o que lhe permitiu igualar o record europeu de golos de um médio neste século, registo obtido por Frank Lampard na temporada de 2009/10, ao serviço de um Chelsea treinado pelo italiano Carlo Ancelotti.
A segunda parte teve menos motivos de interesse. O Rio Ave rendeu-se cedo e ao Sporting interessava fazer alguma gestão de esforço e poupança de jogadores, razão pela qual Acuña (pequeno toque) e Mathieu sairam mais cedo, acompanhando assim Borja, o qual havia sido substituido (por Jovane) ao intervalo devido a lesão num joelho. Com estas prioridades na cabeça, Keizer acabou por voltar a não dar oportunidade a Geraldes ou Pedro Marques, colocando Gaspar e André Pinto. Antes, Wendel apontara o golo da noite, respondendo a uma solicitação de Bruno Fernandes com um remate colocado de fora da área. Com os jogadores não substituidos a descansarem no campo, o Sporting foi controlando tranquilamente o jogo, perante uns vilacondenses que só criaram suspense por Tarantino, perdão Tarantini, num lance em que Renan conseguiu puxar a fita atrás e evitar males maiores.
E assim terminou uma noite tão, tão tranquila que os nossos nem cartões viram. Um jogo que mais parecia um amigável, onde até a falta de intensidade de Gudelj ficou disfarçada pelo baixo ritmo dos restantes.
Tenor "Tudo ao molho...": Wendel. Destaque ainda para Bruno Fernandes (alternativa para o melhor em campo) , Luíz Phellype, Mathieu e Acuña.
P.S. Os meus sentimentos à familia e amigos do nosso ex-jogador Luis Páez. O paraguaio faleceu ontem, aos 29 anos, num acidente de viação. Um dia triste também para toda a nação sportinguista, a mostrar-nos que há coisas para serem levadas bem mais a sério que o futebol.
Pedro Azevedo
O VAR criou uma realidade paradoxal: o cidadão comum mostra mais bom senso na análise dos lances polémicos do que os "especialistas" da arbitragem. As reacções, um pouco por todo o mundo, às imagens do Chaves-Sporting assim o demonstram. Nesse transe, perante o erro, a narrativa dos "entendidos" transferiu-se do "errar é humano" do antes-de-VAR, para a criação de uma realidade paralela, onde os nossos olhos desmentem os nossos ouvidos, como foi o caso do último fim de semana. É que se é certo que o cidadão comum não possui formação específica sobre arbitragem, não deixa também de ser verdade que os árbitros não têm conhecimentos de física para compreenderem o que é a inércia do movimento, pelo que no final deveria prevalecer o bom senso.
P.S. dentro do exposto acima, o Conselho de Arbitragem deve ter considerado fenomenal a arbitragem de Manuel Mota em Chaves. Só assim se justifica ter sido nomeado para a primeira semi-final da Taça de Portugal, a qual se irá realizar hoje.
Pedro Azevedo
O Jorge Jesus é que tinha razão: o futebol é uma ciência cuja compreensão não é para todos. Por exemplo, para um comum mortal, o "tackle" de Ristovski - chegou à bola bem antes do adversário e não poderia ter cortado as pernas no processo, nem sido mais resistente ao movimento de deslizamento - é um lance absolutamente normal, mas para o perito de arbitragem da SportTV, ex-árbitro mediano (para ser simpático) e "especialista" em física com doutoramento em inércia do movimento, Sérgio Piscarreta, é um vermelho inequívoco. O mesmo senhor que consegue ver, numa entrada de Jefferson ao pé de Bruno Fernandes, "pernas encolhidas", razão para só ser mostrado o cartão amarelo, e que acha que Manuel Mota "geriu muito bem" o jogo ao desrespeitar as regras (digo eu) quando Niltinho agrediu ao pontapé o mesmo Bruno Fernandes. Realmente, JJ estava certo, o futebol, o português bem entendido, é uma ciência. Oculta, diria eu, cujo conhecimento só está ao alcance de certas pessoas, iluminadas por certo. Há que ser humilde e entender tudo isto no âmbito do esoterismo, caso contrário ainda poderíamos ser levados a pensar que o Estaline era um menino no que respeita a reescrever a história quando comparado a Piscarreta&friends.
A equipa leonina mais uma vez apresentou-se em campo em inferioridade numérica. Apesar disso, adiantou-se no marcador quando Bruno Fernandes encontrou Ristovski sózinho na área e este assistiu o Filipe das Consoantes para o seu primeiro golo de leão rampante. Uma espécie de Kramer contra Kramer, mas na versão Filipe contra Filipe. (Houve também Mota árbitro e Mota treinador, mas nada os movia um contra o outro.) O Sporting dominava e criava boas oportunidades em remates à entrada da área, mas a incapacidade de Wendel em enquadrar um pontapé com a baliza (ele e outros com a mira descalibrada devem estar a precisar de mais umas folgas...) ia adiando a tranquilidade no marcador. Outras jogadas promissoras seriam interrompidas pelo árbitro, num claro benefício do infractor que deverá ser enquadrado numa qualquer teoria do senhor Piscarreta que deve ter escapado à UEFA e à FIFA aquando da elaboração dos regulamentos ou recomendações dos respectivos comités de arbitragem. (Depois queixem-se de que não há árbitros portugueses nas fases finais das grandes competições internacionais de selecções.)
O segundo tempo seguia no mesmo tom, com os leões agora a beneficiarem da paridade numérica em campo, após novo amarelo a Jefferson por outro entrada dura. Até que o Gallo cantou e despertou os de Chaves: o passe do Bruno flaviense encontrou a desmarcação de André Luis, Coates ficou para trás e Renan acabou batido sem apelo nem agravo. Estava decorrida uma hora de jogo. Eis então que Marcel Keizer decide ter um momento de génio ao fazer entrar Doumbia, passando o Sporting a jogar com 11. É que o treinador leonino recentemente assegurou-nos que com ele jogam sempre os melhores, mas eu já ficaria contente se ele garantisse que entramos sempre com 11...
A entrada do marfinense praticamente coincidiu com uma paragem de 7 minutos para assistência ao guardião flaviense. Quando este finalmente foi substituido, o jovem Cabral também foi a jogo, naquela substituição clássica em que Borja - mais uns malabarismos inconsequentes - sai e recua Acuña. O Sporting intensificou a pressão e, na sequência de um canto, o argentino vislumbrou Bruno Fernandes, de braços abertos, a pedir a bola desmarcado à entrada da área. A bola chegou ao maiato e este, de primeira, fez um golo de bandeira. Com vantagem no marcador e mais um homem em campo, o Sporting começou a controlar o jogo, termo futebolístico que consiste em jogar para trás e para o lado, semelhante ao encanar a perna à rã, expressão provavelmente mais apropriada a quem escreve num espaço SAPO. Depois aconteceu o tal lance de Ristovski, a bola viajou até Raphinha, este encarou um último defesa e foi derrubado. O árbitro sancionou a falta e expulsou um flaviense. Seriam 11 contra 9, mas o vídeo-árbitro Vasco Santos alertou Manuel Mota para a tal suposta infracção inicial do macedónio. Eis então que Mota volta atrás na sua decisão, retira o vermelho ao jogador do Chaves e expulsa Ristovski. Sobre isto, só me oferece dizer que dúvido que depois deste episódio mais alguém vá comprar uns bifes ao talho de Manuel Mota: é que o homem não sabe o que é um corte limpo...
Em poucos segundos, um 11 contra 9 transformava-se num 10 contra 10: a emoção do futebol português não merece ser exportada para o mundo? Pobre Ristovski, há uns meses atrás teve galo ao ser expulso, agora foi de carrinho (ou de Mota?).
Faltavam dois minutos para o final do tempo regulamentar, mas Manuel Mota deu mais 11 minutos de compensação. O Sporting tentava esconder a bola e os flavienses, na ânsia de a recuperarem, batiam em tudo o que mexia à sua frente. A reacção do árbitro, segundo Piscarreta, era a de gerir o jogo, a dos comentadores da SportTV uma coisa em forma de assim, ou nim, ou coisa nenhuma. Até que, numa das poucas vezes em que conseguiu manter a integridade dos seus tornozelos, Bruno Fernandes fez um passe frontal para Jovane e este, com um toque subtil, deixou Luíz Phellype na cara de Ricardo, o guardião que entrara para o lugar de António Filipe. O brasileiro não perdoou e coroou a sua estreia a marcar com um bis. E assim saímos de Chaves com os 3 pontos e à espera da despenalização de Ristovski para o jogo de quarta-feira. Só espero que o Conselho de Disciplina não reúna na quinta...
"This sh*t is a joke". Oh, yeah!
Tenor "Tudo ao molho": Bruno Fernandes (destaques para Mathieu, Acuña e Phellype).
(Imagem: A Bola)
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Caro Manuel Cunha, o seu texto bate num bom ponto:...
Eu tinha um tio, benfiquista doente e antisporting...
Já agora, eu se fosse ao Bruno Fernandes, excelent...
Eusébio tem o seu lugar na história e temos de lhe...
Caro Pedro, eles nunca irão aceitar que Ronaldo é ...