Tudo ao molho e fé em Deus
A paragem do tempo
Pedro Azevedo
Há exactamente duas semanas atrás tinha deixado Alvalade com a certeza de que tínhamos ultrapassado as Aves sem contrair uma gripe. Agora, quinze dias depois, eis-me retido em casa perante a pandemia do coronavírus. Tudo parou: a economia parou, o futebol parou, nós parámos de circular. Dizem-nos que parados é que estamos bem, a ver se o nosso SNS consegue respirar o suficiente para dar conta do recado. Faz sentido, na medida em que este vírus ameaça a nossa vida e a daqueles que estão à nossa volta. Deste modo, pela primeira vez desde que me conheço, ganhar (comprar) tempo passou a ser sinónimo de deixar correr o tempo. Quem diz deixar correr o tempo, diz deixar correr o marfim, algo que, já se sabe, é particularmente caro ao cidadão Jorge Nuno Pinto da Costa. Por falar em Pinto da Costa, o azul e branco é que está a dar. Pelo menos a avaliar pela quantidade de vezes que o usamos para lavar as mãos. Não no sentido que Pilatos (ou o Benfica) lhe deu, bem entendido, que a Covid-19 é uma doença que não nos permite assobiar para o lado (muito menos com um apito), mas como medida essencial de higiéne que visa prevenir o contágio. A prevenção passa também muito pelo civismo e sentido de responsabilidade de cada um. Por ironia, quis o destino que um maior sentido colectivo dos portugueses se viesse a manifestar pelo isolamento físico, a quarentena. Nada que seja novidade para todos os Sportinguistas, habituados que estamos ao isolamento que os senhores do futebol português vêm impondo ao nosso clube ao longo dos anos. Mas, tal como na vida, também no futebol o verde é a cor da esperança. Mesmo sabendo-se que, à falta de comunicação presencial, os emails se vão intensificar...
Mantenham-se seguros e saudáveis!
#estamosjuntos