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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

20
Mar23

Pote ou Cântaro?


Pedro Azevedo

Pote voltou a ficar de fora das opções de um seleccionador nacional. Diz-nos Roberto Martinez que a concorrência é muito forte e há um excesso de muito bons jogadores para as posições que Pote pode ocupar no relvado. Mas depois olhamos para o Vitinha, com zero golos e duas assistências na época, e não compreendemos o que levou Martinez a preferi-lo a Pote. Bem sei, a produção invisível em termos de números de Vitinha há muito que se tornou distintiva para uma nouvelle vague de comentadores e paineleiros que vê no jogador uma oportunidade de afirmar uma superioridade intelectual assente num seu pretenso olho clínico não alcançável pelo comum dos mortais. Em contraposição, eu, que sobre estas coisas tenho um olho mais cínico do que clínico, não escondo que o actual jogador do PSG cose bem o jogo e tem um tricotado interessante. Mas com ele a esta hora ainda estariam os marroquinos a bocejar à espera que Portugal lhes fizesse cócegas. Porque para um médio atacante de nível elevado a Vitinha falta assertividade no remate e mais aproximações à área, qualidades que não são dispiciendas na hora de enfrentar adversários muito mais fracos e que se prevê irem-se enclausurar em bunkers. Ora, facilidade de remate e chegada são exactamente algumas das qualidades de Pote, aliadas a uma apurada visão de jogo, aproveitamento do espaço livre entre-linhas e suprema inteligência. Todavia, é raro vê-lo dar um petardo. Pelo contrário, privilegia a colocação de bola. A força da técnica contra a técnica da força. Exactamente como Vitinha, mas com números (17 golos e 8 assistências esta temporada). Poder-se-á contudo argumentar que Vitinha pode jogar a 8. Mas também Bruno Fernandes o pode fazer, e tem golo. E, com outra intensidade, o Matheus Nunes e o Otávio o farão. Assim sendo, não se compreende o argumento de Roberto Martinez, a quem porém ainda dou o benefício da dúvida (e desejo sucesso). Não deixando também de notar que para os jogos com o Liechtenstein e Luxemburgo foram convocados poucos pontas de lança, perdendo-se a oportunidade de juntar ao grupo jogadores que nos podiam trazer coisas diferentes, como o outro Vitinha (Marselha) ou Beto (Udinese). E se o ex-Braga ainda está em fase de ambientação a novo clube e nova realidade, o que pode explicar a sua agora não inclusão, não se entende tão bem o motivo pelo qual um dos melhores marcadores da Serie A continua afastado dos trabalhos da Selecção. Voltando a Pote, o seu mal é não ser Cântaro. Se o fosse, tantas vezes iria à fonte até que lá deixaria uma asa. E ter asas, mostra-nos o histórico das convocatórias, é meio caminho andado para chegar lá. (Já outros, como o Bruno Fernandes, precisaram de realizar os 12 trabalhos de Hércules e ter uma indomável força mental, que a sucessiva rejeição deixa marcas, para finalmente a porta se abrir.)

 

Força, Pote!

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22
Set22

Sociedade por quotas


Pedro Azevedo

Sai o Rafa, entra o Gonçalo Ramos. Com este tipo de critério podia até ser o Vlachodimos, mas desgraçadamente (uma tragédia!) é grego. Para comédia à La Carte só falta o António Silva (e talvez o Vasco Santana). São estes os misteriosos desígnios do Senhor: enquanto uns (Bruno Fernandes, Palhinha, Matheus Nunes, Pote) tiveram de percorrer o caminho das pedras, outros mal levantam pó logo são elevados ao mais alto pedestal. Depois não digam que Santos da casa não fazem milagres...

19
Nov20

Jogadores do Sporting e a Selecção Nacional

Os Doze Trabalhos de Pote


Pedro Azevedo

Estrangulou o Leão da Nemeia? Matou a Hidra de Lerna? Aprisionou a Corça de Cerineia? Capturou o Javali de Erimanto? Limpou os currais do Rei Aúgias? Matou monstros no Lago Estínfalo? Levou o Touro de Creta até Euristeu? Castigou Diómedes? Venceu as Amazonas? Matou o gigante Gerião? Colheu os pomos de ouro do Jardim das Hespérides? Trouxe do mundo dos mortos o cão Cérbero? Não? Só sete golitos em seis jogos de campeonato? Dois golos em 143 minutos pelos Sub-21? Bah!, então queixam-se do quê? Não sabem que juventude se abrevia com Jota? Quem? Aquele rapaz que foi a Valladolid comprar caramelos e nunca mais ninguém soube do seu paradeiro.

 

Não ver dar valor ao mérito é como um convite à perda da inocência.  

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09
Set20

Ronaldo e a (in)dependência


Pedro Azevedo

Portugal é um país curioso onde até as poucas soluções (e excepções) são muitas vezes vistas como um problema. Caso isso carecesse de explicação, vidé o falatório à volta de Cristiano Ronaldo e a suposta maior fluência de jogo da selecção na sua ausência. Tal só pode ser uma brincadeira daquelas bem à portuguesa. 

 

Bastou um jogo particularmente bem conseguido contra a Croácia para Ronaldo ser prescindível para alguns. Já se sabia que nós, portugueses, somos peritos em sondagens com base em amostras com uma única observação, mas sempre pensei que 101 demonstrações de peso fossem suficientes para tal não ser levado a sério.

 

Antigamente a selecção era a "Equipa de todos nós". Foi assim aliás que o brilhante Ricardo Ornellas um dia a baptizou. Acontece que depois do baile aos croatas parece que se tornou a "Equipa do Félix". O Félix isto, o Félix aquilo, é o pormenor técnico aqui, a inteligência ali, ainda que o único golo marcado até hoje pelo menino prodígio tenha resultado de um frango do guarda-redes da Croácia. Foi neste contexto que o Ronaldo se juntou à equipa em Solna. E lá resolveu mais um jogo da selecção, pelo meio marcando mais dois golaços. (Evidentemente, o Félix é um bom jogador e terá um futuro radioso à sua frente, especialmente se não lhe colocarem a pressão de o compararem com o incomparável.)

 

Agora o discurso mudou: a equipa joga muito para o Ronaldo quando este está em campo. Parece-me bem, incompreensível seria a equipa jogar muito para o Ronaldo quando este não estivesse em campo, pois tal significaria uma utilização literal do chavão "jogar para o espaço vazio". Pergunto-me até porque razão não deveria uma equipa jogar para o "Melhor do Mundo". Haveria de jogar para quem? Para o Tozé Marreco? Ainda assim, não há como não gabar todo o jogo de equipa que permitiu ao Ronaldo marcar o primeiro golo. Aquilo é que foi procura da profundidade, basculações, transições, jogo entre-linhas e todo um novo léxico de futebol compreendido numa só jogada. Porém, é verdade que a bola parou à frente de Ronaldo e tal tirou fluência ao jogo. E após sair do seu pé direito voltou a parar. Nas malhas da baliza sueca. Não há o direito de um só jogador prejudicar tanta associação... 

 

Falar de Portugal sem Ronaldo faz tanto sentido como discorrer sobre o Brasil de 70 sem Pelé, a Holanda de 74 sem Cruijff ou a Argentina de 86 sem Maradona. Ainda assim é deixá-los falar. É que o Ronaldo depois fala mais alto. Em campo. E continuará a "falar" até que os joelhos lhe doam. E assim Portugal continuará a ser mais do que Ronaldo. Enquanto houver Ronaldo, claro, como brilhantemente o Rui Monteiro descreve no Insustentável Leveza de Liedson

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05
Jun19

Tudo ao molho e fé em Deus - Ronaldo é como a Fénix!


Pedro Azevedo

Fénix, ok? Fénix, não Félix... 

 

Quando o país soube que Cristiano Ronaldo se tinha juntado à equipa de João Félix, outrora designada por "Equipa de todos nós", logo se levantaram dúvidas se estaria à altura de tão grande responsabilidade. Para complicar ainda mais a coisa, o engenheiro deu uma de Paulo Bento e montou um meio-campo em losango que basicamente consistia em ter quase todos os jogadores fora da sua posição natural, pelo que todas as fichas estavam apostadas no imponente físico de Félix, a emparelhar na frente com Ronaldo, assim a jeito de uma alegoria da caserna (cartilhada) transformada numa hipérbole. 

 

Jogando Ruben Neves mais recuado, William foi desviado para a meia esquerda, Bruno Fernandes para a meia direita e Bernardo para o vértice mais ofensivo, táctica que ainda teve o senão de deixar Félix inoperante, sem espaço para recuar e receber a bola de frente para a baliza, o que teria sido possível se Portugal tem optado, por exemplo, por um 4-4-2 clássico. Mas, se a selecção não fosse a Turma do Félix, com Ronaldo no eixo do ataque, Guedes poderia ter entrado de início para a esquerda, Bernardo teria actuado pela direita, Bruno Fernandes seria o "10" e Neves e William jogariam mais atrás, num 4-3-3 provavelmente ideal para as características dos atletas que temos.

 

Assim, a coisa foi sofrível e só salva pelo irrequietismo de Bernardo e o génio daquele senhor (Cristiano) que veio visitar a Turma do Félix e a fez renascer como a fénix. Mas aí Bruno Fernandes ainda não se juntara a Félix... no banco de suplentes.

 

Na primeira parte, Ronaldo inaugurou o marcador com um "tomahawk", pôs um helvético a rodar a 45 rotações por minuto (ou não fosse a suiça Thorens uma referência mundial em gira-discos) e assistiu Félix para uma oportunidade perdida. Na etapa complementar, começou por tocar para Bernardo no lance da penalidade a favor que se transformou numa penalidade contra, ironia mais própria de um VAR aberto a altas horas da madrugada e que devolveu ao marcador uma expressão mais consentânea com a famosa neutralidade helvética. De seguida, servido por Bernardo, rematou raso e sem possibilidade de defesa. Por fim, a cereja em cima do bolo: bola recuperada no eixo central por Bruno, passe deste para Guedes, solicitação para Ronaldo na meia esquerda e grande jogada individual do madeirense, com uma chicuelina que tirou dois adversários da frente e abriu um buraco digno de um queijo suiço. Emmental, meu caro Watson(!), Ronaldo é o melhor jogador do mundo. Infelizmente, parece que é só o segundo melhor jogador português...

 

P.S. Para além de Ronaldo e de Bernardo, gostei de Ruben Dias. William e Bruno Fernandes, apesar de jogarem fora da sua posição natural, estiveram bem a espaços. Guedes entrou muito bem, dando outra dinâmica ao ataque. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Cristiano Ronaldo (hat-trick, 88 golos na Selecção)

 

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04
Jun19

Sr.Feliz e Sr. Contente


Pedro Azevedo

O Senhor Contente juntou-se ao Senhor Feliz, ou Felix, ou lá o que é, no estágio da selecção nacional, noticiaram os orgãos de comunicação social. Houve quem achasse mal as coisas serem postas deste modo, mas creio que não entenderam a mensagem. Era uma piada, uma anedota, ao jeito daquela do Zé dos Plásticos e do Papa - "quem é aquele senhor de branco ao pé do Zé dos Plásticos?" - e assim tem de ser compreendida. Até porque o Sr. Contente é campeão europeu em título e 5 vezes vencedor da Champions, a que junta 5 Bolas de Ouro, e na selecção soma 156 internacionalizações e 85 golos, que o tornam o melhor marcador europeu de todos os tempos. Já o Sr. Feliz, ou Felix, ou lá o que é, ainda está para se estrear pela "equipa de todos nós", como um dia Ricardo Ornellas brilhantemente a baptizou, certamente ansiando pelo dia em que poderá dizer que jogou com o Sr. Contente. 

 

E assim dizem "à gente" como vai este país...

 

P.S. Obviamente, desejo o melhor possível a João Felix, menos quando jogue contra o Sporting, esperando que as postas de pescada - para alguns, "antes de o ser, já o era" - que à sua volta vão debitando não prejudiquem a consolidação de uma grande carreira, nem gerem má vontade contra o rapaz.

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