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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

24
Nov20

Tudo ao molho e fé em Deus

ASAE leonina contra o Whisky a martelo


Pedro Azevedo

Caros Leitores de Castigo Máximo, há qualquer coisa de justiça divina quando um clube da outrora capital da contrafacção etílica lusa vem até ao Estádio Nacional jogar contra o Sporting e chega ao intervalo a provar do seu próprio veneno servido num copo de 3 (golos), ainda assim uma fraca compensação para quem ao longo dos anos tanto tem ressacado a cada nova martelada nas nossas aspirações que suspeitamos nos dão. Tal como na parábola da faca na liga (Liga?), não é que os sacavenenses tenham totalmente abandonado práticas antigas. Desse modo, provavelmente inspirados pelo mítico Manuel Serafim, foi possível observar que mantiveram o velho hábito de expôr rótulos bem conhecidos. Assim, não surpreendeu vermos um Iaquinta em tons de ébano ou um Job que mesmo que caia nas boas graças do Senhor dificilmente viverá 140 anos como o seu homónimo do livro bíblico. Ainda assim, a cópia não foi totalmente adulterada, tendo o Iaquinta dado um golo aos sacavenenses e o Job passado uma grande provação. (Houve até em tempos quem dissesse que o whisky de Sacavém não ficava a perder para o escocês, mas quem o disse não deve ter sobrevivido ao dia seguinte nem experimentado o que é uma cabeça num torno a comprimir-se.)

 

Manda contudo a prudência que não se ponha o carro à frente dos bois, que é como quem diz, em "sportinguês", a "roulotte" à frente do Mini. (O outro senhor é que tem um Ferrari d'arrasar.) Seja como for, o Sporting realizou ontem uma boa exibição e continua a demonstrar saúde. Prova disso, desde o início a nossa equipa cercou o último reduto sacavenense como se do quartel do RALIS se tratasse. E com bastante mais sucesso que os pára-quedistas de António de Spínola no 11 de Março, diga-se de passagem. Assim, logo a abrir, servido pelo Jovane, o Nuno Santos inaugurou o marcador. O mesmo jogador, pouco tempo depois, poderia ter ampliado a nossa vantagem, mas foi tanta a força e vitalidade que ficou logo a descoberto ter encontrado o ferro. Eis então que aparece o Joãozinho Caminhante ("Johnnie Walker", a.k.a. João Mário), que da sua cartola faz sair um (vidro de) tiro contendo um blend harmonioso com o requinte e estilo do seu Black Label. Só faltou a eficácia: a bola falhou o alvo por um grão. Grão a grão enche a galinha o papo, e o Nuno Santos que já andou pela capoeira do Seixal apanhou uma segunda bola e meteu-a no Coates para o segundo da noite. Logo a seguir, o Sporar embrulhou-se com a bola e as pernas de um jogador sacavenense. O árbitro se calhar também se embrulhou um bocado e mandou marcar um penálti. O Jovane não perdoou. Até ao intervalo não houve mais incidências de registo. 

 

No reatamento, o Sporting começou de forma igual ao primeiro tempo. Reatando a parceria luso-uruguaia que estabeleceu com o Coates, o Nuno Santos voltou a oferecer-lhe um golo. O coates mostrou cabeça fria e não desperdiçou. O Ruben Amorim entrou então em modo de experiências. Nesse sentido, deixou de trocar os pés ao Borja, o que também significou deixar de trocar os olhos aos espectadores. Infelizmente, os espectadores estavam todos à frente dos seus televisores, pelo que o Ruben não pôde ouvir "in-loco" a gratidão dos Sportinguistas. O Matheus foi então para a direita. Só para chatear, ele e o Coates ficaram ligados ao golo do Sacavenense. Simplesmente, se defensivamente a coisa não lhe correu lá muito bem - houve ainda uma tentativa sua de substituir o árbitro e assim entregar a bola ao Sacavenense à entrada da nossa área - , ofensivamente o brasileiro esforçou-se por procurar justificar a razão dos provérbios portugueses. Nessa forma de aculturização, começou por demonstrar que "não há duas sem três". A coisa teve a sua graça, na medida em que cada oportunidade que o Matheus criava era depois desperdiçada ao melhor estilo Benny Hill, a fazer também lembrar aqueles "bloopers" de futebol que as televisões portugueses nos servem para fazerem companhia ao bacalhau, perú e rabanadas no nosso Natal. Tudo se iniciou num passe do brasileiro que morreu quando Jovane foi impedido de chegar à bola por Sporar. De seguida, João Mário não teve cabeça para acertar na baliza vazia. Finalmente, Nuno Santos trocou os pés e a bola fez uma rosca e veio para trás. Desfeito o mito de que "à terceira é de vez", o brasileiro procurou estabelecer novos limites. E à quarta tentativa teve sucesso. Para o facto também ajudou já ter em campo um ponta de lança que pode ter "gap" mas não é um holograma: Pedro Marques. Com instinto matador na área (Sporar é essencialmente um jogador forte em transição, de apoios e desmarcações inteligentes nesse momento de jogo), o Pedro voltou a marcar. Aconteceu após uma incursão de Bruno Tabata pela meia esquerda ter apanhado o guarda-redes sacavenense desesperado para evitar o hara-kiri de um seu colega. No ressalto, o Pedro não perdoou. E já que falamos de Tabata, o jogo não terminaria sem que este colocasse a bola com precisão numa zona do terreno capaz de criar indefinição na defesa adversária, situação muito bem aproveitada por Gonçalo Inácio para se estrear a marcar oficialmente pelo Sporting.

 

E assim termina uma crónica que abordou whisky a granel e campeonatos a martelo. Ou vice-versa. É que pelo que se ouve e lê, se uns adicionavam alcool etílico, outros alegadamente juntam-lhe o alcool metílico (metanol). É que este arde e não se vê. Tal como o amor de Camões. Digam lá se não há como não amar o futebol em Portugal?...("To be, or not to be".)

 

P.S. Sete-a-um é um resultado que me faz lembrar o 14 de Dezembro de 1986. E mais não digo. "Time to sleep, perchance to dream". (Thanks Shakespeare, obrigado Manél de Sarilhos porque não se fazem Hamlets sem ovos.)

 

P.S.2 Um abraço aos briosos jogadores e staff do Sacavenense e às gentes de Sacavém, cidade presente em inúmeros momentos marcantes da nossa História de Portugal. 

 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Nuno Santos

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