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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

13
Out22

Tudo ao molho e fé em Deus

Atração pelo abismo


Pedro Azevedo

A noite de ontem trouxe-me à memória um velho hábito dos mineiros que consistia em preventivamente transportarem consigo para as minas um canário numa gaiola. Se o pássaro morresse, então tal seria encarado como um sinal cabal de ar rarefeito e recomendaria que se evacuasse imediatamente o local. Na vida também há momentos em que parece que nos falta o oxigénio, mas tal deve-se muitas vezes apenas a termo-nos esquecido de respirar. Como tal, a solução afigura-se simples, só que nem sempre é assim tão fácil. Na minha modesta opinião, Rúben Amorim precisa de respirar, de ganhar afastamento dos problemas e assim mais facilmente encontrar as soluções. Nesses momentos, um bom amigo (o "canário"), um daqueles que nos dizem sempre a verdade nua e crua na cara, pode ajudar. Porque só querem o nosso bem e nos dizem muitas vezes aquilo que não queremos ouvir, o que a carapaça que erguemos como defesa não permite enxergar. Essa carapaça tem a vantagem de reforçar a nossa resistência ou resiliência e o inconveniente de obrigar a sublimar as nossas convicções de uma forma em que ocasionalmente os malfadados orgulho e ego se irão sobrepor à virtuosa auto-estima. Ora, é aí que os verdadeiros amigos nos podem ser muito úteis, porque nos querem bem e nos trazem a perspectiva de quem observa de longe, e portanto de forma não contaminada pelo "ruído", e por isso capta um espectro muito mais alargado do que quem está tão tão de perto, que vê tudo desfocado. 

 

Amorim perde-se em sucessivos erros de casting. Pior, isso cada vez mais repercute-se na deriva da sua comunicação, outrora uma das suas competências mais fortes e aglutinadoras usada com maestria para passar mensagens quer de dentro para fora quer de fora para dentro. Senão vejamos: a propósito da sucessiva insistência em Esgaio, o treinador vem falar-nos de uma massa de adeptos que tem um suposto preconceito contra jogadores provenientes do Braga. Ora, eu já ando neste mundo há tempo suficiente para saber que coisas como essa existem, simplesmente tal não reflecte o sentimento da maioria. E, se não reflecte o sentimento da maioria, não é importante, não deve ser assumido, desde logo porque, se assumido, tomará a nuvem por Juno e terá um efeito Boomerang na tal maioria de adeptos que não têm esse preconceito, logo a mensagem torna-se mais desagregadora que agregadora, ou seja, não deve ser dita ou repetida por não trazer nada de positivo para a união. O que verdadeiramente preocupa os sócios e adeptos não é os jogadores virem do Braga, mas sim o não serem suficientemente bons para o nível do Sporting ou serem demasiado caros face ao seu desempenho no campo e a nossa realidade económico/financeira (a mesma que nos é vendida como justificação para a alienação dos passes de Matheus Nunes ou Palhinha). Além disso, Rúben Amorim comete um erro básico de comunicação quando nos diz que esses jogadores são sua aposta. Porque num plantel de cerca de 25 jogadores todos devem ser sua aposta, e não apenas estes dois. O que leva à legítima interrogação da razão pela qual é tão fácil para o treinador deixar cair um Vinagre ou um Jovane e não um Esgaio ou um Paulinho. Não deveriam ser todos iguais e estar a sua menor ou maior utilização dependente dos méritos demonstrados em campo? E não mereceriam todos por igual a possibilidade de redenção, caso tivessem uma exibição menos conseguida? Porque é que um Jovane, providencial na primeira meia-época de Amorim e instrumental na conquista do seu primeiro título no Sporting (Taça da Liga) e na Supertaça, tem tão poucas oportunidades? Não está o cabo-verdiano liberado pelo departamento médico há mais de 1 semana? Então, porque razão nem para o banco vai, com Amorim simultaneamente a perorar ardilosamente sobre a sua ansiedade, enquanto o mal-recuperado Porro aí tem lugar ainda que sabendo o treinador que só pode fazer 25 minutos? Eu poderia até juntar aqui as recidivas constantes de St Juste ou de Coates e pôr em causa a gestão de esforço e a forma como certos atletas são lançados em competição após lesões, mas volto a focar-me na comunicação: não se concebe que na véspera de uma deslocação a Marselha o treinador reagite a bandeira de um Sporting Europeu para depois conceder o jogo ao fim de 30 minutos. E menos ainda se entende que após admitir, em conferência de imprensa de antevisão do jogo de retorno, que a saída prematura de Edwards em Marselha foi um erro venha um dia depois a repetir a dose. O que nos faz aqui cruzar os erros comunicacionais com os erros tácticos, o terceiro problema. Para além de o nosso jogador mais criativo estar sempre a ser sacrificado e dessa punição nada resultar de bom para a equipa (vidé dois jogos com o Marselha e o jogo com o Santa Clara), também não se entende a razão pela qual Morita saiu precocemente neste último jogo para 13 minutos depois entrar o bem menos competente e experiente Alexandropoulos, uma demonstração de que o treinador se equivocou inicialmente quando operou a primeira substituição. Resistindo sempre a alterar a linha defensiva para 4, o treinador pura e simplesmente entregou os pontos, voltando mais tarde a mexer com a recorrente e incompreensível entrada de Nazinho, como se a bandeira da tardia aposta na Formação o salvasse do disparate ululante para as massas. Nem está em causa o Nazinho, mas não foi o próprio treinador que anunciou que os jovens devem ser lançados com critério? É um bom critério lançar um jovem para a fogueira? E o que se passa com os mais promissores Mateus Fernandes, Essugo ou Rodrigo Ribeiro? Será que o Mister vai continuar a invocar (Amorim dixit) o quão difícil se tornou em dois anos entrar na equipa? Realmente, dado o "altíssimo" rendimento observado a Esgaio ou Paulinho (mas poderia também aqui falar de Pote, a quem parece faltar um banho de humildade no banco ou na bancada), os nossos jovens vão ter de nascer 100 vezes para terem uma oportunidade... (Súbita e inesperadamente, as parecenças com o Mestre da Táctica realçam-se.)

 

Amorim está numa encruzilhada, mas ainda tem o crédito do campeonato nacional que deu aos Sportinguistas. Estes são na sua maioria gratos e não esquecem quem lhes deu alegrias. Mas é importante que o nosso treinador redescubra o caminho. O seu, o nosso, o do Sporting. Por isso, dirijo-me directamente ao treinador para lhe enviar um voto de confiança e uma recomendação: reflicta, procure dialogar com os mais próximos e os que gostam de si e arrepie caminho enquanto é tempo. Ninguém o vai crucificar por erros pontuais, mas por favor não repita erros básicos reiteradamente, é preciso cabeça fria e a noção de que o todo é sempre mais importante que o nosso umbigo. O seu melhor, o melhor de Rúben Amorim foi a melhor coisa que aconteceu ao Sporting nos últimos 20 anos. Esse Rúben dava-nos o presente e o futuro. Reencontre-o dentro de si e faça-nos ( e  a si) felizes de novo. Eu acredito!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Manuel Ugarte (um leão!!!)

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16
Fev22

Tudo ao molho e fé em Deus

Pep Rápido e o caloiro


Pedro Azevedo

Por Toutatis, mais do que o céu lhe cair um dia em cima da cabeça, o que o nosso chefe Amorinix mais teme é a alteração das rotinas. Nesse sentido, um jogo da Champions no nosso estádio vem sempre a calhar, na medida em que não há competição que ofereça tanto a possibilidade de manter tudo igual, desde o intemporal hino do Handel que precede a abertura das hostilidades até à "manita" que com uma infalibilidade igual à da DHL sistematicamente nos entregam em casa no fim do jogo. Ainda assim, subsiste o sucesso de já termos umas rotinas. Sistematizadas. Agora só precisamos de saber quando as utilizar... (Nem os irredutíveis gauleses alguma vez venceriam os romanos sem uma poção mágica.)

 

O problema emerge quando os adversários na Champions partilham do mesmo gosto de Amorinix pelas rotinas. E então é vê-los a asfixiar os nossos jogadores, não lhes dando o tempo e o espaço que sobejam no campeonato português. O que nos traz a lição de que as nossas rotinas dependem sempre das rotinas dos outros. Porque não jogamos sozinhos, por muito que no principal torneio tuga haja jogos em que parece que defrontamos uns bidões. Nada tenho contra bidões, diga-se, até porque eles geralmente comportam-se na justa medida, só que tendem a ser pouco comunicativos, empáticos e não se mexem sem ser por influência de uma mão (livra, outra vez!) externa. Ora, da influência de mãos (apre!) externas estão os Sportinguistas precavidos há muitos anos, bastando consultar a literatura e áudio que pululam por aí, pelo que se torna ainda mais importante o cabal desempenho dentro do campo. Nesse sentido eu entendo o Amorinix: se é para viver uma vida inteira de joelhos, então mais vale "morrer" logo de pé, procurando agilizar os processos contra os melhores do mundo. Perdendo, sim, mas tentando jogar como gente grande, sem complexos nem cadeados ou fechaduras das Chaves do Areeiro. Crescendo a cada jogo. A questão é que quando durante 90 minutos não se faz um remate enquadrado à baliza fica-se com a sensação que a única coisa que cresceu foi o campo, demasiado comprido para o poder dos nossos. E isso significa perder sem glória, o que não pode ser considerado uma boa rotina. 

 

No fim do jogo o Guardiola, que há quem diga que percebe alguma coisa de bola, transmitiu aos repórteres presentes que o Matheus Nunes era um dos melhores jogadores do mundo da actualidade. Pois eu ainda sou do tempo em que o Keizer, o Tiago e o Leonel o ignoravam e o Silas nos dizia que o Menino do Rio estava a bater à porta da equipa principal. Ao que consta a coisa durou ainda alguns meses (15, ao todo) e a porta nunca se abriu. Até que chegou o chefe Amorinix e escancarou-lhe as portas. Tal como a outros jovens. Ora, isso para mim é que foi uma bela rotina inaugurada aí. E nunca me esqueço disso nos dias cinzentos. Disso e do resto, dos troféus conquistados. Por isso, errando ou não, a rotina que eu mais quero ver implementada é a do Rúben Amorim se deslocar diariamente a Alcochete. Para o treino, o jogo a jogo. Ano após ano. Forever! (Ou até ele querer mudar as suas rotinas... rodoviárias.)

 

P.S. Aqueles observadores credenciados das Forças de Paz da ONU, que trocaram o capacete pelo colete azul, já apresentaram às autoridades um relatório pormenorizado sobre as ocorrências de sexta-feira no Dragão? É para hoje ou vai colado a cuspo?

 

Tenor "Tudo ao molho...": Matheus Nunes

sportingcity11.jpg

Oh para ele a passar pelo De Bruyne...

30
Dez21

Tudo ao molho e fé em Deus

O WM contra o autocarro


Pedro Azevedo

Caro Leitor, os jogos em Alvalade estão cada vez mais difíceis de vencer! Ontem, por exemplo, deparámo-nos com um daqueles autocarros antigos de passageiros da Eva que já se julgava estarem fora de circulação, com um veio posterior que, qual elástico ou fisga (de David), impulsiona a traseira para a frente nalgumas curvas mais sinuosas. Partindo de uma espécie de um 6-3-1, desse desdobramento portimonense resultou que, subitamente, vários algarvios se abeirassem da nossa baliza, daí nascendo uma interacção entre Adán e Eva que terminou com o pecado original de sofrermos um golo primeiro que o adversário. Na sua génese esteve o Reis, curiosamente um dos melhores em campo. Seguiu-se um jogo de ténis, com a bola a ir e vir constantemente para e da área portimonense sem que o Sporting conseguisse marcar um ponto. Para tal muito contribuiu a robustez do quadrunvirato de centrais algarvio, que impôs a lei perante o marxismo-leoninismo patenteado por uma equipa leonina sub-virada à esquerda, com a ala direita amputada pela inibição de Esgaio e as ligações de jogo interior coartadas pela extrema vigilância dos médios algarvios a Matheus Nunes. O intervalo chegou com o Sporting em desvantagem no marcador.

 

Não demorou muito tempo até que Rúben Amorim mexesse na equipa, Primeiro trocando Palhinha por Bragança, depois abdicando de Esgaio em função do estreante Geny Catamo, um jovem que revelou ter grande personalidade ao procurar constantemente o 1x1, com o suplemento de inteligentemente ter variado as suas acções, alternando os movimentos para fora e para dentro. Com as duas alas finalmente a carburarem em sintonia, os portimonenses viram-se obrigados a bascular sucessivamente a sua linha defensiva como se de uma equipa de andebol se tratasse. Por essa altura já Pedro Sá havia sido expulso por acção de um Reis Mago que assim entregou o ouro a Amorim, pelo que o esforço pedido aos algarvios acabou por provocar uma erosão de onde começaram a surgir falhas. E como tantas vezes acontece no andebol, o espaço para o pivô (atacante) apareceu. Assim, Paulinho acabaria por marcar de cabeça, primeiro, e depois por duas vezes com o pé direito, materializando um hat-trick, um sortilégio digno da magia do Natal que, pasme-se, nem sequer envolveu o seu melhor pé ou o remate de fora da área. Nuno Santos, no segundo tempo muito mais ala que lateral, esteve na origem dos dois primeiros.

 

Para ganhar ao Portimonense, qual "remake" da recepção ao Gil Vicente no ano passado, Rúben Amorim teve de pôr o Sporting a jogar em 3-2-5, o célebre WM popularizado por Herbert Chapman e tão caro aos nossos saudosos 5 Violinos. Curiosamente, Amorim surge agora entre Robert Kelly (79,2%) e Cândido de Oliveira (75,3%), os treinadores dos verdadeiros 5 Violinos que ainda incluíam Peyroteo, no segundo lugar da lista histórica dos treinadores do Sporting com maior percentagem de vitórias (75,31%, 61 em 81 jogos) por jogo realizado, deixando ainda mais atrás nomes como Alexander Peics (4º), Jozsef Szabo (5º), Randolph Gallloway, Mário Lino, Fernando Vaz, Malcolm Allison ou Bobby Robson. E como o nosso treinador diz que o melhor ainda está para vir...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Paulinho

AmorimPaulinho.jpg

11
Set21

Para Rúben Amorim


Pedro Azevedo

Escrevo propositadamente antes do jogo para vincar que a minha opinião não está dependente do nosso resultado contra o Porto. E faço-o para mostrar o meu apoio incondicional a Ruben Amorim e à forma como encara a constituição de um plantel. Bem sei que nós, adeptos, queremos sempre os cromos todos, o plano de contingência face à lesão simultânea de A e B, o mítico avançado cuja produtividade se expressa em golos, mais um defesa central, etc. Acontece que ao longo dos anos a tentativa de suprir todas as lacunas, associada ao despautério de aquisições sem nível para o Sporting, nos conduziu até a um buraco negro, de onde só se vislumbra sairmos se continuarmos a acreditar e a apoiar a política de Amorim. Este não inventou a roda - há anos que o Ajax trabalha assim -, mas soube conciliar a racionalidade dos custos com um projecto de aposta na Formação, perspectivando-se assim uma sustentabilidade futura. Por isso, os planteis são pouco profundos, a fim de se poder recorrer à Formação em caso de necessidade. Por que diabo havíamos de gastar dinheiro em jogadores das equipas B e Sub-23 para depois lhes fecharmos a porta de entrada na A?  Obviamente, havendo oscilações na qualidade entre gerações, nem sempre teremos uma substituição óbvia. Por exemplo, tenho dúvidas se Chico Lamba ou Skoglund algum dia poderão ser reais opções para as posições de central e de ponta de lança, razão pela qual Amorim poderá em certos momentos ser obrigado a promover adaptações e explorar a versatilidade de alguns elementos do actual plantel. Mas esses são os riscos inerentes a um projecto que não pode ser alimentado de gorduras que quando saturadas no banco ou na bancada provocam complicações no coração do clube/SAD (conta de exploração). Por isso, mesmo tendo eu algumas legítimas dúvidas sobre a eficácia de Paulinho ou o racional da dispensa de Pedro Marques (coisas de treinador de bancada), gostaria de aqui mandar um forte abraço ao treinador Ruben Amorim (sim, eu discordei dos valores envolvidos na sua contratação) e agradecer-lhe esta certeza que hoje tenho: enquanto estiver em Alvalade poderemos semore perder o próximo jogo , mas nunca perdemos (hipotecaremos) o futuro. Obrigado. 

08
Mar21

À mulher de César...


Pedro Azevedo

A ANTF apresentou uma queixa em Março de 2020 e, 1 ano depois, a Comissão de Instrutores da Liga decidiu deduzir acusação contra a SAD do Sporting e o seu treinador Rúben Amorim por alegada fraude na inscrição do jovem técnico, o qual arrisca uma sanção entre 1 e 6 anos de suspensão de actividade. 

 

A notícia é hoje avançada pelos meios do Sporting e não pode deixar de merecer uma reacção de Castigo Máximo. Em primeiro lugar, ninguém terá dúvidas de que existe, neste como num número considerável de casos que adiante escalpelizaremos, uma habilidade por parte do clube no sentido de contornar o regulamento da Liga, o qual foi aprovado por todos os clubes. Acontece que a Liga, enquanto organizadora da competição, tendo na sua posse certamente inúmera documentação de prova no sentido de que o espírito do seu regulamento vem sendo deturpado pelos clubes, poderia simplesmente ter recusado esta e outras inscrições ab-initio. Não o fez e lá saberá porquê, não sendo dispiciendo (não sou jurista, mas...) pensar que um recurso aos tribunais por parte dos clubes poderia inverter a decisão com base em argumentação de que se estaria a vedar inconstitucionalmente o direito ao trabalho. A concorrer para isso, não pode a Liga ignorar que existe um problema com a formação de treinadores, que subverte a própria Lei da República. É que estando previsto na Lei 40/2012 (e posteriormente na Lei 106/2019) a possibilidade de outras entidades ministrarem cursos (a certificação final cabe sempre ao IPDJ), é a própria UEFA que mediante convenção com a FPF obriga esta a deter o exclusivo da formação de treinadores. Assim sendo, os cursos nem sempre estão abertos e é vedado ao aspirante a um determinado nível procurar outras entidades, em Portugal ou no estrangeiro, para esse fim. 

 

Como toda a (in)acção pressupõe uma reacção, a falta de celeridade nos vários degraus (4) do processo de certificação de um treinador acaba por conduzir ao habitual xico-espertismo luso. A questão é que isso está longe de ser um exclusivo do Sporting. Senão vejamos: em Fevereiro de 2007 bastaram 6 meses para Jorge Costa pendurar as chuteiras no FC Porto e iniciar uma carreira de treinador no Braga. Estava à época a começar o nível 2 do curso de treinadores. Uma situação análoga à que paralelamente vivia Paulo Bento no Sporting. Em 2012, havia 5 treinadores sem habilitação para tal. A saber: Marco Silva (Estoril), Nuno Espírito Santo (Rio Ave), Paulo Fonseca (Paços de Ferreira), Pedro Emanuel (Académica) e... Sérgio Conceição (Olhanense). Curiosamente, todos com trabalhos muito meritórios, mesmo sem o curso requerido. À epoca, ouvido sobre esta matéria, Conceição referiu: " Pela experiência que já adquirimos, quer como jogadores quer já como treinadores, era aconselhável que se criassem algumas excepções que permitissem a conclusão da formação e assim o exercício da actividade com o estatuto de treinador principal". Todos estes treinadores contornaram Lei e regulamento, apresentando-se como adjuntos. Em Março de 2018, 4 treinadores não tinham habilitações para treinar na Primeira Liga. Contudo, faziam-no, uma vez mais usando o expediente de sempre (falso treinador adjunto). Eram eles Pepa, Petit, Sérgio Vieira e Silas. Os dois primeiros acaberiam por completar o IV nível antes do final do ano. João Henriques entretanto treinou o Santa Clara em 2018 com o UEFA Pro - nível 3, Filipe Martins tinha apenas o nível 2 quando dirigiu o Feirense em 18/19. Em 19/20, Silas (B SAD e Sporting), Rúben Amorim (Braga e Sporting), Custódio e Artur Jorge (Braga) e Sandro (Setúbal) não preenchiam as condições para serem treinadores principais na Primeira Liga. Contudo, eram-no. 

 

Como se pode observar por esta longa lista, têm existido diversos clubes a aproveitar a possibilidade conferida pelo Regulamento de inscrever um treinador (principal) sem a habilitação requerida como adjunto na ficha de jogo. Todavia, sendo certo que é recorrente ver a ANTF a protestar, só na actual situação que envolve Rúben Amorim e o Sporting é que a Comissão de Instrutores da Liga decidiu actuar. É fá-lo num momento em que, curiosamente, Rúben Amorim já pode exercer livremente as suas funções, o que torna esta acusação e o momento em que se produz ainda mais insólitos (para não falar da circunstância de o Sporting comandar destacadamente a Liga, argumento favorável à plena competência para exercício de funções do seu treinador). É que por protocolo convencionado entre clubes e Liga, passou a ser possível aos treinadores inscritos no IV nível dirigir as suas equipas, algo que aproveitou a Rúben. O que ainda dá mais razão a quem questiona o timing e a arbitrariedade desta acusação. A velha história da mulher de César...

 

Sem prejuízo da acção do nosso departamento jurídico, há uma forma ideal de lidar com isto: ganhar ao Tondela. E assim sucessivamente. Não embarcando em distrações. O resto só servirá para alimentar o país do faz de conta onde vivemos, que, sempre selectivamente, de quando em vez gosta de exibir serviço (a quem manda?) a coberto de uma suposta virgindade há muito tempo perdida. O Eça é que nos topava bem...

23
Jan21

Final da Taça da Liga


Pedro Azevedo

Hoje, frente-a-frente, vão estar dois treinadores que já venceram a Taça da Liga - Carvalhal, pelo Vitória de Setúbal, na primeira edição da prova; Amorim, pelo Sporting de Braga, na última edição - e os dois mais recentes Campeões de Inverno (Braga em 2020, Sporting em 2019 e 2018). Estarão também em compita dois campeões em título: o Braga enquanto equipa, Amorim como treinador. Em termos mais latos, de um lado teremos o histórico Sporting, do outro o eterno pretendente Braga. Tudo isto serão ingredientes mais do que suficientes para dar sal e apimentar a final de logo à noite, que espero ver concluir-se com uma vitória do nosso Sporting. Força leões!!!

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