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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

01
Mar22

A Guerra


Pedro Azevedo

O pior que se pode fazer perante a infame invasão russa da Ucrânia é subestimar Putin e tratá-lo como um louco. Quer dizer, como tantos líderes na história mundial, Putin apresenta alguns sinais de sociopatia. E é frio, produto certamente do treino na ex-KGB, serviço secreto de segurança que transitou para o centralizador FSB. Mas tem também o sentido táctico de perceber o momento de entrar em acção, a determinação de o levar adiante e a paciência de esperar por esse momento, esta última também uma característica marcante nos chineses e no mundo oriental em geral. O mundo ocidental mudou muito nas últimas décadas. O tecido empresarial ainda mais, substituindo-se empresas de cariz familiar por outras com accionistas diversos sedentos de lucros e CEOs à procura de grandes compensações via bónus, tudo cavalgado em liberalistas ideias de auto-regulação. Este sentido de urgência do mundo ocidental contrasta muito com a visão oriental de longo prazo. E, em nome dessa urgência, muitos erros foram cometidos. Isso criou um problema, que se tentou solucionar com o keynesianismo. Temo, porém, que 13 anos de taxas de juro a zero tenham sido demais. O que gerou inflação, quiçá hiperinflação considerando o cabaz de compras do comum cidadão. O monstro saiu fora do controlo do criador. Que não pode tolerar mais subidas acentuadas no preço da energia, petróleo e gás natural, sob pena de tal matar a produção e estagnar a economia, podendo até trazer uma nova grande depressão. Pelo contrário, os russos beneficiarão pelo menos no curto-prazo, da subida dos preços da energia. (Surpreendidos? Afinal o que teria sido do keynesianismo sem a Segunda Grande Guerra? Não é verdade que o New Deal de Roosevelt ameaçava fracassar e o desemprego não baixara tanto quanto o previsto?) 

Perante este cenário, os russos sabiam que os americanos não iriam além de declarações de circunstância e avisos à navegação. Procurando dissuadir, sim, mas não escondendo fragilidades próprias de uma economia onde a inflação atingiu 7,5% em Janeiro, inflação essa que também ameaça a Europa a partir do momento em que a ortodoxia do Bundesbank - os alemães nunca esqueceram a impressão de marcos pos-Primeira Guerra que conduziu à hiperinflação, queda da República de Weimar e posterior emergência do nacional-socialismo hitleriano - no controlo da massa monetária em circulação (M3) foi substituída pela monetização da dívida pública do BCE. Pior, as taxas de juro a zero criaram a ilusão de riqueza em muitas famílias e alimentaram os mercados de capitais e o imobiliário. Levando também à proliferação das cripto-moedas, altamente especulativas mas também hoje em dia um instrumento de lavagem de dinheiro para quem pretenda contornar as regras de prevenção reforçadas neste século. E é neste contexto débil que Putin ataca e o mundo ocidental pouco mais faz do que sancionar os oligarcas. Teme-se por isso o pior: nova conquista russa. Não é que a preocupação com a integração na NATO de diversos países vizinhos e o cerco a que paulatinamente, desde a desagregação soviética. vêm sendo sujeitos não seja um argumento a ter em conta, mais até do que a propagandista apresentação da Ucrânia como nazi, algo que é falaciosamente retirado da arca da história onde Stepan Bandera e os seus numa primeira fase se juntaram aos nazis para tentarem vencer a histórica opressão soviética, tendo posteriormente voltado-se contra os próprios nazis (além de que a Putin serviu bem avançar com isso antes de que alguém o identificasse com o próprio Hitler ou o Holodomor estalinista). Simplesmente, em pleno século XXI, numa Europa supostamente civilizada, há milhares de pessoas a morrerem devido a uma guerra e muitos refugiados. Pouco depois de uma temível e ainda não totalmente explicada epidemia. E isso é inaceitável, tal como o é a invasão do espaço soberano de um país, salvo pouquíssimas excepções. Ainda mais na Europa, na velha Europa. Inevitavelmente, uma nova ordem mundial chegará, restando também saber se o mundo ocidental retirará algumas lições sobre as fragilidades que o trouxeram aqui. O que me leva a crer que para além de um urgente cessar-fogo na frente ucraniana precisamos de repensar todo o modelo capitalista onde assenta o mundo ocidental. Ou isso, ou seguramente ficaremos à beira do abismo. (Observadores atentos, os chineses aguardam pacientemente, cientes do peso do seu investimento na dívida pública americana.)

PS: Dado a gravidade do que vivemos, abro aqui uma excepção naquilo que pretende ser a exclusividade de temas que nos ligam ao Sporting. 

21
Jan22

Notavelmente notório


Pedro Azevedo

Numa peça assinada no jornal Record, o antigo Director de Comunicação do Sporting, Nuno Saraiva, diz que se "sobressaltou" ao ler que um documento laudatório em relação ao trabalho da actual Direcção assinado por mais de 200 Sportinguistas foi atribuído a um grupo de "notáveis". E acrescenta não ser ele próprio um "notável", pese embora vá adiantando que até foi convidado a assinar o referido documento - algo alegadamente apenas não concretizado por o "documento já estar impresso" -, não fosse provavelmente alguém menos atento esquecer-se da sua relevância no clube. Eu não me esqueço. E, a propósito do contentamento do próprio com o fim (que eu efusivamente, ontem como hoje ou amanhã, sempre aplaudirei) da excessiva adjectivação e linguagem deplorável na instituição, não me esqueço do afã com que Nuno Saraiva semanalmente doutrinava, na Sporting TV, em intermináveis e inesgotáveis homilias destinadas a lavar o cérebro aos Sportinguistas, que muito contribuíram para um inapropriado aumento de crispação interna no clube. Usando, por exemplo, expressões como "sportingados" que agora condena sem acto de contrição, camuflando assim o rasto das suas próprias acções. Pois é, Nuno Saraiva não é de facto notável, mas é notório. Como notório igualmente é que o zircónio também brilha mas nunca será um diamante, e que uma peça não se diz de joalheria por ser executada de joelhos. Notoriamente (que não notavelmente). 

27
Dez20

Golo da Semana (*)


Pedro Azevedo

"O Farense foi a segunda equipa capaz de condicionar significativamente o jogo do Sporting. A outra tinha sido o Gil Vicente. Mérito da equipa de Faro e do seu treinador, que não podemos acusar de ter adoptado uma postura hiper-defensiva. Aliás, na primeira parte, quem mais rematou à baliza, quem mais perigo criou foi o Farense. Quase sempre por Ryan Gauld, embora a coroar movimentações colectivas bem conseguidas. Nada de novo. Na Luz os leões de Faro foram injustamente derrotados, todos nos recordamos desse jogo.
Com os bloqueios bem pensados e melhor implementados a fluidez do nosso jogo esmorece e a construção a partir do núcleo de três centrais é, como já sabemos, uma não-construção. Palhinha e João Mário muito condicionados e os laterais muito amarrados atrás tornam o jogo do Sporting um grande empastelamento.
O resto já se sabe: marcámos um saboroso golo que nos deu um ultra-saboroso triunfo. São importantes estes triunfos e as reflexões que eles nos permitem. Mais vale reflectir e mudar quando ganhamos do que quando perdemos ou estamos a perder.

 

João Mário, cuja classe, trouxe uma dimensão extra ao futebol do Sporting, jogou muito menos do que o habitual. Penso, e já aqui o escrevi, que não é nesta posição que o nosso craque faz as coisas acontecerem. É muito mais importante numa das alas, sobretudo na ala direita, a flectir para o centro ou a assistir. Ontem na segunda parte pensei que iria entrar o Daniel Bragança e que o João Mário iria ser deslocado para a ala esquerda substituindo o apático Nuno Santos.
Um dos pilares deste Sporting é o jovem lateral esquerdo, Nuno Mendes. Temo que as lesões e os apressados regressos à competição impeçam que o jovem talento imprima às suas exibições o fulgor e a criatividade que nenhum contra-argumento é capaz de anular.
Continuo a gostar de ver o Sporting com Sporar em alternativa ao Sporting sem o esloveno. Mas de quem tenho muitas saudades é do Jovane, aquele que na parte final da época passada, com Amorim no comando, mostrou que é um dos melhores jogadores do plantel. O mesmo que, este ano, pese embora a menor utilização, tem uma produtividade - medida em golos e assistências - que o destacam, para nosso contentamento.
Quem eu gostava de ver mais perto da possibilidade de ser útil era o Pedro Marques, que depois de ter bisado para a Taça foi remetido a um bisonho retiro na equipa B ou sub-23.
Ontem (NA: dia 19) pareceu-me que o Amorim mexeu tarde na equipa e não muito bem. 'Malgré tout', estamos em primeiro e assim passaremos o Natal. Não é pouco, não é fácil, e é muito bom."

 

- Leitor JG, em Liberais, keynesianos e monopolistas.

 

(*) Nova rúbrica: semanalmente, Castigo Máximo elegerá aquele que na sua opinião é o melhor comentário da semana. Este refere-se ao período compreendido entre 20 e 26 de Dezembro. 

02
Dez19

Quem resiste à mudança acaba a ter de resistir à extinção


Pedro Azevedo

Há um princípio elementar na economia que consiste em que os recursos são escassos. Por outro lado, o Sporting tem pouco dinheiro para investir. Tudo isto concorreria para haver muito critério e o máximo zelo na contratação de jogadores. Ora, o que verificamos é que, 40 milhões de euros investidos desde Janeiro depois, a qualidade média do plantel de futebol do Sporting é agora bem pior do que aquela que Varandas herdou de Sousa Cintra e da Comissão de Gestão após os devastadores acontecimentos de Alcochete. É obra! Em qualquer Organização alguém teria de ser responsabilizado por isto. No Sporting, não.

 

Sejamos sinceros, este plantel é uma ratoeira para qualquer treinador que lhe pegue. Senão vejamos: possui jogadores com estatuto e elevado vencimento que há pelo menos 3 anos não fazem nada de significativo e já mostraram o seu desagrado quando foram substituídos no decorrer de jogos. Jogadores caros e longe do pico da sua carreira, que mudam de clube todos os anos, exactamente aquilo que Varandas, durante a campanha eleitoral, afirmou ser de evitar. Atletas redundantes e que ajudam a inviabilizar a aposta na Formação. No entanto, não se pense que o problema se circunscreve a eles. Não, houve um conjunto de situações no mínimo aberrantes que desafiam qualquer explicação lógica. Como o caso da contratação de Valentin Rosier, um atleta que chegou lesionado e no qual o Sporting investiu 5,3 milhões de euros (80% do passe) mais os direitos económicos de Mama Baldé, um ala que também poderia fazer a posição de lateral e que na temporada anterior, ao serviço do Aves, marcara 10 golos no campeonato. Ou a contratação de Camacho (5,6 milhões de euros mais a possibilidade de 2 milhões de euros em variáveis), um jovem de 18 anos que mal chegou garantiu não estar disponível para jogar numa determinada posição, ou o empréstimo de Fernando, uma revelação de um só jogo no Brasileirão que chegou lesionado e ainda não se estreou. Simultaneamente, jovens promissores da Academia, como Domingos Duarte, Matheus Pereira ou Daniel Bragança, nunca encontraram a oportunidade de se afirmarem. Bas Dost, emérito goleador, foi vendido ao desbarato, surpreendendo até o Director Desportivo do Eintracht Frankfurt, clube que o contratou. Perante este cenário é difícil perceber se Silas pode ser uma solução ou se é também parte do problema, sendo certo que terá os seus dias contados - à semelhança de Keizer e de Pontes - se não se libertar de constrangimentos diversos e insistir em colocar em campo hologramas de quem em tempos idos teve relevo, ou "contratações cirúrgicas" que ficam aquém do melhor que temos em Alcochete.  

 

Perante o ror de críticas que se seguiu aos maus resultados desportivos, Frederico Varandas reagiu com insultos aos sócios do clube. Mostrando não compreender, ou não querer compreender, a legitimidade de tais criticas. Chegou, numa 2ª ocasião, até a considerar que tudo se deveu a não ter conseguido vender Bruno Fernandes (imagine-se!), o nosso melhor jogador - ele que anteriormente havia dito que optou por o manter - , evidenciando nada ter aprendido com os erros. O que remete para a próxima janela de transferências e receios associados. Assim sendo, é tempo de os sócios do Sporting deixarem proselitismos de diversa ordem de lado e porem o Sporting em primeiro lugar. É também o tempo de o actual presidente demonstrar o seu amor ao clube e colocar o seu lugar à disposição. Urge mudar de vida. Caso contrário, a vida mudar-nos-á para sempre. 

 

P.S. Faz sentido mudar constantemente de presidentes antes do final dos mandatos? Não. Da mesma forma que não faz qualquer sentido o insuficiente escrutínio dos Sportinguistas na escolha dos mesmos presidentes. Por isso, das duas uma: ou somos responsáveis nas escolhas que fazemos, ou então será o clube que interromperá o seu "mandato" antes daquilo que seria expectável. 

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