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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

23
Jan23

Ousar desafiar preconceitos


Pedro Azevedo

Não há soluções simples para problemas complexos. O problema do Sporting, à semelhança do dos outros 2 Grandes, é viver acima das suas possibilidades, com receitas ordinárias muito inferiores aos custos ordinários. Por isso, dizem-nos repetidamente, a tal ponto que esse conceito já está plenamente enraizado na nossa massa adepta, que todos os anos temos de vender alguns dos nossos melhores jogadores. Assim mesmo, de uma forma dogmática, logo não discutível, como se tal fosse uma inevitabilidade. Ora, do meu ponto de vista, isso concorre para o tipo de solução simples que não responde adequadamente ao problema complexo que é gerir um clube português em concorrência interna e com clubes internacionais de mercados muito maiores e, por conseguinte, mais endinheirados. É que, se por um lado, a venda de um ou dois jogadores por ano pode ajudar a resolver pontualmente um estrutural desequilíbrio de tesouraria e simultaneamente mostrar um resultado positivo de exploração, por outro geralmente enfraquece a equipa de futebol e torna mais difícil a obtenção de títulos e futuras receitas conexas que tenham a ver com o desempenho desportivo (Champions). Porque não é imaginável que todos os anos se acerte nas contratações e se consiga substituir sem um custo de oportunidade o recurso/activo que saiu por outro que entrou, e cada mercado mal conseguido irá gerar mais passivo, mais défice de tesouraria e menos receitas, tudo concorrendo para que se continue a vender até já não haver um mínimo de qualidade que assegure um rendimento desportivo condigno e uma salvaguarda de activos transaccionáveis capaz de fazer face à despesa, seja porque os melhores já saíram, seja porque entretanto a escassez de recursos financeiros nos levou a não comprar a totalidade dos direitos económicos dos bons jogadores que ainda restam. Assim sendo, este tipo de gestão deve ser encarado como precário, sendo que a factura será paga mais cedo ou mais tarde. É certo que por vezes acontecem pequenos milagres, conseguindo-se fazer mais com menos, como no ano do título. Mas a história diz-nos que tal é logo mitigado pelo aumento da despesa associado a um dito aumento das responsabilidades  inerentes às competições em que estamos envolvidos, e voltamos a entrar em roda livre, o que demonstra bem a debilidade do modelo económico que temos em prática. É que para as coisas funcionarem numa base regular teríamos que ter um scouting imaculado, e não o temos, uma política desportiva que conciliasse o curto (desempenho presente de jogadores já feitos) com o longo prazo (desenvolvimento de jogadores jovens), e há muitas intermitências nesse processo, uma Formação quase imaculada (e isso depende tanto ou mais dos recursos humanos que a enquadram, e sua interligação, do que propriamente das infraestruturas e equipamentos) e um treinador perfeitamente alinhado com a sua Direcção (o caso Matheus e os constantes recados de Amorim provam que já não é isso que acontece). Ora, o que o presente nos mostra é que temos um único ponta de lança, Paulinho, que representou, em termos de investimento, exactamente o mesmo valor que a soma paga pelo FC Porto quando comprou o trio formado por Taremi, Evanilson e Toni Martinez, ponta de lança esse que leva 2 golos marcados no campeonato face aos 18 facturados pela tróica portista. Um ponta de lança que é considerado associativo, mas tem apenas 3 assistências no campeonato, aquém por exemplo das 5 assistências do braguista Abel Ruiz (3 golos). Aliás, em termos do contributo dos seus pontas de lança para os golos marcados pelas suas equipas, o Sporting tem 2 golos, o Porto tem 18, o Braga 16 (Vitinha, 7; Banza, 6; Ruiz, 3) e o Benfica 15 (Gonçalo Ramos, 12; Musa, 3). Mesmo recorrendo aos golos marcados por interiores/extremos (Sporting, 20; Porto, 9; Braga, 15; Benfica, 12), o "associativismo" do seu ponta de lança não paga, como o demonstra os números finais de golos marcados por avançados (Sporting, 22; Porto, 27; Braga, 31; Benfica, 27). Mas isto é apenas um exemplo, não sendo a intenção deste artigo fulanizar demasiadamente as questões.

 

Como procurei em cima demonstrar, o trabalho de Sísifo que consiste em montar equipas para depois as desfazer não é sustentável. A sê-lo, exigiria uma atenção ao pormenor e uma regularidade excepcional de actuação no mercado que verdadeiramente não temos, nem é previsível que venhamos a ter. Além de que há demasiadas variáveis que não controlamos (árbitros, lesões, concorrência desleal, ...). Por isso, porventura deveríamos introduzir complexidade nas soluções propostas. Nesse sentido, a meu ver o Sporting terá de ser disruptivo no actual status-quo. Se o mercado português é escasso, e eu penso que é quase ridículo vangloriarmo-nos de crescimentos irrisórios em merchandising e bilhética, então teremos de estar na linha da frente na procura de alargar esse mercado. Fomentando a criação de uma Liga Ibérica, por exemplo, desafiando assim o conformismo e imobilismo, competição que potenciaria exponencialmente as nossas receitas no futuro. Criando um serviço de streaming do produto futebol (e não só) que vá muito para além da actual SportingTV, com um serviço gratuito para assinantes com publicidade paga pelos anunciantes e um serviço premium pago, com todos os conteúdos acessíveis e ao alcance de um clique no tablet ou telemóvel. E muitas mais ideias tenho na cabeça, estando disponível sempre para ajudar sem qualquer contrapartida que não seja o reforço da alma Sportinguista. E, como eu, estou crente que outros adeptos teriam garbo em ajudar o clube com os seus inputus, assim tívessemos o clube renascentista e verdadeiramente voltado para os seus com que um dia eu sonhei. Uma coisa é certa, o modelo económico actual está falido e quase se assemelha a um esquema de Ponzi, e não é seguro que o controlo accionista por entidades externas ao Sporting o fosse mudar (apenas entraria dinheiro no curto-prazo que depois seria gasto da mesma forma que aquando da criação da SAD), pelo que há que fazer algo. O que começará por uma revolução de mentalidades. Já dizia o Einstein que é mais fácil desintegrar um átomo do que destruir um preconceito, mas se o Sporting quiser ir para a frente vai ter de procurar novas soluções para que no futuro não se tenha de deparar com os mesmos problemas. 

 

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