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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

14
Mai23

Tudo ao molho e fé em Deus

Restaurador Olex


Pedro Azevedo

No futebol, o que é natural e fica bem é cada um actuar de acordo com a sua vocação. Com Restaurador Olex, cada interveniente no jogo recupera a sua posição primitiva. Assim, o Coates pode concentrar-se na arte de marcar golos (em vez de os oferecer ao adversário), o Paulinho em evitá-los e o Tiago Martins em estender a passadeira vermelha ao novo campeão. (Já que o Rúben Amorim não se mostra, e bem, disponível para guardas de honra no contexto actual, convém haver um voluntário que as faça.)

 

Os últimos 10/15 minutos de ontem em Alvalade foram paradigmáticos da diferença que a aplicação de Restaurador Olex provoca no futebol português e no Sporting: para começar, o Autogolo voltou a evidenciar-se como o nosso melhor ponta de lança, o que não deixa de ser surpreendente num avançado que chegou a custo zero, não tem ordenado e nem sequer pode ser dado como um exemplo de amor à nossa camisola. Depois, o Coates mostrou o seu instinto matador, sendo ele o segundo no ranking dos nossos avançados-centro. De seguida, o árbitro desrespeitou o seu auxiliar e validou um golo irregular ao Marítimo. O Adán chamou-lhe a atenção para o pecado original e ficou de fora da recepção ao Benfica. Veio um insular desembestado e deu uma peitaça num nosso que até o virou. Não contente, procurou repetir a dose com o Coates, mas bateu na couraça da indiferença do uruguaio e acabou ele virado. Entretanto, virado, e do avesso, estava o Tiago Martins, que a muita insistência do nosso capitão lá se dignou a falar com o "bandeirinha". Para manter tudo como estava e insistir no erro. Até que o VAR devolvou a verdade ao marcador, ainda que não ao jogo (a expulsão de Adán jamais teria acontecido se o árbitro tem imediatamente validado a indicação do seu auxiliar). Finalmente, o Paulinho foi à baliza, para apurar um pouco mais as suas melhores características de defensor. Como diriam os Pink Floyd, foram dez/quinze minutos de momentâneo lapso de racionalidade, de uma insanidade total, com muitos amarelos, um vermelho, um golo anulado e outro marcado na própria baliza. Um clássico do Western Spaghetti luso - obrigado pela dica, Álamo - do tipo "Once upon a time in Alvalade", que bem poderia ter sido dirigido por um Sérgio leão para ilustrar o valor da nossa resiliência. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": o VAR

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09
Jan23

Tudo ao molho e fé em Deus

Poupar 3 pontos para o Benfica


Pedro Azevedo

Cada equipa presente no campeonato nacional disputa 102 pontos numa temporada. Cada jogo equivale a 3 pontos, não constando em nenhum livro de regras, pelo menos de algum que eu tenha conhecimento, que uma partida contra um rival para o título valha mais do que esses 3 pontos. Por isso, em cada jogo, cada equipa deve sempre apresentar o seu melhor Onze. E, quando digo melhor, não me refugio naquela semântica floreada a que certos treinadores recorrem quando se trata de poupar alguns craques, de que o Onze apresentado é o melhor por ser o que oferece mais condições ou garantias, et caetera e tal de prosápia encaracolada equivalente. Ora, assim sendo, não se entende por que razão o nosso jogador mais competitivo, aquele com mais fome de ganhar, o que não gosta de perder nem ao berlinde, o "ranhoso" (segundo o próprio Rúben), em suma, o Nuno Santos, tenha ficado de fora de início. Alegadamente por estar à bica de amarelos e isso poder vir a redundar num sinal vermelho à pretensão de o fazer alinhar contra o Benfica. Mas cada jogo não vale os mesmos 3 pontos? Agora percebo melhor a mentalidade que nos faz ano após ano ficar longe do título máximo doméstico. É que somando Benfica, Porto e Braga, já são 6 poupanças de véspera. Adicionem-se os jogos das provas europeias e, se calhar, só fazemos meio campeonato na máxima força. Repito, isto faz algum sentido? Principalmente quando é sabido que a rotação não é possível, por não termos 2 bons jogadores por posição, que no meio campo (após as vendas sucessivas de Palhinha e de Matheus) e centro de ataque nem sequer 1 à altura da dimensão das responsabilidades de um clube como o Sporting provavelmente teremos. E depois as sinistras substituições... Devemos querer entrar no Guiness como a equipa de futebol que mais troca de centrais durante os jogos num campeonato, só pode ser essa a justificação. Além de que a aposta na Formação não é tirar um miúdo que não estava a jogar pior que os outros (fez o passe para o penálti sobre Porro), como que o penalizando pela imprudência de uma penalidade anteriormente cometida. Não, a aposta na Formação sugere convicção. E assumpção de riscos. (Se é que era um risco ter Rodrigo Ribeiro, única alternativa ao ponta de lança por vontade de Amorim, no banco em vez de na bancada.) Trocar para quê e por quem? Por um jogador (Rochinha) que falha por metro e meio a baliza num cabeceamento frontal efectuado a 3 metros da linha de golo? Enfim, também é verdade, ou VARdade, que o Marítimo, ou VARítimo, beneficiou aos 50 minutos de um ataque de sono daquela equipa que vive numa roulotte na Cidade do Futebol (todavia, esta pode sempre refugiar-se na interpretação do árbitro, por ser um lance de ponderação da  tal intensidade imortalizada pelo Dr Pôncio Monteiro e, como tal, caber essencialmente à apreciação do chefe da equipa de arbitragem). Mas isso são outros poemas, de apitos e de inquéritos, aos quais anos e anos  de poupanças da melhor equipa deverão acrescentar algumas estrofes de justificação. Queremos respeito? Respeitemo-nos. Começando por aproveitar os pontos perdidos pelos rivais, não embandeirando em arco e concentrando o foco em nós e no adversário do dia. Infelizmente, até uma franja importante dos nossos adeptos parece retirar mais prazer da derrota dos nossos rivais do que das nossas vitórias. E isso é sinónimo de que algo está errado na nossa Cultura de clube. Os nossos adversários sabem-no. Há anos. Vamos mudar? Espero que sim. Se não, o nosso mundo continuará a ser do tamanho de uma ostra e haverá sempre uma pérola (do Atlântico) a "adornar" o percurso. 


PS: Antigamente a filosofia era jogo-a-jogo, agora é jogo-a-pensar-no-jogo-seguinte. Assim sendo, o próximo obstáculo será o Vizela. Já é concelho, eu sei, mas não aconselho (essa estratégia). 

PS2: O Sporting tem muito galo com o senhor Malheiro. Que o diga o Ristovski, expulso em Setúbal por reclamar a ausência da devida punição disciplinar para um adversário (depois de muito tempo caído no relvado com a complacência da inacção do árbitro), logo após uma agressão por si sofrida lhe ter provocado um hematoma na testa visível a partir da Lua. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Nuno Santos. Pedro Porro foi o melhor dos que entraram de início, secundado por Gonçalo Inácio. No plano oposto, o sumo que se extraiu da acção de Trincão foi nulo. Estranhamente, voltou a jogar os 90 minutos. (Eu entendo que o Edwards seja inconstante, mas do inglês ainda se espera um momento de brilhantismo que desafie o status-quo.)

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27
Fev22

Tudo ao molho e fé em Deus

Derrapagens


Pedro Azevedo

Caro Leitor, o Sporting começou a derrapar nos Açores. Uma derrapagem numa ilha pequena tem a vantagem de não poder ser muito longa e a desvantagem de a máquina poder facilmente acabar a meter água. Quis o destino que esta última hipótese prevalecesse, pelo menos por aquilo que se pode observar pela leitura da generalidade dos blogues leoninos, sempre transfigurados nestas ocasiões em sofás de psicanálise. E o que nos dizem esses consultórios que medem o pulso à sanidade mental dos pacientes Sportinguistas? Que o Pote este ano não marca os golos suficientes para disfarçar o deserto concretizador do goleador que custou o triplo do dinheiro. E que o Matheus Nunes se deixou endeusar pelas palavras do Pep Guardiola e só quer a bola para ele. Ora, como da nova derrapagem numa ilha desta feita o Pote escapou ileso, as atenções centraram-se no Menino do Rio. O que é curioso porque uma simples leitura das estatísticas da Liga mostra à evidência que o Matheus é o jogador dos 3 grandes que mais faltas sofre durante um jogo. E por larga margem. Faltas essas que lhe limitam a explosão, por serem cometidas precisamente no momento em que sai da zona de pressão (e não quando segura a bola à procura de uma linha de passe) e se prepara para embalar e assim potenciar a sua melhor característica (progressão com bola). Por muito menos o Benfica em tempos lançou a campanha "Deixam jogar o Mantorras", mas nós, que somos finos e gostamos de nos virar contra os nossos (os bons), beneficiamos o infractor, o fautor da falta útil, o culpado que quase sempre escapa à condenação. No fundo isso nem é Sportinguista, é português, está bem presente na cultura lusa de secreta admiração pelo truquezinho e pelos bons malandros, a vingança do povo contra os poderosos e privilegiados à nascença. Só que devem haver limites. É que não só o Matheus não é um saco de boxe como também não é ele que escolhe jogar a partir da esquerda (recebe a bola de frente para o jogo, mas perde aquele momento em que tira adversários do caminho quando recebe de costas na zona central e se vira com maestria). Ainda assim é sempre o primeiro a dar uma linha de passe ao portador de bola, a ligar o jogo. E, sinceramente, até gostaria que fosse mais egoísta, que assumisse mais o jogo, rematasse mais, fizesse prevalecer o seu nóvel estatuto. É que se o Matheus peca por algo não é pelo vedetismo mas sim por ainda alguma timidez que se nota em determinados momentos de um jogo. Assim sendo, podemos enfiar a cabeça na areia como a avestruz ou enfrentar a realidade. E a realidade diz-nos que só arranhámos o Marítimo a partir do momento em que o Edwards entrou. Ora, o inglês esteve cerca de 76 minutos fora das operações. Dividido entre o banco e o aquecimento. O aquecimento global dos Sportinguistas, entenda-se, desesperados que estivemos por uma solução que despertasse da letargia que se viu em campo, unicamente interrompida quando Porro imitou o Theriaga numa carambola às 3 tabelas que envolveu trave, poste e linha de golo. Porque até aí cumprimos brilhantemente com o manual do futebol sem balizas. O Paulinho baixou como sempre (a sua cotação, que não o preço) no terreno e interagiu muito bem com o resto da equipa. E o Nuno Santos fez centros rasos e certeiros para os pés dos jogadores insulares. Neste estado de coisas só o Coates nos poderia ter salvo. Mas a estrelinha parece ter abandonado o uruguaio e uns centímetros a mais para cima e para a direita não deixaram que fosse o habitual salvador. Enfim, do mal o menos, o Slimani fez um golo. Parecendo que não, antigamente tal era visto como positivo, lendo-se o antigamente como uma época da nossa história em que a um ponta de lança eram pedidos golos, como por exemplo em 1952, a última vez que fomos bicampeões. Rezam os livros que gostámos tanto que estendemos o momento até ao tetracampeonato. [Ora bem, esta teve profundidade(!), exactamente o que falta ao nosso futebol. Pensem nisso! (Ou não, que hoje até é dia de descanso...)]

 

Tenor "Tudo ao molho...": Matheus Reis

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27
Set21

Tudo ao molho e fé em Deus

De canário a leão


Pedro Azevedo

Na antecâmara do jogo de Sexta-feira, o Nostradamus que há em A Bola profetizava que o mundo iria acabar em 2000 e que o Ugarte jogaria contra o Marítimo em 24 de Setembro de 2021. À hora marcada, desejoso de ver em acção o uruguaio, sentei-me à frente do televisor. Que boa surpresa eu tive! Realmente, não esperava um jogador tão maduro, tão seguro das suas qualidades e senhor dos terrenos onde pisa. O único inconveniente foi o senhor da SportTV passar o tempo a chamá-lo de João Palhinha. É que, depois de tanto canto de sereia a reclamar poupanças, nem de fora o Palhinha escapou a ser usado até à exaustão! O meu maior pavor é que agora o Nostradamus de A Bola indique que futuramente o Porro também irá ser poupado. Sinceramente, espero que essa previsão se estenda para além de 2035, período em que o espanhol já deverá estar a jogar com a segurança social do país vizinho. Até lá, eu quero é que o canário (Las Palmas) Porro agite a nossa ala direita e seja a segurança dos sócios do Sporting pelos golos que não poupa na baliza dos adversários. 

 

Para se ser jogador do Sporting é preciso ter um dom. O dom favorito dos nossos jogadores é a esmerada arte de perdoar em frente à baliza. Por isso, o nosso coração fica assim como uma feira popular, oscilando numa montanha russa de emoções. Bom, se calhar a metáfora não é muito apropriada, desde logo porque quem diz Feira Popular diz farturas, e fartura de golos é coisa que não nos assiste. Ainda assim, vencemos da mesma forma que tantas vezes no passado, o que só pode ser um bom presságio (esta equipa nunca se rende). Ganhando tempo para que o Nuno Santos afine o pé esquerdo e o Paulinho encomende um direito ou então marque de letra. Esta última (a letra) seria uma boa alternativa para quem não tem números. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Porro

 

P.S. Desconheço a existência de uma Paulinha, mas talvez a Mariana Cabral nos pudesse emprestar uma Brenda Perez ou, mais apropriadamente pela posição no terreno, uma Diana Silva. É que as miúdas marcam golos que se fartam e esmeram-se particularmente quando do outro lado estão equipas de vestem de encarnado. 

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20
Mai21

Tudo ao molho e fé em Deus

A última ceia


Pedro Azevedo

"That's all folks!", este conto de Cinderela terminou para nós. Para o ano haverá mais, assim o esperamos. Na verdade, não queríamos que esta época de sonho acabasse. Talvez por isso, prolongou-se até quase à meia-noite, não indo mais além apenas por receio que a carruagem se transformasse numa abóbora. Para o fim ficou a ceia, um bom caldo verde onde se afundaram uns chouriços madeirenses. Ainda deu para haver um Pote de Ouro no finalzinho do arco-iris, com o nosso Harry Pote a mostrar toda a sua Art Deco naquele seu jeito de quem faz um passe (de magia) à baliza, no processo batendo o Esferovite na disputa pelo melhor marcador do campeonato. 

 

O jogo começou tão tarde que o Jovane entrou em campo à hora do costume, mais um motivo para dar razão a quem acha que o cabo-verdiano é melhor quando entra tarde. Sendo ele geralmente letal entre as 21H45 e as 21H55 (jogos que se iniciam às 20H00), ou entre as 23H00 e as 23H10 (apito de saída às 21H15), não surpreendeu que tivesse começado por assistir o Pote nesse primeiro intervalo de tempo. Por fim, utilizou o último espaço temporal para, num passe à Neymar, fazer a assistência decisiva para a Bola de Prata. Tudo está bem quando acaba bem, e o Jovane acabará sempre por entrar a altas horas. Dizem que está provado ser melhor assim...

 

Pode ser que um jogo que acabou tão tarde tenha sido uma parábola da carreira de João Pereira. Uma pena que a sua despedida tenha ocorrido sem público. Não há duas sem três e à terceira (passagem por Alvalade) foi de vez, o João finalmente arrumou as botas. Obrigado pela raça e empenho. Seguir-se-à uma carreira como treinador e uma forte candidatura a destronar Rúben Amorim como alvo predilecto do Conselho de Disciplina. A coisa promete.

 

Agora vamos para a "silly season" a sonhar com a próxima época. A Olá já anunciou que criará um Perna de Pau à Sporting para nos dessedentar no Verão. Um Perna de Pau à Sporting? Acho a coisa um bocadinho provocativa, até porque neste Sporting 2020/21 não houve pernas de pau, só craques. Por isso, deixo uma sugestão: que tal reeditar o Super Max(i)? Se o Adán se puser a jeito...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pote

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23
Fev21

Foco!


Pedro Azevedo

Eu sei que há quem pense que bater 3(?) vezes na Madeira neste momento inibirá as forças da natureza de se manifestarem contra nós sob a forma de um mau-olhado, mas talvez não fosse má ideia deixarmos de alimentar gratuitamente a "besta" e concentrarmo-nos naquilo que depende exclusivamente de nós. É que Sábado, pelas 20h30, há um Dragão com que lutar a fim de começar a libertar o futebol português do sistemático jugo dual a que tem estado sujeito de há tantos anos a esta parte. E, se por acaso o nosso São Jorge faltar à chamada, será fundamental conter os danos e sobreviver para os outros importantes desafios que teremos num futuro próximo. Mantendo o foco nos nossos jogos e não tirando os olhos da bola. Jogo a jogo. Sempre!

06
Fev21

Tudo ao molho e fé em Deus

A Revolução


Pedro Azevedo

Caro Leitor, do Ilhéu de Monchique no Atlântico até Penha das Torres onde se avistam os primeiros raios de sol, uma Cortina de Ferro desceu sobre Portugal. Comunico-vos assim que o momento é grave e está a mexer com as correlações de poder que sempre conhecemos. Para que o entendam, na sua origem parece estar a Muralha de Aço resultante da união entre um pasteleiro (Matheus Nunes) e um operário (João Palhinha), uma coisa de fazer corar de inveja qualquer Vasco Gonçalves ou projecto de Geringonça neste país à beira-mar plantado. E por falar em à beira-mar plantado, tudo isto é sublimado pela Pérola do Atlântico (Pedro Gonçalves), um perigoso subversivo sempre disposto a desafiar a ordem instituída. Sem esquecer aquele que, reza a lenda, numa das suas expedições Fernão de Magalhães registou ter avistado quando viajando de leste a oeste: um monte muito peculiar a que deu o nome de "Monte Vi Eu" (declinado em Montevidéu), o imponente Sebastián Coates. Estejamos pois atentos, porque há que por todos os meios fazer conter esta revolução.

 

O Churchill que me desculpe por ter trocado o Báltico pelas Ilhas e o Adriático por Bragança, mas o pânico que se faz sentir nos nossos rivais justifica a truncagem. É como se tivessem sido tomados de surpresa por este movimento que se formou na clandestinidade e agora está progressivamente ("jogo a jogo") a tomar o poder. Não só no Continente, mas também nas Ilhas. Diga-se entretanto que todas as tentativas de o conter se têm revelado infrutíferas. Disso são aliás ilustrativos o espancamento e a tortura do apito a que ontem, na Madeira, Matheus e Palhinha, respectivamente, foram submetidos, tendo daí resultado uma eficácia nula para os propósitos de quem com tanto afã pretende manter o "status quo". Já o Pote, começou por escapar através de um túnel até ao mar e a última vez que foi visto estava a fazer baloiçar as redes do Amir, que a pescaria foi de alto nível. Quem ficou até ao fim a proteger a retirada em glória foi "El Capitán Barba Rossa" (Coates), um homem que se vem revelando uma fortaleza impossível de expugnar. Desta vez com a ajuda de um marujo que se julgava já reformado, um tal de Antunes ou Vitorino, que mostrou ainda estar para as curvas, ou para os (bom)bordos que envolvam os melhores caminhos marítimos. Ambos apoiados pelo jovem marinheiro Inácio, que do cesto da gávea vislumbrou mais longe.

 

Portuguesas e portugueses, continuaremos a dar notícias sobre estes dias turbulentos que ameaçam a paz e a ordem no nosso Portugal. A fazer fé nos rumores que circulam, à hora em que Vos escrevo as tropas do regime estarão reunidas de emergência na sede do Conselho de Disciplina. O motivo: procurar decapitar a intentona. É a última esperança. Pouco ainda se sabe sobre esta instância, mas Castigo Máximo obteve a informação de a futura acção estar assente num documento. A única coisa que podemos transmitir é que tem oito pontos. Sente-se o desespero...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Gonçalves

 

P.S. Entretanto, parece que o Benfica de Jesus e de Vieira foi empatado por um Tanque nos Paços de Ferreira. (Ou como um treinador de meia-dúzia de milhões tem o desempenho de um outro que é obrigado a usar um boné que mais jeito daria na Luz para esconder os melões.)

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28
Jan20

Tudo ao molho e fé em Deus - À noite em Alvalade


Pedro Azevedo

O fim de semana trouxe a triste notícia do desaparecimento de "Black Mamba", um dos melhores jogadores de sempre da NBA. Kobe era também um grande entusiasta de futebol e do AC Milan, consequência de aos 6 anos de idade ter acompanhado o pai, também profissional de basquetebol, quando este abandonou a NBA para jogar em Itália. A morte de Bryant fez-me pensar o que seria o desporto sem os grandes atletas e o quão importantes estes têm sido na divulgação e crescimento das diversas modalidades. É curioso, pois no Sporting há quem cultive o "zero ídolos", o que na prática vale por dizer que para alguns um Eduardo merece a mesma consideração que um Bruno Fernandes. Como nestas coisas sempre fui um bocadinho desalinhado com as tendências, apesar da noite chuvosa peguei em mim e desloquei-me a Alvalade para ver mais uma das putativas despedidas do Bruno.   

 

Peter Handke escreveu "A angústia do guarda-redes no momento do penalty", obra muito aclamada pela crítica. O austríaco, nóbel da literatura em 2019, não deve conhecer bem a realidade leonina. Se a conhecesse teria o guião perfeito para um novo Best Seller: "A solidão de um adepto num estádio de futebol". Em Alvalade habitualmente estamos sozinhos mesmo quando acompanhados por muita gente. O ambiente geral maniqueísta, o niilismo e o conformismo que perpassa as bancadas assim o determina, bem como a forma como se desprezam símbolos do clube como o hino que entoa com o jogo já a decorrer. Mas ontem o sentimento de solidão foi literal, tão poucos eram os adeptos nas bancadas: o "Hoje em Alvalade..." calou-se para descanso dos tímpanos massacrados pela habitual ruidosa verborreia proveniente dos altifalantes do estádio, mas segundo a SICn estiveram em Alvalade 12 788 espectadores, cerca de 25% da capacidade total do recinto. Enfim, a união parece estar a avançar a toda o gás. Desconfio é que o gás seja letal...

 

Exibição pobre, paupérrima até, apenas abanada com a entrada de Jovane Cabral. O caboverdiano, numa cruzada contra o preconceito da falta de qualidade da Formação, realizou mais em 20 minutos no campo do que todos os colegas (excepção talvez a Bruno) no tempo inteiro. Na retina ficou a construção do único golo validado do jogo - como diz o adágio popular, à terceira foi de vez - , uma série de fintas no espaço de uma cabine telefónica que culminaram num livre directo em posição auspiciosa e um remate que só o inefável Rui Costa - pois é, o amarelo não assenta bem a jogadores habituados ao clima temperado das ilhas - não viu ter sido deflectido pelo persa que habitou a baliza insular. A novidade foi o Borja ter marcado um golo. No resto do jogo dedicou-se ao inconseguimento habitual, alternando momentos de fulgor como deixar um adversário prostrado no relvado com tacadas na bola directas à linha lateral. Mas, ao fim de 365 dias por cá, já perdeu o medo de entrar na área. Chutou a 10 metros da baliza, com o guarda-redes no chão, e acertou na baliza. Logo foi incensado por todos e à saída até ouvi dizer que o Acuña já podia ir embora. Bem sei, estava uma chuva de molha-tolos...

 

O Sporar estreou-se. Não parece ser um Slimani como cheguei a ver anunciado em programas televisivos. Antes se assemelha a um Volfswinkel. Nas movimentações e na silhueta. Nota-se que procura o espaço, ataca a profundidade mesmo não sendo muito rápido e não é de lutar pela bola na área. Mas tem um remate forte e colocado e combina bem com os colegas. Dir-se-ia ser um avançado centro, não fora a denominação em Alvalade já estar tomada por um tal de Jesé.

 

O resto do jogo foi tão emocionante que me dediquei a pensar nas singularidades da vida lusa. (É o que me acontece geralmente quando o José Alvalade se transforma numa espécie de campo de desconcentração.) À atenção do Dicionário Priberam: em Portugal, semântica é sinónimo de conveniência. Senão, vejam bem: a discussão do momento é entre o que é um "hack" e o que é um "leak". Parece que o Rui Pinto é um "hacker" e o Assange publicou uns "leaks" provenientes de uns "whistleblowers". Depois, há dois tipos de "hackers", podendo até os dois coexistir na mesma pessoa. Por exemplo, o Pinto vira Robin dos Bosques aquando dos Luanda Leaks, mas é um perigoso pirata informático se estivermos a falar do Benfica. É o que médicos e criminalistas denominam de intrigante caso de bipolaridade cibernética. Entenderam? Eu também...

 

Uma última palavra para aquele senhor que tem sempre os máximos ligados quando faz os editoriais do Jornal Sporting: menos... (Iluminismo e iluminação não são bem a mesma coisa.)

 

Valha-nos que a relva ainda é verde...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Jovane Cabral

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26
Fev19

Tudo ao molho e fé em Deus - Madeiradas


Pedro Azevedo

À hora que Vos escrevo ainda não é conhecido o resultado do exame toxicológico de Charles, mas a coisa deve ser grave, adianto já, tal a quantidade de spray que inalou após cada defesa que efectuou (rima e tudo!!). O jogo em Portugal é "uma coisa em forma de assim" (Alexandre O`Neill), em que uma quantidade inusitada de jogadores se fazem de mortos enquanto esperam pela entrada do médico (legista?), apenas para que o tempo passe e o ritmo do adversário seja quebrado. Depois, ainda são premiados pelos árbitros, que nunca compensam devidamente os minutos perdidos, pelo que se pode dizer que o crime compensa. O jogador como anti-jogador, eis o paradigma do futebol português e do seu campeonato principal, aquele com menos tempo útil de jogo da elite europeia.

 

O primeiro tempo foi algo confuso: Gudelj viu um cartão amarelo por praticar surf nas costas (de) madeirenses, Borja outro por exercitar mergulho em zona proibida e Diaby preferiu o Bailinho da Madeira, dando sempre umas voltinhas. Numa delas, completamente isolado, a bola ficou no Funchal e ele foi até Porto Santo... Pelo meio, Bruno Fernandes e Bas Dost obrigaram Charles a defesas apertadas e paragens prolongadas. O Marítimo também podia ter marcado, mas Getterson rematou por cima.

 

Na etapa complementar o Sporting foi mais incisivo: primeiro foi Diaby a conduzir uma biga de maritimistas até à linha de fundo e a semear o pânico; depois Bruno Fernandes, de livre, a enviar a bola a rasar a barra; de seguida Raphinha (entrara ao intervalo por troca com Borja), de cabeça, a passe de Bruno, e Charles a brilhar de novo; finalmente, Bruno Fernandes, isolado, a conseguir chegar antes à bola, mas Charles a emendar com uma "mancha" perfeita. De destacar ainda um brilhante lance individual de Idrissa Doumbia (substituiu Gudelj no recomeço), a mostrar que merece a titularidade, e a entrada em jogo de Luís Phellype (troca por Wendel) que, na minha opinião, formatou muito o jogo leonino (Geraldes teria sido mais útil), pelo que nos últimos 10/15 minutos deixámos de criar oportunidades claras. O Marítimo teve apenas uma oportunidade nesta parte, quando Getterson (outra vez) rematou ao lado, após boa defesa de Renan diante de Edgar Costa.

 

O Sporting desperdiçou assim a possibilidade de se aproximar ainda mais do Braga (está a 3 pontos) e ficou mais longe de Porto (11 pontos) e Benfica (10). O resultado acaba por ser injusto, mas a finalização esteve desastrosa. Os golos estão muito dependentes da inspiração de Bruno Fernandes e da assertividade de Dost que parece ter ficado algures em 2018. Há muitas jogadas e golos que se perdem por deficiências técnicas, do tipo haver um canhoto sem pé direito, ou mesmo um canhoto sem pé esquerdo...o que faz com que recepções e remates se assemelhem àquilo que no ténis se chama uma madeirada. Bruno Fernandes, Acuña e Mathieu (ausente há muito tempo) são os jogadores de categoria extra. Vê-se na forma como dominam a bola, como pensam o jogo, ou na dinâmica que empregam. 

 

O Keizer está a fazer um curso intensivo de futebol português. Treinador tuga que se preze tem de ser expulso e hoje tocou-lhe a ele. O ar incrédulo com que a transmissão televisiva o captou mostra que ainda não percebeu onde se veio meter. Vamos ver se terá tempo de se adaptar completamente, pelo menos aos árbitros lusos. Talvez ajudasse a sua carreira olhar para alguns dos miúdos que tem à sua volta. Doumbia, Geraldes ou Thierry já podiam ter sido muito úteis esta época, o que teria melhorado a dinâmica global da equipa.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes (mesmo que abaixo do habitual)

 

P.S. À atenção de todos aqueles que se basearam numa amostra com uma única observação - aonde anda o Rui Oliveira e Costa quando finalmente precisamos dele? - para sentenciarem que a equipa estava melhor sem Nani: três jogos depois da sua saída, se calhar não está... 

P.S.2 Talvez não fosse má ideia o Keizer tentar fazer entender-se em flamengo ou neerlandês (com o Dost a traduzir). Aquele "brutânico" que ele pratica no balneário e nas conferências de imprensa soa menos a qualquer tipo de idioma do que o inglês falado pela minha filha de 7 anos.

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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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