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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

27
Mar23

Tudo ao molho e fé em Deus

O Lux(o) de ter Ronaldo


Pedro Azevedo

Vivemos na era do homem que mordeu o cão. Numa época destas, o acessório ganha prioridade sobre o essencial, o que traduzido para a Selecção significa que o debate sobre a qualidade e forma como sopra o ar torna-se de maior relevância que os 198 jogos e 122 golos de Cristiano Ronaldo, ambos recordes mundiais. Por isso discute-se epistemologicamente o que é uma lufada de ar fresco (tese) em contraposição a uma aragem de transição (antítese), dialética hegeliana logo rematada com a conclusão (síntese) de que o Ronaldo está a mais e os colegas estão fartos dele, o melhor mesmo é estarmos eternamente gratos ao Engenheiro pelo único título de relevo conquistado por Portugal. Ora, eu penso que se calhar também deveríamos estar um pouco reconhecidos ao Ronaldo, não sei. É que não me lembro do Bernardo, do Bruno ou do Felix em França, mas posso estar enganado. Do que eu me recordo é de Portugal ter obtido os seus melhores resultados internacionais (1º e 2º lugares em Campeonatos da Europa) com Ronaldo na equipa, além de igualmente com ele termos repetido uma meia-final e atingido uns quartos e dois oitavos-de-final no Campeonato do Mundo. Com vários treinadores diferentes. Para quem sofre com o labéu posto por alguns portugueses de que só se preocupa com os seus feitos individuais, não me parece que o que atingiu colectivamente seja pouco. E já nem falo das 5 Champions que ajudou o Real e o United a conquistar. Apesar dele, segundo os detractores, ainda que sem ele ambos os clubes tivessem curiosamente passado a ganhar muito menos. (Comigo, os detractores "vão de carrinho"; ou de tractores, se assim o preferirem.)

 

Quem conhece minimamente o Ronaldo sabe que o seu forte nunca foram as palavras. Como bom português, ele vai aguentando as provocações, uma após outra, até que explode na pior altura e da pior forma, com uma arrogância que disfarça a frustração de periodicamente ser posto em causa. E quando a isso junta o reconhecimento do prazer que lhe dá regressar a uma certa casa, então o caldo está entornado com uma certa intelligentsia escarlate invejosa e orfã de um menino prodígio que pulula em jornais e televisões. Sim, porque são esses que não conseguem despir a camisola e permanentemente confundem a prima do mestre de obras com a Obra-prima do Mestre, levando alguns incautos, politicamente correctos e sedentos de mostrar imparcialidade, por arrasto. Vimos isso durante o Mundial. Não é que Ronaldo não se tenha posto a jeito ou estivesse isento de culpas no cartório, mas não merecia ter sido o bombo da festa e vítima da maior tentativa de assassinato mediático de que um futebolista foi alvo em mais de 100 anos de futebol em Portugal. Após uma perseguição pidesca, inédita em 48 anos de democracia, em que cada seu esgar facial foi analisado até à exaustão, recorrendo-se até à leitura labial. E é isto, tão isto, o que fazemos a um dos nossos maiores de todos os tempos, o português mais conhecido no mundo. A quem exigimos fora do campo a perfeição que nenhum de nós tem, como se das suas imperfeições - e não das suas virtudes - bebessemos o nectar essencial para seguirmos em frente e assim justificarmos o nosso próprio congénito inconseguimento. 

 

Posto isto, Portugal foi ontem a campo contra o Luxemburgo. Já se sabe que nestes jogos marcar cedo é fundamental. E o Ronaldo adiantou-nos no marcador. Parece fácil, não é(?), mas o nosso craque fez o mais difícil. A partir daí abriu-se o ketchup, para ele e para os outros. E foi bonito de ver o Bernardo marcar e assistir, o Felix concluir, o Palhinha nada deixar florir à sua volta e ainda ter tempo para meter um passe de 30 metros com GPS cujo destino final foi o golo. Depois, com espaço, entrou o Leão e pintou a manta, como se de uma palanca se tratasse, a todos envolvendo num turbilhão de velocidade e porte altivo. No final, foram meia-dúzia, que somados aos quatro com o Liechtenstein dão dez. Deixemos por isso o ar fresco para outras bandas - em Varsóvia as temperaturas são tão frias que um Czech-mate a mais ou a menos nem faz diferença -  e constatemos o óbvio: após dois jogos disputados, Portugal já lidera isolado o seu grupo de qualificação para o Europeu. Ainda e sempre com Ronaldo.

 

Podium - Ouro: João Palhinha; Prata: Ronaldo; Bronze: Bernardo.

luxemburgo.jpg

31
Mar21

Tudo ao molho e fé em Deus

A braçadeira não caiu, a braçadeira não cairá


Pedro Azevedo

Portugal foi até ao Grão-Ducado do Luxemburgo onde um dia Siegfried, o da Brunilda de Wagner, mandou edificar uma fortaleza que durante muito tempo chegou a dar ares de aguentar as investidas do tradicional caos organizado que o exército de Fernando Santos montou a partir de um cerco. É curioso falar aqui de Siegfried porque a sua história tem semelhanças evidentes com a de Aquiles, ainda que a fragilidade do nórdico proviesse do ombro e não do calcanhar ou tornozelo. Ora, o nosso Aquiles é o Félix. A julgar pelo jornal da Queimada ambos até terão sido banhados em rios sagrados: o Aquiles já se sabia que no Estige e o Félix dizem-nos que no Judeu, ali para os lados do Seixal. O mesmo periódico que antes de cada jogo de Portugal embala o Félix como o Aquiles que transporta o escudo nacional, o guerreiro épico que fará a diferença na peleja. Só que depois as profecias saem todas furadas - deve ser do efeito nas águas das descargas poluentes na Baía do Seixal que o PAN atribui à inércia da autarquia - e o Jotinha que se destaca no ataque é aquele que o Klopp, qual Wagner, foi um dia buscar a Wolverhampton para dar um novo impulso à "cavalgada das valquírias" do seu Liverpool. Ontem, por exemplo, a única semelhança entre o Aquiles e o Félix foi a vulnerabilidade do tornozelo. Só que enquanto o Aquiles, ferido mortalmente por uma flecha de Páris, só viria a perecer após se encher de uma glória homérica com a conquista de Troia (que não a da Península de Setúbal onde acontece outra "guerra" que Alcochete neste momento lidera), a lesão no tornozelo de Félix foi como um sacrifício que os santinhos afectos ao Fernando congeminaram para que o onze de Portugal tivesse a oportunidade de vencer a Batalha do Luxemburgo. Foi de tal modo que diz-se por aí que como pagamento da dívida aos santinhos e expiação do pecado perante os inquisidores o Ronaldo irá permanecer 3 dias e 3 noites na fortaleza. E no fim, qual Mestre Afonso Domingues, proferirá: "A braçadeira não caiu, a braçadeira não cairá". Desengane-se porém quem pense que morrerá de seguida, que o Cristiano tem mais vidas que um gato e ainda vão ter de levar com ele mais uns anitos. É tomarem Rennie, a poção mágica dos Invejosix, o povo sedentário ocupante da fracção mais ocidental da Península Ibérica que não se governa nem se deixa governar ou dá valor ao real mérito.

felix.jpg

17
Nov19

Tudo ao molho e fé em Deus - Benilux semeou e Bruno colheu


Pedro Azevedo

Naquilo que se pode designar como "A lógica da batata" (N.A.: título alternativo), Portugal teve de depender de um batatal no Luxemburgo para entrar no Euro. Enfim, anda um país uma vida inteira a cultivar batatas e depois, devido ao impacto de uma Política Agrícola Comum (PAC) que seduziu a UEFA - o organismo máximo do futebol europeu parece confundir cultura (desportiva) com agricultura - , tem de as ir colher à Benelux... E ainda dizem que o futebol não se mistura com a política...

 

Milhares de emigrantes portugueses receberam a selecção nacional, mas a melhor recepção foi a de Bruno Fernandes: o jogador do SPORTING colou no pé um passe de Bernardo "Beni" Silva que foi um lux(o) e rematou de pronto para abrir o marcador. O golo disfarçou uma safra fraquinha durante a primeira parte da jornada, período em que os luxemburgueses se mostraram mais perigosos essencialmente porque a sementeira portuguesa se concentrava no meio e desprezava a largura do terreno. 

 

No segundo tempo Portugal melhorou. Ainda assim o espectro de um golo do Luxemburgo não deixou de nos atormentar. Até que, já nos minutos finais, Bernardo voltou a aparecer, desta vez a encontrar Jota sozinho na pequena área. O remate do jogador do Wolves saiu embrulhado, mas de um tipo de embrulho com que se acondicionam os presentes. O destinatário foi Ronaldo, que não resistiu a cantar o 99 Red Balloons (hoje Portugal jogou excepcionalmente de branco) da Nena, certamente por influência da proximidade alemã ao local do jogo.  

 

Com esta vitória, Portugal mantém o pleno de qualificações para europeus e mundiais neste milénio (agora 11 em 11).

BF luxemburgo.jpg

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