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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

28
Abr19

Tudo ao molho e fé em Deus - O Castro e o ferro


Pedro Azevedo

Durante um quarto de hora, o Sporting abdicou de se acercar das muralhas do Castelo de Guimarães. A tarde, soalheira, convidava mais à praia do que a batalhas castrenses e um Sporting invulgarmente contido preparava o engodo para adormecer os vimaranenses. Propositadamente, ou devido aos ajustamentos necessários à integração de um novo elemento (Doumbia) numa zona vital do terreno, a equipa mantinha-se na expectativa. Entretanto, o Vitória tinha a ilusão de que controlava o jogo e ia trocando a bola de pé em pé. Convencido de que a melhor defesa é o ataque, o líder vimaranense ordenara aos seus guerreiros para atacar o último reduto leonino e Davidson esteve à beira de causar danos profundos, não fora um mau domínio no momento decisivo quando já só tinha Renan pela frente. Sentindo o perigo, os leões iniciaram a exploração do espaço nas costas do adversário. Primeiro desastradamente através de Diaby, um homem lançado brilhantemente por Keizer para criar no adversário a utopia de que nada tinha a temer. Sem que os de Guimarães o pudessem sequer imaginar, em pouco tempo o Sporting transformaria o castelo em ruínas arqueológicas dignas de um Castro. Como sabem, um Castro é típico da idade do ferro e Raphinha, Bruno Fernandes e Phellype substituiram o Carbono-14 nos testes ao metal. Pressentindo que os vimaranenses estavam datados, os leões atingiram pela primeira vez o seu coração, contando para isso com a colaboração de um observador independente - não vislumbrou uma manobra irregular fora da sua área do argentino Acuña - e de um cavalo de tróia, o antigo vitoriano Raphinha (autor do 100º golo do Sporting na temporada). Antes de uma breve trégua retemperadora de 15 minutos, tempo ainda para Phellype realizar o quarto e último exame ao ferro.

 

Reatada a batalha, Bruno Fernandes voltou a ameaçar as muralhas de Guimarães. Seria o presságio para o que viria a seguir: Raphinha dançou à porta do castelo, iludindo dois vimaranenses que a protegiam, e permitiu a Phellype finalmente arrombar a casa da guarda, a sexta vez que o faz perante cinco oponentes consecutivos diferentes.

Os vitorianos não desistiram e Keizer voltou a ser brilhante, trocando o inoperante Diaby por um hesitante Borja, um colombiano que a cada arrancada de 10 metros pára a fim de se interrogar sobre a condição humana, regressando de seguida ao local de partida. (Ao contrário do maliano, que denota inteligência nas movimentações mas tem assim um género de produto cerâmico em forma de paralelepípedo, vulgo tijolos, nos pés, o lateral que veio de um clube mexicano tem boa relação com a bola mas, das duas uma, ou parte para as jogadas de ataque com 1906 possibilidades no seu cérebro, e depois baralha-se e entra em convulsões com tanta opção, ou não tem nenhuma ideia, parte à aventura, e depois logo vê o que pode ou não improvisar, sendo que, seja qual fôr a hipótese mais credível, o resultado tem sido, em regra, a inconsequência.)

Claro que tudo isto fez parte de uma estratégia de disuassão do técnico holandês, servida para dar ao adversário a ilusão de que teria os leões na mão. A verdade é que os vimaranenses voltaram a morder o isco, mas o cansaço de Wendel - com a tarde quente e os 30 minutos que esteve a aquecer, Miguel Luís já estava em ponto de ebulição quando entrou em campo - , Bruno e Raphinha impediu que não ficasse pedra sobre pedra no castelo do Guimarães. Na senda da oportunidade aos jovens da nossa Formação, ainda houve tempo para o salomónico Keizer dar também 1 minuto a Jovane, o que a julgar pelo que tem acontecido a Xico Geraldes deve ser entendido como um presságio de que o cabo-verdiano deve ficar fora dos convocados na próxima semana. No final, nona batalha consecutiva ganha pelos leões. Como em tempos pediam os madridistas: venha a décima!

Em resumo, uma tarde bem passada, e se muito aqui se falou do ferro, dado o sol que incidiu sobre as bancadas também o bronze se tornou inevitável. ( "O ferro e o bronze" porventura seria um título mais apropriado para esta crônica.)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Raphinha. Menções honrosas para Bruno, Phellype e Doumbia.

raphinha2.jpg 

20
Abr19

Tudo ao molho e fé em Deus - Ovos K


Pedro Azevedo

Mahatma Gandhi, que até gostava muito de futebol, dizia sobre a vida que a alegria está na luta, no sofrimento envolvido, na tentativa e não na vitória propriamente dita. Os jogadores do Sporting pareceram partilhar este pensamento e hoje, na Madeira, esforçaram-se até à exaustão para o pôr em prática. Em particular, o Diaby até se esmerou. Para o maliano, cada falhanço na cara de Daniel Guimarães equivaleu à nona sinfonia de Beethoven. É certo que a época pascal que vivemos é propícia ao perdão, mas, caramba, também não era preciso exagerar...

 

O jogo até começou de forma auspiciosa, com um cartão amarelo a Acuña, o que deve ser considerado como uma importante melhoria face ao acontecido na Vila das Aves. Na ausência de Wendel - Raphinha (lesão) e Renan (castigo federativo, cartão vermelho no jogo anterior) também estavam impedidos - , Idrissa Doumbia foi a jogo. O problema é que o marfinense foi ocupar em simultâneo o mesmo lugar no espaço que Gudelj, desafiando assim o Princípio da Impenetrabilidade da matéria, algo que não pareceu incomodar demasiado Marcel Keizer mas deve ter perturbado o repouso de um tal Isaac Newton. 

 

Sem quem transportasse o jogo pelo meio, os leões optaram por não fazer recuar Bruno Fernandes. Em vez disso, o maiato deslocou-se para a esquerda, procurando combinar com o falso ala desse lado (alternadamente Diaby ou Jovane) que entretanto se havia aproximado de Luís Phellype no eixo do ataque, ou pedindo a profundidade de Acuña para que este colocasse a bola na área. Perante a dúvida, a defesa nacionalista foi soçobrando e as oportunidades sucederam-se. Nesse transe, Diaby, por três vezes, podia ter marcado e o mesma aconteceu com Jovane, um jovem que parece apostado em aprender o pouco entendível francês do Mali. Em todas as vezes, Daniel Guimarães esteve no caminho da bola. O Felipe das Consoantes também tentou e tirou um coelho da cartola digno de fazer inveja a um qualquer vogal de um conselho de administração. Infelizmente, a bola saiu ao lado. Pese todo o pendor atacante, a falta de eficácia impediu o Sporting de chegar ao intervalo em vantagem no marcador. 

 

Para a etapa complementar, Keizer pareceu ter ordenado a Doumbia que se adiantasse no terreno e tentasse transportar jogo. Embora fora da sua posição natural, Idrissa procurou jogar mais para a frente e numa dessas ocasiões serviu soberbamente Diaby, mas o maliano com a baliza toda à mercê conseguiu encontrar um corpo na direcção da bola.  Logo de seguida, com a baliza escancarada, o suspeito do costume não chegou à bola por um triz. Aos 55 minutos, o Gudelj viu um cartão amarelo, motivo que o impede de jogar a próxima partida contra o Guimarães. O drama, a tragédia, o horror terá pensado a SportTV, que logo o nomeou para "Homem do Jogo"...

 

O Sporting continuava a distribuir Ovos Kinder, ou Keizer, ou lá como se chamam esses presentes de Páscoa, aos nacionalistas, até que Acuña levantou para a área e Luíz Phellype não perdoou. Em vantagem, Jefferson rendeu Jovane (e Miguel Luís substituiu Gudelj), continuando Acuña como lateral. O brasileiro serviu Diaby para golo mas o destino foi o do costume. Houve tempo ainda para vêr o ex-Brugge mostrar os seus dotes de recepção quando isolado para a baliza meteu canela a mais na bola, naquilo que deverá passar a fazer escola na Academia como "domínio à Diaby". Posto isto, a mim é que tiveram que dominar. Os nervos, claro. Ah, e claro, o Xico entrou a 1 minuto do fim, em nova "oportunidade" concedida pelo Keizer. Já dizia a Luísa Sobral: "Ó Xico, ó Xico, onde te foste meter?".

 

Tenor "Tudo ao molho...": Luíz Phellype (marcou o único golo do jogo e lutou bastante). Destaques para Mathieu, que muitas vezes fez de "8" em penetrações pelo meio-campo do Nacional, Acuña, que dominou totalmente o lado esquerdo da defesa, e Gudelj, hoje muito mais intenso defensivamente do que aquilo que tem sido normal nele, embora continue a não dar ao jogo atacante aquilo que é necessário num clube de topo. 

 

P.S. falando agora muito a sério, foi um prazer ouvir Gudelj expressar-se num quase perfeito português e sem aquele sotaquezinho castelhano que poderia advir do facto de ter acompanhado o pai quando este foi profissional de futebol em Espanha. Aliás, tanto quanto sei, o sérvio fala seis linguas. Muitas vezes critico-o pelas suas acções no campo, mas aqui fica o meu apreço por alguém que mostra respeitar o clube e o país, se comporta de forma profissional e é inteligente.   

luíz phellype.jpg

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