Killer instinct
Pedro Azevedo
Ouvi e li muita coisa na sequência da recepção do Benfica ao Nacional da Madeira do último fim de semana. Inclusivé, de alguns consócios sportinguistas que aludiam à falta de respeito dos encarnados pelos alvinegros. E, essencialmente, gostaria de retirar uma ilação para o meu próprio clube: há 25 anos atrás, Bobby Robson queixava-se da falta de "killer instinct" do Sporting. O que o treinador inglês pretendia dizer é que, quando tínhamos o adversário ali à mercê, perdoávamos e tirávamos o pé do acelerador. Ontem como hoje.
Um clube grande como o Sporting tem de incutir respeito nos seus competidores. E deve respeitar quem paga o bilhete, muitas vezes com grande sacrifício pessoal e familiar. Por isso, reajo com incredulidade à conversa sobre uma alegada falta de "fair-play" benfiquista na goleada, porque não há melhor maneira de respeitar o adversário e o público do que uma equipa e os seus jogadores gastarem todas as energias num campo de futebol. E tentarem marcar o máximo de golos, o objectivo do jogo. Tudo o resto que se diga sobre isto é tão simplesmente premiar a mediocridade e alinhar numa cultura de falta de exigência. Por isso, eu também teria gostado que o Sporting tivesse ganho por 10-0, da mesma forma que teria adorado ver os 14 golos sem resposta que os nossos leões deram ao Leça (com 9 golos de Peyroteo), ainda hoje record do campeonato nacional da 1ª Liga. Um tempo em que, em vez de conversa da treta, nos preparávamos para uma conversa de Tetra...
P.S. O Sporting possui todos os records de golos num jogo, tanto a nível nacional como europeu. Assim, para além da supracitada goleada no campeonato, batemos o União Micaelense por 21-0 na Taça de Portugal. O maior "score" até hoje nas competições europeias dura há 55 anos e foi obtido na caminhada para a conquista da extinta Taça dos Vencedores das Taças: na recepção aos cipriotas do Apoel Nicósia, os leões venceram por 16-1. E temos a maior vitória em derbies, o célebre 7-1 ao Benfica. Para que fique claro, embora eu prefira visitar o Museu do Sporting do que ler o Guinness Book, isto é um motivo de orgulho. Só faltava mesmo acusarem o "Manél" de falta de "fair-play" por ter enfiado 4 “batatas” nas redes do Silvino...