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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

29
Nov22

Tudo ao molho e fé em Deus

The hair of God


Pedro Azevedo

Em 86, no México, Argentina e Inglaterra defrontavam-se nos quartos de final do Mundial. O palco era o Estádio Azteca e cerca de 115 000 almas dispunham-se nas bancadas sob um sol inclemente. Para apimentar ainda mais o ambiente, o jogo tinha um carácter extra-desportivo motivado pelas cicatrizes ainda abertas da Guerra das Malvinas, que havia oposto os 2 países uns anos antes. No fim, no campo, ganhou a Argentina, naquilo que poderia ser considerado a "revancha del Tango". Para isso muito contribuiu Diego Armando Maradona, o génio da lâmpada, que marcou um golo épico e outro ignóbil, cada um inesquecível à sua maneira, ambos porém produto da improvisação, expressividade, ginga, truque e carga dramática que caracterizam o tango. No fim, quando questionado pela imprensa inglesa sobre a legalidade do seu primeiro golo, El Pibe apelidou-o de "The hand of God", a mão de Deus. Quanto ao segundo, o "Golo do Século", Lineker afirmou ter sido a única vez na vida em que se sentiu compelido a aplaudir num relvado um golo do adversário.  

 

Pensei na "mão de Deus" ontem enquanto aplaudia o primeiro golo de Portugal contra o Uruguai. Não que tivesse havido algo de ignóbil no lance, aliás perfeitamente limpo, mas porque envolveu um outro deus do futebol mundial, o nosso Cristiano Ronaldo, que foi absolutamente decisivo no êxito da iniciativa conduzida por Bruno Fernandes. Logo se levantou a questão de Ronaldo ter ou não tocado na bola e as imagens televisivas pareceram concluir que não. Mas tendo o salto de Ronaldo sido fundamental para a inacção do guarda-redes uruguaio, que ficou na dúvida entre seguir a trajectória da bola ou precaver-se face a um hipotético desvio do avançado português, bem que o golo poderia ficar na história como "The hair of God", como se um fio de cabelo divino tivesse acrescido à cabeleira de Ronaldo e assim impelido a bola para as redes. ("Se no è vero, è ben trovato".)

 

O jogo para nós foi de uma forma geral sofrido, ou não fosse Portugal a equipa e Fernando Santos o seu treinador. Algumas debilidades em termos de intensidade defensiva do nosso meio-campo ficaram expressas num arranque de Bentancur no primeiro tempo ou na reacção uruguaia ao golo inaugural luso. Também ficou evidente que o nosso seleccionador atrasou demasiadamente as últimas substituições, especialmente as entradas de Palhinha e de Matheus Nunes (que classe!), submetendo a equipa desnecessariamente a uma forte pressão dos sul-americanos que o poste, a malha lateral e Diogo Costa impediram que se materializasse em golos. Antes assim, mas que não havia necessidade de sofrer tanto, lá isso também é verdade. Até porque um dia, nada se alterando, a história poderá acabar mal, que os deuses do futebol não estarão sempre connosco, como aliás já se provou em competições que sucederam à vitória no Euro-2016. (A maior vítima do caos organizado que caracteriza o nosso jogo desposicional, bem como da macieza dos médios, é o Bernardo Silva, que é obrigado a transpirar tanto que depois lhe falta oxigénio para inspirar... a equipa.) 

 

Com apenas 2 jogos disputados, Portugal já está nos oitavos de final do Mundial. E com grande possibilidade de terminar em primeiro lugar no seu grupo, evitando assim o Brasil, que com igual probabilidade deve finalizar no topo da sua poule. Para quem tem na Texas Instruments ou na Casio uns parceiros de uma vida, não deixa de ser reconfortante...

 

Viva Portugal!!! (A revolta do Fado.)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes. Menção honrosa para Diogo Costa. Ronaldo esteve no golo e deu apoios no ataque, Pepe regressou a bom nível, Nuno Mendes foi o único a acelerar o jogo no primeiro tempo, Cancelo preocupou-se essencialmente em defender bem e teve um corte providencial e Bernardo lutou em todo o campo pela equipa.

 

PS: O Ruben Neves passou o jogo todo com mialgias a nível do rabo de cavalo...

 

PS2: A minha equipa para a Coreia: Diogo Costa (Rui Patrício); Dalot, Pepe, Rúben Dias e Cancelo; Palhinha, Matheus Nunes e Vitinha; João Mário, Ronaldo (André Silva) e Rafael Leão. Descansam o Bruno, o Bernardo e o Guerreiro (não temos outro). Os outros que jogaram com o Uruguai também, mas não são os melhores. 

ronaldo3DR.jpg

25
Mar22

Tudo ao molho e fé em Deus

Valeu o último terço... do campo


Pedro Azevedo

"Matheus, jogas muito pá!!!!!!!" - ele (Porro, nas redes sociais) sabe-o, eu também por aqui, embora uma leitura rápida do que se escreve por aí até faça crer que o luso-brasileiro não tem compromisso com o jogo e que o Guardiola não percebe nada disto. O jogo estava a pedir o Matheus desde o 2-0, mas Fernando Santos hesitou, hesitou, correndo o risco de ficar fora do Mundial. Ideal para as transições que a necessidade turca de chegar ao empate iriam originar, Matheus finalmente foi a campo nos minutos finais. E matou o jogo com uma recepção de bola de grande classe e um remate efectuado com a frieza de um matador. Antes, desmarcara-se como um Mustang pelo centro do terreno e não pela meia esquerda onde vem actuando no Sporting, beneficiando ainda de um meio campo a 3 que lhe permite sempre o resguardo de 2 homens nas suas costas. É isso que ultimamente a análise dos sábios às suas prestações no Sporting muitas vezes descura: num meio campo a 2, Matheus não arrisca tanto na frente porque precisa cuidar do seu posicionamento para reagir ao momento da perda da bola numa equipa que joga quase sempre em inferioridade numérica nessa zona nevrálgica do relvado.  Isto é que o condiciona, e não qualquer coisa que tenha subido à cabeça de um miúdo que aliás sempre deu mostras de ser humilde, atitude que lhe permitiu subir das profundezas das divisões distritais para a Selecção Nacional em apenas 3 anos. (Não é a toa que a exibição mais marcante do luso-brasileiro tenha ocorrido contra um Benfica que no tempo de JJ também jogava com apenas dois médios centrais, o que deu azo a que Matheus tenha tido oportunidade de jogar e arrasar no 1x1 contra Weigl inúmeras vezes.)

 

Apesar de tanta hesitação, as santas e os santinhos estão com o Engenheiro. É pelo menos uma explicação possível para os factos de o penálti falhado pelos otomanos ter evitado um banho turco ou os campeões da Europa terem ficado inesperadamente pelo caminho contra uma Macedónia à procura da glória perdida dos tempos de Alexandre Magno. Curiosamente, para combater os macedónios aos italianos terá faltado alguém também com nome de imperador, um Otávio, decisivo na vitória lusa de ontem à noite. Assim, nem foi preciso o Ronaldo de sempre, ontem particularmente inspirado na ligação de jogo a um só toque mas menos bem na finalização, substituído como matador por Jota, a moto de alta cilindrada que desestabilizou a organização turca. O sofrimento final é que não era de todo necessário, mas o futebol tem destes sortilégios e quando Fonte se juntou a Guerreiro, Danilo e Dalot, que tinham perdido bolas no primeiro terço durante a primeira parte, e fez uma falta desnecessária dentro da grande-área abriu o bar (ou VAR) para a entrada turca no jogo. Valeu-nos então a desinspiração do Yilmaz perante um Diogo Costa que revelou grande personalidade e bom jogo de pés, numa altura em que o Fernando Santos já estava envolto em banho-Maria, indeciso e à espera que Nossa Senhora o ouvisse no terço. Mas isso são contas de outro rosário, que no fim o Engenheiro até trocou o terço pelo cigarro em pleno relvado tal eram os nervos expostos naqueles já seus usuais tiques que abundantemente mostrou nos minutos finais da querela. 

 

Venha a Macedónia! E depois o Qatar. Se tudo correr bem, o Engenheiro fica. Para ganhar o Mundial? Se Nossa Senhora assim o quiser. É que um Rosário são 3 Terços, tantos quantos os que dividem estrategicamente um campo de futebol. Haja fé! Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é conVosco...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Otávio

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