Estrabismo futeboleiro
Pedro Azevedo
"Três, dois crónicos candidatos ao título porque o Sporting ganha de 19 em 19 anos e não é assim bem, bem um crónico candidato, crónico ganhador de títulos em Portugal" - Diamantino Miranda
Diamantino Miranda, que como jogador fazia as delícias de qualquer adepto de futebol, enquanto comentador tem uma visão estrábica sobre o futebol. Por isso, confunde a beira da estrada com a Estrada da Beira, não se coibindo de permanentemente apequenar o Sporting nos seus dichotes futeboleiros. Porque a candidatura ao título de campeão nacional não é um dado que se possa alicerçar em factos de um passado recente, não só pelo peso institucional do Sporting e elevado investimento no seu plantel como também devido a constrangimentos vários que decorrem de uma verdade desportiva tantas vezes colocada em causa nas mais recentes investigações judiciárias. Se para Diamantino os fins (campeonatos ganhos) justificam os meios (candidatura) e a isso se agarra para pôr o Sporting fora de futuras corridas ao título máximo do futebol português, para os Sportinguistas tal constitui um absurdo. Todavia, mais à frente o próprio comentador mostra ao que vai, quando sentencia que o Braga está cada vez mais próximo de Benfica e Porto (sobre o Sporting, nada) e mais perto de ganhar o campeonato.
Há muito tempo que observo uma estratégia de retirar importância ao nosso clube em função de outros interesses, nomeadamente os económicos. O nosso mercado é pequeno, a necessidade de receitas é grande, há um clube afluente que quer chegar lá acima, alguém tem de ficar pelo caminho para que o quinhão individual seja maior ou não se reduza. Ver Diamantino a corporizar tal estratégia é triste, porém digno de uma fiél Testemunha de Janelá e da cartilha de João de Deus para os pobres de espírito. Desrespeitoso, ainda mais na véspera de um importante desafio europeu para o Sporting e futebol português, provavelmente consequência decorrente da nunca curada azia de uns 7-1 que observou de perto no campo. Enfim, o paradigma do que é não saber estar, da falta de cultura desportiva e de parcialidade evidente no comentário. Em suma, um caso perdido de estrabismo futeboleiro.