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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

21
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Um eufemismo em forma de ponta de lança


Pedro Azevedo

A última versão da cartilha leonina, que também a há por cá, é que o Paulinho é um excelente jogador que tem a pouca sorte, vejam só(!), não de não acertar numa baliza a 3 metros de distância mas sim de ser vítima do preconceito de que é um ponta de lança. Logo, seguindo a manada, como é do interesse de quem dirige e sinal de boa obediência, não se pode dizer que o Paulinho é um ponta de lança. Quer dizer, ocupa os terrenos comumente atribuídos a um ponta de lança, os colegas procuram servi-lo como a um ponta de lança, o seu preço de compra reflecte ser um ponta de lança, mas não se pode chamar-lhe tal. Assim sendo, Castigo Máximo vai doravante seguir também a cartilha. Não, o Paulinho não é um ponta de lança. Então, é o quê? - Perguntará legitimamente o Leitor. Bom, a conclusão a que cheguei é que o Paulinho é uma figura, mais concretamente uma figura de estilo. O Paulinho é um Paulinho, sendo "Paulinho" um eufemismo. Um eufemismo para penalty cavado e outras teatralidades, para golos falhados e também para injustiça, que o Chermiti bem poderia nascer 10 vezes e jogar bem, assistir ou marcar de novo a Braga, Rio Ave e Porto que ainda assim teria de ver a sua confiança abalada com um banho de banco. Menos mal, dentro das figuras de estilo, alguém porventura menos bem intencionado até poderia considerá-lo uma metáfora e, indo mais além, a metáfora mais literal de todas as metáforas, sendo o fora de jogo o paradigma da própria metáfora. E como com um presidente militar o balneário até se poderá chamar de caserna, a este arrazoado sobre o status-quo até poderíamos chamar de alegoria da caserna, ou não fosse a cegueira mais do que evidente. Com "s" de seca (de golos), e não "v" de vitória, senão até seria Platão. No fundo, nem podemos levar a mal o Paulinho. A nossa revolta com ele deve-se essencialmente a nos revermos indesejavelmente nele, no seu inconseguimento, na sua furiosa militância anti-corrupção que o faz bramir desaforos e esbracejar indignidades com a mesma espontaneidade ou convicção com que finge agressões ou simula penalidades. No fim do dia, ele é um português, tão somente isso. E, como tal, totalmente inconsequente. Na acção como nas palavras. 

 

Com Ugarte sozinho no miolo para todas as encomendas e Pote ingloriamente fora da posição em que é letal, não se estranhou que depois de uma boa entrada no jogo o Sporting tenha progressivamente abrandado o ritmo. Como a tendência natural do uruguaio perante as vagas constantes de adversários em seu redor é defender-se, encostando-se aos centrais, o nosso meio-campo transforma-se num queijo suiço, o que não ajuda nada o trabalho da nossa defesa. Surpreendidos? Não é preciso ser um Sherlock Holmes, para o compreender, não é verdade? Emmental, meu caro Watson! 

 

Assim andámos durante cerca de uma hora até que Amorim fez entrar o nosso Tsubasa e o Pote pôde finalmente recuperar o seu lugar no relvado. E o mínimo que se pode dizer é que foi tiro (de Pote) e queda (do guarda-redes do Chaves), adiantando-se novamente o Sporting no marcador. Depois veio o terceiro, às três tabelas, com Nuno Santos a fazer de Theriaga e a bola a carambolar uma última vez num flaviense antes de se anichar na rede. Tempo então para Amorim fazer entrar o Chermiti, confirmando a sua aposta na Formação. O valor desta aposta depende de questões contratuais: se um jogador tem um contrato para assinar, então o natural é que jogue 90 minutos; porém, pós-contrato assinado, a cotação da aposta baixa até ao ponto em que 10 minutos cheguem para fazer sobreviver a narrativa. Houve ainda oportunidade de se realizar a enésima substituição de centrais durante um jogo, subindo o elevador de St Juste e descendo o costa-marfinense Diomandé, produzindo-se mais um dos paradoxos deste Sporting versão 22/23. É que já sem o ex-Mafra em campo, estranhamente a equipa deixou correr o marfim. Concomitantemente, o Nuno Santos não fechou ao centro e um espanhol desabrido e em ruptura com a metafísica acerca de um ponta de lança, que ocupa terrenos de ponta de lança, é servido pelos colegas (no caso, o ex-Sportinguista Benny) como um ponta de lança mas não custou o preço habitual de um bom ponta de lança, reduziu para o Chaves. E soou o gongo, para alívio dos nossos. Quinta-feira há mais uma voltinha na montanha-russa. Na Dinamarca, mas pode ser que seja na Noruega (a atender ao que diz a SportTV). FIM

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Gonçalves

pote chaves.jpg

24
Ago22

Para a frente é o caminho


Pedro Azevedo

Não se pode conduzir uma viatura sempre a olhar para o espelho retrovisor porque inevitavelmente acabar-se-á por bater de frente. Esta alegoria rodoviária aplica-se na perfeição à vida e em particular ao futebol. O jogo do Dragão tem sido suficientemente escalpelizado, termo até bem apropriado ou não houvesse para aí alguns "peles vermelhas" a pedir o escalpe do treinador. Ora, não só não devemos fazer o jogo dos nossos adversários como já é tempo de nos focarmos no que temos pela frente. E esse é o Chaves, que eu vi pela primeira vez em Alvalade no tempo daquele temível, irrequieto e guedelhudo ponta direito que dava pelo nome de Antonio Borges, um avançado que fazia jus ao "átomo a mais que se animou" imortalizado pelo também ele imortal Jose Régio.  Pouco tempo depois surgiria outro craque na outrora Aquae Flaviae. Era então o tempo dos bulgaros, a quem o regime simpatizante dos soviéticos só permitia que saíssem do país após completarem 30 anos. Assim chegou a Chaves o Radi Zdravkov, como a Belém atracou o Stoycho Mladenov ou a Alvalade o Vanio Kostov, este último já casado por correspondência e tudo numa daquelas chico-espertices de que o nosso futebol é fértil. O Radi era um grande jogador, búlgaro mas nada bulgar (o homem jogou no Norte, não é verdade?). E a verdade é que, mesmo sofrendo com a interioridade, desde aí o Chaves tem aparecido com alguma regularidade na divisão principal do futebol português. Será por isso, mas também pelas características de resiliência inatas ao povo transmontano, um adversário a não desvalorizar, pelo que se pede um Sporting desempoeirado, liberto de traumas e respeitador de quem terá pela frente. Ora, como isso tem sido o paradigma desde que Ruben Amorim comanda a principal equipa do nosso clube, só nos resta esperar uma boa prestação leonina. Eu aposto num bom dia! E, já agora, que esse dia seja o primeiro do resto da nossa vida neste campeonato. Que está a começar, é bom não esquecermos. 

31
Mar19

Tudo ao molho e fé em Deus - O oculto


Pedro Azevedo

O Jorge Jesus é que tinha razão: o futebol é uma ciência cuja compreensão não é para todos. Por exemplo, para um comum mortal, o "tackle" de Ristovski - chegou à bola bem antes do adversário e não poderia ter cortado as pernas no processo, nem sido mais resistente ao movimento de deslizamento - é um lance absolutamente normal, mas para o perito de arbitragem da SportTV, ex-árbitro mediano (para ser simpático) e "especialista" em física com doutoramento em inércia do movimento, Sérgio Piscarreta, é um vermelho inequívoco. O mesmo senhor que consegue ver, numa entrada de Jefferson ao pé de Bruno Fernandes, "pernas encolhidas", razão para só ser mostrado o cartão amarelo, e que acha que Manuel Mota "geriu muito bem" o jogo ao desrespeitar as regras (digo eu) quando Niltinho agrediu ao pontapé o mesmo Bruno Fernandes. Realmente, JJ estava certo, o futebol, o português bem entendido, é uma ciência. Oculta, diria eu, cujo conhecimento só está ao alcance de certas pessoas, iluminadas por certo. Há que ser humilde e entender tudo isto no âmbito do esoterismo, caso contrário ainda poderíamos ser levados a pensar que o Estaline era um menino no que respeita a reescrever a história quando comparado a Piscarreta&friends.

 

A equipa leonina mais uma vez apresentou-se em campo em inferioridade numérica. Apesar disso, adiantou-se no marcador quando Bruno Fernandes encontrou Ristovski sózinho na área e este assistiu o Filipe das Consoantes para o seu primeiro golo de leão rampante. Uma espécie de Kramer contra Kramer, mas na versão Filipe contra Filipe. (Houve também Mota árbitro e Mota treinador, mas nada os movia um contra o outro.) O Sporting dominava e criava boas oportunidades em remates à entrada da área, mas a incapacidade de Wendel em enquadrar um pontapé com a baliza (ele e outros com a mira descalibrada devem estar a precisar de mais umas folgas...) ia adiando a tranquilidade no marcador. Outras jogadas promissoras seriam interrompidas pelo árbitro, num claro benefício do infractor que deverá ser enquadrado numa qualquer teoria do senhor Piscarreta que deve ter escapado à UEFA e à FIFA aquando da elaboração dos regulamentos ou recomendações dos respectivos comités de arbitragem. (Depois queixem-se de que não há árbitros portugueses nas fases finais das grandes competições internacionais de selecções.)  

 

O segundo tempo seguia no mesmo tom, com os leões agora a beneficiarem da paridade numérica em campo, após novo amarelo a Jefferson por outro entrada dura. Até que o Gallo cantou e despertou os de Chaves: o passe do Bruno flaviense encontrou a desmarcação de André Luis, Coates ficou para trás e Renan acabou batido sem apelo nem agravo. Estava decorrida uma hora de jogo. Eis então que Marcel Keizer decide ter um momento de génio ao fazer entrar Doumbia, passando o Sporting a jogar com 11. É que o treinador leonino recentemente assegurou-nos que com ele jogam sempre os melhores, mas eu já ficaria contente se ele garantisse que entramos sempre com 11...

 

A entrada do marfinense praticamente coincidiu com uma paragem de 7 minutos para assistência ao guardião flaviense. Quando este finalmente foi substituido, o jovem Cabral também foi a jogo, naquela substituição clássica em que Borja - mais uns malabarismos inconsequentes - sai e recua Acuña. O Sporting intensificou a pressão e, na sequência de um canto, o argentino vislumbrou Bruno Fernandes, de braços abertos, a pedir a bola desmarcado à entrada da área. A bola chegou ao maiato e este, de primeira, fez um golo de bandeira. Com vantagem no marcador e mais um homem em campo, o Sporting começou a controlar o jogo, termo futebolístico que consiste em jogar para trás e para o lado, semelhante ao encanar a perna à rã, expressão provavelmente mais apropriada a quem escreve num espaço SAPO. Depois aconteceu o tal lance de Ristovski, a bola viajou até Raphinha, este encarou um último defesa e foi derrubado. O árbitro sancionou a falta e expulsou um flaviense. Seriam 11 contra 9, mas o vídeo-árbitro Vasco Santos alertou Manuel Mota para a tal suposta infracção inicial do macedónio. Eis então que Mota volta atrás na sua decisão, retira o vermelho ao jogador do Chaves e expulsa Ristovski. Sobre isto, só me oferece dizer que dúvido que depois deste episódio mais alguém vá comprar uns bifes ao talho de Manuel Mota: é que o homem não sabe o que é um corte limpo...

 

Em poucos segundos, um 11 contra 9 transformava-se num 10 contra 10: a emoção do futebol português não merece ser exportada para o mundo? Pobre Ristovski, há uns meses atrás teve galo ao ser expulso, agora foi de carrinho (ou de Mota?). 

Faltavam dois minutos para o final do tempo regulamentar, mas Manuel Mota deu mais 11 minutos de compensação. O Sporting tentava esconder a bola e os flavienses, na ânsia de a recuperarem, batiam em tudo o que mexia à sua frente. A reacção do árbitro, segundo Piscarreta, era a de gerir o jogo, a dos comentadores da SportTV uma coisa em forma de assim, ou nim, ou coisa nenhuma. Até que, numa das poucas vezes em que conseguiu manter a integridade dos seus tornozelos, Bruno Fernandes fez um passe frontal para Jovane e este, com um toque subtil, deixou Luíz Phellype na cara de Ricardo, o guardião que entrara para o lugar de António Filipe. O brasileiro não perdoou e coroou a sua estreia a marcar com um bis. E assim saímos de Chaves com os 3 pontos e à espera da despenalização de Ristovski para o jogo de quarta-feira. Só espero que o Conselho de Disciplina não reúna na quinta...

 

"This sh*t is a joke". Oh, yeah!

 

Tenor "Tudo ao molho": Bruno Fernandes (destaques para Mathieu, Acuña e Phellype). 

bisluizphellype.jpg

(Imagem: A Bola)

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