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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

01
Mar24

Tudo ao molho e fé em Deus

Morita e o Momento da Verdade


Pedro Azevedo

As crónicas dos jogos sucedem-se de sequela em sequela a uma velocidade furiosa, mas sem Michelle Rodriguez a quem recorrer em caso de conspícua falta de inspiração. A ansiedade do autor aumenta, temendo que um dia destes uma delas bata na trave como o Paul Walker e/ou desapareça no firmamento ao som do I'll Be Missing You, do Puff Daddy, Diddy ou Sean Combs (o homem muda de nome mais depressa do que o diabo da agulha esfrega o olho ao vinil). Tenho pesadelos e procuro o conforto do sindicato, mas descubro que este ainda não foi constituído por divergência de conceitos entre bloguers, blogueiros e bloguistas, o que põe em causa os direitos de autor de posts de receitas de tarte merengada, de desconto no pêssego em calda ou simplemente de contrariedades e ansiedades verificadas ao nível do pipi, entre outros eméritos candidatos a Pullitzer residentes nesta comunidade cujo potencial desaparecimento é temido como uma das terríveis ameaças que se perspectivam para o futuro da humanidade. Resignado, abrevio o tempo com um penteado à Vin Diesel e acelero teclado fora. Três são as rotações que a Terra promete sobre si própria até ao próximo jogo (Farense) e eu também preciso de dar umas quantas voltas à minha cachimónia para que entretanto me saia um texto minimamente em forma de assim-assim. 

 

Um jogo com o Benfica tem a vantagem de automaticamente resolver o problema da falta de assunto. Desde logo pelos casos e casinhos que o envolvem e quase sempre o prolongam bem para lá dos simples 90 minutos. Analisemos então um desses casos pela pena do humorista Duarte Gomes: o lance descreve-se brevemente por ter havido uma carga fora de tempo, simultanemente nas costas e numa perna, do João Neves sobre o Pote, que Fábio Veríssimo não sancionou. Tendo a falta ocorrido dentro da área do Benfica, logo deveria ter sido marcado um penálti. Mas o Duarte tem uma opinião  diferente: "Pedro Gonçalves, com a bola à sua mercê, direcionou a sua perna direita para o lado, para a trajetória de corrida de João Neves. O contacto - absolutamente evidente (NA: é Neves que toca em Pote e não o seu contrário) - não resultou de ação faltosa do médio encarnado, mas daquela opção do avançado do Sporting". Ou seja, para o inefável Duarte Gomes há uma lei que deve inibir um interveniente do jogo de se cruzar com outro numa esquina da área deste, especialmente se este último estiver a deslocar-se a grande velocidade. Já sobre a velocidade empregue ter sido impruente ou negligente, termos esses, sim, que constam das leis, nem uma palavra, ainda que o abalroamento tenha sido uma realidade. Acontece que 1 minuto depois o Pote marcou mesmo de verdade. E olhou para o Veríssimo como quem diz: "Karma is a bitch!". Estás a ver, Duarte? [O Duarte Gomes sabe bem do que fala, ele que um dia cismou interpor-se na trajectória da bola entre Ricardo Peres, adjunto de Paulo Bento no Sporting, e Rui Patrício, durante o aquecimento antes de um jogo, para depois imediatamente direccionar o seu corpo na direcção de Peres, promovendo o contacto (peitaça), terminando a sua acção a advertir o treinador de guarda-redes com um cartão amarelo perante a indignação geral de quem assistia a tão elucidativa lição de arbitragem.]

 

O Sporting ganhou o jogo no meio campo, produto da acção conjugada do requintado "Tsubasa" Morita e do sobrequalificado operário Hjulmand, que, quais Garrinchas de ocasião, meteram a dupla de Joões do Benfica no bolso. Pelo que a razão para a eliminatória ainda estar em aberto deve-se à má definição de Pote, Edwards e Geny, que desperdiçaram ingloriamente imensas jogadas promissoras. E se não fosse Gyokeres, que deixou Otamendi no passeio a anotar a matrícula do camião que o atropelou, poderíamos estar a lamentar um resultado muito aquém da exibição produzida. Porque a qualidade individual de Di Maria chegou a ameaçar sobrepor-se ao superior colectivo Sportinguista, mostrando à saciedade as vantagens de ter um fora de série. 


Evidenciando a vã ilusão do que é o controlo do jogo, em duas jogadas praticamente consecutivas o Benfica empatou. Fazendo pouco ou nada para tal, ou simplesmente, tendo Di Maria para tal. Mas se Diomande ficou a dormir no primeiro, o VAR estava bem acordado e viu a interferência do jogador benfiquista em fora de jogo que tapou a visão do nosso guarda-redes, Israel, que no fim comemorou com a Faixa de Ga(n)za situada na Superior, mostrando que o Sporting é de facto um clube diferente e cheio de sortilégios que nos aquecem e enriquecem a alma. 


Tempo ainda para Nuno Santos voltar a surpreender-nos com um Puskas, mas uma vez mais o galardão ficará adiado. Depois de uma letra, trivela e lob, agora foi um pontapé à Karaté Kid, mas o Momento da Verdade (também tinha um Morita) ficou adiado possivelmente para a segunda mão (ou demão, que a vitória de ontem foi o primário). 

Tenor "Tudo ao molho...": Hidemasa Morita 

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16
Jan23

Tudo ao molho e fé em Deus

Uma época em time-sharing


Pedro Azevedo

Se virmos o jogo de hoje por um jogo, um empate na Luz será sempre um resultado positivo. Contudo, se virmos o jogo por um campeonato, não ganhar no estádio do Benfica foi o canto do cisne, o adeus às armas, o fim da ilusão. Tudo, porque hoje jogávamos também pelos 15 jogos anteriores onde devíamos ter jogado mais e não jogámos sequer o suficiente. Por isso, jogávamos contra o tempo perdido no passado e a favor de ganharmos tempo no futuro, a fim de que a época não terminasse já no que ao título diz respeito. Nesse sentido, falhámos, pelo que, como prémio de consolação, restar-nos-á a luta pela Champions, também ela com contas muito complicadas, a 8 pontos do Braga e a 7 do Porto, respectivamente 2º e 3º classificado neste momento. Pela Champions jogaremos também para que a transferência de Matheus Nunes faça o mínimo sentido do ponto de vista financeiro, porque vender um jogador por um preço sensivelmente igual ao que eventualmente se deixará de arrecadar numa prestação decente na próxima edição da Liga Milionária não terá qualquer nexo. Financeiramente, porque desportivamente não restam dúvidas a quase ninguém de que o acto foi altamente lesivo e está a afectar sobremaneira a nossa prestação, e o palco da Luz, onde o luso-brasileiro pintou a manta na época passada, não me deixa mentir. Bem sei, o treinador que há em Varandas já veio dizer que "é uma patetice" correlacionar a saída de Matheus com a nossa prestação nesta temporada, mas, se perguntarem a Amorim, estou convencido de que a coisa para ele terá menos de patética do que de fatal. 

 

Hoje empatámos, mas podíamos até ter ganho. Só que nos voltou a faltar um golpe d´asa de Trincão no ataque e atrás falhámos em quase toda a linha. Coates à parte, bem entendido. Porque Inácio deu a frente a Ramos no primeiro golo e Reis, no segundo, deu a frente, as costas e o lado ao mesmo jogador, em suma, abriu uma autoestrada. Os outros avançados cumpriram, com Edwards a originar a abertura do marcador e Paulinho a cavar inteligentemente um penálti que só o Artur Soares Dias e o Guerra d´A Bola TV não viram. Os médios também estiveram bem, o Pote influente nos golos e o Ugarte a dar tração à frente. Pedro Porro esteve melhor do que Nuno Santos, mas também não foi por aí que não fomos além no resultado. 

 

O presidente que há em Amorim lançou Chermiti para o jogo. E jurou que não virá mais nenhum ponta de lança, caso o Youssef renove o seu contrato com o clube. Entretanto, quem já renovou foi o Rodrigo Ribeiro, que era para ser a primeira opção a Paulinho e continua a exibir-se em bom plano na bancada. E depois há ainda o caso daquele jogador que contratámos em time-sharing, o St Juste, com quem procuramos bater o record mundial de substituições de centrais durante os jogos de uma só época. O holandês, que joga sempre bem no pouco tempo que está em campo, dá-nos habitualmente 30 minutos, o resto do tempo cede o espaço.  E eu vou fazer o mesmo, cedendo este espaço aos Leitores. Boa semana! (Pensando bem, a nossa época toda tem vindo a ser realizada em time-sharing, com a nossa equipa cedendo o seu tempo e espaço aos super-Marítimos desta vida, que logo depois são goleados em Vizela, e o Amorim ocupando pontualmente a presidência da SAD do clube.)

 

"Mais que nada... o Bah, o Bah, o Bah" - Adaptação livre da canção do Sérgio Mendes

 

PS: Livre indirecto contra si próprio? Nunca tinha visto um árbitro obstruir um jogador (Ugarte) num lance de golo, mais uma originalidade da "apitagem" nacional. (A arbitragem portuguesa é um constante desafio às regras do International Board.) 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pote

BenficaSportingGolo1.jpg

04
Jan23

Personalidades


Pedro Azevedo

Desde que o excelso medidor de personalidades do jornal A Bola atribuiu a Rui Costa o galardão de Homem do Ano, o Benfica foi goleado em Braga e a personalidade jovem do último Mundial foi passear até à Argentina e faltou a dois treinos. Em consequência, Castigo Máximo disponibiliza-se desde já a entregar ao Maestro o prémio de Personalidades ao Quadrado do Ano. [Com a vantagem adicional de, sendo as personalidades exponenciais (ao contrário do homem, pois qualquer potência de base 1 será sempre uma unidade), haver sempre uma que possa alegar tudo desconhecer em relação ao passado recente que envolveu o clube.] Nesse sentido, propõe que a data da cerimónia seja o próximo dia 15, coincidindo com a recepção do Sporting ao Benfica. Se tudo correr em conformidade, agendar-se-ão futuras honrarias ao dirigente, até ao enésimo expoente.

19
Jun22

São 5 contra 5...


Pedro Azevedo

Sirvo-me aqui do Gary Lineker como muleta para dizer que não há nada de novo no futsal nacional: são 5 contra 5 e no final ganha o Sporting. Se bem que não havia necessidade de tanto sofrimento, tanto tiro ao boneco e oferenda fora da época natalícia. Ainda assim, sempre atrás no marcador, quando passámos para a frente foi de vez. À campeão (a confirmar). Foi desta forma que aconteceu o Jogo 1 da final dos play-offs. Seguimos na frente, mas ainda faltam duas vitórias...

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30
Jan22

Tudo ao molho e fé em Deus

Ninguém espera a inquisição espanhola


Pedro Azevedo

Dá-me imenso gozo ouvir e ler aquelas pessoas que analisam um jogo de futebol pelo seu resultado. São pessoas pragmáticas, tanto que se pudessem resumir a vida de alguém provavelmente remeteriam logo para a notícia da sua morte. Exceptuando o facto de não se recomendarem para elogios fúnebres, não aquecem nem arrefecem, não trazem grande mal ao mundo. O problema surge quando algumas dessas análises necessitam de ser feitas em tempo real, isto é, à medida que um jogo decorre. É o caso dos comentários televisivos em directo. Então ocorrem cenas hilariantes como a patética tentativa de explicar por que razão determinado clube ganhou vantagem no marcador apesar de nada de relevante ter feito para tal. Entramos então no reino da metafísica e, porque não dizê-lo, da banha da cobra e do charlatanismo quando essa necessidade de explicar o acaso ou sorte acaba por desvendar mirabolantes teorias que são impingidas ao pobre do telespectador. Ocorre então que em casa o telespectador é convocado para ver no ancião Vertonghen um potencial ganhador do prémio Best da FIFA ou no Morato o novo Beckenbauer. Sem esquecer o João Mário, patinho feio no Sporting e renascido (e principescamente pago) cisne no rival. Quer dizer, uma pessoa consciente apercebe-se da falácia em que está a incorrer, mas a necessidade de explicar as coisas pelo seu resultado pode levar muitos a entrar num torpor que os conduza a compartilhar estas heresias. Para grandes males, grandes remédios, e nada nem ninguém combate tão bem heresias como a inquisição espanhola. Ninguém a espera (como diriam os Monty Python), em particular os tais analistas, mas pode ser extremamente letal quando no relvado junta os inquisidores Pedro Porro e Pablo Sarabia (e Antonio Adán). Em consequência, os analistas a esta hora dedicam-se a acrobáticos números de contorcionismo televisivo. E o telespectador vê tudo mais nítido, como se lhe tivessem retirado as cataratas (analíticas). Cristalino, cristalino. (Só deu Sporting.) 

 

... Vingada uma espinha antiga atravessada na garganta de todos os Sportinguistas, é justo que doravante a Taça Lucílio Baptista se passe a designar por Taça Ruben Amorim. É de magia que falamos, ou não tivesse o homem completado um "hat-trick". Numa competição curiosamente patrocinada pela Allianz, ele é o nosso verdadeiro seguro de vida. 

 

Tenor "Tudo ao molho": Matheus Nunes, Pedro Porro e Pablo Sarabia (ex-aequo)

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28
Jan22

Bring on the dancing horses


Pedro Azevedo

Estava a ouvir o Disorder dos Joy Division e ocorreu-me pensar na entropia que vem bloqueando o jogo do Sporting que outrora parecia música tocado de ouvido, com as suas rotinas de pressão alta, recuperação de bola e imediata procura da profundidade (o espaço nas costas dos defesas opositores). Não sei se isso terá a ver com a inclusão de Paulinho no onze, o que é certo é que as suas descidas sucessivas no terreno tornaram o nosso jogo mais posicional, mais redondo, bonito até, mas porventura menos eficaz. Uma consequência directa disso foi Pedro Gonçalves ter reduzido o seu horário de trabalho de tempo integral para uma prestação de serviços num regime de "part-time" em zonas próximas da grande área dos adversários, deixando de procurar os espaços mais recuados por onde iniciava combinações rápidas e incisivas com os atacantes que invariavelmente terminavam com ele próprio, vindo de trás e assim iludindo as marcações, a finalizar no aproveitamento de tabelinhas ou segundas bolas. Também as intermitentes chamadas de Daniel Bragança à equipa parecem demonstrar as dúvidas de Mister Amorim sobre o melhor modelo de jogo. Este parece assim em transição, algures entre o "heavy metal" tão do garbo de um Klopp e a balada entorpecedora (do adversário) de um Guardiola. Só que esse meio-caminho precisa urgentemente de ser resolvido no sentido de ter um destino, até para que não fiquemos a meio-caminho de coisa nenhuma (numa encruzilhada). De preferência já na final da Taça da Liga. Cá para mim a coisa resolvia-se assim: Bring on the dancing horses (Matheus Nunes e Pedro Porro) para quebrarmos uma e outra vez as linhas do Benfica. Quem sabe no Sábado, dia de aniversário de quem articula estas linhas, o Amorim faz Echo (ou não) disto e me/nos oferece um belo presente... (Se tiver de arriscar um Homem do Jogo vou para o regressado Porro.)

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09
Dez21

JJ a olhar pelo retrovisor, Amorim a enfrentar o presente


Pedro Azevedo

O Benfica apurou-se para a fase a eliminar da Champions ao ficar à frente do actual sétimo classificado do campeonato espanhol. O Sporting também atingiu esse patamar, mas para tal teve de superar o presente segundo classificado do campeonato alemão. É certo que historicamente o Barcelona é um colosso, ostentando 5 taças de campeão europeu no seu palmares, mas não esqueçamos que o Borussia Dortmund não é um clube qualquer, também já ganhou a Champions. Aliás, se é para falar de história, então deveremos dar relevo ao facto de o Porto ter terminado o seu grupo à frente do AC Milan, um clube que venceu 7 Champions (o segundo melhor registo, logo atrás do Real Madrid). Assim, atendendo à realidade actual de cada clube e sua equipa de futebol, entendo que o feito do Sporting foi mais relevante que o do Benfica. Mas, claro, posso fechar os olhos e imaginar que o Messi ainda equipa de "blaugrana". (E, já agora, o Sammer, o Moller, o Riedle e o Paulo Sousa de amarelo e preto.) 

 

De qualquer forma, Sporting e Benfica estão de parabéns pela qualificação para a fase seguinte. Assim, Portugal terá 2 equipas na fase a eliminar, uma mais do que a Alemanha, país com um ranking de clubes da UEFA bem superior. De referir ainda que fora do G5 só os Países Baixos e a Áustria conseguiram acompanhar Portugal no apuramento, ainda assim só com uma equipa. Por último, além da Inglaterra (4 concorrentes), só Espanha ou Itália poderão ainda ter mais concorrentes na próxima fase que Portugal. Hoje, Villareal ou Atalanta decidirão qual destes países será representado por 3 clubes. 

06
Dez21

Como o Sporting venceu o Benfica


Pedro Azevedo

Táctica, técnica, física e estrategicamente o Sporting dominou o Benfica na Luz. Optando por entregar a posse ao adversário (estratégia), o Sporting pôde exercer a pressão alta de que tanto gosta a fim de recuperar a bola e rapidamente explorar os espaços deixados em aberto pelo Benfica. Por via disso, a zona do terreno mais massacrada pelos leões foi a compreendida entre Lázaro e André Almeida, por onde aliás Sarabia emergiu para marcar o primeiro golo. Pouco depois, uma combinação entre Matheus e Sarabia voltou a expôr o lado direito da defesa encarnada, valendo ao Benfica a anormal má finalização de Pote. As águias nunca conseguiram durante o jogo estabilizar o seu flanco direito defensivo, nem mesmo após Cebolinha ter rendido Lázaro. Apesar de ter explorado prioritariamente as transições ofensivas, o golo inaugural do Sporting surgiu em ataque organizado, com Matheus Nunes a receber um lançamento lateral de Matheus Reis e a fugir à pressão que Weigl e João Mário lhe teceram. A bola chegou depois a Pote, que baixou linhas e combinou com Porro. O passe do espanhol tirou 3 jogadores benfiquistas da jogada e permitiu a Pote receber sem marcação mais à frente. Este, com duas opções de passe (Paulinho e Sarabia), serviu com êxito o ex-PSG porque Lázaro não acompanhou a sua movimentação. Do trio PSP (Pote, Sarabia e Paulinho) houve sempre um jogador a baixar linhas para pegar na bola e desmontar marcações. Isso criou inúmeros desequilíbrios ao Benfica, o qual apostara em marcações praticamente individuais ao longo do campo. Com o passar do tempo, o jogo partiu-se, cenário ideal para o Sporting, em duas transições rápidas, decidir a partida. Mérito para Matheus Nunes, que então dinamitou um meio campo do Benfica absolutamente impotente para o travar. Aliás, o meio campo do Sporting ofuscou todo o jogo o do Benfica. Foi como se tratasse de um confronto de estilos musicais: de um lado, os metaleiros Matheus e Ugarte, do outro os baladeiros João Mário e Weigl. No fim, o heavy-metal superou os "slows", deixando Jorge Jesus à beira de ter de ir cantar de galo para outra freguesia. 

P.S. (Jorge) Jesus virou-se para Lázaro e disse-lhe "levanta-te e anda" mas o Lázaro deixou-se ficar pelo chão, algo mais tarde replicado pelo André Almeida  quando Matheus "escreveu" o seu capítulo nesta história. É verdade, para o Benfica as incidências do jogo ganharam proporções bíblicas...

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04
Dez21

Tudo ao molho e fé em Deus

Dinamatheus


Pedro Azevedo

Com o Rúben Amorim a degustar ao jantar o Mestre da Tactica com 3 batatinhas e o Matheus Nunes a recordar-nos que o Ruca é uma estorinha para embalar meninos, o Sporting venceu sem espinhas na Luz. Durante a semana muito se havia falado das ausências de Palhinha e Coates, como se o Sporting, à laia da B SAD, se fosse apresentar apenas com 9 jogadores em campo. Acontece que o Ugarte e o Neto jogaram mesmo, e o uruguaio destacou-se em particular pela audácia com que encarou o seu novo habitat, não deixando crescer a relva à sua volta. Depois, os movimentos entre-linhas de Pote, a utilização por parte de Sarabia da via verde na auto-estrada existente entre Lázaro (mais tarde, Cebolinha) e André Almeida e a capacidade de pressão alta de Paulinho ajudaram a cavar a diferença. De tal forma que só por sorte o Benfica não chegou ao intervalo a perder por 2 ou 3 golos, algo visível para todos os espectadores excepto para o Mr Magoo que se sentou no banco dos encarnados. Com muitas soluções entre os suplentes para refrescar a equipa, no segundo tempo o Benfica cresceu na partida. Mas então entrou em acção Matheus Nunes: foram duas cavalgadas (eu já tinha dito que ele é um Mustang) de 50 metros que dinamitaram e aniquilaram por completo a resistência encarnada, a primeira concluída com um passe de ruptura(!) a servir de bandeja Paulinho, a segunda directamente a pô-lo na cara do golo e assim permitir-lhe sentenciar o jogo. O que deixa a seguinte questão: quão mais tempo conseguiremos manter o  Matheus afastado da cobiça dos gigantes europeus? É que ele assentaria que nem uma luva no Liverpool de Klopp, por exemplo. Bom, mas isso só acontecerá numa das próximas janelas de transferências, por isso desfrutemos ao máximo dele enquanto podemos. Todavia, será possível ter saudades de alguém ainda presente? Eu já tenho. Ah, e não esquecer o Gonçalo Inácio! Vinte aninhos apenas, mas uma saída de bola a fazer lembrar o Kaiser Beckenbauer e uma coordenação da linha defensiva que deve ter rebentado de orgulho o grande capitão Coates. E assim, com este espírito e esta classe, vai crescendo a onda Sporting. Na crista, a surfá-la com maestria, está o Amorim. Deus o guarde connosco por muitos anos, que não há preço para a felicidade e a alegria nos lábios de crianças e de adultos que há muito já mereciam isto. 


P.S.1. Qual a diferença entre o golo de Sarabia e o tão aclamado golo de Bernardo Silva a meio da semana? 

P.S.2. Sem querer "puxar o saco", já dizia o Cruijff que os sacos de dinheiro não ganham jogos. 

Tenor "Tudo ao molho...": Matheus Nunes. Paulinho, Sarabia, Gonçalo Inácio, Ugarte e Pote (anormalmente perdulário na finalização) estiveram também em excelente plano, mas todos os utilizados passaram no teste. 

03
Nov21

Oktoberfest em Novembro


Pedro Azevedo

- O Maite era bom para jogar na Austrália: "Hi Meite (mate), Bye Meite" (à medida que os adversários o iam ultrapassando). 
- O Grimaldo ficou em estado de coma(n). 
- Jesus, "factualmente", preferiu sacrificar os cordeiros, e assumiu-o.
- O Pizzi deve ser o mais requisitado após os jantares do plantel do Benfica: nunca será apanhado em excesso de velocidade. 

07
Set21

Pessoa bem colocada encontra alta patente


Pedro Azevedo

Um amigo da prima do tio do presidente do Zenit, que é como quem diz "pessoa muito bem colocada" do clube de São Petersburgo, terá aparentemente questionado uma "alta patente" do Benfica, não se sabe se general ou apenas indivíduo de estatura superior, sobre Rafa. A alta patente não fechou a porta à negociação e alvitrou um preço que ninguém sabe qual foi, desde logo porque o único interesse da "notícia" é informar o mercado de que o Benfica recusou uma proposta de 30 milhões de euros pelo seu avançado. O que não teria sido de todo possível se a pessoa muito bem colocada não tem falado com a alta patente - se estivesse mal colocada, um metro a mais à frente ou atrás, talvez não se tivesse conseguido dar o encontro - , conforme fica bem patente na leitura de A Bola. Resta saber se essa pessoa bem colocada tem alguma coisa a ver com o amigo da prima do tio do presidente de um clube que alegadamente queria dar 60 milhões de euros pelo Carlos Vinícius, proposta imediatamente recusada por um Luis Filipe Vieira que no Seixal viu uma luz, ou neón, com 100 milhões de euros lá inscritos. (Era um pirilampo.)

18
Ago21

Percepções…


Pedro Azevedo

Para quem nos habituou pelo discurso a viver lá no alto, jogar contra uma equipa dos Países Baixos deveria oferecer uma boa perspectiva das coisas. Mas o Jesus, para além de enaltecer mais o Benfica táctico ("eu") em detrimento do Benfica técnico ("eles"), disse que lá para o fim do jogo teve muita bola. Deve ter sido no balneário, porque no campo não se viu...

 

P.S. Ah, e segundo o próprio, o "Ody" não fez nenhuma defesa de alto grau de dificuldade. Ou como um resultado pode mascarar a realidade e prestar-se a percepções fantasiosas, o que me fez lembrar o Sporting-Lask (2-1) do reinado de Silas. O problema é que o tempo geralmente encarrega-se de corrigir a diferença entre a realidade é a momentânea percepção da mesma. 

24
Mai21

Ironias do destino


Pedro Azevedo

Benfica: prometeram jogar o triplo e acabaram a rasar o solo. Baixinho, muito baixinho, fugindo assim ao radar dos títulos. Entretanto, conseguiram a proeza de evitar o Sporting na Supertaça. Menos uma dor de cabeça para JJ.

 

Sporar e Borja: justamente criticados, como quem não quer a coisa ganharam o triplete. Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga, a estes papa-títulos não houve competição que lhes fugisse. 

17
Mai21

Tudo ao molho e fé em Deus

O genial Amorim


Pedro Azevedo

O Rúben Amorim é um génio. Como ser superiormente inteligente que é, sabia que o jogo era mais importante para Jesus do que para o Benfica. Se Jesus ganhasse, teria outra margem para fazer os contestatários "acarditarem", entusiasmar-se e arrasar na próxima época da mesma forma que arrasou nesta. Se perdesse, essa margem ser-lhe-ia provavelmente retirada e Vieira poderia ser tentado a pensar que um treinador que inspirasse apenas jogar o essencial fosse mais útil que um que inspirasse jogar o triplo, assim a modos como consequência da reflexão de William Blake quando se interrogava "como saberes o que é suficiente, se não souberes o que é demais?". Por conseguinte, a derrota do Benfica neste jogo poderia ser perigosa para o Sporting no longo-prazo, enquanto a vitória do rival não teria consequências no curto-prazo porque o título já estava no estômago do leão. Vai daí, o Amorim subtraiu o Palhinha do jogo. Em sequência, durante a primeira parte, o Cebolinha usou e abusou do calcanhar, o Seferovic assemelhou-se a um ponta de lança e o Pizzi até fez lembrar o Bruno Fernandes. Tudo simples, tudo fácil, como se estivessem a jogar contra bidons. Rapidamente, o Benfica marcou 1, 2, 3 golos. Em contrapartida, o Sporting ficou a fazer guarda de honra à nota artística do Jesus. Apenas um jogador ousou destoar do tom geral, o Pote. É que o homem não sabe brincar em serviço e, em cima do intervalo, reduziu a desvantagem leonina no marcador. 

 

Ao intervalo o Amorim pareceu ter-se assustado: é que uma coisa é dar moral ao Jesus, outra é oferecer a hipótese ao Benfica de devolver os célebres 7-1 de 86. Querendo conter o prejuízo, decidiu então fazer entrar o Palhinha. O Matheus Nunes é que não se apercebeu que o "chip" tinha mudado. Então, ala que se faz tarde, ofereceu logo um brinde. Com o tempo a presença do Palhinha fez-se notar. Onde antes havia auto-estradas, os benfiquistas começaram a encontrar becos sem saída, sinais de sentido proibido e tabuletas de aviso de piso escorregadio. Tanto que, durante 30 minutos, só deu Sporting. Dois golos, uma bola no poste, os leões fizeram acreditar que iam dar a volta ao jogo. O Pote continuava desenfreado e agora havia também o Jovane para moer o juízo ao Lucas Veríssimo, um vexame para quem chegou agora à Canarinha. A televisão mostrava-nos o Helton Leite a falar sozinho, o Benfica abanava por todos os lados. Com os descontos, faltavam ainda uns 15 minutos, mas o Sporting acabou aí. Amenizada a derrota para níveis não-apocalípticos, o Rúben pareceu conformado. É certo que o Coates ainda foi lá à frente fingir que tinha custado 16 milhões por 70% do passe mais os ordenados do Sporar, mas foram serviços mínimos porque o resultado era, afinal, o ideal.

 

Além de assegurar Jesus no Benfica para 2021/22, o Rúben Amorim preencheu um outro objectivo. Subliminarmente, o nosso treinador enviou a seguinte mensagem que pôde ser lida da Lua: "NÃO VENDAM O PALHINHA". E assim o título do próximo ano pareceu mais perto. Tanto que, se os benfiquistas este ano apanharam com o Cabo Delgado(*), para o ano levarão com o Cabo das Tormentas. Um génio, o Amorim!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Gonçalves ("Pote") 

 

(*) O meu aplauso para a referência a Cabo Delgado nas camisolas, região de Moçambique alvo de ataques armados do grupo jihadista Estado Islâmico que já provocaram mais de 2.500 mortos e 700.000 deslocados. Para ser justo, inclúo neste aplauso o meu colega bloguista José Pimentel Teixeira, que há muito tempo vem estando na linha da frente do alerta na blogosfera sobre esta tragédia que o mundo não pode mais ignorar.

 

P.S. O problema do Benfica de Jesus não foi a Covid, mas sim, quanto muito, o co-video (vulgo VAR), coadjuvante do árbitro e da verdade desportiva, que veio eliminar alguns dos erros mais flagrantes que aconteciam em campo. De resto, o Benfica foi sempre uma equipa sem intensidade no meio campo, e essa foi a principal pecha que se traduziu no resultado final no campeonato. 

seferovicgoloderbi3.jpg

04
Abr21

João Capela e o “limpinho, limpinho”


Pedro Azevedo

"Era (foi) um jogo que necessitava de video-arbitro. A minha carreira teria sido diferente, se tivesse havido VAR nesse jogo" - declarações do ex-árbitro João Capela a A Bola no âmbito do celebérrimo Benfica-Sporting em que ficaram várias penalidades por marcar a favor do Sporting, o mesmo que Jorge Jesus, à época treinador do Benfica, classificou como "limpinho, limpinho" do ponto de vista da influência da arbitragem no resultado final. 

joao capela.jpg

10
Mar21

A aritmética do campeonato


Pedro Azevedo

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Cenário Limite 1: Sporting ganha os jogos com Braga e Benfica

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Cenário Limite 2: Braga vence Sporting e Benfica

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Cenário Limite 3: Porto vence Benfica

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Cenário Limite 4: Benfica vence Braga, Porto e Sporting

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Worst Case Scenario para o Sporting: perde com Braga e Benfica

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Não esquecer que entre Braga, Porto e Benfica só 1 no melhor cenário possível poderá amealhar o máximo de pontos possível definido na tabela. Para ser campeão com toda a certeza o Sporting precisará de fazer 86 pontos, o que significa que tem uma pequena margem de 1 empate nos restantes jogos do campeonato (admitindo o worst-case-scenario conjugado de perder com Braga e Benfica e o Braga vencer todos os seus jogos até ao fim).

 

Faltam disputar 4 jogos entre os 4 primeiros classificados. A saber (por ordem cronológica): Braga-Benfica, Braga-Sporting, Benfica-Porto e Benfica-Sporting. Havendo 4 jogos, cada um com 3 resultados possíveis, existem 81 combinações possíveis de resultados entre eles, o que seria exaustivo elencar aqui. Assim, optei por apenas considerar cenários limite. 

26
Fev21

Ortega y Gasset


Pedro Azevedo

"O Homem é o Homem e as suas circunstâncias." - Ortega y Gasset

 

Depois dos ditirambos - cânticos como "Vamos arrasar" ou "Jogar o triplo" a enquadrar a coreografia da dança eleitoral  - que marcaram a apresentação de Jesus no Benfica, assistimos agora à deterioração progressiva da sua liderança, provavelmente sacrificada pela soberba com que se tentou rebeliar contra as forças do destino. Um argumento que parece extraído de uma Tragédia Grega, ou não tivesse tudo começado em Salónica (PAOK) e continuado ontem em Atenas, local onde JJ não resistiu a invocar os elogios que recebeu do "Ortega" do Arsenal. 

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