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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

12
Abr23

A tentação de provar do veneno alheio


Pedro Azevedo

Na antevisão da nossa deslocação a Turim, é factual observar que, nas provas europeias, o histórico das equipas portuguesas contra as suas congéneres italianas não é nada famoso. Já com equipas inglesas, o desempenho português pode ser considerado bastante bom, o que nos aguça a curiosidade sobre a razão que justifica a tradicional boa performance das equipas de Sua Majestade quando defrontam times provenientes da pátria de Garibaldi, algo que contraria o simples silogismo aristotélico. Conclusão: parece-me evidente que as equipas portuguesas caem na tentação de tentar bater as italianas no seu próprio jogo feito de cinismo e de especulação, e que o resultado dessa aposta é tradicionalmente negativo (como ainda ontem se viu). Já as equipas inglesas, geralmente descomplexadas quando se trata de assumir o domínio do jogo e com o foco nas suas próprias qualidades, não mudam os seus princípios contra as italianas e têm sucesso. Talvez seja importante reflectir nisto, 24 horas antes do importante duelo com a Juve... (O Ruben não costuma alterar o seu modelo de jogo seja contra que adversário for, e isso contra a Juve pode revelar-se positivo para nós.)

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09
Mar23

Contra os Canhões, marchar, marchar


Pedro Azevedo

Hoje há jogo grande em Alvalade, um daqueles desafios que fazem justiça à história do nosso clube. O Sporting nasceu para isto, para os grandes palcos, os duelos de suster a respiração, o medir forças com os maiores da Europa. Não será fácil, obviamente, mas a ambição expressa no lema do nosso fundador tem de estar lá, razão pela qual nada devemos temer. 

 

Este Arsenal faz muito lembrar o nosso Sporting de 2020/21. Na Premier League é o "underdog", mas não se tem dado nada mal. Assim, lidera um campeonato onde tem como contendores os 2 gigantes do noroeste inglês, Manchester United e Liverpool, um dos principais novos-ricos do futebol mundial, o Manchester City, e os rivais londrinos, Chelsea e Tottenham. O segredo do seu sucesso está na sociedade das nações que se estabeleceu a meio campo entre o músculo de Partey, o cérebro de Xhaka e a criatividade de Odegaard, uma parceria em que o ganês faz com que todos à sua volta sejam melhores, o suiço traz intensidade e caixa de rirmos e o norueguês encontrou o habitat certo para quem é um mestre em descobrir espaço entre-linhas por onde solta o génio da sua lâmpada. Um caso paradigmático da máxima de que o todo é superior à soma das individualidades, três jogadores que estavam a ficar aquém do talento que cedo lhes apontaram mas ligaram instantaneamente nos "Gunners" (canhões). Não se pense, porém, que o Arsenal se fica por aí. Não, a equipa torna-se especialmente perigosa quando a bola chega aos pés de Saka, um ala imprevisível, veloz, habilidoso e com golo. Também as movimentações radiais de Trossard são temíveis, assim como o vai-vem constante de Martinelli no corredor. (Do meio campo para a frente, esta é a melhor equipa do Arsenal, mas com a luta na Premier ao rubro é possível que haja alguma gestão do plantel.)

 

Para vencer o Arsenal, o Sporting tem de ter bola. Apesar de fazer falta no ataque, a eventual inclusão de Pote no meio campo permitir-lhe-á estabelecer um dueto central de jogadores cerebrais com Morita, reforçando a inteligência do nosso jogo. A chave estará aí, na conjugação da leitura de jogo dos nossos médios com a fogosidade dos alas Nuno Santos e Bellerin. A forma como se conseguirem articular, com e sem bola, será determinante no desfecho da partida, num jogo onde os interiores terão necessariamente de fechar os flancos. Assim, não podendo deixar de contar com os desequilíbrios de Edwards, é possível que Rúben Amorim venha a incluir Arthur no Onze devido ao seu maior compromisso defensivo. E, num jogo onde teremos de estar permanentemente ligados à electricidade e dar tudo, a energia contagiante de Chermiti poderá ser determinante, pelo que talvez Amorim aposte na sua titularidade.

 

Força, Sporting!!!

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07
Mar23

O Estado da Art&manha


Pedro Azevedo

O estado de crispação e de desesperança a que chegou a nossa sociedade é intolerável. E a responsabilidade é toda nossa, cada um contribuindo com o seu quinhão para esta triste realidade. Uns por vocação maniqueísta, outros por inacção e um silêncio tolhido de medo, alguns pela irresponsabilidade, muitos movidos pelo interesse. É por isso difícil nomear uma única razão que justifique o status-quo. Nas sociedades sempre conviveram situacionistas, reformistas e revolucionários. Se dependesemos dos primeiros, ainda viveríamos em ditadura. Mas se entregassemos o nosso destino aos terceiros, passaríamos o tempo a reconstruir, com todos os danos colaterais que a sociedade saída de Abril abundantemente ilustra. Pelo que o barómetro de um país se mede pela capacidade dos reformistas de alterar o sistema por dentro. E onde estão esses reformistas, presentemente? Provavelmente submersos por um aparelho judicial que não funciona bem e não protege devidamente as pessoas do bem, por oportunidades que são cirurgicamente entregues a yes-men que não se afastem de uma determinada linha condutora, por uma audiência que os ignora, privilegiando os soundbites inflamados para os telejornais, nos facebooks e demais redes sociais em detrimento da opinião razoável, moderada e construtiva. Isto que se aplica para o país, repassa também para o nosso Sporting.

 

No Sporting actual, e quando digo actual refiro-me às últimas décadas, abundam os maniqueístas, gente que vê o mundo a preto e branco e não observa prioritariamente o que deveria ser o predominante verde. Há também os interesses que se movem de forma mais ou menos óbvia, desde o director do jornal que acredita que terá melhor fontes de informação que ajudem a vender se alinhar a sua opinião com a de quem dirige o clube até aos marginais infiltrados nas claques que não querem perder os seus negócios mais ou menos clandestinos. Depois, existem também os irresponsáveis, os pirómanos e fomentadores de ódio, cuja vaidade os faz despudoradamente procurar escaranfunchar a ferida em busca de uma maior audiência da opinião publicada. Finalmente, há uma enorme maioria silenciosa que se afastou do estádio e do clube, perdeu paixão e compromisso. São pessoas a quem a histeria agride, que têm a paz como um bem inalienável e a sua segurança como prioridade e movem-se pelo amor e não pelo ódio às coisas. Ninguém actualmente comunica para estas pessoas, e não há presentemente soluções para as suas necessidades. Porque se a comunicação não vem de dentro, do coração, não cria um eleo identificador entre os homens e as mulheres de boa-vontade. Se a comunicação apenas visa defender o poder, só um estranho alinhamento de estrelas faria com que tal fosse conjugável com o interesse colectivo, o superior interesse do Sporting. Que deveria ser também o dos Sportinguistas, mas infelizmente não é, desde logo por haver Sportinguistas a achar que o Sporting muito lhes deve e, por conseguinte, a sobreporem-se ao clube, ou a justapor o seu interesse pessoal e agenda mais ou menos oculta ao interesse colectivo. 

 

Como referi em cima, não há uma só razão que justifique termos chegado aqui, a esta encruzilhada. Assim, não tenho um diagnóstico preciso para a situação presente. Mas sei que se quisermos sair daqui só poderá haver uma solução. E essa solução será passarmos a mover-nos pelo amor às coisas, no caso o amor à causa, ao Sportinguismo, que crie uma cultura corporativa que isole comportamentos nocivos em sociedade e nos una em prol de um bem comum. Por isso, exorto o actual Conselho Directivo a preocupar-se com a próxima geração e não com a próxima eleição. Dando o exemplo e encorajando a enorme massa silenciosa a segui-lo. As pessoas precisam de bons exemplos, e necessitam de quem as lidere por esse caminho. Só assim teremos a nossa causa, só assim não perderemos a nossa relevância desportiva e social. 

16
Fev23

Antevisão da Liga Europa


Pedro Azevedo

O Sporting recebe hoje à noite o Midtjylland, em jogo a contar para os dezasseis-avos de final da Liga Europa. Aqui ficam algumas notas sobre os dinamarqueses: o Midtjylland joga num sistema de 4-3-3. Defensivamente, a equipa é bastante permeável. A presença dos interiores bem por dentro e próximo do seu ponta de lança deverá garantir aos leões a vitória, atraindo o Midtjylland para o centro e libertando os alas (ou o ponta de lança, se o nosso médio mais ofensivo chegar em condução às imediações da área dinamarquesa) para entrarem e finalizarem no espaço compreendido entre os centrais e os laterais. São vários os exemplos de sucesso deste tipo de estratégia usada pelos adversários do Midtjylland. Outra situação que os leões poderão aproveitar é a deficiente cobertura defensiva dos dinamarqueses nos cruzamentos. Não só deixam-se frequentemente antecipar ao primeiro poste como o segundo poste fica quase sempre desguarnecido. (Aspecto que poderá também jogar a nossa favor são as bolas de ressaca, pois os dinamarqueses geralmente não deixam ninguém na cobertura à entrada da área, antes se amontoando à frente do seu guarda-redes de uma forma muitas vezes ineficiente.) Recomendar-se-á, assim, largura nas alas e a aproximação dos interiores à pequena área na altura dos cruzamentos (desejavelmente efectuados pelos alas). Como nota positiva nos nórdicos, o seu guarda-redes, Jonas Lossl, é muito experiente, com passagens pelos campeonatos francês e inglês, e tem excelentes reflexos. Ofensivamente, o Midtjylland tem o seu ponto forte. É uma equipa muito perigosa quando faz chegar a bola ao seu melhor jogador, Gustav Isaksen (número 11), de apenas 21 anos, um esquerdino que parte do lado direito, tanto fintando por fora e para dentro como procurando encontrar um colega no segundo poste. Outro jogador interessante é o uruguaio Emiliano Martinez (número 5), que conduz bem em posse e tem um bom remate de fora da área. De destacar também a presença do central e capitão, Sviatchenko, nas bolas paradas ofensivas, com bom aproveitamento. Ultimamente, a equipa perdeu algum do seu poder de fogo com as vendas de Dreyer, o seu goleador, para o Anderlecht, do médio ofensivo, Evander, que saiu para a MLS (Portland), e do guineense Kaba (Cardiff), sendo uma relativa incógnita quem acompanhará Isaksen no trio da frente, embora o zambiano Chilufya seja uma opçao a ter em conta.

 

Em resumo, temos aqui um adversário perfeitamente ao nosso alcance, assim a nossa equipa consiga explorar os seus pontos mais fracos e não permita grandes veleidades ao extremo Isaksen. Mas, certamente, Ruben Amorim já viu isto tudo que aqui descrevi, e muito mais,  

14
Fev23

O momento do Sporting


Pedro Azevedo

A equipa profissional de futebol do Sporting registou a sua décima primeira derrota na actual época desportiva. Num momento destes o normal é disparar-se em todas as direcções: presidente, treinador, jogadores e adeptos. Mas os adeptos não jogam, os jogadores fazem o que podem (e, se não podem mais, é porque não sabem e isso não é culpa deles), o treinador até já foi campeão e o presidente não acrescenta mas calado pelo menos tem marcado poucos auto-golos. Por isso, sendo certo que para cada problema deverá haver uma solução, o diagnóstico do problema não é assim tão claro que perspective encontrar-se facilmente o caminho que nos liberte das trevas, ou não há um grande e incontornável problema que esteja à vista de todos. Porque, desde logo, o que me parece é existirem vários pequenos problemas que, todos juntos, vêm contribuindo para colocar areia na engrenagem e estão na origem do resultado desapontante desta temporada. Desde logo, a falta de golos, o que pode ser atribuído à insistência do treinador com Paulinho. Mas também a profusão de golos encaixados, o que terá a ver com as características dos nossos jogadores de meio campo, menos intensos que os seus predecessores, e com a opção (da Direcção) de vender Matheus já depois de também ter alienado o passe de Palhinha. A venda de Matheus, e o timing em que ocorreu, conduziu Amorim no caminho da experimentação. As contratações menos conseguidas, também. Ora, dificilmente experimentação se coaduna com a alta competição, e isso tem um custo. É certo que o mês de Dezembro e a Taça da Liga chegaram a parecer o tempo ideal para se encontrarem as soluções alternativas mais correctas. Mas, em vez de convicções mais profundas, no novo ano multiplicaram-se as dúvidas, num constante entra e sai de jogadores que dificilmente contribui para a estabilidade de uma equipa. O que me leva a perguntar a mim próprio se algo de positivo se pode tirar de uma época assaz negativa. Na minha opinião, há. Desde logo é preciso que quem tenha mais responsabilidades reflicta sobre o processo. A falta de humildade (Amorim a não querer ver o óbvio) e a soberba (o presidente a chamar patetas a todos os que correlacionaram a saída de Matheus com o desenlace da época) conduziram-nos aqui, pelo que ou muda a atitude de quem dirige ou entraremos num caminho sem saída. Dentro disto, os jogadores serão os que terão menos responsabilidades, eles que até têm procurado adaptar-se às por vezes excêntricas opções do treinador: Inácio tem feito épocas quase inteiras a jogar de pé trocado na defesa, o lateral Matheus Reis fez-se central, Nuno Santos destacou-se a percorrer todo o corredor, Morita encontrou uma chegada à área até aí desconhecida no seu percurso, Arthur tanto joga a interior como a ala, Pote sobe e desce no terreno consoante as necessidades e humores do seu treinador. Como estar a pôr a culpa nos adeptos seria no mínimo tolo e qualquer estratégia de os usar para desviar as atenções seria quase criminosa (sim, há arruaceiros semi-profissionais, com os quais não há diálogo possível, mas não tomemos a nuvem por Juno), é a estas pistas que nos deveremos agarrar, reflectindo para o futuro. E é preciso a massa adepta sentir que essa reflexão está em curso, a começar no seu presidente, que deve interromper o seu silêncio e aparecer num momento destes para mostrar que tem consciência do momento que se vive e do resultado das opções tomadas. Falando para aqueles que serve, porque no dia em que não tiver ninguém a quem servir a sua função deixará de ter expressão. É esse aliás o grande perigo que emerge desta época: a desagregação. E o caminho de apontar baterias para sócios e adeptos, tantas vezes falaciosamente percorrido, não pode ser um caminho a seguir, a não ser que se pretenda deparar com o abismo. Claro que a resiliência de sócios e adeptos é importante numa hora difícil, mas então que isso seja pedido conjuntamente com uma reflexão consciente sobre o que nos trouxe aqui e sinais claros de mudança. Porque um Homem sem sonho não é nada, e um clube sem emoção à sua volta nada é. 

08
Fev23

Chermiti, o regresso ao passado


Pedro Azevedo

As características de Youssef Chermiti aproximam o Sporting da sua versão 2020/21, época coroada com o título de campeão nacional. Ao contrário de Paulinho, que desce para dar geometria e organização ao ataque, Chermiti é um Mustang, mais de procurar a profundidade, de esticar o jogo e encontrar espaços nas costas das defesas adversárias, assemelhando-se assim a Tiago Tomás ou Sporar. E, quando recua, segura a bola e fixa o defesa antes de passar curto e desmarcar-se nas suas costas. Nesse transe, a acção de Chermiti serve melhor o propósito de encontrar espaço entre-linhas, enquanto a de Paulinho visa mais a atracção ao centro para encontrar espaços nas alas, a circulação em "U", jogando assim o Sporting, com ele, mais por fora e não tão "dentro" do adversário. Associando a forma de jogar de Chermiti com as características individuais dos jogadores que o circundam, diria que Pote será o mais beneficiado com a sua inclusão no Onze, ele que possui inteligência para aproveitar como ninguém o espaço nas costas do defesa que é arrastado pelos movimentos com e sem bola de Chermiti (ou as segundas bolas que sobrem do embate do nosso ponta de lança com os defesas). Também Morita desfrutará mais com a inclusão de um ponta de lança que temporiza aquanda da fixação do central e procura essencialmente associar-se ao médio ou interior mais próximo. Todavia, a equipa ainda não está montada para aproveitar totalmente as características do nóvel ponta de lança, nomeadamente a sua envergadura, instinto predador e facilidade de remate. Aqui a inclusão de Nuno Santos como interior pelo centro-esquerda poderia contribuir para mais concretizações na área, beneficiando Chermiti de uma simplicidade de processos que foi chave no campeonato ganho pelo Sporting. É que, com Paulinho, o Sporting joga de uma forma mais elaborada, bonita até, mas jogar bonito não significa que se jogue melhor. E, com Chermiti, o Sporting pode regressar aos básicos, reencontrando-se com uma forma de jogar simples (passe-desmarcação-cruzamento-golo) mas que já se revelou tremendamente eficaz. Tem a palavra o Rúben Amorim. 

Chermiti, um regresso ao passado que é também o regresso a um futuro dê sustentabilidade, de aposta nos jovens da nossa cantera.

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15
Dez22

Final do Mundial


Pedro Azevedo

Já é finalmente conhecido o par finalista do Mundial de 2022. Assim, no próximo Domingo, pelas 15:00, tendo como palco o Lusail Iconic Stadium, Argentina e França perfilar-se-ão num duelo que muito promete, tanto individual como colectivamente. Desde logo, aguarda-se com expectativa o confronto entre o novo e o velho, Mbappé e Messi, curiosamente colegas num PSG detido pelo estado do Qatar. Nesse sentido, assistiremos já a um render da guarda geracional ou ainda voltaremos a degustar um Malbec vintage? A resposta virá dentro de dias... Também será uma confrontação de estilos entre o tango porteño argentino e o rap dos banlieues franceses, a ginga e o hip-hop em enfrentamento, ambos com origem na colónia de emigrantes de cada país, miscigenações sempre presentes na cultura de cada um e, por conseguinte, igualmente nas suas respectivas selecções, com o futebol como veículo de ascensão social e combate à desesperança como pano de fundo. Alea jacta est - os dados estão lançados. Alguém arrisca uma aposta? Faites vos jeux, rien ne vas plus! A full, como dizem no país das pampas. (Uma coisa é certa, a final do campeonato do mundo será disputada sob a influência do "M".)

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14
Dez22

"Argentina va a salir campeón!?"


Pedro Azevedo

Não deixando o futebol de ser um desporto colectivo, as individualidades têm contribuindo muito ao longo dos anos para a sua divulgação. Por essa via, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi dominaram como até aí ninguém no passado o panorama futebolístico na última década e meia, criando para si próprios um duopólio que só por duas ocasiões (2018 e 2022) foi quebrado, sendo Luca Modric e Karim Benzema esses intrusos quase acidentais dos prémios Ballon D'Or ou The Best FIFA Award. Sendo a hegemonia de Ronaldo (5 distinções de "melhor jogador do mundo", 5 Champions e 1 Campeonato da Europa) e Messi (7 distinções de "melhor jogador do mundo", 4 Champions e 1 Copa América) esmagadora, seria justo que ambos não terminassem a sua carreira sem um título de campeão do mundo de selecções, algo atingido no passado recente pelos Bola de Ouro Zinedine Zidane (1998), Ronaldo "Fenómeno" (2002) ou Fabio Cannavarro (2006). Embora outros grandes astros premiados no passado como "Melhor do Mundo" (Alfredo Di Stéfano, Eusébio, George Best, Johan Cruijff, Michel Platini, Marco van Basten ou Luis Figo) nunca tenham conseguido o máximo título planetário pelo seu país, nenhum elevou tanto a fasquia quanto Ronaldo e Messi. Assim, na impossibilidade do português levantar o caneco, gostaria que Leo Messi o fizesse, razão pela qual estarei a torcer pela Argentina na final do próximo Domingo. Não olvidando que o futebol é um desporto colectivo, mas querendo homenagear assim quem, tarde após tarde, noite após noite, procurou a superação e elevou a qualidade para um nível estratosférico, por pleno direito ascendendo a um olimpo de deuses onde até aí só estavam Pelé e Diego Armando Maradona, também eles campeões do mundo. Ganhe então Messi, não podendo ser Ronaldo. Pelo futebol. (Cruijff, pela conjugação do que deu ao futebol enqanto jogador e treinador, merece completar um quinteto muito exclusivo de deuses do olimpo do ludopédio.)

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11
Nov22

Os nossos convocados


Pedro Azevedo

Ao ver a convocatória do Engenheiro Fernando Santos para o Mundial alguma apreensão me assalta. Em primeiro lugar verifico não haver nenhum central esquerdino. Gonçalo Inácio poderia ter sido opção para essa posição, sendo a sua comprovada polivalência uma mais-valia numa prova tão curta. Relembro que durante a sua formação, e mesmo na equipa B, o Gonçalo foi utilizado muitas vezes como lateral esquerdo. Ora, atendendo ao histórico de lesões de Raphael Guerreiro e aos frequentes problemas musculares de Nuno Mendes, seria prudente ter um jogador que numa emergência pudesse fazer a posição. Mas o Gonçalo nem na época de ouro do Sporting (20/21), em que assumiu a indiscutível titularidade na defesa leonina, foi opção para o Engenheiro, o que nos deveria fazer pensar no que queremos para o cargo de seleccionador, que isto da mulher de César não lhe basta ser e o que parece é que lá para Carnide uma bem medida dúzia de jogos basta para ascender qualquer alma à equipa de todos os nós (não confundir com a Equipa de Todos Nós, brilhante epíteto que em boa fé o jornalista Ricardo Ornellas um dia criou para designar a nossa Selecção). 

 

Depois, no meio campo escasseiam jogadores que consigam imprimir uma mudança de velocidade, um pormenor que pode fazer toda a diferença numa competição que vai ser disputada em condições climatéricas muito exigentes e onde se antevê um grande desgaste dos jogadores. A maioria dos convocados são jogadores a diesel, com João Mário e William como expoentes máximos dessa realidade. De combustão apenas o Matheus Nunes, sem esquecer a intensidade sobre a bola do Palhinha e a rotatividade de Otávio, de Vitinha e de Bruno Fernandes. Parece-me que um jogador com as características de Renato Sanches daria um outro tipo de soluções, na medida em que abanaria com o jogo dada a sua explosão. Na frente, o Bernardo Silva deve ser deslocado para a ala direita, presumivelmente sendo alocado o lado esquerdo ao Rafael Leão, o único jogador equipado com uma caixa de ritmos, ficando Ronaldo como ponta de lança. Nesse sentido, estou em crer que a perda de Jota reflectir-se-á numa menor espontaneidade na hora de atacar a baliza adversária, o que não deixará de se lamentar. Pedro Gonçalves é uma ausência notada, ele que mesmo quando em super forma durante todo o ano só à última da hora foi chamado à Selecção para depois ser olimpicamente abandonado no banco de suplentes durante o último Europeu. Aliás, eu penso que o seu menor momento de forma tem muito a ver com a condicionante psicológica, sendo que o constante ignorar das suas boas prestações por parte do seleccionador nacional não terá contribuído em nada para lhe elevar o moral. De qualquer forma, não há muitos jogadores com a inteligência de Pote, a sua leitura do que é necessário fazer no espaço entre-linhas e a facilidade em acertar na caixa de baliza, pormenores que evidentemente foram marginalizados na escolha de Fernando Santos. Também penso que nos falta um outro tipo de ponta de lança para quando a opção for colocar Ronaldo a partir da ala. Surpreendentemente, o Seleccionador nunca deu uma oportunidade a Beto, actual quarto melhor marcador de uma campeonato do Big 5 (Serie A) a par de craques como "Kvaradona" (Nápoles), Immobile (Lazio) ou Vlahovic (Juventus). O que Beto tem, e outros não têm, é velocidade na condução de bola em transição e óptimo jogo de cabeça, características díspares que se adaptariam a diferentes contextos dos jogos. Vitinha, do Braga, é outro jogador que nem testado foi, o que não se compreende. A sua energia inesgotável poderia vir a ser muito útil no Qatar, ele que é assim como um panzer, um jogador à alemã e que erode as defesas. Tivemos em tempos um médio com características muito próprias dos teutónicos (Maniche) e não parece que esse contraste nos tenha feito nada mal. É incrível como este Seleccionador foi capaz de chamar quase uma equipa inteira do Wolverhampton e nunca deu uma oportunidade a Beto ou Vitinha no espaço da Selecção. Curiosamente, riscou agora o Gonçalo Guedes, recentemente adquirido pelos Wolves, que seria o jogador mais semelhante ao indisponível Rafa e um daqueles capazes de pôr velocidade no jogo. Opções, certamente, de quem tem muito tempo para pensar, quando a sua atenção não está focada em elisão fiscal (chamemos-lhe assim), claro, o que não é assim muito católico atendendo ao nosso modelo e condicionantes sociais.

 

PS: Entretanto, Coates e Ugarte foram confirmados nos 26 do Uruguai e Morita foi seleccionado pelo Japão. Adicionalmente, Fatawu é forte possibilidade no Ghana. Não descurando ainda a remota probabilidade de Porro vir a ser chamado por Espanha, eles são os nossos convocados para o Mundial do Qatar. 

03
Nov22

O exemplo que vem dos maratonistas


Pedro Azevedo

Quando o conjunto de objectivos por onde globalmente se mede o sucesso ou insucesso de uma temporada desportiva vai mostrando um progressivo grau de incumprimento, o normal é dizer-se que a época está perdida, que já não resta nada para ganhar. Na minha opinião, tal não é correcto. Vou passar a explicar o meu ponto-de-vista: mesmo que eventualmente nada mais haja a ganhar, há ainda muito a perder. Desde logo perda de prestígio, prejuízo e degradação da imagem da instituição, redução de valor dos futuros contratos de patrocínio ou publicidade, menores assistências aos jogos e desagregação de sócios e adeptos, caso a inexistência de objectivos crie o vazio. É, por isso, necessário que se promova um reaggiornamento, que se preencha esse vazio e se evite o limbo. Para tal, é necessário que o balneário dê sinais de reacção à adversidade, de que é possível dar a volta à situação e terminar a época de uma forma auspiciosa. Mas como motivar uma equipa que vem apresentando resultados tão deprimentes? Bom, aqui socorro-me do exemplo dos maratonistas: por volta dos 30-35 km estes são usualmente acometidos de "dor de burro", um efeito provocado pela deficiente oxigenação (mas há também quem a sinta logo no início da corrida, geralmente devido a um mau aquecimento, como será metaforicamente o caso presente). Ora, nesses momentos o maratonista deixa de se fixar na meta (objectivo) e começa a estabelecer metinhas intercalares (objectivos intermédios), do tipo Km a Km, que são como pequenas vitórias, superações, que lhe vão dando o moral para chegar ao destino final. Eu penso que é isso que Rúben e os jogadores deverão fazer, desligando todo o pensamento na classificação final do campeonato e das provas a eliminar que ainda subsistem e focar toda a atenção e dirigir todos os esforços para o próximo jogo. E depois, o seguinte. Reeditando assim o slogan do "jogo-a-jogo", jogando cada partida como se fosse uma final e assim prestigiando o símbolo do leão rampante que cada um transporta na camisola. Se isto for bem feito, o efeito carambola de motivação pode até vir a trazer-nos uma agradável surpresa no final da época. E, se ainda assim não chegar, pelo menos não se perderá mais nada do que aquilo que já ficou pelo caminho. 

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19
Out22

As causas das coisas


Pedro Azevedo

Quando se fala do actual momento da equipa de futebol do Sporting é possível fazer uma súmula das principais críticas efectuadas por sócios e adeptos. Estas são: 1) A protecção que alegadamente Amorim dá a certos jogadores do plantel; 2) A ausência de um ponta de lança matador; 3) A falta de aposta na Formação; 4) A venda não devidamente compensada (desportivamente) de Matheus Nunes; 5) A menor qualidade dos reforços; 6) A imutabilidade do sistema táctico. 

 

A meu ver as críticas fazem sentido nos 4 primeiros pontos, são apenas em parte justificadas no ponto 5 e duvido que tenham nexo de causalidade no 6º ponto. Adicionalmente, creio haver um 7º ponto, que correlaciona com o 4º, não tão falado e que eventualmente estará a ter mais peso nos resultados e exibições que quaisquer dos outros comumente apontados por sócios e adeptos. 

 

Vou passar a explicar: é certo que a insistência em Esgaio e Paulinho parece carecer de meritocracia. O lateral/ala tem cometido arros sucessivos (Braga, Boavista, Santa Clara, Marselha cá e lá...) que na sua esmagadora maioria custaram pontos e o ponta de lança ainda só marcou 1 golo (ainda que importante, contra o Tottenham) desde o início da época. Se no caso de Esgaio tal mais realça o enigma do empréstimo do jovem Gonçalo Esteves ao Estoril (ainda mais sabendo-se do histórico de lesões musculares de Porro), no que concerne a Paulinho questiona-se a razão pela qual a ida ao mercado para buscar uma alternativa não foi equacionada. Poderia ter sido para dar oportunidades a Rodrigo Ribeiro, mas não, pelo que num e noutro caso emerge a falta de aposta na Formação: não só o jovem e promissor lateral/ala deixou o plantel como a única alternativa a Paulinho (Rodrigo Ribeiro) não tem tido possibilidade de jogar. Rúben alega que o momento não é o melhor para lançar jovens, mas sendo o momento de uma equipa uma situação imprevisível no mundo do futebol pergunta-se porque então foi entendido ser Rodrigo a única alternativa a Paulinho. É-se alternativa para nunca jogar? Claro, pode sempre invocar-se a opção pelo ataque móvel como justificação, mas no ponto 7 procurarei explicar que essa opção trouxe mais inconvenientes que vantagens à equipa do Sporting. Ainda no que respeita aos jovens, só à luz de pura propaganda se entende a aposta não continuada em Dario Essugo ocorrido na época passada. Já no que se refere a Mateus Fernandes é difícil de perceber o motivo de ainda não ter sido opção, dado o actual elenco de médios. (Uma nota: Rúben diz que o momento não é o melhor para lançar jovens, mas curiosamente a única oportunidade que concedeu a Rodrigo Ribeiro ocorreu quando o Sporting já perdia por 2 a 0, em casa, contra o Chaves.) Esta tergiversão no que respeita à Formação, bem como a insistência no mesmo ponta de lança e a protecção a jogadores "preferidos", tem tido impacto nos resultados desportivos. Mas, mais até do que nos resultados, tem tido repercussão no estado de espírito de sócios e adeptos, o que faz com que o que ontem seria impensável (haver já quem veja o treinador mais como um problema do que como uma solução) hoje esteja a ser equacionado. Do meu ponto-de-vista precipitadamente, até porque não trocaria um treinador que ainda recentemente nos deu um campeonato e mostrou consistência numa segunda época completa por outro (Abel Ferreira) que pode ter ganho duas Libertadores e vir a ser campeão brasileiro esta época mas não me dá a garantia de triunfos similares no Sporting. Além disso, se li bem o que se tem passado, o que está mais a constrangir a equipa nem é da responsabilidade directa de Rúben. Passo a explicar: para mim, a saída de Matheus Nunes, pelo que individualmente valia e pela compatibilidade com o jogo da equipa/características dos colegas, não foi devidamente colmatada e está na origem directa de um jogo ofensivamente arrastado e sem acelerações e de uma maior exposição dos nossos defesas. Não é que Morita não tenha imensa qualidade (e aqui entramos no tema dos reforços), mas embora partilhe com o luso-brasileiro a técnica apurada não tem o motor nem a presença física deste. Já o jovem grego (Alexandropoulos) tem apenas o transporte de bola em comum com Matheus, pois fica bastante aquém na capacidade técnica (passe, recepção, remate, drible), explosão no arrranque (Matheus era especialmente imprevisível quando recebia de costas para a baliza adversária, rodando com igual facilidade para a esquerda ou direita) e decisão (timing de largar a bola). St Juste é um central com técnica e velocidade, qualidades que lhe permitiriam facilmente ocupar a posição de lateral. Infelizmente, cada vez mais se assemelha a um homem de cristal (lembram-se do Jeffren?) e a gestão do seu estado físico aparenta ser pouco coerente. (Apressa-se o seu regresso para depois numa perspectiva conservadora jogar o mínimo de tempo possível e ser substituído, mas muitas vezes nem a perspectiva conservadora o salva e sai novamente lesionado.) Depois há o Edwards, que é claramente o malabarista desta equipa, um jogador com grandes recursos ofensivos mas com carências que explorarei no tal 7º ponto. O inglês destaca-se de Trincão por jogar de cabeça levantada, ter um drible mais imprevisível e uma melhor decisão. Com Edwards e Trincão na equipa, Fatawu parece redundante. E ainda chegou Arthur, que impressionou no pouco tempo que esteve em campo com o Tottenham e só voltou a jogar com o Santa Clara, desaparecendo depois. Quantos aos outros, o Marsá pode vir a fazer a diferença, o Israel nem tanto. Em resumo, não creio que globalmente os reforços sejam maus. Por exemplo, o Morita é um excelente jogador de futebol e o Edwards é um extraordinário jogador de bola (futebol de rua), a precisar de mais compromisso com a equipa e o jogo. O St Juste sem lesões será muito útil e o Marsá tem uma saída de bola que impressiona. Outros há que parecem não aquecer nem arrefecer, sendo de questionar se não haveria na Formação igual ou melhor. Já Trincão não tem justificado até agora o racional da sua contratação, seja em termos absolutos ou por via da comparação com Sarabia.   

 

A alegada imutabilidade do sistema táctico muitas críticas tem valido a Rúben Amorim. Mas aqui estou com ele. Os sócios e adeptos dizem não haver um Plano B, mas a verdade é que já vi o Sporting terminar a jogar em 3-2-5, o célebre WM (exemplo: Gil Vicente, em casa, no ano do título). Além disso, várias nuances têm vindo a ser adicionadas ao nosso tradicional 3-4-3: Paulinho chegou a jogar a partir da esquerda com Slimani no meio, a lembrar o que Mourinho fez com Derlei e McCarthy  no Porto campeão europeu; Matheus passou para a meia-esquerda e Pote ficou a jogar de perfil com Palhinha; a dado momento da época passada houve uma clara intenção de dar mais dinâmica atacante à equipa, com Amorim a preterir Palhinha em detrimento de Ugarte. Em todas essas alterações notou-se a preocupação de Amorim em melhorar a equipa e/ou torná-la menos previsível, porém nem sempre resultaram. (Ainda hoje não sei se não teríamos ganho o campeonato, se o Matheus tem continuado a jogar a partir do centro e não derivado mais para a esquerda.) De notar que com o plantel actual o 4-3-3, o 3-5-2 ou mesmo o 4-4-2 seriam sistemas ainda mais desadequados a um único ponta de lança e com as características de Paulinho. Por fim, cumpre lembrar a todos os  que gostam de mudanças de sistema operadas durante os jogos que o nosso antigo treinador, Silas, mudava de sistema como quem substitui um jogador. Com os resultados conhecidos... (E é difícil alterar um sistema à terceira jornada de um campeonato e quando se trabalhou na pré-época a contar que Matheus ficasse e ajudasse a mitigar os possíveis desequilíbrios defensivos que jogadores entretanto adquiridos com menor propensão para pressionar na frente poderiam previsivelmente causar.)

 

Analisados os principais pomos de discórdia, entro agora no tal enigmático ponto 7 que imediatamente desvendarei: defensivamente a equipa comporta-se muito pior do que em 20/21 ou 21/22 por motivos muito concretos. Senão vejamos: o Sporting de 20/21 tinha Sporar como ponta de lança. Ofensivamente falhava golos incríveis, mas defensivamente trabalhava que nem um mouro. O Sporting pressionava muito à frente, no que também Tiago Tomás era bastante útil (e o raçudo Nuno Santos, que nessa era jogava lá na frente, como interior). Depois havia Palhinha, que era um polvo e disfarçava a menor intensidade de João Mário. Este acabava quase sempre substituído por Matheus Nunes, que trazia a força que começava a faltar ao meio-campo e ainda como "plus" marcava golos decisivos como contra o Benfica, em Alvalade (onde foi titular), ou ao Braga (cá e lá). Com a substituição de Sporar por Paulinho e o gradual apagamento de TT, o Sporting começou a ser mais permável defensivamente. Tal pode ser atestado pelo maior número de golos sofridos nessa segunda volta, mas também pelo desempenho na época seguinte. Ainda assim, os números eram perfeitamente razoáveis e dignos de um sério candidato ao título. Todavia, este ano tudo mudou. Para pior. E a meu ver há uma razão para isso. Com o ataque móvel passámos a ter dois dianteiros (Edwards e Tricão) que não defendem, a que acresce um Pote menos lutador que em anos anteriores. Isso poderia ter sido mitigado havendo Palhinha e Matheus Nunes. Ambos porém foram vendidos, o que justifica o mal-estar que Amorim não se coibiu de exibir publicamente. Aliás, em defesa do treinador é preciso dizer que estava bem consciente do desequilíbrio que a saída de Matheus poderia provocar, nomeadamente quando antes da sua saída afirmou preferir manter todos os jogadores a ir ao mercado. Ora, não estando em causa a valia de Ugarte ou de Morita, nenhum deles consegue impôr tanto o corpo, esticar o jogo, desgastar os adversários e regressar á posição inicial (como se estivesse ligado à equipa por um elástico) tantas vezes num jogo como o Matheus Nunes. E se o adversário tem fôlego e encontra menos oposição, então tem a sua vida facilitada, o que é inversamente proporcional à vida da nossa defesa. Acresce que o nosso jogo ofensivo também se tornou mais pastoso após a saída de Matheus, facto aliás reconhecido pelo olho certeiro de vários Leitores deste blogue. É que o Menino do Rio tirava rapidamente a bola da zona de pressão e em duas/três passadas já ameaçava a área contrária. Morita é um belíssimo jogador, mas é mais de passe e menos de transporte, o que significa que tem dificuldade em produzir jogo atacante se não tiver referências de passe, mas Matheus estava num patamar superior. Havia melhorado muito o passe frontal e o remate à baliza (aspectos da "decisão") e conciliava agilidade com técnica irrepreensível e velocidade de condução de bola. Sem ele, hoje em dia há uma inglória sobreutilização dos flancos e dos cruzamentos para um ponta de lança com características mais eufemisticamente ditas de associativas e menos de finalização nata, o qual fica a parecer pior do que é precisamente devido ao menor fluxo de jogo interior (a lentidão no transporte de bola leva ao reposicionamento do adversário e congestão da zona central, restando as alas para tentar criar o desequilíbrio). Por isso digo que a saída de Matheus desestabilizou treinador e equipa e dou mérito ao treinador por imediatamente ter percebido a falta que o Menino do Rio viria a fazer, não esquecendo que se não fosse Rúben o Matheus provavelmente ainda andaria a bater à porta da equipa A (ideia peregrina anunciada por Silas aquando da sua passagem pelo Sporting). 

 

Olhando para todos os aspectos aqui considerados e pensando eu que a serenidade voltará à acção e ao discurso de Rúben, não tenho dúvidas de que apesar da sua quota de responsabilidade na nossa actual crise ainda é o treinador que nos dá mais garantias no presente. E para o futuro, caso retorne a interrompida aposta na Formação. Creio é que os sócios e adeptos estão fartos de assistir a este jogo de espelhos, de fontes luminosas, novas ou pereira de melo citadas por jornais, por onde Direcção e treinador vêm vendendo as suas razões. Entendam-se! (É que os jogadores também assistem a estas coisas e a autoridade de quem os lidera não se pode perder.) 

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13
Out22

Tudo ao molho e fé em Deus

Atração pelo abismo


Pedro Azevedo

A noite de ontem trouxe-me à memória um velho hábito dos mineiros que consistia em preventivamente transportarem consigo para as minas um canário numa gaiola. Se o pássaro morresse, então tal seria encarado como um sinal cabal de ar rarefeito e recomendaria que se evacuasse imediatamente o local. Na vida também há momentos em que parece que nos falta o oxigénio, mas tal deve-se muitas vezes apenas a termo-nos esquecido de respirar. Como tal, a solução afigura-se simples, só que nem sempre é assim tão fácil. Na minha modesta opinião, Rúben Amorim precisa de respirar, de ganhar afastamento dos problemas e assim mais facilmente encontrar as soluções. Nesses momentos, um bom amigo (o "canário"), um daqueles que nos dizem sempre a verdade nua e crua na cara, pode ajudar. Porque só querem o nosso bem e nos dizem muitas vezes aquilo que não queremos ouvir, o que a carapaça que erguemos como defesa não permite enxergar. Essa carapaça tem a vantagem de reforçar a nossa resistência ou resiliência e o inconveniente de obrigar a sublimar as nossas convicções de uma forma em que ocasionalmente os malfadados orgulho e ego se irão sobrepor à virtuosa auto-estima. Ora, é aí que os verdadeiros amigos nos podem ser muito úteis, porque nos querem bem e nos trazem a perspectiva de quem observa de longe, e portanto de forma não contaminada pelo "ruído", e por isso capta um espectro muito mais alargado do que quem está tão tão de perto, que vê tudo desfocado. 

 

Amorim perde-se em sucessivos erros de casting. Pior, isso cada vez mais repercute-se na deriva da sua comunicação, outrora uma das suas competências mais fortes e aglutinadoras usada com maestria para passar mensagens quer de dentro para fora quer de fora para dentro. Senão vejamos: a propósito da sucessiva insistência em Esgaio, o treinador vem falar-nos de uma massa de adeptos que tem um suposto preconceito contra jogadores provenientes do Braga. Ora, eu já ando neste mundo há tempo suficiente para saber que coisas como essa existem, simplesmente tal não reflecte o sentimento da maioria. E, se não reflecte o sentimento da maioria, não é importante, não deve ser assumido, desde logo porque, se assumido, tomará a nuvem por Juno e terá um efeito Boomerang na tal maioria de adeptos que não têm esse preconceito, logo a mensagem torna-se mais desagregadora que agregadora, ou seja, não deve ser dita ou repetida por não trazer nada de positivo para a união. O que verdadeiramente preocupa os sócios e adeptos não é os jogadores virem do Braga, mas sim o não serem suficientemente bons para o nível do Sporting ou serem demasiado caros face ao seu desempenho no campo e a nossa realidade económico/financeira (a mesma que nos é vendida como justificação para a alienação dos passes de Matheus Nunes ou Palhinha). Além disso, Rúben Amorim comete um erro básico de comunicação quando nos diz que esses jogadores são sua aposta. Porque num plantel de cerca de 25 jogadores todos devem ser sua aposta, e não apenas estes dois. O que leva à legítima interrogação da razão pela qual é tão fácil para o treinador deixar cair um Vinagre ou um Jovane e não um Esgaio ou um Paulinho. Não deveriam ser todos iguais e estar a sua menor ou maior utilização dependente dos méritos demonstrados em campo? E não mereceriam todos por igual a possibilidade de redenção, caso tivessem uma exibição menos conseguida? Porque é que um Jovane, providencial na primeira meia-época de Amorim e instrumental na conquista do seu primeiro título no Sporting (Taça da Liga) e na Supertaça, tem tão poucas oportunidades? Não está o cabo-verdiano liberado pelo departamento médico há mais de 1 semana? Então, porque razão nem para o banco vai, com Amorim simultaneamente a perorar ardilosamente sobre a sua ansiedade, enquanto o mal-recuperado Porro aí tem lugar ainda que sabendo o treinador que só pode fazer 25 minutos? Eu poderia até juntar aqui as recidivas constantes de St Juste ou de Coates e pôr em causa a gestão de esforço e a forma como certos atletas são lançados em competição após lesões, mas volto a focar-me na comunicação: não se concebe que na véspera de uma deslocação a Marselha o treinador reagite a bandeira de um Sporting Europeu para depois conceder o jogo ao fim de 30 minutos. E menos ainda se entende que após admitir, em conferência de imprensa de antevisão do jogo de retorno, que a saída prematura de Edwards em Marselha foi um erro venha um dia depois a repetir a dose. O que nos faz aqui cruzar os erros comunicacionais com os erros tácticos, o terceiro problema. Para além de o nosso jogador mais criativo estar sempre a ser sacrificado e dessa punição nada resultar de bom para a equipa (vidé dois jogos com o Marselha e o jogo com o Santa Clara), também não se entende a razão pela qual Morita saiu precocemente neste último jogo para 13 minutos depois entrar o bem menos competente e experiente Alexandropoulos, uma demonstração de que o treinador se equivocou inicialmente quando operou a primeira substituição. Resistindo sempre a alterar a linha defensiva para 4, o treinador pura e simplesmente entregou os pontos, voltando mais tarde a mexer com a recorrente e incompreensível entrada de Nazinho, como se a bandeira da tardia aposta na Formação o salvasse do disparate ululante para as massas. Nem está em causa o Nazinho, mas não foi o próprio treinador que anunciou que os jovens devem ser lançados com critério? É um bom critério lançar um jovem para a fogueira? E o que se passa com os mais promissores Mateus Fernandes, Essugo ou Rodrigo Ribeiro? Será que o Mister vai continuar a invocar (Amorim dixit) o quão difícil se tornou em dois anos entrar na equipa? Realmente, dado o "altíssimo" rendimento observado a Esgaio ou Paulinho (mas poderia também aqui falar de Pote, a quem parece faltar um banho de humildade no banco ou na bancada), os nossos jovens vão ter de nascer 100 vezes para terem uma oportunidade... (Súbita e inesperadamente, as parecenças com o Mestre da Táctica realçam-se.)

 

Amorim está numa encruzilhada, mas ainda tem o crédito do campeonato nacional que deu aos Sportinguistas. Estes são na sua maioria gratos e não esquecem quem lhes deu alegrias. Mas é importante que o nosso treinador redescubra o caminho. O seu, o nosso, o do Sporting. Por isso, dirijo-me directamente ao treinador para lhe enviar um voto de confiança e uma recomendação: reflicta, procure dialogar com os mais próximos e os que gostam de si e arrepie caminho enquanto é tempo. Ninguém o vai crucificar por erros pontuais, mas por favor não repita erros básicos reiteradamente, é preciso cabeça fria e a noção de que o todo é sempre mais importante que o nosso umbigo. O seu melhor, o melhor de Rúben Amorim foi a melhor coisa que aconteceu ao Sporting nos últimos 20 anos. Esse Rúben dava-nos o presente e o futuro. Reencontre-o dentro de si e faça-nos ( e  a si) felizes de novo. Eu acredito!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Manuel Ugarte (um leão!!!)

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07
Out22

Obviamente admito-o!


Pedro Azevedo

Nos Açores o titular nas balizas deverá ser o Adán. Por uma simples razão: se a narrativa oficial é a de que a prioridade é o Campeonato, então o espanhol, pese embora o desastre da sua actuação em Marselha e as limitações inerentes ao seu jogo de pés, ainda é o guarda-redes que oferece mais garantias. Logo, deve jogar de início, até porque os sinais deixados por Israel no sul de França estiveram longe de ser animadores. [Aliás, se André Paulo mereceu a confiança de ser contratado e Diego Callai está na forja para vir a ser o guarda-redes de futuro, pouco se entende, na lógica de uma gestão eficiente dos recursos humanos e financeiros, a opção de mercado por um jogador igualmente inexperiente (apesar de já ter 22 anos) e que veio tapar os que já cá estavam.]

adan 2.jpg

06
Out22

Irritações


Pedro Azevedo

Irrita-me que:

 

1) o Edwards seja sempre o primeiro avançado a sair;

 

2) durante os jogos andemos sistematicamente a trocar de centrais (posição nevrálgica);

 

3) não tenhamos alternativas de qualidade idêntica nas laterais, no meio campo e na posição de guarda-redes;

 

4) tenhamos um ponta de lança que não marca golos e não seja dada uma oportunidade decente a outro que marca (na Youth);

 

5) a equipa não seja consistente e mais solidária no campo como em 20/21 ou 21/22;

 

6) muitas vezes os laterais sejam adaptados a centrais;

 

7) Rúben Amorim cometa alguns erros absolutamente dispensáveis (todavia, para que não fiquem dúvidas sobre a minha posição, continua a ser de longe a melhor coisa que nos aconteceu nas últimas duas décadas);

 

8) a saída de Matheus Nunes ocorrida no início de um ciclo infernal de jogos não tenha sido devidamente colmatada a fim de não se alterarem as rotinas da forma de jogar dos nossos médios/equipa;

 

9) não havendo dois jogadores de valor idêntico para a mesma posição, o suplente não seja um jovem da Formação (e quando é, não é utilizado: ponta de lança);

 

10) haja vacas-sagradas no plantel (e não estamos na Índia);

 

11) não se assuma institucionalmente que nesta época a prioridade foi a área financeira e não a desportiva;

 

12) a atestar pela quantidade anormal de lesões em treinos ou jogos-treino (Bragança, Jovane, St Juste, Adán, Paulinho, Porro), não se jogue sistematicamente de forma tão intensa como aparentemente se treina.

23
Set22

Autómatos


Pedro Azevedo

Muito se fala de formação de futebolistas e muito dinheiro é aí investido anualmente por clubes de todo o mundo numa época em que, curiosamente, o epicentro do jogo parece estar cada vez mais longe dos... jogadores. Amarrados desde muito cedo a tácticas e estratégias, bem como a espartilhos físicos, técnicos e comunicacionais, os jogadores perderam há muito o controlo do processo. Tal não deixa de ser estranho, desde logo porque no final do dia são eles que estão lá dentro, isolados, no relvado, e é a eles que cabe a tomada de decisão. Só que o jogador de hoje em dia, com raríssimas excepções, é quase um autómato. Por isso as análises aos jogos acabam invariavelmente por abraçar os treinadores e até os presidentes, e menos os outrora protagonistas do jogo. Estes são hoje a extensão do joystick da consola da playstation de qualquer treinador, formatados que estão até à exaustão. Longe vão por isso os tempos de um Garrincha, que fintava de uma forma que ninguém podia ensinar, de um Pelé, que usava as pernas dos adversários como tabelinha ou assistência para meter o esférico dentro da baliza, ou de um Yazalde, que de costas para a bola já cheirava o golo. Para não falar de um Maradona, cujo segundo golo à Inglaterra desafiaria quaisquer cânones do futebol actual e o poder do seu treinador. (Eu se fosse o Billardo tinha naquele momento despido a gravata, desabotoado o botão da camisa, retirado o fato, feito as malas e regressado imediatamente à Argentina.) 

 

Esses jogadores que faziam a diferença, que ganhavam jogos sozinhos, estão em extinção. E porquê? Porque falta actualmente a base do futebol de rua. A verdade é esta: a base hoje em dia é dada nas academias, e os novos jogadores aí formados estão desde muito cedo sobre a égide de treinadores com ambição de fazerem carreira no futebol profissional. Estes, com a vontade de controlar todo o processo, acabam por transformar os jogadores em robôs de decisão padronizada. Porque onde ontem havia ousadia, hoje em dia há medo. O medo levou à aversão ao risco, ao horror ao erro, como se o erro e a aprendizagem que daí se retira não fosse fundamental ao crescimento de qualquer indivíduo. Daí a cultura de posse de bola, um meio que na cabeça de alguns virou um fim. Por isso, os treinadores que potenciavam a criatividade do jogador, homens como César Nascimento, Ferreirinha ou Óscar Marques, foram substituídos por burocratas encartados com nível para expropriar e colectivizar o talento individual. É como se uma Cortina de Ferro tivesse invadido o futebol e a classe de treinadores fosse agora o poder totalitário. Poder que será quão maior quanto menor for a autonomia do jogador de futebol dentro do campo. Restam porém meia-dúzia de irredutíveis, para gáudio da urbe que ainda tem paciência para se deslocar às bancadas de um estádio de futebol.  

robô.jpg

19
Set22

Adaptações


Pedro Azevedo

Sempre que se adapta um jogador a uma posição que não lhe é natural não só se corre o risco dessa desadequação desequilibrar a equipa como também se está a transmitir aos substitutos naturais para essa posição que não contam. É, por isso, uma opção a evitar, porque mesmo que resulte há sempre algo que tem a ver com a coesão de um grupo que se perde. Ademais, adaptar um ala a lateral é diferente de encaixá-lo como central. Um ala tem rotinas de corredor, actua predominantemente em espaços exteriores, enquanto um central tem outra cultura de preenchimento dos espaços interiores. Além disso, se para o actual sistema de Rúben Amorim (3-4-3), a posição de ala se confunde com a convencional posição de lateral (típica do 4-3-3), ter um central com 1,72m parece mirífico perante as exigências do futebol actual. Acresce que o jogador em questão já havia comprometido o ano passado nos Açores, o que não recomendaria uma nova experiência nessa posição. Bem sei que o Sporting e os Sportinguistas muito devem a Rúben Amorim e isso não deve ser posto em causa. Mas é preciso evitar que a continuação deste tipo de erros tão óbvios que adquirem uma forma ululante venha a comprometer no futuro uma avaliação globalmente muito positiva, diria até brilhante, do seu trabalho. 

esgaio.jpeg

12
Ago22

Samuel e Fran


Pedro Azevedo

Dos jogadores mais interessantes da Primeira Liga que vêm escapando ao radar dos Grandes destaco o Samuel Lino e o Fran Navarro. Ambos coexistiram no Gil Vicente na temporada passada - algo de muito bom o clube de Barcelos anda a fazer em termos de scouting... - , constituindo uma dupla de forte propensão goleadora. 


Lino é um avançado móvel que geralmente parte da esquerda para o centro à procura de combinações ou de utilizar o seu remate colocado de pé direito. Além disso, defensivamente dá-se à equipa, fechando a sua ala e pressionando não apenas com os olhos. Tem golo nos pés. 

Navarro impressiona pela qualidade das suas movimentações e último toque na bola. É um finalizador nato, com bom jogo de pés e de cabeça, muito frio na hora de enfrentar os guarda-redes. 

Surpreendentemente, ou talvez não, o Atlético de Madrid antecipou-se aos nossos Grandes e levou o Lino. Fala-se que para ser emprestado e rodar noutro clube nesta época.  Navarro permaneceu em Barcelos até agora. Pergunto aos Leitores: não seriam 2 jogadores (Lino cedido) interessantes para o nosso clube? 

PS: Bem sei, para a posição de Lino (interior) já temos Edwards, Trincão,Rochinha e o inevitável Pedro Gonçalves, mas destes só Pote mostra a vocação goleadora do ex-gilista, que além do mais seria ideal num sistema de 3 avançados móveis. 

09
Ago22

Uma pedrinha de gelo


Pedro Azevedo

Não tomo um whiskey há mais de 20 anos mas recordo-me que o novo sugeria a aplicação de uma ou duas pedrinhas de gelo. O facto veio-me à memória a propósito do jogo do Sporting em Braga. Por 3 vezes tomámos a dianteira no marcador, por 3 vezes o Braga acertou-nos o passo. O que é que nos faltou, então? Na minha opinião foram as tais pedrinhas de gelo. Porque o nosso jogo foi muito "heavy metal", sempre a rasgar, faltou-lhe temporizações, esconder a bola, situações que ajudassem o adversário a desgastar-se sem posse. Na verdade, no nosso plantel não abundam esses jogadores cerebrais que põem gelo no jogo. Certamente o Bragança, mas está lesionado. Porventura o Morita, mas saiu precocemente. Talvez o Pote, mas conviria o Ruben tê-lo recuado para a linha de médios. Sem esse tipo de solução individual, teria de ser a equipa a resolvê-lo colectivamente. Mas aí faltou uma maior aproximação entre os sectores. Terá sido do desgaste da intensidade do primeiro jogo da época? Ou será que a estratégia de esticar o jogo esboçada pelo Braga partiu a nossa equipa ao meio? Para quem viu no sofá, o Sporting pareceu amiúda um harmónio descompassado, muitas vezes todo aberto aquando dos ataques braguistas. E isso foi-nos fatal. 

Parece um paradoxo, não é (?), mas na Pedreira ao leão faltou uma pedrinha. De gelo. 

06
Ago22

Mr. Hide


Pedro Azevedo

Hidemasa Morita é até ver a grande contratação do Sporting para esta temporada. Calmo, com olhos de falcão, Mr. Hide distingue-se pela segurança dos seus passes rasteiros de primeira que sucessivamente vão quebrando as linhas do adversário. Dotado de uma técnica perfeita, Morita bem poderia ter adoptado o estilo exuberante de Oliver Tsubasa, o herói das "mangas" nipónicas dedicadas ao futebol. Mas não, o japonês é um jogador de equipa e por ela sobrepõe a discrição de processos ao brilharete individual. Como tal, até pode escapar ao olho menos atento do adepto puramente emocional, sempre tentado a louvar os malabaristas da bola, porém não nos iludamos: já dizia Cruijff que jogar simples é o mais difícil no futebol, e o Morita fá-lo, com quilos de classe, ou não fosse ele um craque, um senhor jogador do mundo do ludopédio. Atenção a Mr. Hide!!!

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