Tudo ao molho e fé em Deus
Derrota com moral
Pedro Azevedo
Com Rúben Amorim ganhamos sempre, mesmo quando perdemos. No passado, o Sporting perder era previsível, hoje passou a ser determinístico, obedece a uma causa. Sabemos quando podemos perder, e até ousamos perder para podermos ganhar diferentes coisas: novos jogadores, experiência, foco, humildade, pés bem assentes na terra. Uma causa assim é justa: perdemos hoje rumo à vitória final. Além disso, deixamos de banalizar a vitória. Vencer exige trabalho, concentração e organização permanentes. As vitórias alimentam-se a si próprias, acrescentam aos factores que conduzem ao êxito porque dão um moral que eleva a parte mental para o nível do físico, técnico e táctico. Mas também podem conduzir à soberba, atribuirmos a nós próprios um valor acima do real. A derrota tem o condão de nos fazer reflectir, rever processos, crescer. Por isso também é importante perder, nomeadamente quando a derrota não tem impacto no atingir de objectivos. Escolhendo criteriosamente o momento da derrota, mais perto estaremos de alimentar o sonho de vitória. E ganhamos tempo. Tempo de recuperação para jogadores fatigados, tempo de jogo para os menos utilizados, antecipação do lançamento de jovens. E prevenimos contratempos: lesões e impedimentos disciplinares. Pensando bem e analisando todos os factores, o Sporting goleou ontem à noite em Amesterdão. É que se há vitórias que são à Pirro, também há derrotas que deixam um sabor doce na boca. Este, aliás, é o paradigma do novo Sporting: deixámos para trás o tempo das vitórias morais (derrotas injustas) e encaramos o novo tempo das derrotas justas e que dão moral (e ensinamentos). Procurando nas derrotas identificar os problemas que depois de solucionados nos levam às vitórias. Se isso só pode acontecer perdendo, percamos então com estilo. O que me leva à seguinte interrogação: não terá sido o 1-5 com o Ajax a nossa maior vitória da época? No fim se verá, mas hoje tudo leva a crer que sim...
Tenor "Tudo ao molho...": Ugarte