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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

17
Mar23

Tudo ao molho e fé em Deus

Contra os Canhões marchar, marchar


Pedro Azevedo

Desde que o Arsenal nos coube em sorteio que alguma coisa me dizia que iríamos passar. À primeira vista, tal pensamento seria puramente emocional, de um emocional nada confundível com o conceito de inteligência relacionado que Goleman, Boyatzis e McKee anunciaram ao mundo e, portanto, potencialmente néscio. Mas, à medida que ia descascando as camadas epidérmicas dessa emoção, ia descobrindo razões além da não-razão evidente, e assim acalentando o sonho. Que o Arsenal liderava (e lidera) o melhor campeonato do mundo era um facto conhecido de todos e razão suficiente para ponto final, parágrafo, a eliminação do Sporting estar entregue ao Criador. Mas depois havia o histórico favorável do Sporting contra equipas inglesas e a sensação de que tendo uma grande equipa - só uma máquina bem oleada poderia dominar uma Liga onde coexistem os gigantes do noroeste de Inglaterra (United, City e Liverpool) - e muito bons jogadores, não possuía aquele tipo de craques à escala planetária, ditos fora de série, capazes de só por si desequilibrarem um jogo renhido. Ou seja, via mais o Arsenal como uma equipa consistente do que de galácticos, e assim mais de Campeonato do que de Taça(s). Ainda assim, tudo teria de correr extraordinariamente bem para que tivessemos uma hipótese de discutir a eliminatória. E correu! Quer dizer, uma pessoa vive mais de 50 anos na esperança de que aquele chapéu do Pelé ao Viktor (Mundial de 70) finalmente entre na baliza checa e de repente vê o Pote de Ouro a fazê-lo com aquela inconsciência típica dos predestinados e fica sem fôlego. Aquilo foi o pináculo da perfeição, a Capela Sistina transposta para um campo de futebol, um traço de sagrado em algo que é iminentemente pagão. E, por isso, rimo-nos, esse sorriso reproduzindo uma faculdade só concedida entre todas as espécies aos humanos, quiçá também esse um rabisco de sagrado atribuído por Deus aos mortais e assim oferecido a nós, Sportinguistas, naquele preciso momento. A um golo que mais pareceu ter sido gerado no Céu teria de corresponder um Adán de nome bíblico e actuação imaculada, sem pecado original porque é de Redenção que aqui falamos. Dele e do Sporting, novamente a brilhar na Europa numa época em que domesticamente as coisas não têm estado a correr nada bem. Mas não foram só Pote e Adán a iluminar a noite londrina: St Juste, o nosso Flying Dutchman, tirou bilhete de primeiríssima classe e voou baixinho no Emirates, muitas vezes escapando aos radares ingleses; Diomande, qual veterano, fez soar os carrilhões de Mafra sobre os britânicos de cada vez que estes se abeiravam da nossa linha defensiva (a ele competiu o papel habitualmente desempenhado pelo capitão Coates) e Ugarte, bem, Ugarte foi o Atlas que transportou o mundo leonino às costas nos bons e maus momentos, organizando e procurando sempre jogar pelo chão, que não é por acaso que não há relva no Céu. Havendo justiça no futebol, o Sporting deveria ter ganho a eliminatória no tempo regulamentar. Mas tivemos de ir a prolongamento, onde a falta de profundidade e traquejo do nosso plantel se fez sentir um bocadinho. Sobrevivemos e fomos para penáltis. Aí ajudou bastante termos um guarda-redes que também é craque a jogar à moeda, primeiro escolhendo a baliza e depois a bola, pelo que seria perante os nossos adeptos que haveria de negar o golo a Martinelli, garantindo uma vitória entretanto alicerçada na destreza de 5 jogadores que apontaram certeiramente às redes. No fim, tudo acabou em bem. Foi um dia de glória para o Sporting e para a "leoninidade", neologismo à medida de um tempo em que é preciso agregar (o "aggiornamento") e empolgar a enorme maioria silenciosa de adeptos. Agora, há que aproveitar os ecos desta retumbante vitória e construir um edifício sólido europeu assente nesta primeira pedra. É essa a responsabilidade que herdamos, mostrando que a eliminação do Arsenal não foi um fogacho mas sim um meio para atingirmos um fim só por uma vez alcançado há 59 anos. Eu acredito!

 

Contra os Canhões (Gunners) marchar, marchar...

 

P.S. Enquanto não ganhamos a Liga Europa, vamos coleccionando candidatos ao Prémio Puskas. Depois de Nuno Santos e de Pote, no espaço de 4 dias, já só falta a FIFA escolher o terceiro golo a concurso. Fica então o hat-trick marcado para 2 de Abril, data em que receberemos o Santa Clara. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Antonio Adán

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13
Mar23

Tudo ao molho e fé em Deus

Quando o futebol é arte


Pedro Azevedo

Uma letra vale mais do que mil palavras...

 

Nos últimos anos surgiu uma corrente de pensadores universitários, logo seguida por um movimento de treinadores, que pretendeu afirmar o futebol como uma ciência. Quem não se lembra, por exemplo, do Mestre da Táctica e das suas jactantes elucubrações baseadas no denodado trabalho de investigação do Professor Manuel Sérgio? Mas é indubitavelmente como arte que o futebol se reconcilia com o espectador e este com o jogo. Porque mesmo numa era em que ao marketing é requerido que envelope a assistência a um jogo como uma experiência, ninguém que se desloque a um estádio está à espera que essa experiência envolva pipetas, tubos de ensaio ou o azul de tornassol. [Exceptuando o Luis Filipe Vieira, que acusou azul no papel tornassol quando exposto a condições básicas (Alverca) e depois mudou para vermelho (Benfica) e ficou com uma certa acidez.] E até os incendiários, que também os há infelizmente nos campos de futebol, optam pelo very-light ou petardo antes de se comoverem com a chamazinha que emana do Bico de Bunsen. 

 

Se é o futebol-arte que nos anima a alma, ninguém que tenha visto a recepção do Sporting ao Boavista pode ter dado o seu tempo como mal-empregue. E a razão principal tem um nome: Nuno Santos. O destaque dado ao Nuno é curioso, porque aqui e noutros fora tanto lhe tem sido gabado o empenho e concentração competitiva como reclamada a falta de criatividade. Mas uma coisa é a técnica, que o Nuno tem de sobra, outra a habilidade específica no 1x1 (o drible), que não é a especialidade do nosso jogador. Embora a base de um bom jogador seja a recepção, o passe e o remate, por vezes a revienga, o engano, salta mais à vista. Mas são mais olhos que barriga. A verdade é que a técnica também pode ser criativa, e o Nuno ontem provou-o abundantemente. Candidato ao Prémio Puskas, o seu remate de letra foi arte pura, pelo que de uma certa forma o jogo terminou aí, as suas restantes ocorrências, do mesmo modo que a hora ou o local onde foi disputado, apenas servindo para enquadrar esse glorioso momento que tanto prestigiou (justificou?) o futebol. E como a esmerada expressão artística é também uma sublime forma de inteligência, a execução do Nuno mostrou uma inteligência prática. Porque, se o futebol é tempo e espaço, o nosso ala esquerdo poupou o tempo que demoraria a puxar a bola para a sua canhota e aproveitou o pouco espaço disponível com aquele toque de magia. Depois de há uns tempos atrás já nos ter deliciado com uma assistência para golo executada com igual perícia. Inspirado, ainda lhe saiu uma trivela na direcção da baliza, mas os deuses devem ter achado que já era de mais - além do golo épico, adicione-se uma assistência para... autogolo - e fizeram subir ligeiramente a bola. 

 

Gostei bastante da atitude do Sporting durante todo o tempo. O resultado só não foi superior porque continuamos a falhar nos detalhes, especialmente na precisão dos cruzamentos e no timing de soltar a bola por parte dos médios, que por vezes engasgam desnecessariamente o jogo. Apesar de algumas limitações técnicas, estou convencido de que temos um grande ponta de lança em construção em Alvalade. O Chermiti dá apoios frontais, como no lance do primeiro golo, procura a profundidade, desloca-se lateralmente, pressiona alto, nunca está parado. E arrasa uma defesa com as suas movimentações, abrindo espaços para os colegas. O nosso jogo torna-se muito mais fluido, alegre e produtivo. Só lhe faltam mais golos para ser o "Cherminator". Ah, e o Paulinho marcou. Pelo terceiro jogo consecutivo, provando-se que a concorrência é um bem em qualquer actividade. E quem o serviu, quem foi? O Esgaio. Terá sido a revolta dos "patinhos feios"? Ainda vamos a tempo de os ver como cisnes? Que continuem, que por mim está bem assim!

 

Tal como o Herman, parodiando o Baptista Bastos a propósito do 25 de Abril, no futuro muitos Sportinguistas entre si perguntar-se-ão onde estavam no dia em que o Nuno Santos fez "aquela" obra de arte. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Nuno Santos. Who else? Edwards e Ugarte continuam em grande nível. Coates está a subir de forma. Diomande impressiona no passe e condução de bola. Israel revelou atenção entre os postes e bom jogo de pés. 

 

P.S. No dia da obra prima do Mestre, a prima do mestre-de-obras que é a "apitagem" portuguesa voltou a pintar... a manta. De negro. Penálti claro por marcar sobre Trincão. 

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09
Mar23

Tudo ao molho e fé em Deus

Canhões de pólvora seca


Pedro Azevedo

O Johan Cruijff, que sabia uma coisa ou outra sobre o jogo e não consta que tivesse uma doença oftalmológica, costumava dizer que nunca tinha visto um saco de dinheiro ganhar uma partida de futebol. Produto das escolas do Ajax, ele havia visto crescer uma equipa da formação do clube que para os obcecados do Transfermarket não teria qualquer hipótese na Europa. Porque o país não tinha história no futebol mundial, e assim a cotação dos miúdos era perto de zero. Até que a equipa se mostrou ao continente, marcando desportivamente a década de 70 e influenciando as décadas futuras. Ora, por falar em décadas, é "décadente" tanto se ouvir falar de orçamentos. Na antevisão do jogo, na televisão ou rádio, todo o papagaio falava que o plantel do Arsenal valia 3 ou 4 vezes mais do que o do Sporting. Evidentemente, isso não levava em linha de conta que no futebol inglês as cotações estão muito inflacionadas, daí a progressão geometrica que se verifica na cotação dos nossos quando se começa a falar em transferências para Inglaterra. Em todo o caso, o assunto era dado como encerrado: o Sporting estava condenado, faltando saber por quantos golos perderia. Custa a crer como nos demos ao trabalho de ir a jogo...  

 

Bom, mas isto aconteceu antes do jogo. Ou foi o pré-jogo, o jogo falado, aquele que precede o jogo propriamente dito e serve como barómetro da mentalidade do nosso clube e dos nossos adeptos. Porque, depois, olhos nos olhos e equipa adversária bem estudada, o Sporting teve tudo para ganhar. Bastaria para tal que o Paulinho tivesse marcado o terceiro e o Morita não fosse alvo de uma carambola provavelmente concebida nas trevas. Sim, esse minuto 62 marcou a transição entre a ilusão de tocar no céu e a ameaça de descida ao inferno. Ficámos então pelo purgatório, o que é um meio termo. Até à próxima quinta-feira, o que apesar de tudo é um prazo razoável para uma vida estar em suspenso. 

 

Quanto ao jogo jogado, o elevador de St Juste esteve sempre lá em cima, foi o melhor em campo. O meio campo aguentou-se como pôde, e se não pôde mais foi porque o plantel não tem jogadores que ofereçam garantias ao treinador nesse sector do campo para poderem entrar a substituir os titulares. Edwards impressionou enquanto teve pilhas, constando na ficha dos nossos dois golos, e o Trincão voltou à sua irrelevância. O Paulinho marcou um golo de oportunidade, mas falhou outro cantado, isolado perante o guarda-redes. Tive pena de não ver o Chermiti mais cedo em campo, mas, como o Transfermarket só lhe atribui 3 milhões de euros de valor, os nosso adeptos devem ter ficado aliviados por lhes terem poupado a humilhação de o mostrar muito tempo àqueles colossos bem-valorizados que o Arsenal aqui mostrou. Uma palavra para o Matheus Reis, que condicionou bem o Saka. E outra para o Inácio, com os cumprimentos ao Fernando Santos (parece que já o estou a ver a marcar por Portugal à Polónia...).

 

O Arteta não ponha o Odegaard e o Trossard, não, e vamos ver a  surpresa que a segunda mão lhe reservará. Enquanto houver vida, haverá esperança. E Transfermarket, respirem fundo os negacionistas (da história do clube) do costume. (Os nossos jogadores acreditam, e serão eles que irão a jogo.)

 

P.S.1: O Diomande jogou com a mesma naturalidade com o Arsenal e o Portimonense, não se intimidou com nomes. Aí está o exemplo de alguém que não é puxa-saco (de dinheiro)...


P.S.2: O Maguire custou quase 100 milhões de euros ao Manchester United e eu não trocaria uma perna do Gonçalo Inácio por ele.  

Tenor "Tudo ao molho...": St Juste

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17
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Ornatos de Ponta de Lança


Pedro Azevedo

"Ouvi dizer que o nosso amor acabouPois eu não tive a noção do seu fimPelo que eu já tenteiEu não vou vê-lo em mimSe eu não tive a noção de ver nascer um homem (Chermiti) (...)

 

(...) (Agora a parte em que entra o Espadinha, desconhece-se se à estalada)

O estádio está desertoE alguém ecoa o teu nome (Paulinho) em toda a parteNas casas, nos carros, no (Leonel) Pontes, nas ruasEm todo o lado essa palavraRepetida ao expoente da loucuraOra amarga, ora docePra nos lembrar que o amor é uma doençaQuando nele julgamos ver a nossa cura" - adaptação livre de "Ouvi Dizer", dos Ornatos Violeta

 

Desde a "Antiguidade Clássica" de Rúben Amorim no Sporting que a nossa equipa se vê grega em inferioridade numérica no meio campo. Primeiro com Matheus e Wendel, depois (época do título) com Palhinha e João Mário (34 jogos) e Matheus (39 jogos) sempre pronto a entrar quando o diesel do agora benfiquista chegava ao fim (o que não acontece agora quando Morita "dá o berro"), na temporada passada com Palhinha e Matheus (e Ugarte como opção). Mas havia Palhinha e/ou Matheus, dois super-heróis com poderes especiais que valiam por três jogadores, pelo que a aritmética desfavorável só era absolutamente nítida quando enfrentávamos outros super-poderes na Europa. Havia risco, sim, mas controlado. Só que agora não há Palhinha. Nem Matheus. Há Ugarte e Morita, que são bons mas humanos, não caíram no caldeirão da poção mágica em pequeninos como o Obelix nem foram banhados no rio sagrado como o Aquiles. Sem Morita, Amorim decidiu desafiar ainda mais os deuses e as probabilidades e deixou o uruguaio sozinho no centro do campo. Muitos vê-lo-ão como uma imprudência, eu tomo-o como uma tentativa de homicídio. Passo a explicar: a esforçar-se desta maneira, se não morrer entretanto, o Ugarte acabará a carreira como um ancião aos 25 anos. E, até lá, não haverá uma companhia de seguros disposta a vender-lhe sequer uma apólice de saúde, quanto mais de vida.   

Vem a "Antiguidade Clássica" de Amorim no Sporting a propósito do seguinte silogismo aristotélico: Rúben afirma frequentemente que o futebol é o momento. Ora, em grande momento estava o Chermiti, com golos, assistências e arrastamentos para golo. Assim sendo, o Chermiti deveria ontem ter sido titular. Mas não, em vez do silogismo triunfou o associativismo. E o Paulinho é que foi a campo. É o amor de perdição de Amorim, o Camilo até já escreveu sobre isto. Restará saber se em prol do associativismo não os veremos em simultâneo a deixar Alvalade. Com o Esgaio e o Trincão a transportarem as malas à saída. Talvez então o Rúben se liberte da escuridão e não mais renegue a realidade como ela é, embora quem despreze Aristóteles também possa nada aprender com um  seu mentor (Platão, aluno de Sócrates e autor da Alegoria da Caverna).

 

Outra coisa que me intriga é o início de construção da nossa equipa. Há quem lhe chame saída de bola, mas no nosso caso é mais "saída de barra". É que as chuteiras do Adán devem ter sido feitas na Lisnave, ali bem perto de onde o rio desagua no mar...(Temos aqui um caso paradigmático de construção naval, tanta é a água que se mete no processo, razão pela qual esta temporada vamos permanecer em doca seca... de títulos.)

 

Andamos quase todos aqui às voltas com a vontade de recuperar o melhor Amorim (esse pelo menos fez-nos campeões, que garantias nos darão os que se seguirão?) que até nos esquecemos das responsabilidades de Frederico Varandas. É que bom presidente não é o que passa a perna ao treinador ao vender-lhe o Matheus, bom presidente, sim, é o que estende a mão ao treinador e despacha o Paulinho para longe, para as arábias ou assim, onde se poderá associar com os camelos de duas e uma bossa (dromedários) e assim aprender como armazenar energia, conhecimento que lhe poderá ser muito útil na hora de rematar à baliza. [Em tirocínio, ontem até me pareceu vê-lo a transportar qualquer coisa (seria a bola?) nas costas.] Com a ajuda do super-empresário Mendes, pois claro, que vender seca (de golos) no deserto não deve ser tão fácil quanto "enganar ingleses" com o Bruno e o Matheus, ao melhor estilo do Zezé Camarinha. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Manuel Ugarte, qual Atlas a levar às costas o mundo do leão. 

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25
Jan23

Tudo ao molho e fé em Deus

Paulão, o lado B de um leão


Pedro Azevedo

Muita controvérsia tem havido à volta de Paulinho. Psicólogos, sociólogos, tudólogos, diantólogos (nome que se dá aos estudiosos da ciência do ponta de lança) e adeptos em geral vêm-se debruçando ao longos dos últimos anos sobre a carreira deste homem um dia nascido em Barcelos (o que já em si é galo, como se sabe). Devido ao elevado preço da sua contratação (16M€ por "cabeça, membros e pernas", ou seja, cerca de 70% do seu corpo, mais os ordenados do Gozão de Higgs), o Paulinho tem sido visto em certos meios como um avençado centro, um tipo caro e que anda lá nos meio dos defesas adversários, que factura pouco em frente à baliza e assim quase não emite recibos verdes (o que faz com que o valor de cada um desses recibos seja uma exorbitância). Mas isso é no campeonato, porque na Taça da Liga o Paulinho é um valor seguro, ou não fosse a competição patrocinada pela Allianz. Entra então em cena o lado B do Paulinho, o Paulão. Com o Paulão, o Sporting não deixa só de ter um problema grave no ataque, deixa também de ter gravidade no seu ponta de lança. É como se as forças centrífugas que o puxam para o fundo (chão) se invertessem e se transformassem em forças centrípetas que lhe elevam o patamar competitivo, não parando de fazer golos. A continuar assim, o Fernando Peyroteo que se cuide, já só faltam 497 golos para superar o melhor goleador mundial de todos os tempos. 

 

A relação do Paulinho com a Taça da Liga é um "case-study". No Sporting, já tivemos avançados com um apetite especial para certos jogos ou competições. Por exemplo, o Lourenço, que marcava muito ao Benfica, ou o Tiuí, que resolveu uma Taça de Portugal porque o Vukcevic amuou, o Paulo Bento não gostou, e ele lá teve que entrar. Mas eram casos e situações pontuais. Porém, com o Paulinho há toda uma continuidade, como o provam os 20 golos já apontados na Allianz Cup. Espero assim que o seguro nunca morra de velho e a Taça da Liga nunca acabe, porque o Paulinho precisa dela e nós podemos sempre necessitar de salvar uma época. 

 

Grande primeira parte do Sporting, que merecia uma vantagem bem mais ampla no marcador. Ironia do destino, por pouco não chegávamos ao intervalo em desvantagem, cortesia de um golo de placa de Antony Alves Santos, que, fazendo jus ao seu homónimo saudoso radialista e comentador desportivo, fez um tento com grande pertinácia. Só que os deuses do VAR anularam-no por alegada infração anterior e do consequente livre o Sporting passou para a dianteira. Inesperadamente, na primeira metade do segundo tempo a nossa equipa aburguesou-se, deixou de pressionar alto e perdeu intensidade. A tal bipolaridade de que fala o nosso treinador. E sofremos um golo, de um palestino que rompeu a faixa de gaze colada a adesivos que é actualmente uma defesa com Matheus Reis (pôs em jogo o avançado arouquense nesse lance e, em outro imediatamente anterior, quase lhe oferecia um golo) e antecipou-se a Adán na pequena área, servido por um Alan Ruiz que recuperou a tradição de jogadores dispensados pelo Sporting se evidenciarem posteriormente contra nós, uma longa história que inclui protagonistas como Wender, João Alves (sem luvas, Braga), o próprio Manuel Fernandes e o inevitável Wilson Eduardo, entre outros. 

 

O jogo caminhava para o fim e para os penáltis, mas o espírito competitivo de Nuno Santos e a inusitada codícia goleadora de Paulinho combinariam para uma desmarcação no limite do fora de jogo e golo ao primeiro poste do nosso matador. Um golo à Fredy Montero, dir-se-ia. E assim o Sporting fugiu à lotaria das grandes penalidades e habilitou-se à sorte grande que será jogada contra o Porto, a não ser que Jorge Costa dê uma de Viriato e da revolta subsequente não haja Roma que valha ao Papa

 

Tenor "Tudo ao molho...": Paulinho

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16
Jan23

Tudo ao molho e fé em Deus

Uma época em time-sharing


Pedro Azevedo

Se virmos o jogo de hoje por um jogo, um empate na Luz será sempre um resultado positivo. Contudo, se virmos o jogo por um campeonato, não ganhar no estádio do Benfica foi o canto do cisne, o adeus às armas, o fim da ilusão. Tudo, porque hoje jogávamos também pelos 15 jogos anteriores onde devíamos ter jogado mais e não jogámos sequer o suficiente. Por isso, jogávamos contra o tempo perdido no passado e a favor de ganharmos tempo no futuro, a fim de que a época não terminasse já no que ao título diz respeito. Nesse sentido, falhámos, pelo que, como prémio de consolação, restar-nos-á a luta pela Champions, também ela com contas muito complicadas, a 8 pontos do Braga e a 7 do Porto, respectivamente 2º e 3º classificado neste momento. Pela Champions jogaremos também para que a transferência de Matheus Nunes faça o mínimo sentido do ponto de vista financeiro, porque vender um jogador por um preço sensivelmente igual ao que eventualmente se deixará de arrecadar numa prestação decente na próxima edição da Liga Milionária não terá qualquer nexo. Financeiramente, porque desportivamente não restam dúvidas a quase ninguém de que o acto foi altamente lesivo e está a afectar sobremaneira a nossa prestação, e o palco da Luz, onde o luso-brasileiro pintou a manta na época passada, não me deixa mentir. Bem sei, o treinador que há em Varandas já veio dizer que "é uma patetice" correlacionar a saída de Matheus com a nossa prestação nesta temporada, mas, se perguntarem a Amorim, estou convencido de que a coisa para ele terá menos de patética do que de fatal. 

 

Hoje empatámos, mas podíamos até ter ganho. Só que nos voltou a faltar um golpe d´asa de Trincão no ataque e atrás falhámos em quase toda a linha. Coates à parte, bem entendido. Porque Inácio deu a frente a Ramos no primeiro golo e Reis, no segundo, deu a frente, as costas e o lado ao mesmo jogador, em suma, abriu uma autoestrada. Os outros avançados cumpriram, com Edwards a originar a abertura do marcador e Paulinho a cavar inteligentemente um penálti que só o Artur Soares Dias e o Guerra d´A Bola TV não viram. Os médios também estiveram bem, o Pote influente nos golos e o Ugarte a dar tração à frente. Pedro Porro esteve melhor do que Nuno Santos, mas também não foi por aí que não fomos além no resultado. 

 

O presidente que há em Amorim lançou Chermiti para o jogo. E jurou que não virá mais nenhum ponta de lança, caso o Youssef renove o seu contrato com o clube. Entretanto, quem já renovou foi o Rodrigo Ribeiro, que era para ser a primeira opção a Paulinho e continua a exibir-se em bom plano na bancada. E depois há ainda o caso daquele jogador que contratámos em time-sharing, o St Juste, com quem procuramos bater o record mundial de substituições de centrais durante os jogos de uma só época. O holandês, que joga sempre bem no pouco tempo que está em campo, dá-nos habitualmente 30 minutos, o resto do tempo cede o espaço.  E eu vou fazer o mesmo, cedendo este espaço aos Leitores. Boa semana! (Pensando bem, a nossa época toda tem vindo a ser realizada em time-sharing, com a nossa equipa cedendo o seu tempo e espaço aos super-Marítimos desta vida, que logo depois são goleados em Vizela, e o Amorim ocupando pontualmente a presidência da SAD do clube.)

 

"Mais que nada... o Bah, o Bah, o Bah" - Adaptação livre da canção do Sérgio Mendes

 

PS: Livre indirecto contra si próprio? Nunca tinha visto um árbitro obstruir um jogador (Ugarte) num lance de golo, mais uma originalidade da "apitagem" nacional. (A arbitragem portuguesa é um constante desafio às regras do International Board.) 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pote

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08
Dez22

Tudo ao molho e fé em Deus

Pescaria de rio, pescaria de mar


Pedro Azevedo

Ontem convenci uns nómadas digitais a trocarem o teclado por uma cana de pesca. Juntos, seguimos até às ruas de Alcântara, à pesca do achigã. Bom, saímos de lá com o saco cheio(!), razão pela qual já só vi um resumo do nosso jogo, tão resumido quanto o conteúdo desta crónica que aqui Vos trago. Os nómadas ficaram satisfeitíssimos, tanto que até sugeriram atrair para Lisboa outros tão nómadas quanto eles quando toca a não pagar impostos (ou apenas a taxazinha do achigã). A ideia pareceu-me boa, menos para o achigã, claro. O meu medo é que este acabe, porque depois quem se lixa é o mexilhão... Enfim, o que eu não faço pelo modelo de desenvolvimento(?) do meu Portugal...

 

Quem também alinhou na pescaria foi o Sporting. Mas no mar, mais concretamente em Vila do Conde. O Paulinho deitou a minhoca à água por 4 vezes mas acabou com o saco vazio. O Trincão não quis ficar atrás e logo devolveu ao oceano a faneca que tinha no anzol. No fim salvou-nos um peixe que faleceu por vontade própria ao atirar-se para o nosso barco. Isso e a cana do Inácio, que se passou dos carretos e apanhou um outro. 

Bom, peço-vos desculpa mas tenho o Uber Aquático a tocar-me aqui na balsa. Obrigado e um abraço para todos. 

01
Dez22

Tudo ao molho e fé em Deus

Muda aos 3 e acaba aos 6


Pedro Azevedo

O Sporting Clube de Portugal defrontou uma sua filial, o Sporting Farense. Uma filial é como um filho, no caso o nº 2 (o de Tomar é o primeiro), e um pai deve dar sempre bons ensinamentos aos seus filhos, prepará-los para o futuro. Vai daí, ao Farense foi dada uma lição que se espera tenha servido para que na próxima época possa jogar com(o) gente grande. Por falar em gente grande, o jogo de ontem fez-me lembrar o estranho caso de Benjamin Button: enquanto, no Sporting, os muito jovens Marsá e Mateus Fernandes jogaram que nem veteranos, na baliza do Farense esteve um Velho, que pareceu tão jovem que aguentou até aos 90. E seguro, apesar dos 6 golos encaixados. (Bem diz a sabedoria popular que o seguro morreu de Velho...)

 

A partida também me trouxe à imaginação os tempos de escola e as peladinhas em que se mudava de campo aos 3 para acabar aos 6. Mas com postes em vez de malas e uma outra diferença: na escola, geralmente havia guarda-redes avançado, enquanto no jogo de ontem o Sporting nem teve guarda-redes. Pelo menos foi a sensação com que fiquei, que, quando os farenses atacavam, o campo afigurava-se-lhes tão, tão grande como do Campo Grande a Israel... 

 

Com tanta juventude em campo e a época natalícia a chegar, não se estranhou que tenha entrado em cena o Pai Natal, o original e não o da Coca-Cola, aquele que se veste de verde e branco. Para quem nele acreditar, claro. Logo, os mais velhos se aperceberam de que era o Paulinho, que se fartou de distribuir presentes por espectadores e até pelos colegas. Mais individualista, o Edwards deu-nos a sua última actualização de mini-Messi, o que também não esteve nada mal. Com tudo a correr tão bem, até foi possível vislumbrar o Pote de Ouro no final do arco-íris. Foi de sonho, tão de sonho que julguei ver o cavaleiro Arthur a fazer da redonda o seu reino. E ainda houve tempo para o Jovane desentorpedecer as pernas (e as sinapses) e para o Mateus assumir na hora H. (Provavelmente será por isso que insistem em escrever o nome dele com um "h", sabendo que a virtude está no meio.)

 

Agora é esperar que a estes bons princípios, perdão, reinícios se sigam boas continuidades. Até 2026. (Uma vez que havia que substituir as VMOCs, ao menos que tenha sido por algo ou alguém que já mostrou valer a pena.)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Paulinho

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23
Out22

Tudo ao molho e fé em Deus

O triunfo do indeterminismo ontológico sobre a Lei de Murphy


Pedro Azevedo

Há momentos na vida em que parece que perdemos o controlo da situação por muito que trabalhemos para inverter o rumo das coisas. É como se houvesse uma transferência total daquilo que depende de nós para o domínio do divino e Deus nos estivesse a tentar ensinar uma qualquer lição que provavelmente só um dia na eventualidade de chegarmos à Sua presença haveremos de compreender na sua plenitude. Como não temos o telefone de Deus e não podemos esperar por respostas que só os anos nos trarão, precisamos de viver o presente pelo que resta-nos continuar a lutar. (Porquê, desconhece-se o propósito, desconfiando-se no entanto que o seu contrário não seja uma alternativa.) E porventura adicionar algo de novo, porque trabalhar muito nem sempre significa trabalhar bem e, ainda assim, "água mole em pedra dura tanto bate até que fura" (um adágio popular preenche satisfatoriamente o vazio gerado quando o indeterminismo ontológico começa a patinar e até já duvidamos da existência do livre-arbítrio). 

 

Pensei em tudo isto enquanto revia na TV a visita do Casa Pia ao nosso Estádio José Alvalade, porque confesso que as incidências do jogo em tempo real haviam-me apanhado em dois momentos distintos: entre umas migas de espargos com carne de alguidar e um copo de tinto para acamar, o primeiro tempo, e docemente desfrutando da cereja em cima do bolo (mais concretamente, da ameixa a derreter no topo da sericaia), a segunda parte. (Há muito tempo que não via um jogo do Sporting em diferido, mas o bom do Alentejo é que o tempo lá tem o seu próprio tempo de uma forma que, tal como o seu céu mais estrelado, nos permite ver melhor as coisas, mesmo aquelas que não são dos astros mas mexem com o nosso astral.) 

 

Pois é, caro Leitor, segundo incialmente ouvi e posteriormente vi com uma avidez mais própria de um São Tomé, o Sporting dominou superiormente o jogo do princípio ao fim. Mas iam sucedendo-se coisas incríveis, como o Edwards não acertar a baliza quando a um palmo do poste ou o ex-leão Ricardo Baptista emular um Sepp Maier de ébano uma mão cheia de vezes, pelo que que não surpreendeu que Alvalade voltasse a ser terreno fértil para a aplicação da Lei de Murphy: foram só duas as vezes que o Casa Pia se abeirou da nossa baliza, e se na primeira ameaçou na segunda marcou - Um a Zero para os gansos ao intervalo.

 

Para o segundo tempo o Amorim decidiu mudar alguma coisa. Não é que o Sporting estivesse a jogar mal, pelo contrário a equipa havia feito provavelmente a melhor primeira parte deste campeonato, mas, lá está, por vezes é preciso mudar alguma coisa só porque sim ou apenas porque a justiça divina caprichosamente assim o exigirá no seguimento dos apelos dos adeptos Sportinguistas terem chegado ao céu (esta premissa não se aplica obviamente a quem manda no futebol português, a quem dá jeito mudar alguma coisa para que tudo fique precisamente igual). E então entrou alguém da Formação, no caso o Chico Lamba, que até nem é titular das nossas equipas jovens. (Mas o que interessa isso quando o nosso único propósito é agradar a Deus, mudar a nossa sorte e fazê-lo mostrando um livre-arbítrio que não vá totalmente em desencontro com os misteriosos desígnios do Senhor? Nada, na verdade.) E depois avançou o Paulinho, que é o que temos de mais próximo de um ponta de lança quando o Coates está indisponível e logo empatou o jogo. (Enquanto o Rúben se deleita com os móveis, os 3 avançados móveis, os adeptos recorrem ao divã de um psicanalista, assistem aos jogos no sofá ou atracam-se terapeuticamente à escrivaninha a escrever textos do Castigo Máximo, o que também são 3 móveis) 

 

E depois? Bom, depois veio o Nuno "Coração de Leão" Santos e adiantou-nos no marcador com um remate geometricamente irrepreensível, após serviço de Porro. Não tardou até que uma das investidas com que secretamente o Messi se disfarça de Edwards redundasse em falta na área e do penalty consequente o Pedro Gonçalves encontrasse o Pote de Ouro. A noite era agora de festa, tal como o futebol sempre deveria ser, ganhando ou perdendo, e alguns "jovens" cabecilhas leoninos com os velhos pensamentos de sempre - eles estão sempre lá e isso eu respeito, mas é a tal história de trabalhar muito ou trabalhar bem, além de que continuar-se-ão a chamar a si próprios de jovens mesmo no dia em que visitem o estádio em andarilho - insistem em confundir com desordem e desrespeito pelo clube e pelas normas instituídas. [Eu sei, a rebeldia é própria dos jovens, mas é autofágica quando aplicada contra a nossa ca(u)sa.]

 

(Assim terminou um jogo em que o indeterminismo ontológico prevaleceu sobre a Lei de Murphy, com o Rúben a cumprir com a sua parte.)

 

P.S. Pensando bem, o problema do Trincão é capaz de ser o excesso de livre-arbítrio...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Porro. Menções honrosas para Morita, que deixou o duplo-pivô e foi um "8" puro, Edwards e Nuno Santos. 

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