Sporting sempre!
Pedro Azevedo
Em tempos não muito idos escrevi sobre este tema e, até pela actualidade do clube, a ele agora regresso (penso que) com propriedade. É que mal tivemos tempo de saborear a vitória na Taça da Liga e já voltámos a entrar em crise. Desde o Bonfim (que não fez jus à sua fonética) que as coisas não nos correm bem e o nosso sentimento tem oscilado entre a indignação (Setúbal), humilhação (Benfica, em Alvalade) e/ou resignação (Benfica, na Luz). Se uma derrota com o rival de sempre nos abala o ego, imagine-se duas. E na mesma semana! Creio, no entanto, que este é o momento de dizermos presente: é quando as coisas não nos correm bem que precisamos mais de apoio e percebemos quem efectivamente gosta de nós. Então, mostremos o carácter de que somos feitos e apoiemos o clube nesta hora complicada - não pelo Filipe, o José, o Luis, o Bruno ou o Frederico, mas sim pelo Sporting - , começando por comparecermos massivamente nos estádios e pavilhões onde o nosso símbolo do leão rampante se exibir.
Eu peço a todos para reflectirem naquilo que é a verdadeira natureza do amor. Como um dia disse o poeta, o amor é ferida que dói e não se sente, um contentamento descontente, fogo que arde sem se ver, um não querer mais do que bem querer. Por vezes, também, desilusão que "converte em noite o claro dia". É neste último estádio do amor que estamos presentemente. Tudo nos parece cinzento e, a cada novo amanhecer, receamos que o Céu nos caia em cima da cabeça. Vivemos numa angústia permanente. O paladar não é o mesmo, o sono é perturbado, estamos em choque. É nestes momentos que o nosso amor é posto em xeque. Por motivos que os sociólogos um dia explicarão, na esmagadora maioria dos casos, a natureza do amor a um clube de futebol é incorruptível. Mudamos de emprego, de cidade, de país, de casa, de carro, até de mulher ou de marido, mas não mudamos de clube.
Só pode ser por amor. Quantos fins-de-semana calendarizados ao milímetro para neles caber um joguito? Quantas alvoradas precoces no emprego a fim de conseguir despachar o trabalho e sair a tempo do jogo europeu? Quantas discussões com a cara-metade pelo controlo do comando da TV? Quantos jantares arruinados pela ansiedade? Voltando ao início, é claro que compensa. Afinal, o amor é entrega sem esperar nada em troca e, quer queiramos quer não, apesar de tudo, o nosso Sporting dá-nos muito, a começar pela resiliência, perseverança, fé inabalável, atitudes comportamentais que nos ficam para a vida.
Por isso, seremos SPORTING sempre!!!