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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

09
Nov19

Rugido de leão?


Pedro Azevedo

À margem da Gala Rugidos de Leão, Frederico Varandas falou aos Sportinguistas presentes. E não resistiu, uma vez mais, a utilizar linguagem imprópria de um presidente do Sporting Clube de Portugal, um regresso a um passado recente que se julgava erradicado no nosso clube. Deixando de lado a mais do que óbvia estratégia política inerente ao seu posicionamento, o mundo que se pode observar através daquilo que diz Varandas é demasiado simples, nele coexistindo o bem (ele e os sócios que legitimamente assistem a tudo isto em silêncio) e o mal (um contingente não determinado de sócios Sportinguistas), um tipo de maniqueísmo absolutamente primário nos antípodas da promoção da união. Só isso (e o não saber estar) justifica que se aproveite uma ocasião festiva para brindar sócios do Sporting com epítetos como "velhos esqueletos de sempre", "papagaios", "patetas" ou "idiotas úteis". Se é isto que significa pôr o Sporting acima dos interesses pessoais...

 

Durante a sua alocoção Varandas defendeu a celebérrima Estrutura, dizendo que "foi a mesma que no mercado de Janeiro deste ano promoveu a saída de 3 jogadores e a contratação de 4, manobra absolutamente decisiva para as conquistas dos títulos de 2018/19". Ora, há aqui demasiadas imprecisões e uma importante revelação. Comecemos pela "promoção" da saída de 3 jogadores: então não tinha sido Nani a querer sair como a Comunicação do clube aliás pretendeu fazer passar? Depois, as imprecisões: Nani e Montero saíram após a conquista da Taça da Liga, troféu onde a acção do na época capitão leonino foi essencial, ele a quem Keizer no decorrer do jogo da final viu lhe serem atribuídas diversas funções no terreno, começando como ala e terminando a jogar por detrás do ponta de lança. Logo, quanto muito a acção no mercado terá redundado na conquista de 1 troféu. O resto é subjectivo e, como tal, não factual. Há quem possa considerar que foi devido a Ilori, Borja, Doumbia ou Luíz Phellype que se ganhou a Taça de Portugal, mas os números mostram que Bruno Fernandes, Bas Dost e Renan, jogadores que já estavam no clube, foram decisivos nessa caminhada. Para além de Raphinha, Coates, Mathieu, Acuña, Gudelj ou Ristovski, outros dos mais utilizados nessa campanha vitoriosa.

 

De seguida, o presidente leonino falou na necessidade de dizer a verdade e das dívidas que teve de pagar. No entanto, e volto a ser factual, olhando para o último R&C da sociedade verificamos que a rúbrica Fornecedores, referente a passivo corrente, aumentou para 48M€ em Junho de 2019 (44M€ em Jun 2018). Igualmente, a rúbrica Fornecedores referente a passivo não corrente (+ de 1 ano) cresceu para 14M€ em Junho de 2019 (+6,7M€ em Jun 2018), ou seja, em apenas 1 ano a dívida a Fornecedores subiu 11,3M€, pelo que se depreende facilmente que a constituição de nova dívida foi muito superior aos pagamentos de dívida antiga, mesmo após a antecipação de 65 milhões de euros de receitas da NOS (a propósito a conta DO apresentava apenas 3,3M€ em Junho de 2019). 

 

Varandas queixa-se também de ter tido de fazer um plantel com menos 10 milhões de euros do que custava o da época passada, algo que só se poderá atestar à medida que vierem a ser publicados os Relatórios trimestrais. Uma coisa é certa, omitiu que investiu 40M€ em novas aquisições desde Janeiro de 2019 (facto), um valor de investimento substancialmente mais elevado ao do período de Sousa Cintra (facto), comprando em quantidade à medida que se ia desfazendo de qualidade (subjectivo, mas apoiado nas estatísticas). 

 

Perante um investimento desta ordem de grandeza, o segundo maior da história do Sporting num só ano (só aquém dos 63,7M€ de BdC no decurso da temporada de 2017/18), Varandas lamentou "não ter podido reforçar o plantel como tinha inicialmente preparado", o que não deixa de ser extraordinário após 40 milhões de euros e 14 jogadores contratados. De seguida, o presidente leonino alegou que teve de optar pelo que era melhor para o Sporting em detrimento de ceder ao populismo, justificando assim não ter comprado um ponta de lança. Isto depois de ter investido 8,7M€ em metade do passe de Vietto  e cerca de 11M€ nos passes da dupla Rosier/Camacho (mais a oferta de Mama Baldé), para além de ter pago só pelo empréstimo do "avançado centro" Jesé a módica quantia de 2M€...

 

Voltou a repetir que a temporada passada foi a melhor dos últimos 17 anos, uma falácia. Isto é, tendo a época passada sido um motivo de alegria para todos os Sportinguistas, ou, pelo menos, para todos os Sportinguistas que vibram com o sucesso do clube independentemente das individualidades que o dirigem, ficou ainda assim aquém de uma temporada de Paulo Bento com Filipe Soares Franco como presidente (2007/08), em que o Sporting venceu Taça de Portugal e Supertaça e classificou-se em 2º lugar no campeonato nacional, apurando-se assim para a Champions. Isto para além de outras 3 temporadas do mesmo consulado em que o 2º lugar no campeonato foi sempre obtido e em que alternadamente Taça de Portugal ou Supertaça foram conquistadas, registando-se ainda a presença em duas finais da Taça da Liga, ambas perdidas nos mesmos penáltis que nos sorriram na época passada, sendo que uma ficou marcada pelo assinalar de uma inacreditável grande penalidade ao jogador Pedro Silva nos minutos finais de um jogo em que o Sporting se preparava para levantar o troféu. Ora, seja por via dos resultados desportivos, seja por via do impacto financeiro da presença da Champions (nunca menos de 25M€), está bom de ver que pelo menos uma dessas temporadas foi mais conseguida do que a época passada, sendo certo que pelo menos em 6 anos ficámos classificados em segundo lugar na prova de regularidade do calendário nacional, o campeonato. Sem esquecer que Varandas não atribuiu quaisquer méritos a Cintra e à Comissão de Gestão que deixaram o clube em 1º lugar (é certo que após apenas a 4ª jornada) e seguraram alguns importantes activos, ou à base de jogadores herdada da anterior Direcção. 

 

Chegou então a pior parte do discurso presidencial, aquela em que voltou a ser mal-educado para com os Sportinguistas. Falou nos "velhos esqueletos de sempre", em "papagaios que nunca fizeram nada na vida e que põem a sua agenda pessoal acima dos interesses do Sporting enquanto estão sentados ao lado de quem representa os nossos rivais". Disse ainda que os nossos rivais se riem "dos patetas e dos idiotas úteis que fazem o trabalho sujo que eles nem precisam de fazer". Bom, aqui estou em desvantagem em relação ao presidente do Sporting porque não me passa pela cabeça utilizar a linguagem despudorada usada por ele. Como tenho vindo a ser critico do presidente do Sporting, embora não enfie a carapuça sinto-me na necessidade de esclarecer algumas coisas à laia de declaração de interesses dado que já é comum Varandas fazer processos de intenção sem concretizar exactamente quem são os seus alvos, assim pondo todos os que não lhe prestem reverência no mesmo saco. Deste modo, importa dizer algumas coisas: ao contrário do actual presidente que, primeiro como médico, depois como director clínico e finalmente como presidente da SAD, tem vindo há vários anos a ser remunerado, este sócio há 39 anos do Sporting nunca recebeu um tostão do clube. Por outro lado, quem pelos vistos se senta com os rivais é o presidente, pois disso informou toda a nação leonina quando se referiu aos elogios que sistematicamente recebia dos nossos concorrentes, elogios esses que deveria ponderar se são genuínos. Tal como muitos outros sócios tenho um percurso profissional que não envergonha ninguém e que não se enquadra de todo no ofensivo "não ter feito nada na vida". Para além de sempre ter contribuído escrupulosamente para o Estado, impostos esses que permitiram reforçar a dotação para a Defesa Nacional e, concomitantemente, ajudar a pagar o curso de medicina que o Dr Varandas tirou na Academia Militar e que lhe permitiu exercer medicina privada fora do exército e ainda ter visibilidade e tempo para se candidatar a presidente do Sporting. 

 

Finalmente, uma nota: tenho na minha família diversas pessoas que serviram as forças armadas portuguesas. Dois deles passaram pelo cativeiro, sofrendo agruras em campos de concentração inimigos em cenários de guerra. Uns seguiram o serviço regular, outros foram milicianos, alguns foram condecorados pela bravura demonstrada, todos sempre demonstraram um elevado sentido do dever, orgulho patriótico e uma humildade e despojamento desarmantes. Através deles conheci outros militares que praticaram actos heróicos, todos igualmente com grande comedimento no que concerne a referirem-se a esses acontecimentos. Ao contrário do Dr Varandas, que não perde uma oportunidade de nos mostrar que foi um herói em terras afagãs...  

 

Repito o que disse há uns dias: são tantos os nós que Varandas ata para "unir" o Sporting que temo que o clube acabe estrangulado. Estranha forma de vida esta...

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