Na na na na na não!?
Pedro Azevedo
"When the music`s over"...
Já vinha pré-anunciado no meu Post anterior e é agora uma realidade: Bas Dost vai sair do Sporting. Inclusivé, no meu esboço de plantel para esta época havia admitido vendê-lo desde que por um valor superior a €20 milhões.
Não é que não goste de um jogador que connosco marcou 93 golos em 127 partidas, olho é para as contas da SAD, para a redundância de contratações sem qualquer sentido e percebo que não há milagres. Com um défice estrutural anual de cerca de 60 milhões de euros, ir ao mercado comprar 11 jogadores desde Janeiro - já nem falo do Lico, Ronaldo e Wang, ou Tang, ou lá o que é... - só pode ser uma brincadeira, na medida em que não só nos constringe ainda mais a tesouraria como aumenta o peso das amortizações nos Resultados, valor que se encontrava nos €8 milhões em Junho de 2014 e que agora, 5 anos depois, deverá andar já acima dos €30 milhões (28 milhões de euros em 30 de Junho de 2018). Tenho vindo a tentar alertar os Sportinguistas sobre as consequências desta política desportiva que se assemelha (em compras em quantidade) à praticada na temporada de 2016/17, mas talvez agora este acontecimento-choque alerte para o real estado das nossas contas e para a necessidade emperiosa de se apostar na Formação, sob pena de, não o fazendo, termos de vender a SAD para não fechar as portas. O mais curioso é que, apostando na Formação, poderíamos ter os tais jogadores que fazem a diferença. A continuar neste caminho, teremos uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma.
Está em marcha aquilo que eu previa: gradualmente vamos assistir à venda dos nossos melhores jogadores a fim de tapar o buraco financeiro agravado pelas compras. Aqueles serão substituídos por jogadores de classe média/baixa com os quais o nosso desempenho desportivo se irá sucessivamente deteriorar. É evidente que tudo teria sido diferente se tivessemos apostado na Formação - melhor ou pior, não me parece inferior aos que chegaram desde Janeiro - e procurado no mercado 1 ou 2 jogadores que pudessem fazer a diferença, conseguindo-se assim compatibilizar na folha de pagamentos os jogadores mais caros do plantel, nomeadamente Dost que tinha um vencimento muito elevado (ainda assim de cerca de 1/7 do valor gasto em transferências este ano). Não foi o caso e agora, depois dos 35 milhões de euros investidos (fora as comissões ainda não reveladas do Mercado de Verão) em 11 jogadores, dos quais apenas 1 é titular (Doumbia), corremos o risco de ainda ter de vender mais alguém, com um dos 3 melhores jogadores da equipa (Acuña) à cabeça. E isto se Bruno não vier ainda a sair.
Não sei qual o valor de venda de Dost e repugnam-me estas "coincidências" de nas vésperas destes acontecimentos serem postas a circular notícias sobre custos adicionais com empresários, etc. Gostaria, sim, que quem estivesse à frente do meu clube o pusesse sempre em primeiro lugar. Em termos genéricos, penso que não precisamos da Comunicação para defender pessoas, mas sim o clube. Só espero que essas notícias não sirvam para nos fazer compreender que Dost tinha de ser dado, para que assim se pudessem pagar salários...
Quero confiar, pelo menos, que a venda do holandês permita que se compre o avançado móvel e letal na área de que necessitamos. Estranho é não ver Gelson Dala na convocatória (cheia de defesas e médios) para o Braga, ele que tem essas características e só precisa de um treinador que lhe dê confiança. Afinal, porque razão se travou o empréstimo do angolano ao Antuérpia de Boloni? Para não o ter num jogo importante para nós, quando só Luíz Phellype está disponível? E Pedro Mendes, para que serve? Enfim, a celebérrima aposta na Formação que está a caminho. Por um caminho de cabras, é certo.
Termino, desejando a Bas Dost as maiores felicidades. Gostaria de lhe deixar um singelo tributo, pois sempre me emocionou a sua alegria no campo, o seu companheirismo (procurando logo os colegas após os golos) e o seu profissionalismo. Ele parecia genuinamente feliz de estar connosco! Bas Dost sempre foi um senhor, assim continuando mesmo após o drama de Alcochete, em que ele foi o nosso atleta mais violentado. Regressou cheio de ganas, mas após a lesão não voltou ao mesmo nível. Mais do que vítima de um sistema que não o favorecia - marcou muitos golos nos primeiros tempos de Keizer - , nos últimos tempos parecia não tão transbordante de alegria. Talvez já estivesse a sentir os empurrões. E não me refiro àqueles que ocorrem na grande área...
Obrigado Bas Dost! (E que continues a "dostar" por aí.)
P.S. Seria interessante alguém analisar o rácio de golos por remate de Bas Dost e compará-lo com o de outros "artistas do golo". Dost nunca teve muita bola na área, mas quando a bola lhe chegava era quase sempre letal.