Mitos da bola (1) - Bernabé Ferreyra
Pedro Azevedo
- "Então você é que é A Fera?" -, inquiriu-o um dia Carlos Gardel.
- "Não, maestro, o senhor é que é A Fera quando canta." -, respondeu ele.
Modesto, Barnabé Ferreyra, de cognome "La Fiera", "Morteiro de Rufino" ou "Rompe redes", foi um jogador argentino dos anos 30, ainda hoje recordado pela potência do seu remate. O seu pontapé de canhão tornou-se lendário ao serviço do River Plate, facto para o qual muito contribuíram episódios como o ocorrido com Fernando Bello, guarda-redes do Independiente, que ao defender um penalty seu partiu os dois pulsos, desmaiando de seguida. Noutra ocasião, no Superclássico contra o Boca Juniors, marcou o golo decisivo na recarga a um tiro tão potente que ao acertar no estômago do guardião "xeneize" (Arico Suárez) o deixou ko. Era tal a sua fama que antes e depois de cada jogo seu, e durante o intervalo, os altifalantes do estádio dos "Milionários" ecoavam um tango composto em homenagem a este artilheiro implacável.
Bernabé Ferreyra marcou 232 golos em 228 jogos, para o campeonato argentino, pelo Tigre e River Plate (187 golos em 185 jogos), sendo até hoje um dos 3 únicos sul-americanos, conjuntamente com o peruano Valeriano López e o brasileiro Arthur Friedenreich, a conseguir uma média superior a 1 golo por jogo. Um Peyroteo do futebol argentino, embora longe da média estratosférica do insuperável ídolo leonino.