Longe de Alvalade
Pedro Azevedo
Faz hoje 25 anos que morreu Ayrton Senna da Silva, o meu ídolo no automobilismo. Com o seu desaparecimento, a Fórmula 1 para mim nunca mais foi a mesma. Ainda pisquei o olho a Mansell, flirtei com Montoya e achei piada a Verstappen, mas não há amor como o primeiro, nem nenhum piloto como o brasileiro que até aos dias de hoje tenha conseguido tão bem conjugar um coração gigante, que lhe permitia colocar o seu carro em espaços improváveis, com um instinto e uma perícia únicas de condução.
A minha relação com a F1 é hoje ocasional. Um alívio para os mais próximos, na medida em que o sofá à frente do televisor foi trocado por programas familiares de Domingo. Tal deveu-se à rotina (e aborrecimento) das corridas, motivada pela submissão com que os pilotos contemporâneos aceitam o poder da máquina. Muito diferente da obstinação com que Senna o desafiava. Assim foi no Mónaco, em 1984, ao volante de um modesto Toleman, quando só um esbracejante Prost condescendeu Jacky Ickx, director da corrida, a interromper o Grande Prémio mais molhado de que há memória, impedindo assim a vitória mais do que certa de um velocíssimo Ayrton que lhe ganhava 4 segundos por volta, após ultrapassar, um a um. todos os pilotos que se posicionavam à frente do seu 9º lugar inicial na grelha de partida. Também o foi no Estoril, em 86, quando deu 1 volta de avanço a todos os pilotos classificados a partir do terceiro lugar (e 1,20 minutos ao segundo colocado), mesmo que o seu carro (Lotus) estivesse longe de estar entre os melhores do pelotão.
Para sempre Senna!