Juventude inquieta
Pedro Azevedo
Oitavos-de-final da Taça da Liga inglesa. Palco: Anfield Road. De um lado o Liverpool, do outro o Arsenal, dois gigantes do futebol inglês. Resultado final: 5-5 (o Liverpool venceu nos penáltis). Dez golos, dez jovens até 20 anos espalhados pelas duas equipas, um hino ao futebol, uma grande noite para a afirmação de um ponto e desconstrução de certos mitos. Nos "reds" tivemos Kelleher (20 anos), Neco Williams (18), Sepp van den Berg (17), Harvey Elliott (16), Rhian Brewster (19) e Curtis Jones (18). Nos "gunners" jogaram Joe Willock (20), Bukayo Saka (18), Gabriel Martinelli (18 anos, 2 golos) e Mattéo Guendouzi (20). Incrível ver o rendimento destes meninos no meio de consagrados como Milner, Oxlade-Chamberlain, Origi, Ozil, Mustafi ou Bellerin. Se fosse para os lados de Alvalade estaríamos a falar que não se devem "queimar" etapas, em integração progressiva (código futebolês para 2 ou 3 minutos de jogo), etc. Impossível não pensar no paradoxo disto tudo: a liga mais competitiva e mais intensa do mundo põe estes miúdos a jogar a este nível sem nenhum problema, desenvolvendo-os e preparando-os para os desafios; em Portugal onde o tempo útil de jogo é dos mais baixos de toda a Europa os miúdos não estão prontos. E nunca estarão, se não jogarem...
P.S. Por favor, vejam esta conferência de imprensa de Jurgen Klopp, um dos meus heróis no futebol, que sabe gerir um plantel e não hesita para tal em dar oportunidades aos jovens. Enquanto se lhes referia, não pude deixar de me lembrar de Malcolm Allison, o nosso Big Mal.