João Almeida, o nome da rosa
Pedro Azevedo
Gosto muito de ciclismo e sou um grande fã das grandes voltas velocipédicas (Giro, Tour e Vuelta), em especial das suas etapas de alta montanha. Vivenciei o ocaso de Merckx e a emergência de Hinault, os duelos entre Fignon e Lemond, o domínio de Indurain e a ascensão e queda de Armostrong. Nesse sentido, a edição deste ano do Giro não me tem passado ao lado. Hoje, Castigo Máximo surgirá durante o dia com um fundo rosa em homenagem a João Almeida, ciclista português que acaba de igualar o recorde de Joaquim Agostinho do ciclista português que mais dias se manteve na liderança de uma grande Volta. Deste modo, realçar o feito de João Almeida é também evocar o "Tino de Brejenjas", o melhor ciclista luso de todos os tempos e grande vulto da história do nosso Sporting Clube de Portugal. Acontece que Agostinho, para além de dois pódios consecutivos no Tour, liderou durante 5 dias a Vuelta de 74, corrida que haveria de perder por apenas 11 segundos para o espanhol José Manuel Fuente entre acusações de erro dos cronometristas. Ora, com o fim da etapa de hoje (a 8ª da prova), João Almeida, ciclista de apenas 22 anos, termina assim o seu quinto dia consecutivo na posse da "maglia rosa", a camisola que distingue o líder do Giro de Itália, uma competição inspirada pelo jornal Gazzetta dello Sport que é célebre pela sua impressão em papel cor de rosa. A fazer a sua primeira grande volta, o ciclista das Caldas da Rainha é a mais recente esperança de Portugal voltar a ter um especialista em provas de 3 semanas. É certo que até já tivemos um campeão do mundo, Rui Costa, mas o ciclista que actualmente representa a UAE nunca mostrou a necessária resistência em provas longas. Característica, aliás, que ninguém pode jurar que João Almeida tenha, na medida em que nunca foi testado em competições que durassem para lá de 1 semana. Ainda assim, a liderança do Giro fica-lhe muito bem e será bonita enquanto durar. Parabéns ao João, eterno saudade pelo Agostinho.