Equipa B
Pedro Azevedo
Eu julgo ser importante haver uma Equipa B, tal como a existência dos Sub-23 e os empréstimos a clubes da Primeira/Segunda Liga ou do estrangeiro. Mas receio que estejamos a ver a coisa a jusante e não a montante. O pecado original é a não-aposta nos nossos jovens, venham eles da Alemanha, do Rio Ave, dos juniores, da Liga Revelação ou da Ledman LigaPro. E é isso que tem de mudar.
Olhemos para outra escola de Formação com créditos firmados, a do Ajax. Existe uma política de aposta na Formação, de desenvolvimento interno de jogadores, que não está dependente de haver melhores ou piores fornadas. Com mais ou menos talento, esses jogadores incorporam desde tenra idade a filosofia do clube e a sua forma de jogar. Chegam à equipa principal e, mesmo quando não são geniais, são competentes no que fazem. Como tal, com períodos de maior ou de menor brilhantismo na Europa, o Ajax anda sempre lá em cima no campeonato holandês e tem um modelo de negócio sustentável que lhe permite vender só quando o preço é irrecusável.
Portugal é um país que apostou muito no desenvolvimento de infraestruturas rodoviárias. Muitas delas sobrepuseram-se de uma maneira infernal, a expensas do contribuinte. A mim parece-me que a realidade do Sporting é semelhante: estamos muito preocupados em criar auto-estradas onde os jogadores possam ganhar rodagem, mas depois o acesso a casa é um caminho de cabras cheio de buracos, pelo que acabamos por não colher o que investimos.
A nossa filosofia de vida é que deve determinar as nossas opções do dia-a-dia. Caso contrário, tudo revelar-se-á infrutífero, porque os meios são apenas isso, meios, não fins. Gostaria muito que se pensasse serenamente nisto.