El Loco Bielsa e o triunfo do futebol-champanhe
Pedro Azevedo
Dezasseis anos depois de ter sido relegado da Premier League - uma queda acentuada após a meia final da Champions que havia disputado em 2001 - , o histórico Leeds United regressa à elite do futebol inglês. Aos comandos um treinador pouco resultadista, conhecido essencialmente pelo aroma de bom futebol que as suas equipas exalam em campo.
Curiosamente, no ano em que o Leeds desceu de divisão (2004) Marcelo Bielsa havia conseguido o último título da sua carreira. Aconteceu nos Jogos Olímpicos de Atenas, onde a Argentina arrebatou a medalha de ouro.
Mais tarde, em 2012, o treinador argentino acabaria por se encontrar com o nosso Sporting. Foi na meia final da Liga Europa e o seu Atlético de Bilbau acabou por nos eliminar de uma competição onde tivemos o momento de brilhantismo de afastar o todo poderoso Manchester City.
Em Elland Road desde 2018, El Loco Bielsa parece finalmente ter encontrado a estabilidade que lhe faltou ao longo da sua carreira, muitas vezes vítima de presidentes imediatistas. Para tal muito também terá contribuído a paciência do empresário Andrea Radrizzani, actual dono do clube, que resistiu a despedi-lo quando o Leeds falhou a promoção que parecia certa na recta final da época passada.
Pressão alta, defesa subida e agressiva e jogo posicional a partir de trás são alguns dos princípios que muitos treinadores hoje põem em prática e que tiveram como referência nomes como Cruijff ou Bielsa. Para o argentino, tal como para o holandês, ganhar nunca foi o suficiente, jogar bem sim. Jogar bem como a forma ideal de ganhar, simultaneamente divertindo as pessoas quando o jogar bem se conjuga com o jogar bonito, eis a fórmula de Bielsa. Por isso, a vitória do Leeds no Championship não pode ser encarada apenas como o sucesso de Bielsa, ela é o triunfo do futebol feito a pensar nos espectadores, a razão de ser de tudo. Obrigado Marcelo!