Contra os Canhões, marchar, marchar
Pedro Azevedo
Hoje há jogo grande em Alvalade, um daqueles desafios que fazem justiça à história do nosso clube. O Sporting nasceu para isto, para os grandes palcos, os duelos de suster a respiração, o medir forças com os maiores da Europa. Não será fácil, obviamente, mas a ambição expressa no lema do nosso fundador tem de estar lá, razão pela qual nada devemos temer.
Este Arsenal faz muito lembrar o nosso Sporting de 2020/21. Na Premier League é o "underdog", mas não se tem dado nada mal. Assim, lidera um campeonato onde tem como contendores os 2 gigantes do noroeste inglês, Manchester United e Liverpool, um dos principais novos-ricos do futebol mundial, o Manchester City, e os rivais londrinos, Chelsea e Tottenham. O segredo do seu sucesso está na sociedade das nações que se estabeleceu a meio campo entre o músculo de Partey, o cérebro de Xhaka e a criatividade de Odegaard, uma parceria em que o ganês faz com que todos à sua volta sejam melhores, o suiço traz intensidade e caixa de rirmos e o norueguês encontrou o habitat certo para quem é um mestre em descobrir espaço entre-linhas por onde solta o génio da sua lâmpada. Um caso paradigmático da máxima de que o todo é superior à soma das individualidades, três jogadores que estavam a ficar aquém do talento que cedo lhes apontaram mas ligaram instantaneamente nos "Gunners" (canhões). Não se pense, porém, que o Arsenal se fica por aí. Não, a equipa torna-se especialmente perigosa quando a bola chega aos pés de Saka, um ala imprevisível, veloz, habilidoso e com golo. Também as movimentações radiais de Trossard são temíveis, assim como o vai-vem constante de Martinelli no corredor. (Do meio campo para a frente, esta é a melhor equipa do Arsenal, mas com a luta na Premier ao rubro é possível que haja alguma gestão do plantel.)
Para vencer o Arsenal, o Sporting tem de ter bola. Apesar de fazer falta no ataque, a eventual inclusão de Pote no meio campo permitir-lhe-á estabelecer um dueto central de jogadores cerebrais com Morita, reforçando a inteligência do nosso jogo. A chave estará aí, na conjugação da leitura de jogo dos nossos médios com a fogosidade dos alas Nuno Santos e Bellerin. A forma como se conseguirem articular, com e sem bola, será determinante no desfecho da partida, num jogo onde os interiores terão necessariamente de fechar os flancos. Assim, não podendo deixar de contar com os desequilíbrios de Edwards, é possível que Rúben Amorim venha a incluir Arthur no Onze devido ao seu maior compromisso defensivo. E, num jogo onde teremos de estar permanentemente ligados à electricidade e dar tudo, a energia contagiante de Chermiti poderá ser determinante, pelo que talvez Amorim aposte na sua titularidade.
Força, Sporting!!!