A energia by Keizer
Pedro Azevedo
Espreme-se uma entrevista a Marcel Keizer e pouco sumo se retira, para além do respeito pelo espectador consubstanciado numa ideia de futebol positivo que agrade às bancadas. Há, no entanto, uma recorrente alusão à palavra "energia". Tão constante no seu discurso que nem mesmo Joules a terá tanto empregue.
Energia não é mais do que a capacidade de produzir um trabalho ou de realizar uma acção concreta. Em física, a energia associada ao movimento dos corpos denomina-se de cinética. Adensando um pouco mais o conceito, a energia própria de uma equipa de futebol, que pressupõe a interacção entre corpos que ocupam diferentes posições espaciais tem o nome de energia potencial. Esta, segundo Faraday, implica a existência de um campo, uma forma de propagação de electricidade.
O papel do treinador de futebol é assegurar que a corrente continue a passar no campo. Para que tal aconteça, o treinador não pode dar azo a que surjam interruptores que tornem o sistema aberto, ou permitir que alguns isolantes prevaleçam sobre os bons conductores de energia, interrompendo assim a interacção electromagnética. Por isso, mais do que falar da energia em geral, Keizer dever-se-ia aplicar em escolher correctamente a matéria que lhe permita ter uma corrente contínua e de alta intensidade.
Não basta dizer que se vive o futebol 24 horas por dia. Quem só sabe de futebol, nada sabe de futebol. E a física talvez possa contribuir para que tenhamos uma boa energia...