A ameaça que aí vem
Pedro Azevedo
Na nova ordem do futebol mundial coexistem Caçadores e Jardineiros. Estes últimos são o celeiro, os que deitam as sementes e visam colher para uma venda posterior. Os primeiros preferem investir no produto acabado, reservando o seu tiro para a ocasião certa. No meio estão os intermediários, que ganham faça chuva ou sol. Acontece que este ecossistema assente na economia de subsistência dos mais pobres, os que semeiam, e no poder aquisitivo dos mais ricos, poderá muito brevemente vir a ser posto em causa., bastando para isso a laxidão da FIFA, entidade reguladora mundial do sector. É que começa a haver sinais de que os mais ricos pretendem criar conglomerados assentes em subsidiárias provenientes de países celeiro de jogadores. Sendo isso permitido, e há sinais perturbantes a partir do momento em que o regulador europeu (UEFA) autorizou que dois clubes (Leipzig e Salzburgo) sob domínio da mesma empresa (Red Bull) jogassem na mesma competição (Liga Europa), então o negócio dos pequenos que fiquem fora desses conglomerados será posto em causa, podendo condenar a sua viabilidade económica. A alternativa será a perda da sua independência, cenário que pessoalmente não gostaria sequer de equacionar. Assim sendo, talvez fosse o tempo de os milhares de financeiros que compõem a base de sócios do meu clube parasse de pensar num modelo sustentado nas vendas e se pusessem a magicar num modelo verdadeiramente sustentável em que os proveitos ordinários fosses o garante da nossa sobrevivência. Potenciando as receitas do negócio futebol para sustentar as equipas e não pensando na venda de jogadores como o negócio. É só uma ideia, mas se calhar o esforço pedido às meninges ocorrerá muito mais cedo do que a maioria neste momento parece prever. Aguardemos...