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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

21
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Um eufemismo em forma de ponta de lança


Pedro Azevedo

A última versão da cartilha leonina, que também a há por cá, é que o Paulinho é um excelente jogador que tem a pouca sorte, vejam só(!), não de não acertar numa baliza a 3 metros de distância mas sim de ser vítima do preconceito de que é um ponta de lança. Logo, seguindo a manada, como é do interesse de quem dirige e sinal de boa obediência, não se pode dizer que o Paulinho é um ponta de lança. Quer dizer, ocupa os terrenos comumente atribuídos a um ponta de lança, os colegas procuram servi-lo como a um ponta de lança, o seu preço de compra reflecte ser um ponta de lança, mas não se pode chamar-lhe tal. Assim sendo, Castigo Máximo vai doravante seguir também a cartilha. Não, o Paulinho não é um ponta de lança. Então, é o quê? - Perguntará legitimamente o Leitor. Bom, a conclusão a que cheguei é que o Paulinho é uma figura, mais concretamente uma figura de estilo. O Paulinho é um Paulinho, sendo "Paulinho" um eufemismo. Um eufemismo para penalty cavado e outras teatralidades, para golos falhados e também para injustiça, que o Chermiti bem poderia nascer 10 vezes e jogar bem, assistir ou marcar de novo a Braga, Rio Ave e Porto que ainda assim teria de ver a sua confiança abalada com um banho de banco. Menos mal, dentro das figuras de estilo, alguém porventura menos bem intencionado até poderia considerá-lo uma metáfora e, indo mais além, a metáfora mais literal de todas as metáforas, sendo o fora de jogo o paradigma da própria metáfora. E como com um presidente militar o balneário até se poderá chamar de caserna, a este arrazoado sobre o status-quo até poderíamos chamar de alegoria da caserna, ou não fosse a cegueira mais do que evidente. Com "s" de seca (de golos), e não "v" de vitória, senão até seria Platão. No fundo, nem podemos levar a mal o Paulinho. A nossa revolta com ele deve-se essencialmente a nos revermos indesejavelmente nele, no seu inconseguimento, na sua furiosa militância anti-corrupção que o faz bramir desaforos e esbracejar indignidades com a mesma espontaneidade ou convicção com que finge agressões ou simula penalidades. No fim do dia, ele é um português, tão somente isso. E, como tal, totalmente inconsequente. Na acção como nas palavras. 

 

Com Ugarte sozinho no miolo para todas as encomendas e Pote ingloriamente fora da posição em que é letal, não se estranhou que depois de uma boa entrada no jogo o Sporting tenha progressivamente abrandado o ritmo. Como a tendência natural do uruguaio perante as vagas constantes de adversários em seu redor é defender-se, encostando-se aos centrais, o nosso meio-campo transforma-se num queijo suiço, o que não ajuda nada o trabalho da nossa defesa. Surpreendidos? Não é preciso ser um Sherlock Holmes, para o compreender, não é verdade? Emmental, meu caro Watson! 

 

Assim andámos durante cerca de uma hora até que Amorim fez entrar o nosso Tsubasa e o Pote pôde finalmente recuperar o seu lugar no relvado. E o mínimo que se pode dizer é que foi tiro (de Pote) e queda (do guarda-redes do Chaves), adiantando-se novamente o Sporting no marcador. Depois veio o terceiro, às três tabelas, com Nuno Santos a fazer de Theriaga e a bola a carambolar uma última vez num flaviense antes de se anichar na rede. Tempo então para Amorim fazer entrar o Chermiti, confirmando a sua aposta na Formação. O valor desta aposta depende de questões contratuais: se um jogador tem um contrato para assinar, então o natural é que jogue 90 minutos; porém, pós-contrato assinado, a cotação da aposta baixa até ao ponto em que 10 minutos cheguem para fazer sobreviver a narrativa. Houve ainda oportunidade de se realizar a enésima substituição de centrais durante um jogo, subindo o elevador de St Juste e descendo o costa-marfinense Diomandé, produzindo-se mais um dos paradoxos deste Sporting versão 22/23. É que já sem o ex-Mafra em campo, estranhamente a equipa deixou correr o marfim. Concomitantemente, o Nuno Santos não fechou ao centro e um espanhol desabrido e em ruptura com a metafísica acerca de um ponta de lança, que ocupa terrenos de ponta de lança, é servido pelos colegas (no caso, o ex-Sportinguista Benny) como um ponta de lança mas não custou o preço habitual de um bom ponta de lança, reduziu para o Chaves. E soou o gongo, para alívio dos nossos. Quinta-feira há mais uma voltinha na montanha-russa. Na Dinamarca, mas pode ser que seja na Noruega (a atender ao que diz a SportTV). FIM

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Gonçalves

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17
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Ornatos de Ponta de Lança


Pedro Azevedo

"Ouvi dizer que o nosso amor acabouPois eu não tive a noção do seu fimPelo que eu já tenteiEu não vou vê-lo em mimSe eu não tive a noção de ver nascer um homem (Chermiti) (...)

 

(...) (Agora a parte em que entra o Espadinha, desconhece-se se à estalada)

O estádio está desertoE alguém ecoa o teu nome (Paulinho) em toda a parteNas casas, nos carros, no (Leonel) Pontes, nas ruasEm todo o lado essa palavraRepetida ao expoente da loucuraOra amarga, ora docePra nos lembrar que o amor é uma doençaQuando nele julgamos ver a nossa cura" - adaptação livre de "Ouvi Dizer", dos Ornatos Violeta

 

Desde a "Antiguidade Clássica" de Rúben Amorim no Sporting que a nossa equipa se vê grega em inferioridade numérica no meio campo. Primeiro com Matheus e Wendel, depois (época do título) com Palhinha e João Mário (34 jogos) e Matheus (39 jogos) sempre pronto a entrar quando o diesel do agora benfiquista chegava ao fim (o que não acontece agora quando Morita "dá o berro"), na temporada passada com Palhinha e Matheus (e Ugarte como opção). Mas havia Palhinha e/ou Matheus, dois super-heróis com poderes especiais que valiam por três jogadores, pelo que a aritmética desfavorável só era absolutamente nítida quando enfrentávamos outros super-poderes na Europa. Havia risco, sim, mas controlado. Só que agora não há Palhinha. Nem Matheus. Há Ugarte e Morita, que são bons mas humanos, não caíram no caldeirão da poção mágica em pequeninos como o Obelix nem foram banhados no rio sagrado como o Aquiles. Sem Morita, Amorim decidiu desafiar ainda mais os deuses e as probabilidades e deixou o uruguaio sozinho no centro do campo. Muitos vê-lo-ão como uma imprudência, eu tomo-o como uma tentativa de homicídio. Passo a explicar: a esforçar-se desta maneira, se não morrer entretanto, o Ugarte acabará a carreira como um ancião aos 25 anos. E, até lá, não haverá uma companhia de seguros disposta a vender-lhe sequer uma apólice de saúde, quanto mais de vida.   

Vem a "Antiguidade Clássica" de Amorim no Sporting a propósito do seguinte silogismo aristotélico: Rúben afirma frequentemente que o futebol é o momento. Ora, em grande momento estava o Chermiti, com golos, assistências e arrastamentos para golo. Assim sendo, o Chermiti deveria ontem ter sido titular. Mas não, em vez do silogismo triunfou o associativismo. E o Paulinho é que foi a campo. É o amor de perdição de Amorim, o Camilo até já escreveu sobre isto. Restará saber se em prol do associativismo não os veremos em simultâneo a deixar Alvalade. Com o Esgaio e o Trincão a transportarem as malas à saída. Talvez então o Rúben se liberte da escuridão e não mais renegue a realidade como ela é, embora quem despreze Aristóteles também possa nada aprender com um  seu mentor (Platão, aluno de Sócrates e autor da Alegoria da Caverna).

 

Outra coisa que me intriga é o início de construção da nossa equipa. Há quem lhe chame saída de bola, mas no nosso caso é mais "saída de barra". É que as chuteiras do Adán devem ter sido feitas na Lisnave, ali bem perto de onde o rio desagua no mar...(Temos aqui um caso paradigmático de construção naval, tanta é a água que se mete no processo, razão pela qual esta temporada vamos permanecer em doca seca... de títulos.)

 

Andamos quase todos aqui às voltas com a vontade de recuperar o melhor Amorim (esse pelo menos fez-nos campeões, que garantias nos darão os que se seguirão?) que até nos esquecemos das responsabilidades de Frederico Varandas. É que bom presidente não é o que passa a perna ao treinador ao vender-lhe o Matheus, bom presidente, sim, é o que estende a mão ao treinador e despacha o Paulinho para longe, para as arábias ou assim, onde se poderá associar com os camelos de duas e uma bossa (dromedários) e assim aprender como armazenar energia, conhecimento que lhe poderá ser muito útil na hora de rematar à baliza. [Em tirocínio, ontem até me pareceu vê-lo a transportar qualquer coisa (seria a bola?) nas costas.] Com a ajuda do super-empresário Mendes, pois claro, que vender seca (de golos) no deserto não deve ser tão fácil quanto "enganar ingleses" com o Bruno e o Matheus, ao melhor estilo do Zezé Camarinha. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Manuel Ugarte, qual Atlas a levar às costas o mundo do leão. 

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15
Fev23

Torre Jenga


Pedro Azevedo

O Record diz que a eventual não ida à Champions traduzir-se-á para o Sporting numa redução de 40M€ de proveitos, ou seja, cálculos meus, mais ou menos a receita líquida da venda de Matheus Nunes. Assim, a confirmar-se o não apuramento para a Champions, a venda de Matheus, além de resultados desportivos desastrosos, produzirá um resultado financeiro nulo. Em consequência, o mesmo jornal, sempre bem informado do que se passa no reino do leão, previne que mais vendas estarão a caminho (mesmo após a de Porro) para tapar o "buraco". Conclusão: como no jogo de madeira Jenga, a subtração de uma só peça pode fazer desabar uma torre inteira. Gestão de topo? (Talvez mais de Topo... Gigio, que também adormecia criancinhas e meninos.)

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13
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

Um Chermiti contra o associativismo


Pedro Azevedo

Para além de Ugarte, o Sporting tem no seu plantel 6 médios. Bragança é um lesionado de longa duração, Morita ficou indisponível à última da hora, mas estavam desimpedidos 2 miúdos da formação (Essugo e Mateus Fernandes) e outros 2 jogadores contratados esta época (o Tanlongo e o Buscapoulos). Resultado? Vários milhões depois, gastos entre olheiros (eles), olheiras (nós) e colchões da Academia, contra o Porto o titular foi Pote, o nosso melhor marcador das duas últimas temporadas, que obviamente fez falta lá na frente. Depois há o caso do elevador de St Juste, que voltou a ficar parado. Alta manutenção, está mais do que visto, ou não tivesse custado 9,5M€. Passou mal a noite, leu-se por aí, interpretando-se tal como um transtorno do foro gastro-intestinal. Depois do ombro, joelho, coxa e tornozelo, os intestinos e o estômago... Enfim, o neerlandês até é bom jogador, o problema é que o único orgão relacionado que parece funcionar bem é o da igreja luterana que frequenta. Se uns não podem ir a jogo, outros ficam no banco por opção. Mas é uma opção de curto prazo, porque o impulso pavloviano do treinador com Paulinho e Esgaio faz com que não resista a mandá-los para o relvado à primeira oportunidade, ainda que o primeiro tenha entrado 1 hora antes do tempo e o segundo tenha estado 15 minutos a mais em campo. O fisiologista Pavlov chamou-lhe reflexo condicionado. Se é reflexo, eu não sei, mas que condiciona (a equipa), lá isso condiciona. Muito. E depois há o caso da gestão de Fatawu. De prometedor contra o Braga para a bancada face ao Rio Ave, como tirocínio para a titularidade ontem com o Porto, jogo em que depois saiu ao intervalo. Vi algo parecido na antiga Feira Popular, creio que se chamava Montanha Russa. É só emoção! (Mas cabeça fria precisa-se.)

 

Já li por aí que a nossa exibição foi deprimente e assim, mas não estou de acordo. Deprimente foi o nosso jogo em Vila do Conde, isso sim. Só que ganhámos, e isso fez com que os leões fizessem de avestruzes e enfiassem a cabeça na areia. Ontem, pelo contrário, fizemos uma boa primeira parte. Mas não fomos felizes na finalização. Só que depois demos o estoiro, o que já é prática corrente. E, entre erros próprios (Coates) e má fortuna (Ugarte), demos 2 golos de bandeja ao Porto. Também não ajudou muito termos 1 único jogador capaz de desequilibrar no 1x1 (Edwards) e somente 1 ponta de lança goleador (Chermiti), características individuais que por vezes se sobrepõem a uma equipa que não está a funcionar como um todo e fazem ganhar jogos, pelo que perdemos. Perdemos no presente, mas talvez tenhamos ganho algo no futuro (Chermiti). Mas nunca se sabe, pode ser que o Amorim lance o Youssef no próximo jogo da B. É que é preciso comer muita papa até dominar o associativismo... 

 

Artur a suar(es) há dias é um caso perdido desde que os Super Dragões invadiram o centro de destreinos da Maia. E a culpa nem é principalmente dele, mas sim de quem o deveria proteger (Estado e Federação) e prefere assobiar para o lado, deixando-o exposto. E de quem o freta, ano após ano, para estes caldinhos (Conselho de Arbitragem). Ontem amarelou tudo o que pôde vestido de verde-e-branco e fez vista grossa a um pisão de Pepe que quase arrumava com o Chermiti, ali bem à frente dos seus olhos. O que o faz correr? Com um caso perdido não se devem gastar muitas linhas, que a vaidade de ver o seu nome impresso ainda pode sobrepor-se aos motivos pelos quais é chamado à colação. Apenas dar graças a Deus por haver um limite de idade até para a asneira. (A UEFA e a FIFA é que os topam bem, e mais não digo.)

 

O ambiente está ao rubro entre os apaniguados do J Marques e as testemunhas de Janelá. Se dentro das quatro linhas a disputa vai ser até ao fim, fora delas vamos ver quem vai ser o campeão dos figurões. E o que não falta aí são discípulos (até no nosso clube, mas jogam para nulos), todos a aprenderem pela cartilha de João de Deus dos pobres de espírito. Pode ser que lá para o fim da época até já saibam escrever, que o que dizem não se escreve (nem se recomenda). 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Youssef Chermiti

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07
Fev23

Tudo ao molho e fé em Deus

“Quatro Centrais Futevoltaicos” e um Chermiti ligado à corrente


Pedro Azevedo

Com Manuel Ugarte mais baixo no terreno do que é costume, formando uma inovadora (para o treinador) linha de quatro defesas - 4 Centrais Futevoltaicos, que esgotaram as baterias num circuito fechado que foi a consagração da posse estéril - , Rúben Amorim pretenderia alimentar o resto da equipa com segurança. Só que o jogo foi de noite, o sol há muito já se havia posto e o recúo do uruguaio acabou por enfraquecer o jogo atacante do Sporting, que com menos um homem no meio campo perdeu energia e ligação entre os sectores. Essa ausência de corrente no miolo, agravada pela falta de meios auxiliares de diagnóstico - o (grego) Buscapoulos ficou em Lisboa - ,  persistiu durante todo o jogo. E, se no relvado faltou condução de energia, no banco deu-se um apagão. Salvou-se então a inteligência de Pedro Gonçalves e a energia de Chermiti, o único jogador que verdadeiramente esteve sempre ligado à corrente. Desta parceria nasceria aliás o único golo do desafio, com a Defesa vilacondense a ser arrastada com sede a mais ao Pote e o Chaimite a atingir o alvo. Antes, quase tudo foi deprimente, desde a arbitragem de Manuel Mota - Quantas faltas pode um central fazer sobre um mesmo jogador (Chermiti) sem sofrer a devida punição disciplinar? - até aos centros inversamente proporcionais de Matheus Reis -  se o Chermiti ia ao primeiro poste, ele metia a bola no segundo; se o nosso ponta de lança surgia ao segundo pau, o brasileiro punha a bola no primeiro - , passando pelos desastrados passes de Ugarte, gerando uma exasperação no adepto que só não se transformou em frustração devido à expedita acção de Adán numa ocasião. Mas ganhámos, o que permitirá uma qualquer outra leitura do jogo mais adaptada ao resultado. Com a Vossa licença, para esse peditório eu passo. 

 

Em resumo, jogámos como sempre quando na condição de visitante esta época e GANHÁMOS como (quase) nunca. Com o golo marcado por um miúdo de 18 anos da nossa Formação, o que me fez surgir um brilhozinho nos olhos. Hoje soube-me a pouco, hoje soube-me a tanto... (É destes oxímoros que também se faz o sortilégio do futebol.)

 

Tenor "Tudo ao molho": Youssef Chermiti. Pote, Adán e Inácio (passe a queimar linhas no golo do Sporting) salvaram-se também da nota negativa.

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04
Fev23

Castigos cirúrgicos


Pedro Azevedo

O Sérgio Conceição foi expulso e o CD puniu-o com 1 jogo de suspensão, mesmo a tempo de estar presente no banco quando o FC Porto defrontar o Sporting. Em contraponto, o Paulinho também foi expulso e punido com 3 jogos de suspensão, mesmo a tempo de falhar o jogo com o FC Porto. Surpresa? Não, é só mais um sinal de como o futebol português está morto, ainda que subsista alguma actividade cerebral. A comprová-lo, depois das contratações cirúrgicas, temos agora os castigos cirúrgicos. E assim vai o nosso futebol, já cadáver mas sem que um médico legista lhe decrete o óbito. 

PS1: Posso estar enganado, mas estou em crer que se o Chermiti engata uma exibição em Vila do Conde ao nível da da recepção ao Braga ainda vamos ter o Paulinho despenalizado para jogar com o FC Porto. No futebol português há que baralhar com grande aparência de justiça para que no fim tudo possa ficar exactamente igual. 

PS2: Numa outra qualquer circunstância futura, a celeridade com que foram tomadas estas decisões será mandada às malvas e as suspensões terão efeito prático lá para o Verão... Porquê? Ninguém sabe, mas logo se ajustará a narrativa.

29
Jan23

Fábulas de Esopo

A divagar se vai ao longe


Pedro Azevedo

A lebre também era jovem, optimista e resistente (e muitíssimo chico-esperta), mas adormeceu à sombra da bananeira e quem ganhou a corrida foi a velha, realista e perseverante (e muitíssimo "sabidona") tartaruga. No enquadramento geral do futebol português, facilitar é a morte do artista, entenda-se por facilitar a ausência de tomada de posição em semana marcada pela revelação do depoimento de Edgar Costa ao MP,, ou o prematuro (auto)elogio às melhorias registadas na arbitragem. 

PS: A trader de jogadores que alguns confundem com o Sporting continua a mostrar brilhantes resultados. Menos mal, no fim da época, já estou a ver milhares de Sportinguistas a invadirem o Marquês para comemorar o... Relatório&Contas. O Marquês até faz sentido, porque depois, sem Champions, vai ser preciso uma reconstrução do tipo daquela operada após o terramoto de 1755. Sim, porque enterrada a paixão, haverá ainda que cuidar dos vivos. 

25
Jan23

Tudo ao molho e fé em Deus

Paulão, o lado B de um leão


Pedro Azevedo

Muita controvérsia tem havido à volta de Paulinho. Psicólogos, sociólogos, tudólogos, diantólogos (nome que se dá aos estudiosos da ciência do ponta de lança) e adeptos em geral vêm-se debruçando ao longos dos últimos anos sobre a carreira deste homem um dia nascido em Barcelos (o que já em si é galo, como se sabe). Devido ao elevado preço da sua contratação (16M€ por "cabeça, membros e pernas", ou seja, cerca de 70% do seu corpo, mais os ordenados do Gozão de Higgs), o Paulinho tem sido visto em certos meios como um avençado centro, um tipo caro e que anda lá nos meio dos defesas adversários, que factura pouco em frente à baliza e assim quase não emite recibos verdes (o que faz com que o valor de cada um desses recibos seja uma exorbitância). Mas isso é no campeonato, porque na Taça da Liga o Paulinho é um valor seguro, ou não fosse a competição patrocinada pela Allianz. Entra então em cena o lado B do Paulinho, o Paulão. Com o Paulão, o Sporting não deixa só de ter um problema grave no ataque, deixa também de ter gravidade no seu ponta de lança. É como se as forças centrífugas que o puxam para o fundo (chão) se invertessem e se transformassem em forças centrípetas que lhe elevam o patamar competitivo, não parando de fazer golos. A continuar assim, o Fernando Peyroteo que se cuide, já só faltam 497 golos para superar o melhor goleador mundial de todos os tempos. 

 

A relação do Paulinho com a Taça da Liga é um "case-study". No Sporting, já tivemos avançados com um apetite especial para certos jogos ou competições. Por exemplo, o Lourenço, que marcava muito ao Benfica, ou o Tiuí, que resolveu uma Taça de Portugal porque o Vukcevic amuou, o Paulo Bento não gostou, e ele lá teve que entrar. Mas eram casos e situações pontuais. Porém, com o Paulinho há toda uma continuidade, como o provam os 20 golos já apontados na Allianz Cup. Espero assim que o seguro nunca morra de velho e a Taça da Liga nunca acabe, porque o Paulinho precisa dela e nós podemos sempre necessitar de salvar uma época. 

 

Grande primeira parte do Sporting, que merecia uma vantagem bem mais ampla no marcador. Ironia do destino, por pouco não chegávamos ao intervalo em desvantagem, cortesia de um golo de placa de Antony Alves Santos, que, fazendo jus ao seu homónimo saudoso radialista e comentador desportivo, fez um tento com grande pertinácia. Só que os deuses do VAR anularam-no por alegada infração anterior e do consequente livre o Sporting passou para a dianteira. Inesperadamente, na primeira metade do segundo tempo a nossa equipa aburguesou-se, deixou de pressionar alto e perdeu intensidade. A tal bipolaridade de que fala o nosso treinador. E sofremos um golo, de um palestino que rompeu a faixa de gaze colada a adesivos que é actualmente uma defesa com Matheus Reis (pôs em jogo o avançado arouquense nesse lance e, em outro imediatamente anterior, quase lhe oferecia um golo) e antecipou-se a Adán na pequena área, servido por um Alan Ruiz que recuperou a tradição de jogadores dispensados pelo Sporting se evidenciarem posteriormente contra nós, uma longa história que inclui protagonistas como Wender, João Alves (sem luvas, Braga), o próprio Manuel Fernandes e o inevitável Wilson Eduardo, entre outros. 

 

O jogo caminhava para o fim e para os penáltis, mas o espírito competitivo de Nuno Santos e a inusitada codícia goleadora de Paulinho combinariam para uma desmarcação no limite do fora de jogo e golo ao primeiro poste do nosso matador. Um golo à Fredy Montero, dir-se-ia. E assim o Sporting fugiu à lotaria das grandes penalidades e habilitou-se à sorte grande que será jogada contra o Porto, a não ser que Jorge Costa dê uma de Viriato e da revolta subsequente não haja Roma que valha ao Papa

 

Tenor "Tudo ao molho...": Paulinho

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21
Jan23

Tudo ao molho e fé em Deus

Um golo orfão de um ataque prometedor


Pedro Azevedo

Com o Paulinho, o ataque do Sporting é muito associativo, distributivo e cumulativo, qualidades que o fazem, pelo menos algebricamente, prometedor. Só que, como o futebol não é uma ciência exacta, durante a primeira volta do campeonato o Paulinho só fez golo um par de vezes, concluindo-se que se pode ser prometedor e ainda assim não se concretizarem as promessas. Em contraponto, o ataque do Vizela não é considerado prometedor. Pelo menos a atestar pelo comportamento do senhor Rui Costa. Contudo, faz golos ("E pur si muove", como diria o Galileu). Eu explico: depois de uma bola jogada por um vizelense lhe ter embatido na perna direita, não chegando assim ao seu destinatário natural (Gonçalo Inácio), o árbitro entendeu não interromper o jogo, não o recomeçando assim com uma bola ao ar. Motivo: não considerou o ataque dos minhotos prometedor. Resultado? Cinco segundos depois a bola entrou na baliza à guarda de Adán. (Não estamos a falar de futsal, onde 5 segundos podem ser uma eternidade.) Ora, recorrendo à lógica, sendo certo que um ataque promissor é uma condição necessária mas não suficiente na geração de um golo (é preciso ainda ser eficaz na hora do remate à baliza), um golo só pode acontecer se precedido de um ataque promissor. A não ser que seja um "charuto". Ou um auto-golo. E, mesmo assim, não um auto-golo qualquer, mas sim um daqueles dos apanhados da bola que a RTP costumava passar em jeito de balanço antes do concerto de ano-novo, um aperativo do Karajan (e da Filarmónica de Viena). Porém, não houve "charuto" ou auto-golo, nem músiquinha de encantar (quer dizer, se houve eu não a ouvi, porque o Vidigal arranhava tanto os meus já redundantes ouvidos com as suas redundâncias que agora preventivamente tiro sempre o som ao televisor), mas ainda assim para o senhor Rui Costa tratou-se de um golo orfão de um ataque prometedor. Conclusão: orfão também era o David Copperfield, do Dickens, mas esse não fazia magia... (E com o VAR é mais difícil, salvando-se o nosso segundo golo.)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Porro

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16
Jan23

Tudo ao molho e fé em Deus

Uma época em time-sharing


Pedro Azevedo

Se virmos o jogo de hoje por um jogo, um empate na Luz será sempre um resultado positivo. Contudo, se virmos o jogo por um campeonato, não ganhar no estádio do Benfica foi o canto do cisne, o adeus às armas, o fim da ilusão. Tudo, porque hoje jogávamos também pelos 15 jogos anteriores onde devíamos ter jogado mais e não jogámos sequer o suficiente. Por isso, jogávamos contra o tempo perdido no passado e a favor de ganharmos tempo no futuro, a fim de que a época não terminasse já no que ao título diz respeito. Nesse sentido, falhámos, pelo que, como prémio de consolação, restar-nos-á a luta pela Champions, também ela com contas muito complicadas, a 8 pontos do Braga e a 7 do Porto, respectivamente 2º e 3º classificado neste momento. Pela Champions jogaremos também para que a transferência de Matheus Nunes faça o mínimo sentido do ponto de vista financeiro, porque vender um jogador por um preço sensivelmente igual ao que eventualmente se deixará de arrecadar numa prestação decente na próxima edição da Liga Milionária não terá qualquer nexo. Financeiramente, porque desportivamente não restam dúvidas a quase ninguém de que o acto foi altamente lesivo e está a afectar sobremaneira a nossa prestação, e o palco da Luz, onde o luso-brasileiro pintou a manta na época passada, não me deixa mentir. Bem sei, o treinador que há em Varandas já veio dizer que "é uma patetice" correlacionar a saída de Matheus com a nossa prestação nesta temporada, mas, se perguntarem a Amorim, estou convencido de que a coisa para ele terá menos de patética do que de fatal. 

 

Hoje empatámos, mas podíamos até ter ganho. Só que nos voltou a faltar um golpe d´asa de Trincão no ataque e atrás falhámos em quase toda a linha. Coates à parte, bem entendido. Porque Inácio deu a frente a Ramos no primeiro golo e Reis, no segundo, deu a frente, as costas e o lado ao mesmo jogador, em suma, abriu uma autoestrada. Os outros avançados cumpriram, com Edwards a originar a abertura do marcador e Paulinho a cavar inteligentemente um penálti que só o Artur Soares Dias e o Guerra d´A Bola TV não viram. Os médios também estiveram bem, o Pote influente nos golos e o Ugarte a dar tração à frente. Pedro Porro esteve melhor do que Nuno Santos, mas também não foi por aí que não fomos além no resultado. 

 

O presidente que há em Amorim lançou Chermiti para o jogo. E jurou que não virá mais nenhum ponta de lança, caso o Youssef renove o seu contrato com o clube. Entretanto, quem já renovou foi o Rodrigo Ribeiro, que era para ser a primeira opção a Paulinho e continua a exibir-se em bom plano na bancada. E depois há ainda o caso daquele jogador que contratámos em time-sharing, o St Juste, com quem procuramos bater o record mundial de substituições de centrais durante os jogos de uma só época. O holandês, que joga sempre bem no pouco tempo que está em campo, dá-nos habitualmente 30 minutos, o resto do tempo cede o espaço.  E eu vou fazer o mesmo, cedendo este espaço aos Leitores. Boa semana! (Pensando bem, a nossa época toda tem vindo a ser realizada em time-sharing, com a nossa equipa cedendo o seu tempo e espaço aos super-Marítimos desta vida, que logo depois são goleados em Vizela, e o Amorim ocupando pontualmente a presidência da SAD do clube.)

 

"Mais que nada... o Bah, o Bah, o Bah" - Adaptação livre da canção do Sérgio Mendes

 

PS: Livre indirecto contra si próprio? Nunca tinha visto um árbitro obstruir um jogador (Ugarte) num lance de golo, mais uma originalidade da "apitagem" nacional. (A arbitragem portuguesa é um constante desafio às regras do International Board.) 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pote

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04
Jan23

Personalidades


Pedro Azevedo

Desde que o excelso medidor de personalidades do jornal A Bola atribuiu a Rui Costa o galardão de Homem do Ano, o Benfica foi goleado em Braga e a personalidade jovem do último Mundial foi passear até à Argentina e faltou a dois treinos. Em consequência, Castigo Máximo disponibiliza-se desde já a entregar ao Maestro o prémio de Personalidades ao Quadrado do Ano. [Com a vantagem adicional de, sendo as personalidades exponenciais (ao contrário do homem, pois qualquer potência de base 1 será sempre uma unidade), haver sempre uma que possa alegar tudo desconhecer em relação ao passado recente que envolveu o clube.] Nesse sentido, propõe que a data da cerimónia seja o próximo dia 15, coincidindo com a recepção do Sporting ao Benfica. Se tudo correr em conformidade, agendar-se-ão futuras honrarias ao dirigente, até ao enésimo expoente.

20
Dez22

Tudo ao molho e fé em Deus

AvisoPROCIV


Pedro Azevedo

AvisoPROCIV: previsão de chuva torrencial de golos esta noite em Alvalade. 


A Protecção Civil havia avisado e a Tempestade Messi, proveniente do médio-oriente, não tardou a chegar a Lisboa. Incidindo fortemente em Alvalade, logo foi rebaptizada com o nome de Edwards. Agora, segue-se a naturalização!?

 

Com Edwards, mas também Paulinho, Porro, Santos e Trincão, a soprar a grande velocidade, tornou-se impossível para os minhotos abrigarem-se da tempestade. Foi registada uma mão cheia de danos materiais, e mais teriam acontecido se não fosse a intervenção dos Bombeiros Sapadores de Braga. Cumpridores da sua divisa de socorro a náufragos, apoio às populações em perigo e transporte de acidentados, estes evitaram males maiores, segundo a informação veiculada a Castigo Máximo pelo Chefe Artur Jorge. 

 

No final, o repórter de ocasião pretendeu entrevistar o Edwards. O confronto saldou-se por um resultado de 0-0 entre o parco (jogador, em palavras) e o parvo (jornalista, nas perguntas): "Considera o resultado (Nota do Autor: 5-0) justo?" ou "Está contente com o seu desempenho (NA: Edwards tinha acabado de ser eleito O Homem do Jogo)?" foram algumas das questões que não fizeram funcionar o marcador. Nos penáltis venceu o inglês, sempre eficaz no jogo com os pés. (Graças a Deus que na Taça da liga não há prolongamento.)

 

Desde a paragem do campeonato para a realização da Copa do Mundo, o Sporting venceu 4 jogos, obteve um goal-average de 18-0 e viu o Paulinho marcar meia-dúzia de golos (Taça da Liga). Eu não sou de intrigas, mas talvez não fosse má ideia o Sporting, sempre na vanguarda da inovação no futebol mundial (Academias, VAR, etc), sugerir que o campeonato do mundo passasse a ser disputado de 4 em 4 meses...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Marcus Edwards. Paulinho seria uma bela alternativa.

 

Notas musicais [de Dó Menor(1) a Dó Maior(8)], porque somos o clube dos "5 Violinos":

 

Adán - Sol

Inácio - Lá

Coates - Lá

Matheus Reis - Sol

Porro - Lá

Ugarte - Lá

Pote - Sol

Nuno Santos - Lá

Edwards - Si

Paulinho - Si

Trincão - Lá

Jovane - Fá

Essugo - Fá

Arthur - Fá

Esgaio - Fá

"Buscapoulos" - sem nota (lesionou-se devido a uma carga dura pouco após ter entrado)

SportingBraga1.jpg

11
Dez22

Tudo ao molho e fé em Deus

O (Fema)caos, um anagrama do vazio


Pedro Azevedo

A Selecção foi para casa e estou curioso para ler a imprensa especializada porque a culpa só pode ser do Ronaldo, que ontem esteve apagadíssimo durante os primeiros 51 minutos, nem tocou na bola. Parece impossível, não é? Faltou também intensidade ao Palhinha, o melhor recuperador de bolas da Premier League, que não ganhou uma única contra Marrocos. Incrível! Já para não falar do Matheus Nunes e das suas célebres transições, ontem circunscritas ao espaço compreendido entre o balneário e o banco de suplentes. Malandro! E depois houve um ausente omnipresente na cabeça do Engenheiro, o Moutinho. Só isso explica o que foi pedido a Bernardo neste campeonato do mundo. E não fosse Bernardo falhar, ainda avançou o verdadeiro clone do jogador dos Wolves, o Vitinha. Tudo na tentativa, gorada, de jogar pinball com os marroquinos, de meter a bola entre-linhas, algo infrutífero quando estas se apresentavam coladas com gesso (e ligaduras e adesivos, à medida que os já de si depauperados marroquinos caídos em combate iam sendo substituídos). Antes havíamos tentado a circulação em "U", o que também não tinha resultado, pelo que acabámos o jogo numa homenagem a esta rubrica, em "Tudo ao molho e fé em Deus". O jogo directo é que não passou do papel. Quer dizer, no papel, a entrada a titular do Rúben Neves unicamente visaria pôr a bola atrás das linhas marroquinas e suscitar segundas bolas, mas o ponta de lança esteve sempre desacompanhado, nunca houve alguém por perto que desse consistência a esse plano. E quando o houve, uns parcos 10 minutos, não só o Neves já não estava em campo (lá teve de recuar o Bruno para lançar a bola para a molhada, ele que depois, por não ser omnipresente, faltou com o seu bom remate nas imediações da área marroquina) como logo o Engenheiro se empenhou em matar a solução, fazendo sair o Ramos e voltando ao jogo miudinho que nunca preocupou os homens de barba rija vindos do Magrebe. Assim sendo, Portugal foi quase sempre uma equipa sem arte, com jogadores incapazes de desequilibrar no 1x1, com a honrosa excepção de João Félix. A esperança ainda renasceu quando Ronaldo começou a servir apoios, jogando muito mais para a equipa do que para si próprio, o que deve ter escandalizado os maledicentes e os seus inúmeros médicos legistas espalhadas pela imprensa. Só que faltou um atrelado, alguém por perto que aproveitasse uma segunda bola. Por curiosidade, o jogador com mais características para tirar rendimento dessa situação, o Pedro Gonçalves, ficara em Lisboa, pelo que não houve Pote de Ouro no final do arco-íris. 

 

Confusos? Tudo isto encontra explicação na Teoria do Caos tão do agrado do CEO da Femacosa. Esta trata de sistemas altamente complexos, difíceis de entender por um homem médio que não o Engenheiro, cuja dinâmica acaba por suscitar uma instabilidade que se denomina como "sensibilidade às condições iniciais", que os torna não previsíveis ao longo do tempo. Assim, ao alterar permanentemente o Onze titular, o Engenheiro vai introduzindo o caos determinístico, tornando impossível prever o que se passará a seguir. As correcções que de seguida efectiva no modelo não permitem regressar às condições iniciais, até porque já houve ocorrências intermédias que não podem ser apagadas, pelo que a dado momento o sistema afigura-se aleatório à vista desarmada, dada a sua profunda instabilidade. É o "Efeito Borboleta", como explica Lorenz, e as suas consequências, que em termos de Selecção podem resumir-se ao bater de asa de Ronaldo no Qatar vir a influenciar uma revolução no corpo técnico da Federação em Lisboa. Tão certo como a morte e... os impostos.

 

Tenor "Tudo ao molho...": João Félix

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07
Dez22

Tudo ao molho e fé em Deus

Entre o eterno e os adversários que não são internos


Pedro Azevedo

Com a vitória de ontem, Portugal atingiu os quartos de final do campeonato do mundo, patamar unicamente alcançado pelos lusos em duas ocasiões (1966 e 2006) na história da competição. Eu vi o jogo ontem e fiquei com a sensação de que tínhamos ganho à Suiça. Mas hoje, ao analisar os comentários que proliferam pela blogosfera, parece que ganhámos contra o Ronaldo (Uma injustiça face à dimensão universal de um craque com uma ética de trabalho irrepreensível, a quem exigimos que seja perfeito.) Ou contra uns projectados aziados lesa-pátria, que isto de uns opinion-makers dizerem uma coisa e o seu contrário é uma arte só comparável à provocação gratuita destinada a criar uma agitação popular que se insiste em confundir com o sucesso. Pensando bem, é esta falta de unidade que nos caracteriza como nação. Por isso, quando Portugal vence em qualquer actividade é sempre contra outros... portugueses. Para essa singular forma de se ser português, ontem o Gonçalo Ramos ganhou ao Cristiano, olvidando-se que bateu essencialmente o Messi, o Gakpo, o Mbappé, o Kane, o Neymar, o Havertz, o Morata, o Mitrovic e todos os outros brilhantes e celebrados avançados que ainda não conseguiram fazer 3 golos num só jogo deste Mundial. Assim sendo, tenhamos noção das coisas: Portugal ganhou à Suiça, ponto. E Gonçalo Ramos tornou-se o mais jovem jogador desde Pelé a fazer um hat-trick em jogos a eliminar. Tudo motivos para festejar, colectiva e individualmente, o desempenho da nossa Selecção. Que é de todos nós, embora aqui e ali haja divergências entre os portugueses sobre a melhor forma de atingirmos o sucesso, o que é natural. (Já se sabe que para corrigir o que não é natural só há o Restaurador Olex, o resto são disfarces.)

 

Eu afirmei aqui que o Ronaldo ainda era melhor do que o Ramos e os factos da noite passada pareceram desmentir-me. Óptimo, digo eu. Porque muito mais importante do que as minhas razões é a razão colectiva. E Portugal ganhou, as pessoas estão felizes e mais felizes ainda ficarão se sobrepuserem Portugal ao jogador A ou B, ou ao treinador C ou D. Como o futebol é o momento, ontem o Ramos justificou plenamente a titularidade. Se já é melhor do que o Ronaldo é outra questão, até porque não há estatísticamente uma amostra com grau de significância relevante baseada numa única observação e as 118 observações anteriores de Ronaldo não devem ser desprezadas. Certo, certo é que no dia de ontem o Ronaldo dificilmente teria feito melhor do que o Ramos. Poderá uma Argentina dizer o mesmo sem Messi, um Brasil sem Neymar ou uma França sem Mbappé? Pois, feliz de quem substitui pontualmente um 5 vezes Bola de Ouro com aparente vantagem, o resto é conversa autofágica.  

 

Falando do jogo, que é o que essencialmente nos traz aqui, Portugal teve uma largura e profundidade até aí não vistas neste Mundial. Para tal muito contribuíram as prestações de Dalot e de Guerreiro, que assim permitiram a criação de espaço em zonas interiores tão bem aproveitado pelo João Félix, para mim o melhor em campo. [Eu sei, o Homem do Jogo foi o Gonçalo Ramos, com três golos e uma assistência (bom, na verdade duas), mas o Melhor em Campo é outra coisa.] Um destaque também muito especial para o Pepe. O Pepe é aquele jogador que qualquer amante de um clube gostaria de ter do seu lado e odiaria ter do lado oposto. A sua garra, concentração e atleticidade contagiam qualquer um, assim como o seu profissionalismo. Por isso, chega aos 39 anos aparentando estar fresco como uma alface, desafiando a perenidade das coisas e afirmando a sua eternidade na linha do que Ronaldo vinha fazendo até recentemente, o que lhe vem permitindo esconder o momento de forma menos exuberante do colega do lado que é 14 anos mais novo (Rúben Dias), pelo que surpreendente é que esta constatação ainda seja uma surpresa para alguém. Ontem marcou mais um golo pela Selecção, ajudando a consolidar a nossa grande vitória, tornando-se o jogador menos novo a marcar em jogos de mata-mata na história dos mundiais de futebol. (O mais velho a marcar em fases finais ainda é o Roger Milla, 42 anos, com a cortesia do escorpião Higuita.)

 

Como remate final, porque eu também tenho a tentação de marcar um golo, gostaria de dizer o seguinte: há por aí muito boa gente que vê o futebol como uma ciência. Pior, muitos até elevam-no a ciência exacta. Ora, o futebol não é matemática, certamente desafia qualquer silogismo aristotélico (por Portugal ter ganho por 5 à Suiça e o Brasil só lhes ter ganho pela diferença mínima, tal não significa que vençamos os canarinhos por 4 golos de diferença) e tem muitos novos amanhãs que permanentemente desafiam o presente e o estabelecido. Por isso é tão fascinante, e como tal suscita tanta curiosidade. Desde logo porque, sendo de aprendizagem simples, a sua complexidade traduz-se em que quanto mais se julga saber, mais se percebe nada se entender. E é bom assim, que pertença àquelas coisas que aparentemente estão ali à mão mas são inatingíveis. Como, aliás, a lua ou o sol. Talvez por isso gere tantos aluados e gente que parece ter apanhado sol a mais na moleirinha. É dos astros. [Dos astros, de quem se julga astro e de quem veste a pele de lobo e não é (Prof.) Astromar.]

 

Tenor "Tudo ao molho...": João Félix

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03
Dez22

Tudo ao molho e fé em Deus

À-vontade e à-vontadinha


Pedro Azevedo

Os jogos da Selecção não se esgotam nos 90 minutos. Na verdade, o jogo em si é apenas um pretexto. O verdadeiro jogo passa-se antes, na antevisão, um terreno fértil para o inuendo ou insinuação, e, principalmente, depois, durante a conferência de imprensa, onde o prato forte é a profanação que é feita ao cadáver após cada nova derrota. Nesse sentido, o dia de ontem não fugiu à regra. Para variar, no pós-jogo, e enquanto o presidente-comentador-tudólogo Prof. Marcelo não dava as suas notas ao melhor estilo do Dr. Rogério Alves, a relação entre Ronaldo e os seus treinadores, na circunstância o próprio do Engº Fernando Santos, tomou o centro como tema de falatório. E houve revelações chocantes. Assim, na ausência de um "bellboy", ficámos a saber que houve um c#!#$&o de um coreano que, fo%#-se, foi o culpado de o Ronaldo ter saído antes do tempo. Tal suscitou a curiosidade de Castigo Máximo, que logo se pôs em campo na pista coreana, contando para isso com a sua vastíssima equipa de investigação. Apurando factos históricos que comprometem outros cidadãos provenientes desse país da Ásia Oriental, que doravante iremos transcrever: assim, durante a XVII Conferência Ibero-americana, o Juan Carlos não dirigiu o célebre "por qué no te callas?" a Hugo Chávez, não senhor. Foi a um empregado de limpeza vindo expressamente de Seul que insistia em segredar-lhe ao ouvido a intenção de higienizar o cinzeiro onde o rei acabara de depositar a cinza de um "puro". E, durante a campanha eleitoral para as presidenciais brasileiras, as acusações de Bolsonaro a Lula sobre má-conduta foram afinal referentes a um cefalópede mal-cozinhado que deu à luz 12 filhotes na boca de uma sul-coreana de 63 anos (para quem tiver dúvidas, faça o favor de confrontar com uma Super Interessante não tão interessante ou bizarra quanto as conferências do CEO da Femacosa). São uns maganos, estes coreanos!!!

 

A derrota com a Coreia não foi diferente de outras derrotas com outras coreias ao longo dos anos. Historicamente, a nossa vocação é mais para o heroísmo, metermo-nos numas cascas de noz e assim pretender abraçar o mundo. Contra todas as probabilidades, como quando o Torres imitou o Martin Luther King e decidiu viver o sonho, mesmo se esse sonho tenha depois virado um chili-pesadelo. Porque quando tudo está a nosso favor é preciso desconfiar, havendo sempre uma Albânia ou uma Malta capazes de nos porem em sentido. Em suma, nós queremos mesmo é Adamastores, se o desafio fica aquém somos uns distratores. Nesse sentido, a milenar instituição militar resume bem o nosso dilema: uma coisa é à-vontade, outra coisa é à-vontadinha. E nós, simplesmente, não conseguimos estar à-vontade sem resvalarmos para o à-vontadinha. Talvez por isso tenhamos vivido tantos anos apertadinhos, em ditadura...

 

A minha grande dúvida é se a Suiça será um Adamastor suficiente para moralizar esta rapaziada, para eles a levarem a sério. Se o for, a vitória é certa, se não temo o pior, podendo até todas as nossas aspirações reduzirem-se a Esferovite (ou Seferovic, ou lá o que é). Terça-feira logo o saberemos, agarrados ao desfibrilador verde-rubro à venda na Cidade do Futebol e a viver o sonho. O sonho que comanda a vida, tal como na Pedra Filosofal do José Freire. Então, deixem-me sonhar que o Bernardo, o Ronaldo, o Leão, o Matheus e companhia comecem a jogar à bola. E que daí resulte um fondue indigesto para os helvéticos. Ou então não, que o nosso caos organizado - a desconstrução pode ser a construção de algo novo - parece que confunde ainda mais os adversários que a nobre lusa arte de bem jogar o futebol. Como já se viu no Euro-2016.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Diogo Dalot

ronaldo coreia.jpg

01
Dez22

Tudo ao molho e fé em Deus

Muda aos 3 e acaba aos 6


Pedro Azevedo

O Sporting Clube de Portugal defrontou uma sua filial, o Sporting Farense. Uma filial é como um filho, no caso o nº 2 (o de Tomar é o primeiro), e um pai deve dar sempre bons ensinamentos aos seus filhos, prepará-los para o futuro. Vai daí, ao Farense foi dada uma lição que se espera tenha servido para que na próxima época possa jogar com(o) gente grande. Por falar em gente grande, o jogo de ontem fez-me lembrar o estranho caso de Benjamin Button: enquanto, no Sporting, os muito jovens Marsá e Mateus Fernandes jogaram que nem veteranos, na baliza do Farense esteve um Velho, que pareceu tão jovem que aguentou até aos 90. E seguro, apesar dos 6 golos encaixados. (Bem diz a sabedoria popular que o seguro morreu de Velho...)

 

A partida também me trouxe à imaginação os tempos de escola e as peladinhas em que se mudava de campo aos 3 para acabar aos 6. Mas com postes em vez de malas e uma outra diferença: na escola, geralmente havia guarda-redes avançado, enquanto no jogo de ontem o Sporting nem teve guarda-redes. Pelo menos foi a sensação com que fiquei, que, quando os farenses atacavam, o campo afigurava-se-lhes tão, tão grande como do Campo Grande a Israel... 

 

Com tanta juventude em campo e a época natalícia a chegar, não se estranhou que tenha entrado em cena o Pai Natal, o original e não o da Coca-Cola, aquele que se veste de verde e branco. Para quem nele acreditar, claro. Logo, os mais velhos se aperceberam de que era o Paulinho, que se fartou de distribuir presentes por espectadores e até pelos colegas. Mais individualista, o Edwards deu-nos a sua última actualização de mini-Messi, o que também não esteve nada mal. Com tudo a correr tão bem, até foi possível vislumbrar o Pote de Ouro no final do arco-íris. Foi de sonho, tão de sonho que julguei ver o cavaleiro Arthur a fazer da redonda o seu reino. E ainda houve tempo para o Jovane desentorpedecer as pernas (e as sinapses) e para o Mateus assumir na hora H. (Provavelmente será por isso que insistem em escrever o nome dele com um "h", sabendo que a virtude está no meio.)

 

Agora é esperar que a estes bons princípios, perdão, reinícios se sigam boas continuidades. Até 2026. (Uma vez que havia que substituir as VMOCs, ao menos que tenha sido por algo ou alguém que já mostrou valer a pena.)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Paulinho

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29
Nov22

Tudo ao molho e fé em Deus

The hair of God


Pedro Azevedo

Em 86, no México, Argentina e Inglaterra defrontavam-se nos quartos de final do Mundial. O palco era o Estádio Azteca e cerca de 115 000 almas dispunham-se nas bancadas sob um sol inclemente. Para apimentar ainda mais o ambiente, o jogo tinha um carácter extra-desportivo motivado pelas cicatrizes ainda abertas da Guerra das Malvinas, que havia oposto os 2 países uns anos antes. No fim, no campo, ganhou a Argentina, naquilo que poderia ser considerado a "revancha del Tango". Para isso muito contribuiu Diego Armando Maradona, o génio da lâmpada, que marcou um golo épico e outro ignóbil, cada um inesquecível à sua maneira, ambos porém produto da improvisação, expressividade, ginga, truque e carga dramática que caracterizam o tango. No fim, quando questionado pela imprensa inglesa sobre a legalidade do seu primeiro golo, El Pibe apelidou-o de "The hand of God", a mão de Deus. Quanto ao segundo, o "Golo do Século", Lineker afirmou ter sido a única vez na vida em que se sentiu compelido a aplaudir num relvado um golo do adversário.  

 

Pensei na "mão de Deus" ontem enquanto aplaudia o primeiro golo de Portugal contra o Uruguai. Não que tivesse havido algo de ignóbil no lance, aliás perfeitamente limpo, mas porque envolveu um outro deus do futebol mundial, o nosso Cristiano Ronaldo, que foi absolutamente decisivo no êxito da iniciativa conduzida por Bruno Fernandes. Logo se levantou a questão de Ronaldo ter ou não tocado na bola e as imagens televisivas pareceram concluir que não. Mas tendo o salto de Ronaldo sido fundamental para a inacção do guarda-redes uruguaio, que ficou na dúvida entre seguir a trajectória da bola ou precaver-se face a um hipotético desvio do avançado português, bem que o golo poderia ficar na história como "The hair of God", como se um fio de cabelo divino tivesse acrescido à cabeleira de Ronaldo e assim impelido a bola para as redes. ("Se no è vero, è ben trovato".)

 

O jogo para nós foi de uma forma geral sofrido, ou não fosse Portugal a equipa e Fernando Santos o seu treinador. Algumas debilidades em termos de intensidade defensiva do nosso meio-campo ficaram expressas num arranque de Bentancur no primeiro tempo ou na reacção uruguaia ao golo inaugural luso. Também ficou evidente que o nosso seleccionador atrasou demasiadamente as últimas substituições, especialmente as entradas de Palhinha e de Matheus Nunes (que classe!), submetendo a equipa desnecessariamente a uma forte pressão dos sul-americanos que o poste, a malha lateral e Diogo Costa impediram que se materializasse em golos. Antes assim, mas que não havia necessidade de sofrer tanto, lá isso também é verdade. Até porque um dia, nada se alterando, a história poderá acabar mal, que os deuses do futebol não estarão sempre connosco, como aliás já se provou em competições que sucederam à vitória no Euro-2016. (A maior vítima do caos organizado que caracteriza o nosso jogo desposicional, bem como da macieza dos médios, é o Bernardo Silva, que é obrigado a transpirar tanto que depois lhe falta oxigénio para inspirar... a equipa.) 

 

Com apenas 2 jogos disputados, Portugal já está nos oitavos de final do Mundial. E com grande possibilidade de terminar em primeiro lugar no seu grupo, evitando assim o Brasil, que com igual probabilidade deve finalizar no topo da sua poule. Para quem tem na Texas Instruments ou na Casio uns parceiros de uma vida, não deixa de ser reconfortante...

 

Viva Portugal!!! (A revolta do Fado.)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Bruno Fernandes. Menção honrosa para Diogo Costa. Ronaldo esteve no golo e deu apoios no ataque, Pepe regressou a bom nível, Nuno Mendes foi o único a acelerar o jogo no primeiro tempo, Cancelo preocupou-se essencialmente em defender bem e teve um corte providencial e Bernardo lutou em todo o campo pela equipa.

 

PS: O Ruben Neves passou o jogo todo com mialgias a nível do rabo de cavalo...

 

PS2: A minha equipa para a Coreia: Diogo Costa (Rui Patrício); Dalot, Pepe, Rúben Dias e Cancelo; Palhinha, Matheus Nunes e Vitinha; João Mário, Ronaldo (André Silva) e Rafael Leão. Descansam o Bruno, o Bernardo e o Guerreiro (não temos outro). Os outros que jogaram com o Uruguai também, mas não são os melhores. 

ronaldo3DR.jpg

14
Nov22

Tudo ao molho e fé em Deus

Mixórdia de temáticas


Pedro Azevedo

Caro Leitor, a semana começou com o sorteio da Liga Europa e eu conheci o nome do nosso oponente antes da cerimónia em si. Não, não foi em sonhos nem teve a ver com o "sortilégio" ou manha das bolas quentes e frias, embora o clube dinamarquês que nos calhou em sorte fosse o mais desejado. Acontece que há uns dias atrás eu havia tido uma consulta no meu oftalmologista. E o senhor doutor pôs-me a olhar para uma parede iluminada onde se projectava um amontoado de letras soltas. Às tantas, pediu-me para eu as soletrar, uma a uma: M I D T J Y L L A N D. Foi então que tive a epifania. Entretanto, se o meu diagnóstico foi 20/20, o nosso só pode ser a passagem aos oitavos. Mas como é conhecida a nossa miopia de cada vez que nos é pedido para ver mais longe, o melhor mesmo é continuarmos a olhar de perto, jogo a jogo, assim Deus nos livre da hipermetropia que nos acomete de cada vez que o Braga e o Porto estão mesmo ali ao dobrar da esquina.  

 

Ainda durante a semana foram anunciados quase todos os convocados do Sporting para as selecções que vão disputar o Mundial do Qatar. Assim, teremos o Coates e o Ugarte pelo Uruguai e presumivelmente o Fatawu pelo Gana, ambos do grupo de Portugal. E o Morita alinhará pelo Japão. Por Portugal é que nada, nem um dos nossos. O meu medo é que os futuros jogadores lusos do Sporting comecem logo a pensar naturalizar-se por outro país no acto da assinatura de contrato. Por exemplo, arranjando uma canária para poderem jogar por Espanha. Ou, crescendo para umas suiças, de forma a alinharem pelo país da banca e do chocolate. Como não se chamam Otávio ou Pepe, não correriam o risco de virem a ser chamados pelo Engenheiro. Sim, porque o Coates teria que nascer 100 vezes para tirar o lugar ao António Silva - "Ó Evaristo, tens cá disto?". (O Fernando Santos como cómico - apesar daqueles trejeitos de pescoço e da fantástica rábula do IRS - também teria de nascer 100 vezes para tirar o lugar ao António Silva.)

 

Ontem terminámos o nosso aquecimento para o campeonato nacional em Famalicão. Para não variar o Amorim fintou toda a gente e lá inventou uma equipa capaz de dar cabo do Placard ao apostador mais ousado. O Edwards e o Arthur, que haviam sido os melhores contra o Casa Pia, foram para o banco. E o St Juste fez os 90 minutos. O caso do neerlandês então é paradigmático: o homem andava a jogar a espaços, porque havia perdido a pré-época por lesão e alegadamente precisava da paragem para o campeonato do mundo para recuperar a melhor condição física. E o que aconteceu? Agora que a paragem está à porta, abrindo-lhe essa janela a possibilidade de poder ser totalmente recuperado sem risco de recidivas em competição, pela primeira vez jogou o tempo todo. (Ao Gabinete de Performance o que é do Gabinete de Performance, ou ainda alguém se lembra de convocar para aqui os laboratórios Azevedos.) Felizmente nada de mais aconteceu para além de um golo do Famalicão. Podia ter sido um tiro no pé, assim foi só um auto-golo. (Azares à parte, a defesa foi de longe o nosso melhor sector, com Inácio a salvar um golo certo, Coates imperial sobre a terra e sobre o ar e o Jeremias igualmente bem.)

 

O Morita ganhou uma bola que o Paulinho endereçou para a baliza deserta. Só que o Trincão intrometeu-se e sobre a linha sacou o golo ao nosso necessitado ponta de lança. Conclusão: eles até podem ter sido colegas em Braga, mas cá para mim o Trincão é um amigo de Peniche. Para o Paulinho, que não para o Pote que aproveitou um penalty saído dos pés do ex-culé. Depois, o Morita viria a marcar um golo. A coisa na televisão pareceu limpinho, limpinho. Até o Freitas Lobo, meio resignado, o confirmou. O Euclides, o Euler e o Gauss também. Mas depois veio o VAR. E comeu-o. E lá foram o Pai Natal e o palhaço no combóio ao circo. Enfim, (terão sido só) fantasias de Natal...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Seba Coates

 

PS: Outra fantasia de Natal é haver árbitros portugueses no Qatar. O Lineker é que não conhece bem isto, se não saberia que em Portugal o futebol são onze contra onze e no fim ganha o amarelo (também onze, ontem em Famalicão). 

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