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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

14
Jan19

O insustentável peso de Viviano


Pedro Azevedo

Não sei se no Sporting passamos a vida a falar em "atitude" ou se a atitude dos sportinguistas é passar a vida a falar. (sobre tudo e sobre coisa nenhuma, e sem chegar a conclusão alguma.) Mas afinal o que é essa coisa da "atitude"? Bom, para um senhor que vi no outro dia na televisão, atitude é ganhar em Tondela. Como, e de que forma isso se materializa, ele não disse. Não será certamente por um jogador disputar cada lance como se o mundo fosse acabar daí a cinco segundos, porque se assim fosse o mesmo senhor não teria também criticado individualmente o Acuña. Confesso que fiquei confuso e veio-me logo à ideia que, se achamos que a "atitude" é um meio para atingirmos a felicidade, talvez não fosse má ideia - sei lá - entendermo-nos sobre o que quer dizer essa palavra, de forma a que não esteja para o nosso léxico como a "máquina de fazer plim" estava para os Monty Python n`O Sentido da Vida. Por exemplo, para os meus amigos benfiquistas não existem dúvidas (e isso se calhar explica porque têm mais sucesso do que nós). Para eles, atitude chama-se Ruben Dias, Fejsa ou André Almeida (e antes, Luisão). Os portistas que conheço têm-no claro, igualmente. Tanto que poderiam estar à beira do abismo e ainda assim dariam um passo em frente na defesa do conceito. Para eles, já adivinharam, atitude tem o nome de João Pinto, o "número 2 de Pinto da Costa", de Paulinho Santos, de Jorge Costa ou, actualmente, de Felipe ou Maxi. A coisa é muito menos clara quando toca aos meus consócios. Enquanto os adeptos dos outros dois clubes já seguem o realismo (e criam eles próprios a percepção da "realidade"), nós continuamos a viver no romantismo. Por isso, qualquer jogador nosso que dispute os lances com um pouco mais de rispidez é logo malquisto e tomado de ponta. É o caso do Marcus Acuña, de quem o jornal "A Bola" de hoje indica que pode estar na porta de saída, mas também de Battaglia ou de Ristovski, elementos que têm no querer a sua maior qualidade. Ora, tal entra em contradição com o que acredito e com aquilo que psicólogos e sociólogos entenderam classificar como atitude. É que, do ponto-de-vista da sociologia, tal é o conjunto de valores e crenças que permitem ao indíviduo sentir e reagir perante certos estímulos, e na psicologia significa o comportamento que se mantém inimutável a circunstâncias diferentes (as adversas, incluidas). Assim sendo, se calhar um jogador que nunca se submete (ou resigna) num campo de futebol deveria ser para manter. A sua entrega inquestionável deveria servir de exemplo e ser canalizada por quem dirige para produzir o mimetismo necessário ao empolgamento do grupo. E deveria ser a primeira pedra da construção de um novo edifício leonino, num clube useiro e vezeiro em permitir que, por exemplo, novos jogadores se apresentem na pré-época com elevado excesso de peso, como foram os casos de Alan Ruiz ou Emiliano Viviano, este último trazido à colação em título como alegoria daquilo que não deve ser a atitude de um jogador de futebol. Como tal, quando me falam da possibilidade de Acuña sair, eu sou obrigado a recorrer ao conceito, agora filosófico, de atitude: não dou como garantido, exerço o pensamento crítico e repudio. Estamos entendidos?

 

P.S. O Sporting de Allison foi campeão nacional e venceu a Taça com os virtuosos Jordão, Oliveira, Meszaros e Manuel Fernandes e com a liderança do Ministro da Defesa Eurico Gomes, mas também com os "carregadores de piano" Marinho e Nogueira, que com a sua atitude e pulmão levavam a equipa para a frente, ou os indomáveis Bastos (ou Zezinho) e Barão. E com jovens como Xavier, Mário Jorge, Virgílio ou Ademar, cheios de ganas de mostrar ao treinador a sua valia. 

acuña.jpg

 

03
Jan19

Tudo ao molho e fé em Deus - Jogo empastelado


Pedro Azevedo

Em Alvalade, um clube com SAD recebia uma SAD sem clube. Confusos? É o futebol português na sua singularidade. O jogo, num dia de semana, tinha início às seis da tarde e o trânsito em Lisboa estava um inferno. Vai daí, cheguei ao estádio no preciso momento em que a SAD que não tem o (J)amor do clube mostrava personalidade (jurídica?) e rematava ao poste da baliza de Renan. Ainda haveria recarga, mas Acuña sacudiria o perigo. Estava decorrida meia-hora.  Um rápido visionamento posterior da gravação do período que não vi "in loco" viria a mostrar que a SAD vestida de azul havia suplantado os leões no número de oportunidades na razão de três contra uma (remate de Acuña).

 

O Sporting exibia-se orfão do seu maestro (Bruno Fernandes), o único jogador do meio-campo que leva a bola para a frente sem tergiversar. Gudelj cobria magnificamente um "latifúndio" de exactamente um metro quadrado de terreno, Miguel Luís passava a bola para trás e para o lado e Wendel, apesar de ser o único sem a marcha-atrás engatada, revelava-se impotente perante os azuis que o cercavam. Sem soluções ao centro, Nani e Acuña (os melhores no primeiro tempo) tentavam combinar e pôr a equipa a jogar para a frente a partir da ala esquerda, enquanto o flanco oposto era pouco mais do que inoperante. Numa das poucas oportunidades nesse período, Nani remataria à trave.

 

Para o segundo tempo, talvez por osmose com os outrora de Belém, o Sporting continuou a empastelar pelo centro, mas a ala direita finalmente apareceu: Nani procurou o envolvimento central de Diaby. Este, não pressionado, temporizou na meia-lua da área e abriu à direita para o remate de Bruno Gaspar. O lateral optou pelo centro, mas a bola embateu em Sasso (sim, não são só os defensores do Benfica os ases dos auto-golos) e por sortilégio foi beijar o véu da baliza à guarda de Muriel, o irmão do milionário Alisson do Liverpool. Estava desfeita a igualdade e o Sporting parecia ganhar confiança. Nem as saídas dos regressados Nani e Wendel, rendidos por Raphinha e Petrovic, respectivamente, esmoreceu o suplemento de alma ganho pelos leões, tanto que Miguel Luís, servido por um passe curto de Gudelj e com tempo e espaço para pensar, executou um fantástico remate que permitiria ao Sporting reforçar a sua vantagem no marcador, o segundo golo do jovem leão nesta sua época de estreia. O jogo caminhava para o fim, mas já com Jovane em campo (saiu Diaby) o Sporting voltaria a sentir-se pressionado, após um golo dos azuis causado pela falta de pressão sobre o portador da bola no momento do passe de ruptura e pela lentidão na recuperação defensiva de Coates. Entrando no período de compensação, este acabaria marcado por um sururu com epicentro em Acuña e Diogo Viana, não havendo mais nada digno de registo.

 

No fim do jogo, Keizer afirmou estar satisfeito com o resultado, dado o mau jogo dos leões. Sempre muito lúcido na hora das entrevistas, o treinador holandês não deixou de reconhecer a importância de Bruno Fernandes (sê-lo-ia para qualquer clube), mas revelou esperar, ainda assim, mais da equipa. Tudo isto na noite em que o Sporting ascendeu ao segundo lugar e no seu vizinho apagou-se a luz. Afinal, era um pirilampo...

 

P.S. Até à hora do fecho deste comentário ainda não houvera qualquer reacção da ANTF sobre a rescisão com Rui Vitória e nenhum comentador televisivo rasgara as vestes perante tal ofensa. Exactamente como quando Peseiro saiu do Sporting. Ou não?

 

Tenor "Tudo ao molho...": Nani

miguel luis sporting belenenses.jpg

20
Dez18

Tudo ao molho e fé em Deus - O segredo do Mona Lisa


Pedro Azevedo

Mais um jogo e as redes a abanarem por mais sete vezes, algo que nem é estranho às gentes da cidade piscatória de onde o Rio Ave é natural. Este jogo de passe/desmarcação do Sporting parece futsal e tem resultados próprios do futsal. Um banquete para os sentidos! Os jogadores são os do início da época, os adeptos são os mesmos, então qual é o ingrediente secreto? O segredo é Keizer. Este treinador é como a Savora, com ele toda a “comida” melhora: Diaby, um jogador de classe média que não tinha marcado nos primeiros dezassete jogos, já leva seis golos nas últimas sete partidas, os outrora mal-amados Gudelj (hoje menos bem) e Petrovic cumprem alternadamente como trincos, Miguel Luís vai crescendo a olhos vistos (precisa de tentar o passe de ruptura), Wendel aprendeu mandarim numa semana, Acuña está feito um senhor lateral, Bruno Fernandes é hoje pouco menos do que omnipotente e até “Bis”(!) Dost marca (ainda) mais, com 10 golos (4 bis) nos 6 jogos que disputou nesta nova era, colocando sempre o seu nome nos goleadores de cada partida. E se Bruno Gaspar ou Jefferson ainda não denotam grandes progressos é porque, pese embora a época natalícia, Keizer é o homem do Renascimento mas não é Deus (embora ameace vir a converter-se num deus para os adeptos leoninos), nem faz milagres.

 

O jogo começou com Renan a tirar o pão da boca de Coentrão, para logo na resposta Acuña (isolado por Jovane) pôr a comida na mesa de Diaby, naquilo que se pode chamar uma entrada à leão. À meia-hora, uma combinação sul-americana (canto de Acuña, cabeçada de Coates) levou a bola a embater no poste da baliza vila-condense. Na recarga, Bas Dost marcou o segundo da noite. Por essa altura, a nossa jovem promessa Gelson Dala começava a evidenciar-se: numa diagonal rápida deixou Mathieu e Acuña presos ao solo e falhou na cara de Renan. Um golo marcado por um jogador sportinguista ao Sporting não seria natural (alô Peseiro), mas a verdade é que se confirmou quando o infeliz Rei Mago Gaspar foi portador de um presente de Natal para os rio-avistas, em cima do intervalo, deixando um suave odor (incenso) de incerteza no ar. Pouco antes houvera ópera, quando Bruno Fernandes com uma recepção perfeita a um centro tenso de “Muttley” Acuña e um pontapé violento alterara uma vez mais o placard, subindo mais uma oitava a sua produção de jogo.

 

Antes do reinício, Bas Dost e Gelson Dala confraternizaram, como que preparando a parceria para 19/20. O jogo reatou-se e o Rio Ave voltou a ter a primeira oportunidade, mas Bruno Gaspar antecipou-se a Carlos Vinícius e salvou um golo iminente. Petrovic já entrara para o lugar de Gudelj, quando Bruno Fernandes tentou por duas vezes, à bomba, desfeitear o guardião vila-condense. Leo Jardim, todavia, já não conseguiu evitar um novo golo de Dost – jogada espectacular entre Acuña, Bruno Fernandes e Jovane, com cruzamento deste último – nem outro de Diaby, assistido por Bruno Fernandes. (Não deixa de ser irónico que, tendo sido o nosso antigo treinador Leonardo Jardim a recomendar Keizer, um seu homónimo já tenha encaixado oito golos com a brincadeira.) Pelo meio, uma enorme jogada de Gelson Dala, ingloriamente desperdiçada por Carlos Vinícius, e um remate de João Schmidt à barra haviam assustado os leões. Já perto do fim, num penálti duvidoso, Vinícius reduziu para 5-2, já André Pinto (contratação para o Ferrari de Jesus que se move à velocidade do carro dos Flinstones) e Ristovski (sério candidato ao prémio de trapalhão do ano) estavam em campo.

 

O Sporting continua imparável, com 30 golos em 7 jogos (média de 4,29) e está a dar-me algum gozo vêr que os comentadores desportivos, que nem sequer deram o benefício da dúvida a Keizer, já não sabem bem o que dizer sobre este fenómeno. Hoje, tivemos um Quinteto Fantástico absolutamente imparável: Bruno Fernandes, Bas Dost, Diaby, Marcus Acuña (o melhor na primeira parte) e Jovane Cabral.

No fim, quando questionado sobre o futebol “simples” do Sporting, Marcel Keizer foi lapidar: "simples é o mais difícil". Este futebol dos leões não é de “descansar com bola” como oiço por aí. Pelo contrário, exige movimentações constantes aos jogadores no sentido de serem criadas linhas de passe. Como tal, precisamos do mercado de Inverno para que se reforcem algumas posições, a fim de que a factura do desgaste não se venha a pagar mais tarde. Para já, a fadiga verga-se ao peso das vitórias, mesmo que hoje só tenham estado pouco mais de 12 mil a apoiar nas bancadas. E não há um sportinguista, jogadores incluídos, que queira acordar deste sonho de Outono, mesmo que Guimarães seja já no Inverno. É que ainda somos um clube desportivo e não um partido político…

 

"Venham mais cinco, de uma assentada que eu pago já..."

 

Tenor “Tudo ao molho…”: Bruno Fernandes

BF sportingrioave.jpg

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