39º título europeu
Pedro Azevedo
O hóquei, tal como o amor, é fogo que arde sem se ver. Nesse contentamento descontente, de quem apenas imagina a bola, ganhei fascínio pelo bailado inerente ao jogo. Ainda no Pavilhão dos Desportos, admirei a patinagem artística e a condução de bola de António Livramento e fiquei muitas vezes maravilhado com a habilidade e as fintas do Chana, tendo esses sido para mim os maiores expoentes da modalidade. Para quem não valorize a estética, o hóquei não ganhará muito na transposição da rádio para a televisão, podendo até dizer-se que a emoção será maior pela rádio. A propósito, ainda me recordo de um célebre jogo contra o Voltregá, correspondente à meia-final da primeira Taça dos Campeões que vencemos, e do sentimento com que ouvi cada pincelada de génio com que Livramento e Chana iam pontuando uma exibição que constituiu um render da guarda para os até aí campeões Nogué, Ferrer e companhia. Muitos anos se passaram até podermos voltar a ver o Sporting campeão europeu. E este ano conseguimos o bi-campeonato, o nosso terceiro título na Champions do hóquei. O adversário, tal como no título anterior, voltou a ser o FC Porto, num jogo renhido e apenas decidido no prolongamento. Um Ângelo Girão (de novo) em grande nível e um Romero inspirado fizeram a pequena diferença final no marcador, suficiente para o Sporting possuir agora mais títulos de campeão europeu que Benfica e Porto. Parabéns ao Paulo Freitas e aos jogadores, ao Gilberto Borges, Miguel Afonso e, naturalmente, a Frederico Varandas. Com este triunfo, o Sporting obteve o seu 39º título europeu, o 30º se considerarmos apenas a principal competição de cada modalidade.