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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

29
Ago21

Tudo ao molho e fé em Deus

Quarentas, quarentenas e um borrego por matar


Pedro Azevedo

Para gáudio dos "haters" do costume, que escolhem sempre ignorar as suas fulgurantes exibições, e daqueles que olham para a erva de uma forma recreativa e não veem um boi à frente dos olhos, o Matheus ontem foi uma nulidade. É verdade, com a cabeça dividida entre quarentas e quarentenas, que é como quem diz entre a "Equipa de todos nós" e a "Canarinha", o Menino do Rio apresentou um futebol digno da Selecção do Inatel. Assim, em vez de Escrete, esteve discreto. Mas não foi só por ele que a coisa correu mal. Ala que se faz tarde, nas laterais não houve qualquer magia, e Palhinha viu-se desde cedo condicionado por um cartão icterícia cortesia do velho amigo Veríssimo. Quanto ao Paulinho, deu muitos apoios frontais e mostrou um associativismo com a equipa tão digno de registo que convidaria até a que se formasse um clube de futebol na variante sem balizas. 

 

A coisa até poderia ter começado bem, não fora o Jovane ter mostrado uma técnica de recepção digna dos melhores campeonatos amadores. Vindo do mesmo homem que em Braga adestrou na perfeição (golo de Pote) uma bola bem mais difícil de dominar, dir-se-á que o desacerto se deverá atribuir mais a questões de (falta de) concentração do que de perícia. Seja como for, aos 2 minutos de jogo, o Sporting desperdiçou uma soberana oportunidade de golo. Com o Famalicão a pressionar muito os nossos médios centro, faltou paciência e assertividade ao nosso jogo. Prova disso, a quantidade de más decisões e de passes falhados que se verificaram ao longo da partida. Muito ajudaria que um dos centrais avançasse no terreno e ajudasse a libertar os médios centro e alas, e essa não observância foi provavelmente o maior defeito do nosso jogo. Assim, as nossas sucessivas perdas de bola convidaram os minhotos a contra-atacarem com perigo, resultando as suas oportunidades de bolas por nós entregues e não de sábio planeamento na construção de jogo. Valeu aí a presença de Adán, excelente em todas as suas acções, que só não conseguiu lidar com uma jogada de bilhar às 3 tabelas que poderia ter sido desenhada pelo nosso Jorge Theriaga. Do mal o menos, Palhinha ainda conseguiu empatar o prélio, um golo ainda assim insuficiente para que o Sporting conseguisse matar o borrego e finalmente vencer a besta negra famalicense, invicta face aos leões desde que regressou ao convívio com os grandes do futebol português. Que o mercado feche depressa! 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Adán

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26
Ago21

O racional das coisas


Pedro Azevedo

Hoje ficámos a saber que Gonçalo Inácio, convocado pela primeira vez para à Selecção A (óptima notícia para o jogador, aniversariante ontem, e para o Sporting), esteve na "short-list" de 40 nomes que Fernando Santos pensou para o Euro 2020. Mais surpreende assim não ter sido convocado por Rui Jorge para a fase final do Europeu de sub-21, o que levanta a questão sobre o que se pretende do espaço da nossa equipa mais jovem. A ideia é ser um clube fechado, aproveitar rotinas entre jogadores que se conhecem muito bem (ex: os Diogos) e assim ganhar competições (algo por cumprir)? É que se, por outro lado, este escalão existe para preparar jogadores para a equipa principal (cenário mais lógico), então é preciso dizer que Diogo Leite, Diogo Queiroz e Tiago Djaló, os centrais convocados por Rui Jorge para o Euro sub-21, não fazem parte da lista do Engenheiro para a jornada tripla que Portugal terá pela frente. Ao contrário de Gonçalo Inácio. Mais racional nas decisões é preciso, sob pena de o seu contrário dar azo a que se pense que a interacção entre selecionadores não é a melhor, ou que são pouco claros em termos de prioridades os objectivos da nossa Selecção afluente da A. A propósito, recordo que até Pote teve dificuldades em se impor como titular absoluto no espaço de sub-21, mesmo sendo destaque principal no Sporting. 

PS: Espero que não se confundam estas legítimas questões, que emanam do que hoje Fernando Santos publicamente afirmou, com clubite aguda.  

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24
Ago21

Só faltava esta...


Pedro Azevedo

Leio um ex-presidente (2006-2009) da Juventus, Giovanni Gigli, afirmar que Ronaldo atrapalha o ataque da Vecchia Signora e chego à conclusão que há quem goste de viver numa realidade paralela. Aparentemente, para este senhor, bons, bons são os Dybalas e Moratas desta vida, o Cristiano é um estorvo. Ainda que com cerca de metade dos jogos de Dybala tenha marcado o mesmo número de golos (101) do argentino, 54 mais do que o espanhol Morata facturou numa maior quantidade de partidas efectuadas. 

 

Há quem perante os problemas veja soluções e também há quem veja nas soluções um problema. Nada de novo, Florentino Pérez, que o deixou sair do Real, também já o experimentou. E desde aí não voltou sequer a ameaçar ganhar a Champions. Ronaldo pode já não estar no auge da sua carreira, mas continua a ser um goleador temível. Ainda assim, no Real nunca se colocou a questão da dependência da equipa face ao jogador ser prejudicial, foram questões financeiras (compreensíveis) que estiveram na origem do timing de venda. Aliás, 4 Champions e 450 golos depois, seria uma cretinice ver o copo meio-vazio em Madrid. Todas as grandes equipas dependem dos grandes jogadores. DiStefano e Puskas no Real, Van Basten e Gullit no Milão, Messi e Neymar no Barcelona disso foram exemplo. E isso é bom, vidé o que ganharam para os seus clubes. Já os jogadores de nível médio nunca criarão dependência. Infelizmente, também não deixarão memória...

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22
Ago21

Tudo ao molho e fé em Deus

“Marvel(ous)”;


Pedro Azevedo

Caro Leitor, com o Homem Aranha (Palhinha) a estender a sua teia aos adversários e o Senhor Fantástico (Matheus Nunes) a esticar-se pelo relvado todo não há meio-campo opositor que resista. É verdade, o Sporting tem no centro do campo um dueto da Marvel, uma parelha "marvelous" (maravilhosa) que nenhum adepto quer que seja para (livro de cheques de) inglês ver, literal e metaforicamente falando, que cresce todos os dias sem que para nossa felicidade se perspective onde estará o seu limite. Ontem, voltaram a ser os melhores em campo, bem secundados pelo Rúben Vinagre e Gonçalo Inácio. Dir-se-ia que, a continuarem com o actual raio de acção, vão remeter a análise comparativa aos jogadores que lhes antecederam para o plano das quadras de futsal.  

 

Se a B SAD é, como diria o O' Neill, uma coisa em forma de assim no que diz respeito a um clube de futebol, o Petit podia perfeitamente trabalhar nas Chaves do Areeiro, tal é a inclinação que revela para fechaduras e cadeados - é caso para se dizer que só se estraga uma casa (às costas), desde que o Palhinha e afins consigam sobreviver com os tendões e os ossos intactos ou não se afoguem no pântano do Jamor. Vai daí, dessa ideia de futebol resultou um zero em remates enquadrados à baliza do Adán, até porque das poucas vezes que a dupla da Marvel foi ultrapassada logo Neto, Coates e Inácio chegaram e sobejaram para as encomendas. 

 

O Sporting marcou cedo na partida e na alvorada do segundo tempo ampliou a vantagem, pelo que o restante tempo de jogo foi utilizado pelos leões para desperdiçarem ingloriamente uma goleada. Uma esmerada arte de perdoar que não há maneira de erradicar de Alvalade, mais de um quarto de século após Bobby Robson ter denunciado a falta de killer instinct dos leões. Talvez Rúben Amorim o venha a conseguir, afinal nenhum desafio para ele parece impossível de concretizar: quem diria que de Palhinha veríamos constantes variações do centro do jogo como as que pudemos observar ontem, ou de Matheus Nunes assistiríamos a passes de ruptura como aquele que deixou Paulinho na cara do golo? Enfim, o céu é o limite, mas por Toutatis esperamos que não nos caia em cima da cabeça nesta janela de mercado. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": João Palhinha

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18
Ago21

Percepções…


Pedro Azevedo

Para quem nos habituou pelo discurso a viver lá no alto, jogar contra uma equipa dos Países Baixos deveria oferecer uma boa perspectiva das coisas. Mas o Jesus, para além de enaltecer mais o Benfica táctico ("eu") em detrimento do Benfica técnico ("eles"), disse que lá para o fim do jogo teve muita bola. Deve ter sido no balneário, porque no campo não se viu...

 

P.S. Ah, e segundo o próprio, o "Ody" não fez nenhuma defesa de alto grau de dificuldade. Ou como um resultado pode mascarar a realidade e prestar-se a percepções fantasiosas, o que me fez lembrar o Sporting-Lask (2-1) do reinado de Silas. O problema é que o tempo geralmente encarrega-se de corrigir a diferença entre a realidade é a momentânea percepção da mesma. 

18
Ago21

Flavia aurum, o ouro de Chaves


Pedro Azevedo

De entre os vários tesourinhos que o Sporting extraiu na mina de diamantes sita em Alcochete destacam-se Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Matheus Nunes (lapidado na última estação de produção da linha de montagem) e Jovane Cabral. Adicionalmente, Tiago Tomás e Daniel Bragança - o sistema de Rúben só o favorece quando o 3-4-3 transmuta num 3-5-2 - também vêm mostrando brilho, estando ainda em avaliação para apurar se são diamantes ou zircónia. Porém, é de um não formado em Alcochete que mais se fala entre os adeptos leoninos. Refiro-me a Pedro Gonçalves, ou simplesmente Pote, o Pote de Ouro do actual Sporting. O Pedro é um jogador extraordinário. Tão extraordinário que se pertencesse ao clube do outro lado da Segunda Circular já teria merecido inúmeras parangonas nos jornais envolvendo o interesse milionário de todos os gigantes deste mundo e do outro. Além da excelência que exprime em campo, o Pote é um jogador intrigante que deveria suscitar na crítica o interesse pela descodificação do seu ADN futebolístico. Afinal, estamos a falar de um avançado que pensa como um médio ou de um médio que age como um avançado? Eu diria que ambas as premissas são verdadeiras. Pote é essencialmente um mutante que remata como quem passa à baliza ou organiza o jogo desde trás, mas também serve apoios frontais ao portador da bola como se de um ponta de lança se tratasse e revela inteligência muito acima da média na leitura do espaço entre-linhas por onde melhor pode desequilibrar o adversário (típico de um categorizado "nove e meio"). Sim, se tivesse que destacar uma qualidade no Pote seria a sua inteligência superlativa. Os apoios frontais que oferece à continuidade das jogadas (vidé a sua primeira intervenção no segundo golo na Pedreira) ou a forma como estrategicamente desaparece do jogo para logo revelar a sua letalidade ao saber apresentar-se no momento certo assim o mostram à saciedade. 

 

Melhor marcador do último campeonato nacional, primeiro colocado na corrida pela Bola de Prata deste ano e já decisivo na conquista leonina da Supertaça, o que precisa mais Pote de fazer para ser unanimamente reconhecido como o jogador de referência do futebol jogado em Portugal? Na verdade nada, pois tudo o que depende dele merece a nota mais alta. Já o que depende de terceiros é outra conversa. Fernando Santos que o diga. E assim o Pote arrisca-se a ser visto como um engraçado jogador de um tempo em que um Rafa cai mais facilmente em graça...

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17
Ago21

Max(i)


Pedro Azevedo

Olá! Numa altura em que, curiosamente, o Perna de Pau continua a fazer furor entre os adeptos leoninos, ficámos ontem à saber que este Verão não haverá mais Super Maxi em Alvalade, acabado que foi de vender para Espanha (Granada). Acontece que, em condições normais de pressão e temperatura, o Luis Maximiano estaria a valer entre 10 a 15 milhões de euros. Mas para isso seria necessário que fosse titular do Sporting. Porém, Rúben Amorim privilegiou a contratação de um jogador mais experiente para a função. E ganhou a aposta, na medida em que Adán contrariou o seu passado de observador privilegiado no banco de suplentes e provou em Alvalade que a sua chegada não foi um pecado original cometido pela Estrutura leonina. Assim, o nosso jovem guarda-redes estaria condenado a ser um activo imobilizado. Não se mostrando ao mundo, o que implicaria a sua desvalorização progressiva. Deste modo, o negócio (4,5M€) pode ser encarado como um stop-loss que veio evitar maiores perdas futuras de valor, tornando-se assim compreensível. Outra coisa é o lamento que fica pelo potencial do jogador não se ter totalmente expressado no preço da sua venda. São opções que devem ser entendidas à luz de uma posição muito específica no campo. É que o guarda-redes é o último recurso de uma equipa, e dele depende directamente muitas vezes o resultado de um jogo de futebol. Amorim, que tem apostado muito em jovens e assim contribuído para o crescimento do valor intrínseco do plantel, assim o deve ter ponderado. Uma decisão difícil, certamente longe de ser consensual, mas ainda assim uma decisão. O que é sempre melhor que uma não-decisão, o limbo que geralmente está associado a uma política desportiva ruinosa assente em cromos repetidos e idas ao alfarrabista. Toda a sorte do mundo para o Max(i), e o meu desejo de que no futuro a vida lhe sorria e o faça ganhar o posto de titular das balizas da selecção nacional. Podendo, um dia, voltar ao Sporting, o que implicaria um prazeroso novo olá. 

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15
Ago21

Tudo ao molho e fé em Deus

O melhor e o pior na Casa de Matheus


Pedro Azevedo

Caro Leitor, Rúben Amorim aproveitou a Pedreira para esculpir o Colosso de Rodas. Ainda não o conhecem? O homem desliza velozmente no campo, roda para qualquer um dos lados como se não tivesse anca e protege a bola em condução como se desse arrebatamento dependesse a sua própria vida - é uma das 11 maravilhas do mundo leonino que Amorim construiu sobre a rocha, uma garantia de que as nossas investidas chegarão a bom porto. Querem uma pista? (Cuidado que ele acelera por aí fora.) Falo-vos do Menino do Rio. Não, não é um daqueles cariocas bons de bola e habituados a gramado alto, baixa intensidade, bola no pé e chopinho no fim do jogo que quando aterram em Portugal logo se queixam do frio e da mania dos treinadores que lhes pedem para correr atrás dos adversários. Não, este menino está cá desde os 13 anos. E comeu, e cozeu, o pão que o diabo amassou (numa padaria e pastelaria na Ericeira). Até que o Alexandre Santos veio do Estoril para o Sporting B e trouxe-o com ele. Cá chegado, esteve quase a entrar na nossa equipa principal. E ainda estaria quase, povavelmente até à idade de pôr os papéis para a reforma, se Amorim não tivesse dado conta dele (antes já o Bruno, o Fernandes, o tinha realçado, mas esse destaque esbarrara na ilusão daqueles que acham sempre que um jogador não está pronto ainda que na bancada seja difícil para qualquer um mostrar qualquer grau de prontidão). Já adivinharam quem é? Sim, é o Matheus Nunes, o homem que ontem encheu o campo na Pedreira, não perdendo uma bola (recepções imaculadas), saindo da teia que Musrati e Fransérgio lhe entretanto haviam urdido com inusitada facilidade e ainda descobrindo tempo e espaço para patentear talento em passes de trivela como o que deixou Nuno Santos na cara do golo. 

 

Não foi nada fácil o jogo de ontem na Pedreira. A primeira parte foi mesmo muito dividida, valendo a inspiração de Jovane Cabral, o patinho feio que, dizem alguns, deveria sempre partir do banco. Proponho então que se imponha ao cabo-verdiano o ritual de passar pelo banco de cada vez que sair do balneário. Se o banco estiver em resolução pode ser mesmo um novo banco, o fundamental é todos estarmos de acordo quanto à melhor utilização de Jovane. Na Pedreira, o Jovane esticou-se até ao limite que a sua massa muscular lhe permitiu e, chegando à bola, ainda conseguiu direccioná-la com precisão fora do alcance do Matheus, o do Braga, um rapaz cujo nome provavelmente deriva da premonição que os seus pais tiveram de que perante o verde-e-branco passaria provações de proporções bíblicas. Como não há dois sem três, outro Matheus viria ainda a passar pelo relvado. Mas foi breve, tipo visita de médico, acabando expulso da contenda após diagnóstico errado produzido a um tornozelo. A coisa teria dado para o torto se entretanto o Sporting não houvesse conseguido dilatar a vantagem. Numa jogada linda de morrer, começada em Matheus Nunes que amassou e fez farinha com os médios do Braga, continuada na variação do centro do jogo que descompensou a defesa braguista e na consequente recepção extraordinária de Jovane, e finalizada no proverbial passe à baliza que já é uma imagem de marca de Pedro Gonçalves. Esse golo acabaria por se revelar fundamental, como essencial foram as 4 magníficas defesas que Adán realizou durante o jogo: primeiro salvando com o pé, com o corpo todo balançado na direcção oposta; depois, correspondendo a um remate de letra de Fábio Martins com uma parada de nota A; ainda, indo aos pés de Ruíz; finalmente, voando a um remate venenoso de Iuri. Foi tão bom que aquela saída de olhos fechados a um cruzamento em que socou a atmosfera assim como quem sente o ambiente, pressão e temperatura, não aquece nem arrefece o seu desempenho. 

 

Quinto jogo consecutivo contra o Braga, quinta vitória do Sporting. Pode haver quem acredite no acaso, mas eu creio que não há coincidências. E nem se pode culpar o grande Mestre Carvalhal, sempre disposto a criar algo de novo capaz de colocar areia na engrenagem do motor que Rúben Amorim construiu em Alvalade. Simplesmente, este Sporting vende saúde, tem jogadores que fazem a diferença e mostra uma solidariedade em campo difícil de superar. Venha o próximo!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Matheus Nunes

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10
Ago21

Matheus e Ugarte


Pedro Azevedo

Se os 3 Mosqueteiros eram na verdade 4, a "santíssima trindade" formada por Pedro Gonçalves, João Palhinha e Sebastián Coates foi recentemente reforçada com Matheus Nunes. Estes são para mim os imprescindíveis para esta época. Gosto muito do Man U (Manuel Ugarte), que além do mais me faz lembrar o Manchester de Sir Alex Ferguson, Matt Busby, Cantona, Giggs, Beckham, Charlton, Best ou Law por quem o meu coração bate em Inglaterra, mas demorará algum tempo até que o onze do Sporting venha a ser Manuel United. Todavia, Ruben Amorim acaba de receber um jogador que lhe poderá ser de grande utilidade. Versátil, tanto pode jogar a 6 como a 8. Tem intensidade defensiva, passe longo com os dois pés e transporte de bola. Não tem a envergadura de Matheus (altura semelhante, mas menos largura de ombros) nem a passada tão larga, a protecção de bola ou a segurança no início da construção do luso-brasileiro, mas será um jogador para ir entrando na equipa. Porém, se queremos ser competitivos na Europa e aproveitar a montra da Champions, então Matheus será o jogador a reter e valorizar. E a sua manutenção será como um investimento a prazo com forte probabilidade de elevado retorno futuro, salvo imponderáveis que podem advir de eventuais lesões. Ganhando-se tempo para que Amorim transforme Ugarte num seu clone perfeito, algo que não me parece de todo despropositado ã luz das características comuns entre os dois (não há em Portugal um jogador que se assemelhe tanto a Matheus como o Ugarte, sendo certo que no caso do ex-Ericeirense o seu potencial é quase ilimitado vis-a-vis estarmos na presença de um Mustang que Ruben tem sabido adestrar sem lhe retirar a explosividade que passou a ser patente apenas no tempo e espaço certos). 

P.S. Tenho enorme apreço pelo Nuno Mendes, um fantástico ala esquerdo de nível mundial, que ataca bem e defende excelentemente (por fora e especialmente na dobra por dentro), mas tenho para mim que a zona central do campo é a verdadeiramente nevrálgica, razão pela qual a sair alguém privilegiaria o Nuno. 

P.S.2 O ano passado o Matheus jogou como 8, 6, ala direito, central pela direita e interior direito. No total, fez 5 posições. Há mais alguém com esta versatilidade no plantel? É que este tipo de versatilidade torna-se fundamental quando o treinador quer mexer na equipa sem necessariamente alterar a sua estrutura. 

08
Ago21

Tudo ao molho e fé em Deus

Bem-aventurado o génio de Pedro no evangelho segundo Matheus


Pedro Azevedo

Foi muito agradável para o adepto voltar ao José Alvalade após lhe ter sido aplicada durante 17 meses uma medida de coação que envolveu prisão domiciliária com obrigatória utilização da box electrónica da SportTV. Carpe Diem, quem lá foi desfrutou como pôde, sem saber o que acontecerá amanhã. Também aí vamos jogo a jogo como o senhor (o Mister) nos ensinou, ainda que o novo-normal imposto pelas autoridades sanitárias implique que a assistência nos estádios não possa ultrapassar um terço da sua capacidade máxima (antes da pandemia era de três terços, mas isso são contas, literal e metaforicamente, de um outro rosário).  

 

E, já que falamos de terços e de rosários, na primeira parte seguimos o evangelho segundo Matheus. Através dele os nossos jogadores foram aconselhados a bem aventurarem-se no terreno, o que fez felizes os adeptos com fome e sede de bola que assim começaram a ser saciados. É certo que alguma inquietação nas bancadas emergiu do facto de o Jovane ter tentado novamente colocar um penálti no ângulo superior de uma baliza, obsessão trignométrica que se tornou secante para o adepto, e que o Harry Pote nesse período andou escondido e sem apresentar os seus habituais números de magia assentes numa Art Deco extraordinária. Todavia, folgadinho após um longo período de descanso que incluiu um mês de férias no centro da Europa, o Pedro estava só à espera do momento certo para abrir o livro de truques.

 

Após o intervalo, logo o Pedro e o Paulinho mostraram que não estavam ali para brincadeiras. Assim, após uma rápida combinação entre ambos, o Pedro passou a bola à baliza com aquela infalibilidade própria dos génios. O Charles seguiu a sua trajectória com a certeza de que nada haveria a fazer. Pouco depois, o Pedro fez lembrar um outro Pedro, o Barbosa (bem lembrado, José da Xã), e nas palavras atribuíveis ao Quinito pintou um Rembrandt. E por falar neste, a ronda da noite só terminou quando o Paulinho molhou o pincél, depois do Vinagre e do Nuno Santos terem combinado na perfeição para que a coisa não se ficasse pelas meias tintas. 

 

Sem bifanas nem roulottes lá saímos de Alvalade. E se o corpo foi deixado à mingua, a alma estava cheia. Tão cheia quanto a lotação máxima que o orgulho nos pode dar após vermos 11 briosos e solidários jogadores vestidos de verde-e-branco evoluirem no campo. Isto, sim, é o Sporting: esforço, dedicação, devoção e glória. Obrigado!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Gonçalves

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04
Ago21

Abre los ojos


Pedro Azevedo

Tenho apreço pelo jornalista Rui Dias e extraio dos seus textos uma qualidade que na minha modesta opinião o enquadra na esteira de um Pinhão, Miranda ou Vitor Santos. Todavia, creio ter ficado entre o laudatório e o envergonhado na análise que fez ao futebol de Matheus Nunes, iniciando a sua crónica, que extraí com a devida vénia do blogue Leoninamente, com um arrazoado de conclusões que o corpo do seu texto em boa parte até desmente.  

 

Começa o Rui por dizer que Matheus "não tem preocupações estéticas, não é o melhor em coisa alguma nem deslumbra pelo brilhantismo de execução". Estou em desacordo. Não vejo em Portugal ninguém que receba a bola de costas e seja capaz de se virar para qualquer um dos lados e simultaneamente tirar os adversários do caminho com a facilidade com que o médio brasileiro o faz. Acto contínuo, no início da construção esconde a bola com o mesmo enlevo que uma mãe galinha protege o seu ovo, obrigando os seus oponentes à infracção. A sua técnica é refinadíssima e envolve recepção, passe e progressão vertical vertiginosa com a bola em perfeito controlo. A técnica é muitas vezes confundida em Portugal com a habilidade, remetendo para aqueles alas pródigos no 1x1, mas o Matheus usa a ginga inerente à finta com o critério de quem sabe não poder perder a bola em zonas que facilitem a transição adversária. Todavia, quando Rúben Amorim o coloca como interior, o seu poder de drible logo se evidencia. Basta analisar a recepção leonina ao Braga (Liga 2020/21) para se compreender isso, lembrando-me eu nomeadamente de um lance em que no espaço de uma cabine telefónica ultrapassou o cerco de 3 braguistas. E com o Braga, desta vez a contar para a Supertaça, voltou a brilhar, com dois passes açucarados que estiveram na origem de duas flagrantes oportunidades de golo. Falo-vos de uma bola que isolou Nuno Mendes na esquerda para este poder centrar com à-vontade para Pote e de uma assistência para este último que veio a dar a nossa vitória. Sendo o futebol essencialmente tempo e espaço, a recepção, visão periférica e velocidade com bola de Matheus estão perfeitamente enquadradas com essa realidade. 

 

Há, no entanto, aspectos a melhorar no futebol de Matheus. Desde logo no posicionamento defensivo, pormenor em que também não estou de acordo com o Rui. Não creio que o ex-Ericeirense seja um portento tacticamente, embora lhe reconheça uma enorme progressão desde que é comandado por Rúben Amorim. Mas não é incomum ser apanhado fora de posição ou chegar tarde aos lances, situações em que muito tem de melhorar. E com Palhinha ali por perto, difícil será não aprender devidamente. Também mentalmente há trabalho a fazer: um jogador com a sua capacidade de explosão, capaz de invadir o espaço entrelinhas e criar superioridade numérica e desequilíbrios, precisa de ter mais golo. E para ter mais golo, deve rematar mais vezes à baliza. Como tal, tem de afirmar-se mais, desafiar os seus limites. A técnica está lá, o físico idém, desenvolvendo-se táctica e mentalmente tornar-se-á um super jogador, um craque de eleição. Nisso estou totalmente de acordo com o Rui Dias: o Matheus é um projecto ainda em desenvolvimento. O que não impede que seja um dos nossos jogadores que desperta mais atenção lá fora, pensando eu que encaixaria que nem uma luva no futebol inglês ou alemão, latitudes onde técnica e habilidade não se confundem aos olhos dos observadores. Só espero é que o Sporting o consiga segurar por mais uns tempos. É que um jogador com estes predicados e uma montra da Champions pela frente pode valer muitos milhões no futuro e garantir uma rendibilidade semelhante à de Slimani, o argelino que também chegou ao Sporting sem escola e rapidamente se licenciou summa cum laude.  

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01
Ago21

Mamona Assassina


Pedro Azevedo

Pulverizou o anterior recorde nacional (superado largamente em 3 dos 6 saltos), ultrapassou a barreira mítica dos 15 metros e obteve a medalha de prata na final no Triplo-Salto. Com este desempenho revelador de um "killer instinct" pouco habitual nas prestações dos portugueses nestes Jogos, Patrícia Mamona reduziu a pó as hipóteses das suas rivais. Só não chegou para a pernilonga venezuelana, mas essa é de um outro planeta. Ah, e o Sporting continua a emprestar atletas medalhados olímpicos ao COP. Dois em dois nestes JO (e Auriol a ser quarta no Peso, a terceira melhor prestação lusa até ao momento) e 8 em 26 (30,8%) no total da história do medalheiro português. Sobe assim para 11 o número de medalhas olímpicas obtidas por atletas ligados contratualmente ao Sporting. 

P.S. Numa final de enormíssimo nível, se Patrícia tem igualado o seu recorde nacional à partida para os Jogos (14,66m) ficaria no sexto lugar. Está tudo dito em relação à prestação superlativa da grande campeã leonina. 

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01
Ago21

Tudo ao molho e fé em Deus

O leão voltou a rugir


Pedro Azevedo

O Carvalhal já não pode ver o Sporting pela frente. Vai daí, é natural que comece a procurar outras opções que não o Braga para a sua carreira. Ontem, por exemplo, estreou uma indumentária que o candidata a próximo treinador português da selecção de futebol da Venezuela, a célebre Vinotinto. Estou aliás convencido de que nesta altura da sua carreira até pode ser palhete, o Carlos já só quer é que o tirem dali e lhe acabem com o sofrimento. (Cada vez que defronta o Amorim é como se o Comissário Dreyfus avistasse o Inspector Clouseau.)

 

Na verdade, o homem pouco mais pode fazer na Pedreira: estuda bem o adversário, condiciona-o uma boa parte do tempo, joga com critério, mas no final o resultado é sempre o mesmo. É coisa para deixar qualquer um sem norte... Em Aveiro, durante 20/25 minutos o Braga não deixou o Sporting sair do seu meio-campo. O segredo esteve na pressão que Al Musrati e Fransergio exerceram sobre Palhinha e Matheus Nunes, não os deixando receber a bola e virarem-se para o jogo. Só que o Sporting tem outros recursos e um passe de meia distância de Nuno Mendes a corresponder à desmarcação de Jovane acabou por matar os braguistas e a estratégia do seu treinador. Como se não bastasse, pouco depois o Pote marcou um golo do outro mundo. Um golo que poderia ter sido marcado à Bélgica, se o Engenheiro não o tivesse condenado a umas férias ainda assim bem remuneradas no centro da Europa. É o que dá ter uma lâmpada mágica ali bem ao pé, no banco, e nunca passar-lhe a mão para deixar sair o génio...

 

O segundo tempo teria sido um deleite para a nossa vista caso não existisse no futebol o objectivo de meter a bola dentro de uma baliza. Tivemos por isso nota artística, mas faltou a nota técnica de remate para uma exibição muito conseguida. O Pote, o Nuno Mendes e o Matheus Nunes estiveram muito bem e durante 35 minutos o Braga nem cheirou a bola. Só nos últimos 10 minutos é que os braguistas puseram a cabeça de fora, mais por consequência da troca do trio da frente Sportinguista do que por outra coisa. Substituindo quem segurava a bola por jogadores com características de exploração do espaço para transição, Rúben Amorim deixou de ter bola no meio campo do Braga e expôs-se de alguma forma a uma última investida dos minhotos. Mas o nosso meio-campo, mesmo amarelado, e a nossa defesa estiveram impecáveis, e tudo não passaria de umas tímidas tentativas de criação de perigo através da bolas paradas sacadas por competentes mergulhadores braguistas. Uma nota para o labor e inteligência do duo central do nosso meio-campo, muito cedo condicionado com admoestação por João Pinheiro, o mesmo árbitro que olimpicamente ignorou uma biqueirada por trás de Paulo Oliveira nos gémeos de um atacante Sportinguista que se procurava isolar. Mas esqueçamos o Pinheiro e olhemos, sim, para a floresta: este Sporting deixa água na boca. Ontem, duas ou três combinações colectivas de altíssimo nível fizeram-nos sonhar. Assim haja eficácia! 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pote 

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