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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

29
Abr21

Há um Zé Pereira fofinho


Pedro Azevedo

"O Sérgio é um belíssimo treinador, um homem de coração enorme, e tem estas reações, já quando era jogador também tinha. Gosta muito de conseguir os seus objetivos, é muito determinado e às vezes excede-se. Criámos uma imagem de grandes treinadores, de melhores treinadores do mundo, e ainda não a perdemos no aspeto técnico e táctico. Mas precisamos de reforçar também em termos comportamentais aquilo que são as nossas grandes virtudes. Temos de valorizar a nossa competência profissional, acompanhada da competência comportamental que é fundamental" - ABola

 

Favor confrontar com (acerca de Rúben Amorim): "Engolimos os sapos, mas estamos mortinhos por vomitá-los".

 

Entre o pedagógico fofinho e o áspero regurgitante. Elucidativo!

josé pereira.jpg

27
Abr21

Por que não o FC Porto?


Pedro Azevedo

Todos precisamos do sentimento de pertença. Sentimos conforto e resguardo se estivermos rodeados por quem vê o mundo exactamente da mesma forma que nós o vemos. E instintivamente escolhemos a nossa tribo. Foi por isso que, desportivamente falando, eu escolhi o Sporting. E nunca conseguirei ter simpatia pelo FC Porto, por muito que o clube vá acumulando títulos. Pelo menos enquanto o seu presidente e respectiva entourage estiverem no activo. 

26
Abr21

Tudo ao molho e fé em Deus

A normalidade de ter Coates


Pedro Azevedo

Antes do jogo, o senhor Pinto da Costa declarou que em condições normais o FC Porto será campeão. De normalidade percebe o senhor Pinto da Costa. Por exemplo, a distribuição normal dos eventos narrados no Apito Dourado tinha um desvio-padrão muito pequeno. Em consonância, a maioria das observações estava muito próxima da média do que era alegadamente comum acontecer na relação entre o FC Porto e diferentes agentes desportivos, o que convenhamos oferecia muita segurança a quem tinha de fazer "previsões". Tal fez-me lembrar um livro. Em "Repeated games with incomplete information", Aumann e Maschler abordam a teoria dos jogos. Quando as pessoas interagem, elas habitualmente já o fizeram no passado e esperam continuar a fazê-lo no futuro. É este elemento de continuidade que é estudado na teoria dos jogos repetidos, a qual prevê, por exemplo, cooperação, secretismo, castigo ou vingança. E depois há o aspecto da informação, que revela que sinais vitais podem ser implicitamente revelados pela acção de um jogador, sinais esses que o jogador pode pretender mascarar a fim de induzir o oponente ao engano. Foi o caso de Lord Rothschild, que, tendo tido antecipado conhecimento do resultado da Batalha de Waterloo, enviou um seu agente para a Bolsa de Londres com instruções para vender discretamente títulos accionistas. Simultaneamente, contratou diversos indivíduos que geralmente não trabalhavam para si com o objectivo de comprarem títulos o mais que pudessem. Como Rothschild havia antecipado, o seu habitual agente foi reconhecido. Vendo-o a vender, os restantes operadores associaram-se, julgando a sua acção traduzir que a batalha havia sido perdida pelos ingleses. Acabaram por facilitar a vida a Rothschild, que nesse dia conseguiu comprar acções no mercado a preços muito baixos que mais tarde, quando foi do conhecimento geral o sucesso de Wellington, se convertiriam em importantes mais-valias. Tudo isto para dizer que talvez não fizesse mal a Pinto da Costa esconder o jogo, ou, pelo menos, o seu entendimento da "normalidade" do mesmo.

 

Nos modelos de risco, os analistas estimam a máxima perda com níveis de significância que alternam entre 95% ou 99%, considerando-se os 5% ou 1% como eventos com grau de probabilidade muito reduzida e assim desprezíveis, o que leva a acontecimentos como o 11 de Setembro ou a crise de subprime tenderem a ser subestimados, acabando as previsões desses analistas por falhar. Ora, o futebol é um jogo. Como tal, tem uma componente de aleatoriedade. Os adeptos Sportinguistas que acompanharam o desenrolar do nosso jogo em Braga já rezavam por um empate, mas no fim o Sporting ganhou. Costuma dizer-se que é futebol. Num mundo ideal isso nunca seria considerado uma anormalidade, apenas um jogo. Anormal seria por exemplo a corrupção, promiscuidade, tráfico de influências ou falta de ética, ou até mesmo o condicionamento sobre as equipas de arbitragem (supunhamos umas invasões à Maia, ou assim...) eventualmente influenciarem as ocorrências de um jogo ou de um campeonato ou até marcarem golos, mas sobre isso o Nostradamus da Cedofeita não faz previsões, embora prevenido já tivesse ido até à baliza, perdão, Galiza.  

 

Começado o jogo, o Braga cedo descobriu a localização do cofre. Com Galeno, Gaitan e Sequeira permanentemente em superioridade numérica sobre Porro e Inácio, não surpreendeu que o central leonino se visse em apuros. Duas faltas, dois cartões, o Sporting via-se rapidamente a jogar só com 10. Mas uma coisa é ver o cofre, outra é descobrir a sua combinação. Até ao intervalo o Coates e o Adán certificaram-se que tal não aconteceria. Durante o descanso, o Rúben Amorim compreendeu que teria de pôr alguém mais naquele flanco. Com menos 1, convinha ser um jogador versátil, enérgico e também com chegada à área adversária. Vai daí, pensou no Matheus Nunes. Em boa hora o fez, pois numa jogada semelhante à que deu a nossa vitória na final da Taça da Liga, o brasileiro marcaria o golo da vitória. O restante segundo tempo foi uma história de sacrifício e de superação, um épico que certamente faria furor se representado no mundo da Sétima Arte. Como grande protagonista o Coates. O nosso Ministro da Defesa devolveu tudo, foi um muro intransponível. Coadjuvando-o, o Secretário de Estado Adán. Também ajudou ao sucesso o facto de em campo ter estado o Galeno, um artista com o traço impressionista de um Manet e a definição final de um maneta (no caso, perneta).  No fim, o Amorim disse que foi normal. E teve razão. Oscar Wilde teve um grande sucesso com a peça "A importância de se chamar Ernesto", também designada por "A importância de ser honesto", uma sátira sobre a moral vitoriana. Homem reconhecidamente culto, Pinto da Costa certamente conhecerá a obra de Wilde. E saberá também que a normalidade no Sporting está associada à importância de (o capitão) se chamar Coates. Sim, Coates, o que nunca alimentou dúvidas ou angústias pós-Alcochete aos adeptos e sempre alinhou os seus interesses pessoais com o Sporting, aquele que mais do que ninguém merece o título de campeão nacional.

 

Ganhámos um jogo que facilmente poderia ter caído para o outro lado. Mas é importante também compreender que houve jogos que empatámos e deveríamos ter ganho. É o futebol e os seus sortilégios, tudo normal. O que não vinha infelizmente sendo normal no Sporting era a solidariedade e resiliência dos jogadores em campo. E essa será a melhor contribuição de Rúben Amorim para o Sporting versão 2020/21. Podem contestar-se as substituições - ontem só gostei de Matheus e de Neto - , as alterações no modelo de jogo, a parca utilização de Jovane, dispensa de Pedro Marques, etc, mas a verdade é esta: em 47 anos que levo de ver futebol nunca vi uma equipa tão unida em campo. Se é normal, não sei. Mas espero que doravante seja o novo-normal. Força, Sporting!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Sebastián Coates

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24
Abr21

Pensamento do dia


Pedro Azevedo

Os pessimistas acertam mais vezes, são amiúde mais analíticos, têm mais vezes razão (ainda que ter razão seja muitos vezes sobrestimado), mas é devido aos optimistas que ao longo da humanidade se vêm conseguindo grandes realizações e são ultrapassados outrora intransponíveis obstáculos. Camões relata-o bem no episódio dos Velhos do Restelo ao descrever a epopeia dos Descobrimentos. 

23
Abr21

Procurar a felicidade


Pedro Azevedo

Muito se tem falado da juventude do plantel do Sporting como causa próxima de algum nervosismo que alegadamente a equipa vem relevando nos últimos jogos. Todavia, sem querer apontar o dedo a alguém, a realidade é que no encontro com o B Sad os erros mais clamorosos foram cometidos por João Mário e Antonio Adán, dois elementos dos mais experientes do lote de jogadores que Rúben Amorim tem à disposição. Bem sei que TT baixou um pouco de produção, que a Gonçalo Inácio são atribuídas criticas neste último jogo - a meu ver injustificadas, porque se é certo que no primeiro golo poderia ter apertado um pouco mais o jogador da B Sad quando este se virou de costas, não deixa de ser verdade que posteriormente Palhinha deixou fugir Varela e Matheus Reis perdeu a noção de marcação ao ponta de lança, fixando-se só na bola (o segundo golo nem tem discussão, pois apertado tem de executar um passe tenso, passe esse ao qual Adán, que já nos salvou em múltiplas ocasiões, até respondeu com uma razoável recepção) - e Porro, após a paragem para as selecções, não regressou no seu nível habitual, mas por exemplo Nuno Mendes (18 anos) foi provavelmente o melhor homem em campo e Jovane, Matheus Nunes e Bragança entraram bem. 

 

O que penso ser importante nesta hora dizer é que este não é um tempo de nos prepararmos para a justificação do desaire, isso só criará crispação nos elementos mais jovens e facilmente escrutináveis em primeiras leituras que muitas vezes se revelam precipitadas. É, sim, o momento de cerrarmos fileiras e procurarmos ser felizes. E isso passa por quem de direito necessariamente analisar friamente o que tem recentemente corrido menos bem e corrigir. Sim, porque não só dos erros individuais resultaram desfechos desfavoráveis, a dinâmica colectiva não é hoje a mesma de há alguns meses atrás. Aos adeptos apenas resta continuarem a fazer uma corrente positiva que transmita confiança à equipa. Pode parecer pouco, mas o contrário seria por demais pernicioso. Força, Sporting!

22
Abr21

Tudo ao molho e fé em Deus

Virgem aos 28


Pedro Azevedo

Na antecâmara do jogo, todo machão, o marialva Petit revelou querer tirar-nos a virgindade. Poderá até ser natural, num cavalheiro tão esbelto, tão formosamente abençoado pela natureza, esse tipo de auto-confiança. Todavia, inusitado, vindo de um benfiquista assumido, terá sido o reconhecimento de que o objecto da sua cobiça permanecia religiosamente sem mácula na alma e corpo, algo que todos nós, Sportinguistas, reconhecemos desde o berço. A verdade é que no fim, acabados de completar 28 (jogos), permanecemos virgens, pelo que o problema não foi o hímen. Não, esse manteve-se inviolado. Já o iman da nossa triste fatalidade não parou de exercer atração entre os dois polos do campo, tantas foram as asneiras que os nossos próprios jogadores cometeram. [O deus do futebol deve ter revelado em sonhos ao Petit que em Alvalade o iman seria seu, mas este ("lost in translation") terá compreendido hímen e daí aquela tirada à manganão.] Foi assim quando João Mário falhou um penálti, assim foi quando Adán se pôs a inventar junto à sua baliza ou Matheus Reis se esqueceu do avançado e só se preocupou com a bola. 

 

Nada contudo acontece por acaso. Por exemplo, o João Mário é um agnóstico do golo, creio (!?) que por experiência própria o rapaz até duvide que o golo exista. Logo, pô-lo a marcar os nossos penáltis talvez seja uma grande penalidade para a equipa em si. Concomitantemente, o Matheus Reis é essencialmente um lateral esquerdo. Foi assim que construiu a sua ainda breve carreira no Rio Ave, clube onde apenas realizou 3 jogos como central num sistema de 3. Assim, tê-lo a titular como central, com Neto disponível no banco, será sempre um risco, o qual visará uma maior produção atacante mas terá como senão uma menor consistência defensiva (mesmo sendo mais lento e a B Sad tendo avançados rápidos, o Neto compensa no posicionamento neste sistema de 3). Para não falar que desde o início da temporada Adán vem revelado fragilidade a jogar com os pés. Por um acaso ou outro, tal ainda não se tinha revelado mortífero. Infelizmente, aconteceu ontem. Também não foi por coincidência que o Jovane entrou e minorizou o prejuízo. O que não se entende é a razão pela qual só entra quando tudo está aparentemente perdido e é preciso ir encontrar no fundo do baú uma última solução de recurso. Ainda assim, o Jovane ameaça tornar-se o jogador mais importante da época. Primeiro evitando um terceiro resultado negativo consecutivo e impedindo a eliminação de uma Taça da Liga que nos viria a encher de confiança e motivação para o resto da temporada. Segundo, ao ter negado a nossa primeira derrota no campeonato, mantendo o factor psicológico da invencibilidade do nosso lado a poucos dias de uma previsivelmente difícil deslocação a Braga. E vamos ver se, como génio da lâmpada que é para Amorim, não nos concederá ainda um terceiro desejo. 

 

Poder-se-á dizer que Rúben Amorim acertou em todas as substituições. É um facto, Nuno Santos (cruzamento para o 1º golo), Tabata (dinâmica), Bragança (circulação de bola rápida), Jovane (penálti e golo) e Matheus Nunes (assistência no lance da penalidade) entraram muito bem. Porém, tal também revela que o onze base foi mal escolhido. Por exemplo, João Mário esteve 67 minutos entediante e exasperantemente a jogar a passo para trás e para o lado, Matheus Reis nunca compensou ofensivamente aquilo que retirou defensivamente e faltaram-nos sempre o dinamismo do Nuno Santos para desorientar marcações apertadas ou a relação com o golo de Jovane. Já em desespero, regressámos ao 3-2-5 (WM) primeiramente testado contra o Gil Vicente em Alvalade. Com Tabata como extremo direito e Nuno Santos no polo oposto, Jovane posicionou-se como o ponta de lança que recuava nas costas de Paulinho e Coates, este último o verdadeiro avançado centro do Sporting versão 20/21. Lá atrás, Matheus Nunes testava (mais) uma posição nova, a de central pela direita. Ao seu lado Gonçalo Inácio (centro) e Nuno Mendes (esquerda). No meio do terreno, Bragança e Pote. E foi assim que aconteceu... evitarmos a derrota. 

 

A fórmula de sucesso está mais do que encontrada e quem a patenteou foi o alquimista Amorim. Os consumidores, após algum cepticismo inicial, receberam-na em euforia. Tal como a Coca-Cola, primeiro estranhou-se, depois entranhou-se. Não fará como tal sentido andarmos a experimentar novas fórmulas quando a competição se encaminha para o fim. Isto é o que eu penso. Temo porém que tantos pensares distintos existentes na cabeça do Amorim nos possam conduzir por um caminho diferente. É a desvantagem das múltiplas opções, umas tornadas realidade por mérito exclusivo de Rúben, outras encontradas no último mercado. O povo, na sua infinita sabedoria, costuma dizer que quem não tem dinheiro não tem vícios. Como virgens não têm vícios, que joguem os melhores e que melhor funcionam em equipa. Vamos, Sporting!!! (Eu continuo a acreditar, afinal antes desta jornada tínhamos 6,12 e 14 pontos de avanço sobre a concorrência. Se não acreditarmos em nós, como poderão eles (a concorrência) acreditar? Repito; serenidade e confiança. E acrescento: convicção.)

 

Tenor "Tudo ao molho...": Nuno Mendes

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19
Abr21

A Superliga Europeia


Pedro Azevedo

Doze clubes europeus de três países diferentes pretendem arrancar com a Superliga Europeia. O desejo não é novo e esteve até anteriormente na origem da cedência da UEFA que provocou uma maior assimetria de distribuição de dinheiro entre clubes históricos fora dos Big 5 e emblemas de Espanha, França, Itália, Alemanha e Inglaterra no que diz respeito à disputa da Champions League.

 

Escrevi na altura aqui que a cedência da UEFA havia sido um erro porque a via como uma ameaça à sustentabilidade do futebol. Primeiro nos países periféricos, depois mesmo no grupo dos Big 5. Eu entendo o que estes 12 clubes pretendem. No fundo querem replicar o modelo da NBA, controlarem eles próprios as suas receitas e eliminar a incerteza quanto aos seus proveitos decorrente de uma má prestação desportiva na competição doméstica. Imaginam assim um futuro onde não haverá uma UEFA a tomar-lhes parte dos proveitos e onde as receitas pingarão abundantemente com uma periodicidade anual. Até aqui parece-me tudo bem. Simplesmente, do que esses 12 clubes (e pelo menos outros 3 que se lhes associarão) estão a esquecer-se é que sem os clubes periféricos (actualmente já em queda acentuada devido à nova distribuição, provocada pela pressão anterior sobre o organismo, de clubes e dinheiros na Champions)  os ordenados e as transferências explodirão para valores estratosféricos que tornarão insustentável o negócio do futebol. E isso acontecerá, não tenhamos dúvidas, a partir do momento em que históricos como o Feijenoord, Anderlecht, Estrela Vermelha, Steaua Bucareste, PSV Eindhoven ou os nossos Sporting, Benfica e Porto, minados pela falta de receitas derivadas do abandono dos patrocinadores, fecharem as portas e, por conseguinte, deixarem de apostar na formação. Sem celeiro europeu para irem buscar o milho de que necessitam a preços em conta, aos clubes que vierem a integrar a tal Superliga restará a médio-prazo comprar jogadores entre si a preços exorbitantes.

 

Não tenho dúvidas de que a Superliga irá para a frente e temo que a UEFA acabe por ceder e reconhecer a competição. Tal aliás aconteceu no basquetebol europeu quando um grupo de clubes, onde curiosamente também constam Real Madrid e Barcelona, criaram a Euroliga, torneio organizado pela Euroleague Basketball. Também aqui a FIBA (a UEFA do basket) prometeu excluir esses clubes e não permitir que os seus jogadores integrassem as selecções nacionais, mas acabou por contemporizar com a existência dessa liga milionária que faz com que a sua Champions seja uma competição de terceiro nível (há um segundo escalão no certame da Euroleague).

 

Vejo a Superliga como um loose-loose, em que no fim os clubes e o futebol perderão. É que ao contrário da NBA, que no recrutamento se apoia nas universidades (não há custos de transferência), no futebol os maiores clubes europeus precisam dos não tão grandes. Porém, temo que no actual cenário a ganância venha a imperar e já não se possa parar este comboio desgovernado. E é pena, desde logo porque para tal também contribuiu o facto dos direitos dos clubes não estarem a ser salvaguardados quando os seus jogadores se encontram ao serviço das selecções nacionais. Não só os clubes não são devidamente remunerados pelo empréstimo como o risco de lesão dos jogadores aumenta. E aquilo a que se tem vindo a assistir é a uma progressiva densificação do calendário competitivo das selecções, a qual inversamente vem determinando cada vez maiores paragens dos jogos dos campeonatos nacionais. 

 

Em suma, tenho severas dúvidas sobre a sustentabilidade do próprio modelo da Superliga. E creio que os seus alicerces abanarão por completo a partir do momento em que aos custos descontrolados (mesmo admitindo a existência de um tecto este não será certamente baixo e os jogadores e seus representantes saberão jogar com a situação de dissidência deste lote de clubes) se somará o incremento das taxas de juro um pouco por todo o mundo (não ficarão para sempre em zero), aumentando os custos do elevadíssimo financiamento e criando a tempestade perfeita que penalizará os gananciosos. Infelizmente, haverá muito poucos clubes que se ficarão a rir. No fim, perderá o futebol, perderá o povo. 

PS: Haverá ainda a questão das regras pelas quais esses clubes se subordinarão, nomeadamente aspectos relacionados com o modelo de financiamento e entradas de capital de países que veem no futebol uma forma de melhoramento da sua imagem internacional, situações que até hoje têm passado incólumes é que vêm contribuindo para maiores assimetrias no futebol mundial. 

18
Abr21

Marxismo-Leoninismo


Pedro Azevedo

Não sei se o Leitor se apercebeu deste facto bastante incomum no futebol mundial, mas o Sporting apresentou-se de início em Faro com uma maioria de jogadores canhotos. Ora então anote lá: Antonio Adán, Gonçalo Inácio, Matheus Reis, Nuno Mendes, Daniel Bragança e Paulinho. Não sei se tal já havia ocorrido alguma vez na nossa história, ou mesmo nos anais do futebol mundial, mas por curiosidade aqui fica a devida nota acompanhada por título espirituoso a dar conta da primazia da esquerda no onze do Sporting.

17
Abr21

Tudo ao molho e fé em Deus

Voando sobre um ninho de cucos


Pedro Azevedo

O edifício em que vive o futebol português é um autêntico manicómio. Não surpreende por isso que, face aos casos detectados e outros que estão sobre suspeita de match-fixing, ninguém se indigne por a Liga escolher como patrocinador principal um site de apostas. Ou que dois treinadores se envolvam numa rixa feia durante 10 minutos e a respectiva suspensão seja levada para as calendas gregas, como por exemplo (suponhamos) a véspera de um certo jogo na Luz ou o defeso (já se sabe, é muito duro estar de castigo na praia no Verão). Não, olhando para a imprensa, os problemas do futebol português são o Sporting e o Rúben Amorim. Assim, não admira que ultimamente joguemos como se estivéssemos dentro de uma camisa de forças. É que o Sporting, nos intervalos em que o deixam, voa sobre um ninho de cucos. Cucos, pardais, milhafres, mitológicos reptéis com asas, papoilas saltitantes que são o ópio do mundo da bola. A droga é dura e cria elevada dependência, há que ganhar custe o que custar. Pode, por exemplo, custar 15 dias a quem ousar se atravessar no caminho, ou pode não custar nada a bem da salvaguarda do ecossistema em que vivemos há para aí uns 40 anos. 

 

Ontem fomos a Faro. Do outro lado estava uma das equipas que melhor joga e menos pontos tem. Um jogo entre leões, do reino animal de Portugal e do Algarve, uma partida que curiosamente não ficou marcada pelos poderosos ataques mas sim pelas felinas defesas. De Adán e de Beto. Há também quem diga que o senhor Macron defendeu bem, mas esses são os mesmos que não atribuíram credibilidade ao (primeiro) penalty sobre o Jovane no jogo pretérito. Mais que perfeito ainda assim para se criar uma narrativa. Estou agora à espera do que se dirá quando o Carvalhal tiver de jogar contra um clube que equipar de Lacatoni. Será que lhe irá pesar a camisola? É estranho e pouco plausível o que se diz, nomeadamente quando antecipadamente se sabe que vamos mudar para a Nike. (O Hugo Miguel revela óbvias dificuldades físicas no acompanhamento dos lances, mas mantém durante o jogo um critério técnico e disciplinar uniforme que muito raramente se pode observar nos seus colegas de profissão.)

 

O Sporting apresentou-se nervoso, a falhar muitos passes. O sistema, o nosso que não o dos outros que é perene, voltou a mudar. Regressámos ao 3-5-2, expondo a indefinição entre o ataque rápido e transições que tão bons resultados nos trouxeram e a recém atracção amorinesca pelo ataque posicional. Talvez por isso sempre tenha transparecido que a equipa se quedava a meio-caminho de qualquer coisa. A meio-caminho de ter um goleador, que desce tanto que raramente se encontra na zona de golo ou revela instinto predador, ou a meio-caminho de controlar um jogo que de facto não raras vezes lhe fugiu das mãos. Valeu-nos este Adán que não come da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele que busca a sabedoria somente a partir da experiência adquirida entre os postes e nos bancos das equipas por onde passou. E deu-nos jeito, mais uma vez, um Pote de Ouro, que esta coisa de saber enquadrar um remate não é para qualquer um. Ontem, pus-me a olhar para a sua movimentação no momento do golo: inicialmente, lá estava ele, naquele emaranhado de jogadores que atacou a primeira bola, porém, ao ver que o esférico o sobrevoara, logo recuou para o espaço livre, assim como quem dá uma linha de passe ao Paulinho ou espera um ressalto entre a densa floresta algarvia. Acabou por prevalecer a segunda hipótese, o décimo sétimo golo do Pedro Gonçalves neste campeonato. Será por acaso? Acaso somente me parece a sua ainda não inclusão na selecção principal de Portugal. Um jogador tão versátil, tão capaz de fazer várias posições em campo, tão ao jeito das metamorfoses tácticas em caos organizado do agrado do Engenheiro, com tanto golo, deverá ser sempre um elemento a contar na Equipa de Todos Nós. 

 

Faltam-nos sete finais. Haverá certamente por aí ainda alguns Pedro Henrique ou Gauld para nos darem água pela barba. Precisamos de serenidade, convicções e confiança. E de golos. Amorim e a equipa precisam de voltar a divertirem-se com o jogo, soltarem-se mais, focarem-se no que até agora foi feito de muito positivo e eliminarem da sua acção e pensamento a ansiedade e tudo o que é medíocre e pobre no futebol português, o que também é fonte de "diversão" para muita gente que por aí anda mas não é para nós. No momento em que querem fazer do Amorim o Jack Nicholson do "Voando sobre um ninho de cucos", libertemo-nos da camisa de forças e mostremos a todos que neste futebol somos o ente sano. Força, Sporting!!!

 

Tenor "Tudo ao molho...": Adán

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11
Abr21

Cabeça fria e confiança


Pedro Azevedo

É preciso nesta fase evitarmos o "oito-oitentismo" que nos caracteriza e não entrarmos em pânico ou convulsão. Não é também altura para dúvidas, nossas (adeptos) ou da equipa técnica e jogadores. Estamos em primeiro lugar e ninguém nos entregou isso de mão beijada, foi seguramente conquistado com muito trabalho e mérito. Cerremos por isso os dentes, reforcemos ainda mais o espírito entre todos e tudo aquilo que dependa exclusivamente de nós. A ser assim, no final o título será nosso. Eu acredito!

09
Abr21

A arte de esconder a guerra


Pedro Azevedo

Rui Santos disse recentemente na Sic Notícias que o Sporting tem um futebol romântico e que se deveria preparar para a guerra (últimas jornadas do campeonato). Não deixando de compreender o pensamento por detrás desta opinião, tendo mais a discordar do que em concordar com ela. Vamos por partes.

 

Na minha opinião, nos últimos jogos o Sporting trocou o "jogar bem" pelo "jogar bonito", privilegiando mais a densidade do seu meio-campo e a posse do que o ataque rápido e a transição que se revelaram tão letais nos dois terços iniciais do campeonato. Dito assim, até parece que estou de acordo com o comentador televisivo. Simplesmente, eu creio que tal mudança nada tem de romântico e decorre da assunção de Rúben Amorim de que há uma liderança a defender, constatação que o levou a adoptar uma estratégia de maior protecção assente na posse de bola. É, portanto, de um maior pragmatismo que falamos, não sendo neste momento indubitável que tal venha no final a jogar a nosso favor. Sendo certo que em número de oportunidades criadas a passagem do 3-4-3 para o 3-5-2 não alterou grandemente o cenário, também não deixa de ser verdade que essas oportunidades são hoje criadas em zonas onde a densidade de adversários é maior, ao contrário do passado em que os nossos jogadores apareciam frequentemente em zona de golo sem marcação. A meu ver, já o disse aqui, se o terceiro homem do meio campo fosse Matheus Nunes a transição de sistema seria muito mais suave por via das características particulares deste jogador (maior capacidade de chegar à área adversária).  

 

Quanto à questão da guerra, a mim parece-me que estamos em "guerra" desde a 1ª jornada. Ora, quando se fala em confronto logo se elude a Sun Tzu, Maquievel, Frederico ("O Grande") ou Clausewitz. E é exactamente a Sun Tzu que vou colher um pensamento que me parece estar na origem da estratégia adoptada por Rúben Amorim desde o momento em que o Sporting se isolou na primeira posição: "Quando o objectivo estiver próximo, faz com que pareça distante". Foi aliás neste faz de conta, expresso através do inteligente "jogo a jogo", que Amorim conseguiu encontrar uma válvula capaz de aliviar a pressão sobre a equipa. Ora, a meu ver, o pior que poderia acontecer seria o próprio Amorim cair agora na esparrela de vir enfatizar a guerra (não creio que o fará). Ela está aí, presente no subconsciente de todos, mas as atenções devem voltar-se apenas para a próxima batalha: a recepção ao Famalicão.

 

Foco então na próxima partida para dar conta que talvez seja o momento ideal para o regresso ao 3-4-3 (3-4-2-1). Para o justificar recorro de novo a Sun Tzu e a Clausewitz, que davam tanta importância ao planeamento quanto à adaptação das forças. Se há coisa em que Ivo Vieira difere da generalidade dos treinadores portugueses é na construção das suas equipas, as quais começam a ser trabalhadas pelo ataque e não pela defesa. Embora dessa visão sobre o jogo sempre tenha colhido mais vantagens que desvantagens, a verdade é que se tivermos de apontar uma debilidade comum às suas equipas ela é a transição defensiva. Isso aliás ficou bem patente na temporada passada quando o Vitória visitou Alvalade e encontrou um Sporting de Silas pouco seguro da sua própria identidade. Como consequência, o Vitória assumiu o controlo do jogo. E perdeu. Por 3-1. Por isso acredito que o 3-4-3, que mais potencia o ataque rápido e a transição, será mais eficaz que o 3-5-2, que apela ao jogo posicional de ataque. 

 

Em todo o caso será "só" mais um jogo. E é nesse faz de conta que deveremos continuar. Sem romantismos, mas também sem proteccionismo excessivo que retire a fluidez e os processos simples que estão na origem da tremenda eficácia do nosso jogo. 

rubenamorim14.jpg

08
Abr21

Um futebol feito à medida


Pedro Azevedo

Um campo de futebol tem cerca de 100 metros de comprimento, o equivalente a 10 000 cm. Metade - não há foras de jogo antes do meio campo - são 5 000 cm, pelo que 2 cm são 0,04% do comprimento do campo sujeito à regra do fora de jogo. No acesso à Universidade, há quem fique de fora por 0,01 valores numa escala de 20, ou seja, 0,05%. Na F1, numa volta à pista efectuada em cerca de 90 segundos, há quem perca a pole-position por cerca de 1 milésimo de segundo (0,0011%). Estes exemplos servem para explicar que o detalhe está sempre presente nas nossas vidas, muitas vezes dele dependendo o sucesso ou o fracasso de uma determinada empreitada. Assim, não é o rigor dos 2 cm que me incomoda, o que me preocupa é a falta de escrutínio sobre quem efectua essas medições e os meios actualmente existentes para o efeito, que estão longe de oferecer garantias de acuidade (ao contrário do sistema electrónico/"transponder" usado no automobilismo ou das médias ponderadas que dão a nota final para o acesso à faculdade). E é sobre isso que deveria recair a reflexão neste momento, procurando perceber-se de que forma poderemos eliminar a suspeição sobre o VAR e assim dar ao espectador garantias de idoneidade do produto futebol. Porque já não há paciência para tanto ruído negativo e quem efectivamente gosta do jogo merece um futebol feito à medida de quem quer desfrutar dele pelos melhores motivos. É que a já estafada ideia de que o ruído é essencial ao futebol, acerrimamente defendido por quem vê interesse na continuação da suspeição e arbitrariedade do status-quo vigente, só ajudou a formar um adepto sem cultura desportiva, fanático pelo clube e sem verdadeiro gosto pelo jogo ou interesse em o discutir, conhecer ou aprofundar nas suas dimensões técnica, táctica, física ou mental. . 

07
Abr21

Transparência


Pedro Azevedo

Não existe neste momento tecnologia suficiente para determinar com um nível de significância alto se um jogador que à vista desarmada está em linha se encontra de facto em fora de jogo. Desde logo porque o ponto de contacto na bola no momento do passe é muito difícil de determinar com exactidão na medida em que há um atrito não negligenciável entre a superfície do corpo do jogador e a bola (para não falar da incerteza quanto ao efectivo momento em que a bola contacta com a superfície do corpo do jogador ou dela sai). Ora, esse atrito, de décimos de segundo, implica um número considerável de "frames", todos eles apontando para uma posição absoluta e relativa (face aos adversários) do jogador que recebe a bola diferente. Deste modo, torna-se impossível determinar com segurança se o "frame" escolhido é o correcto ou não. Assim, a aceitação da decisão final do VAR é essencialmente um acto de fé, o que nesta religião pagã de que comungam os adeptos do futebol geralmente não augura nada de bom.  

 

Acresce que a própria representação do terreno de jogo em computador pode implicar um erro humano. Foi aliás o que aconteceu em Moreira de Cónegos aquando da deslocação do Braga. Nesse jogo, os bracarenses viram anulado um golo legal por alegado fora de jogo quando o seu jogador estava cerca de 130 centímetros em jogo. Na altura o erro foi imputado ao operador de imagem, mas estranhei não ter havido um inquérito rigoroso por parte da Liga que produzisse conclusões que pudessem sossegar os adeptos do futebol quanto à não recorrência deste tipo de erro. É que se avançamos para a tecnologia com a finalidade de evitar o erro, então deveremos por todos os meios assegurar que essa própria tecnologia não se torna uma fonte do próprio erro, manipulável e assim contribuinte para o adensar do clima de suspeição. E é nisto que eu me gostaria de focar: o que fazem as autoridades competentes no sentido da promoção da transparência? É certo que não se pode ser a favor da verdade desportiva e depois queixarmo-nos de um fora de jogo de 2 cm, mas mandaria o bom senso que houvesse uma espécie de caixa negra onde estes lances milimétricos seriam arquivados para posterior observação de um comité de análise independente, comité esse que depois tornaria pública a sua avaliação. 

 

Quanto à questão da margem de segurança nestas decisões de fora de jogo, o problema é exactamente determinar que tipo de margem deveria ser usada. Para tal, talvez fosse interessante determinar em média qual o impacto de um "frame" em centímetros, mas isso estará certamente dependente da velocidade de deslocamento de um jogador, variando assim consoante a situação específica. Por outro lado, admitindo que se daria uma margem de erro de 15 centímetros na determinação de um fora de jogo, logo apareceria gente a queixar-se se o fora de jogo fosse de 16 cm, insinuando que o tal centímetro adicional teria sido forjado.

 

Assim, não havendo possibilidade com a tecnologia presente de determinar com exactidão o momento em que a bola efectivamente sai do corpo do jogador (diferente do momento do primeiro contacto) que faz o passe, o que sugiro é que se aposte na transparência e que alguém mais tarde venha publicamente informar se a decisão foi bem ou mal tomada face aos óbvios constrangimentos existentes. Como deveria ser, na total salvaguarda da verdade desportiva possível, não dando azo a que o adepto pensasse em manipulação. O que não me parece bem é que o espectador em casa, que é quem paga o serviço televisivo que indirectamente, via DireitosTV, alimenta os clubes (e por conseguinte a Liga), não tenha acesso às medições de fora de jogo de outros dois lances ocorridos em Moreira de Cónegos. Isso não só aparenta ser um desprezo por quem efectivamente paga o futebol como também em nada contribui para a idoneidade do produto Futebol Português. 

 

Concluindo, de pouco serve dotarmos o futebol de um instrumento de apoio à verdade desportiva se depois nos esquecermos dessa finalidade primária e envolvermos o VAR numa opacidade absolutamente contrária ao princípio que o emanou. Nesse sentido, exige-se que haja quem controle à posteriori as decisões do VAR. E, já agora, que as comunicações entre VAR e árbitro sejam públicas, a bem da transparência. Teme-se o quê? Haverá bem maior na promoção de um produto que a sua idoneidade? Food for thought...

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06
Abr21

Tudo ao molho e fé em Deus

Regresso às aulas


Pedro Azevedo

Com o regresso às aulas voltaram também as lições de educação visual, trabalhos manuais e ciências. Nesse sentido, a régua, o esquadro e o microscópio foram muito utilizados pela sala do VAR, assim como a tesoura pela turma moreirense. A aplicação desta última sem a requerida cartolina (amarela, ou vermelha?) justificaria uma falta de material à classe arbitral, infração que já se sabe não constituir objecto de análise por parte do conselho disciplinar do colégio federativo. Restará assim a "jarra", se a associação de estudantes do apito não quiser passar uma borracha sobre o assunto.  

 

O Sporting também voltou ao campeonato. Não se pode dizer que o regresso tenha sido auspicioso, pois empatou. Para melhor tentar explicar aquilo que vi (não é axiomático) vou deixar a sátira de lado e concentrar-me na análise que me parece curial fazer nesta circunstância. Assim, mais preocupante que o resultado é a indefinição que se nota quanto ao melhor sistema de jogo a aplicar quando nos aproximamos do último quarto da competição. O sacrifício de um dos interiores (Nuno Santos ou Jovane) teve consequências na falta de apoio observado por Matheus Reis na altura de fechar o espaço a Walterson aquando do golo do Moreirense. Por outro lado, o transporte de bola em segurança de João Mário parece-me claramente sobrevalorizado num clube que quer ganhar todos os jogos, na medida em que retira imprevisibilidade à equipa e não proporciona os desequilíbrios que quem lute por títulos tem de provocar no adversário. A equipa parece estar a viver uma pequena crise de indentidade, dispersa entre o ataque rápido e transição que deram tantos dividendos no passado e os fundamentos do jogo de ataque posicional. A introdução de Bragança traz qualidade de passe e fluidez de jogo, mas se queremos um terceiro médio que contraste com estas características então Matheus Nunes, um dinamitador de linhas, seria uma melhor solução do que João Mário, amortecendo os efeitos da passagem abrupta do 3-4-3 para o 3-5-2. Por outro lado, os poucos minutos de jogo de Jovane são um mistério. O jogador foi progressivamente apagando-se nas preferências de Amorim depois de ter sido instrumental na imposição do jovem técnico em Alvalade no final da época passada. Esta temporada voltou a ter um papel importante quando reapareceu a tempo de evitar o terceiro resultado negativo consecutivo da equipa, ajudando assim a ganhar a Taça da Liga e a criar a confiança necessária que alavancou o nosso desempenho no campeonato. A sua escassa utilização desde esse momento não deixa de surpreender, ainda mais pelo facto de o jogador continuar a mostrar-se influente mesmo jogando muito pouco tempo. Ontem nem sequer foi a jogo, optando Amorim por manter um Paulinho claramente desgastado e ainda a acusar alguma falta de ritmo resultante da lesão que o impediu de realizar uma série de jogos. Ao contrário daquilo que vem sendo habitual, desta vez Amorim não conseguiu esconder os pontos fracos individuais dos jogadores. Assim, Porro mostrou-se desatento ao avanço de Abdu Conté nas suas costas e Feddal foi imprudente na abordagem ao lance fatal, procurando improvisar com o calcanhar sem ter o virtuosismo para tal requerido de um outro magrebino que imortalizou tal gesto técnico no Porto e na Europa, tudo situações que habitualmente não se revelam quando o Sporting está no relvado e que por falta de estrelinha desta vez vieram a redundar em golo no único remate enquadrado da equipa de Moreira de Cónegos. No plano positivo, Paulinho marcou finalmente um golo e mostrou bons pormenores que lhe podiam ter rendido um outro e uma assistência. No entanto, precisa de melhorar o timing de ataque à bola na área, aspecto em que ficou aquém após primorosa assistência de Porro que poderia ter resolvido o encontro. Bragança esteve em excelente plano, rodando a bola com rapidez, incorporando-se no ataque com critério e proporcionando uma excelente assistência para golo a Paulinho. Evidentemente, a avaliação é contínua e a equipa tem créditos acumulados que permitem antecipar uma óptima nota final, mas será importante voltar a estabilizar uma ideia de jogo clara e dar oportunidades a jogadores que façam efectivamente a diferença. A equipa parece viciada nos equilíbrios, mas é importante que haja também quem desequilibre. Igualmente, a manutenção de um elevado ritmo de jogo que não permita aos adversários reentrarem nas partidas parece-me chave para um final de época sem sobressaltos. Nesse sentido, noto que à semelhança do jogo com o Rio Ave estivemos longe de esgotar as 5 substituições possíveis. Mas há que aprender a lição e andar para a frente. Acreditemos, porque Amorim e a equipa merecem-nos esse capital de confiança. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Daniel Bragança

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05
Abr21

Mais uma vez bem, caro Amorim


Pedro Azevedo

Saúdo o discurso de Rúben Amorim na antevisão do Moreirense-Sporting de hoje, o qual vem ao encontro de um Post que aqui publiquei recentemente. Reitero a importância de abandonarmos a ilusão dos milhões e de nos focarmos numa estrutura de custos eficiente e assente na Formação que assegure um ciclo virtuoso do clube, com estabilidade no núcleo duro do plantel, uma equipa vitoriosa em Portugal e capaz de dar cartas na Europa. Nesse sentido, o ciclo recente do Ajax (finalista da Liga Europa em 2016/17 e semi-finalista da Champions em 2018/19) deve servir de inspiração para  o que virá a seguir. Bom, mas isso será o futuro, hoje há que bater o Moreirense. Força, Leões!

04
Abr21

João Capela e o “limpinho, limpinho”


Pedro Azevedo

"Era (foi) um jogo que necessitava de video-arbitro. A minha carreira teria sido diferente, se tivesse havido VAR nesse jogo" - declarações do ex-árbitro João Capela a A Bola no âmbito do celebérrimo Benfica-Sporting em que ficaram várias penalidades por marcar a favor do Sporting, o mesmo que Jorge Jesus, à época treinador do Benfica, classificou como "limpinho, limpinho" do ponto de vista da influência da arbitragem no resultado final. 

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01
Abr21

Neste dia nasceu...


Pedro Azevedo

sacchi.jpg

... Arrigo Sacchi (Fusignano, 1946), treinador bicampeão europeu pelo AC Milan, o homem da revolução copérnica do futebol rossonero. Tendo impressionado Berlusconi enquanto treinador do Parma, chegou a Milão em 87 e rompeu com o habitual catenaccio italiano, seguindo os princípios da pressão alta e do jogo posicional que foi buscar ao Ajax da década de 70. O seu onze base era aliás composto por italianos e holandeses (os 3 estrangeiros permitidos pelos regulamentos de então). A época de 88/89 terá sido a mais impressionante da sua carreira, destacando-se a recuperação (20 anos depois) do ceptro europeu pelo Milan após destruição do Real Madrid (5-0) nas meias-finais e goleada ao Steaua Bucareste (4-0) na final. Neste último jogo, disputado em Barcelona, o AC Milan alinhou com: Galli; Tassotti, Baresi, Costacurta e Maldini; Ancelotti, Rijkaard, Donadoni e Colombo; Gullit e van Basten.

01
Abr21

1º de Abril


Pedro Azevedo

A Bola assinala a data com a notícia de que Tomás Araújo encanta Jesus. A novidade é que se trata de um jovem da Formação do Benfica. Mais à frente o periódico adianta que ainda é cedo para a tomada de decisões, mas esclarece que o jogador marcou pontos. 

O ponto que vejo é o da limpeza de imagem do treinador...

 

O mesmo jornal dá como certo o regresso de Simão à Luz. As funções é que ainda estarão por definir.

Arranjem-me nomes, depois logo se vê como encaixam...

 

Diz o Carlos Júnior (Santa Clara) ao Record que o irmão ganhou uma ovelha num torneio e a vendeu para o ajudar.

Tem sorte o Carlos, há quem tenha ovelhas negras na família e não as possa vender (ou dar)...

 

Ainda segundo o Record, diz o Júlio César, antigo guarda-redes e hoje empresário, que sente a missão de trazer David Luiz para o Benfica.

Show me the money...

 

Segundo O Jogo, na Sérvia, o árbitro Srdjan Obradovic foi acusado de abuso de poder pelo departamento de prevenção contra a corrupção de Novi Sad após assinalar um penálti inexistente num jogo disputado em 2018. Como consequência, o árbitro foi condenado a cumprir 15 meses de prisão. 

Novas SADs já temos, se isto faz jurisprudência por cá... 

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