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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

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Castigo Máximo

12
Fev21

Distribuição dos nossos golos


Pedro Azevedo

frequencia de golo.png

suplentes golos.png

Conclusão: no que ao golo diz respeito, o Sporting arranca mais forte na primeira do que na segunda parte e acaba muito bem qualquer uma das partes, especialmente a segunda (o intervalo entre os 76 e os 90 minutos é de longe o mais relevante). Isto pode dar a pista de que a equipa se encontra muito bem física e mentalmente. Desses 16 golos marcados no último sexto dos jogos, 9 foram decisivos porque nos garantiram pontos, 13 mais exactamente (1 ponto contra o Porto, 2 pontos contra o Santa Clara, 3 pontos contra o Gil em casa, 2 pontos contra o Farense, 2 pontos contra o Benfica e 3 pontos contra o Gil fora). Há ainda a acrescentar os dois golos tardios de Jovane ao Porto, para a Taça da Liga, que transformaram uma derrota pré-anunciada numa vitória final que nos abriu as portas para ganhar a competição. 

 

No que concerne a golos provenientes do banco, os números são razoáveis. Mais importante, 1 valeu um empate (Vietto contra o Porto), 2 permitaram a reviravolta contra o Gil em Alvalade (Sporar e TT, houve ainda um outro golo), 1 outro deu uma vitória pela margem mínima (Sporar contra Farense) e 2 (de Jovane) evitaram a eliminação e oferecerem-nos até o triunfo no jogo contra o Porto da semi-final da Taça da Liga. Assim, pode dizer-se que 6 golos vindos do banco (metade do total) renderam-nos 5 pontos para o campeonato e foram fundamentais para a conquista da Taça da Liga.

12
Fev21

Ranking GAP


Pedro Azevedo

Nesta temporada de 2020/2021, o Sporting disputou até agora 26 jogos - 18 para o Campeonato Nacional, 2 para a Liga Europa, 3 para a Taça de Portugal e 3 para a Taça da Liga -, obtendo 21 vitórias (80,8%), 3 empates (11,5%) e 2 derrotas (7,7%), com 55 golos marcados (média de 2,12 golos/jogo) e 18 golos sofridos (0,69 golos/jogo).

 

Individualmente, Rúben Amorim está agora isolado no 4º lugar no Top 5 da exclusiva lista de treinadores do Sporting com maior percentagem de vitórias. Numa altura em que já realizou 37 jogos pelo clube em diversas competições, Rúben apresenta um registo de 73,0% de vitórias (27 em 37) em todos os jogos, superando o homem que apurou o instinto goleador de Peyroteo (o húngaro József Szabó) e o tri-campeão Randolph Galloway. O líder continua a ser o também inglês Robert Kelly (79,2%), seguido por Cândido de Oliveira (75,3%), pelo húngaro Alexander Peics (73, 1%), Amorim e József Szabó (72, 2%).

 

A nível individual, eis os resultados (estatísticas de golo):

 

1) Ranking GAP (medalheiro): Pedro Gonçalves (14,3,4), N. Santos (6,9,0), Jovane (6,2,1);

2) MVP: Pedro Gonçalves (52 pontos), Nuno Santos (36), Jovane e Porro (23); 

3) Influência: Pedro Gonçalves (21 contribuições), N. Santos (15), Porro (12);

4) Goleador: Pedro Gonçalves (14 golos), Jovane e N. Santos (6);

5) Assistências: Nuno Santos (9), Pote e Porro (3).

 

Fazendo uma análise por sectores em termos de pontos MVP (golo=3; assistência=2; participação=1), teremos:

 

Pontas de Lança (total=55)TT (22), Sporar (20), Vietto (7), Pedro Marques (6)

(nota: TT também jogou como interior)

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Interiores (total=123)Pote (52), Nuno Santos (36), Jovane (23), Tabata (12)

(nota: Jovane também jogou como ponta de lança)

pote3.jpeg

Médios Centro (total=23)Matheus Nunes (10), João Mário (7), Palhinha e Bragança (3)

matheus nunes benfica.jpg

Laterais/Alas (total=39)Porro (23), Nuno Mendes (10), Plata (4), Antunes (2)

Pedro-Porro.jpg

Centrais (total=29)Coates (17), Gonçalo Inácio (7), Feddal (5)

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Guarda-redes (total=2): Adán (2)

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Conclusões:

  • A posição de Interior contribui em acções de golo mais do dobro da posição de Ponta de Lança; A posição de Médio Centro tem menos preponderância nos nossos golos que a de Lateral/Ala e de Central, o que pode indicar que RA vê-os mais como um factor de equilíbrio defensivo, sendo os desequilíbrios ofensivos mormente produto da circulação em "U";
  • Porro tem números ofensivos superiores a qualquer ponta de lança;
  • Ordem de importância no golo: Interiores, Ponta de Lança, Laterais/Alas, Centrais, Médios Centro, Guarda-redes;
  • Um total de 20 jogadores já contribuiu para os golos leoninos. Dos utilizados, apenas Max, Neto, Quaresma, Borja, João Pereira, Paulinho e Matheus Reis ainda não tiveram preponderância nos golos marcados. 

 

Ranking GAP (Golos, Assistências, Participação decisiva em golo):

ranking gap 12022021.png

11
Fev21

O achamento de Luís Godinho


Pedro Azevedo

Ontem à noite, o FC  Porto deu-se conta de que Luís Godinho é um árbitro incompetente, que revela pouca personalidade dentro do campo e tem uma ainda mais deficiente leitura das jogadas via vídeo do que em tempo real. Assim como Pedro Álvares Cabral achou o Brasil (mas o Brasil já estava lá), os portistas acharam Luís Godinho. Mas a coisa não foi propriamente uma descoberta, o senhor já andava por lá e disso havia amplo conhecimento. Por exemplo, andava por lá em 17 de Outubro do pretérito ano quando no José Alvalade perdoou por duas vezes a expulsão a Zaidu, uma por má avaliação de uma entrada ao tornozelo (é curioso...) de Porro, outra por dar ouvidos ao VAR Tiago Martins em lance que não seria da competência deste avaliar (tanto quanto leio no Protocolo, o VAR não vem munido de amperímetro que meça a intensidade, mas posso estar enganado...) e de onde, cumulativamente, resultou a não-marcação de um penálti favorável ao Sporting. Também andava por lá em 5 de Dezembro de 2020. Nesse dia, para além de uma arbitragem sem qualquer uniformidade de critério disciplinar que prejudicou os leões,  Luís Godinho decidiu acatar nova decisão do VAR sobre intensidade, desta vez cortesia de Artur Soares Dias, e anular um golo a Coates. 

 

Antes tarde que nunca, o Porto finalmente achou Luís Godinho. Mas, o seu a seu dono, a descoberta deve ser creditada ao Sporting.

 

P.S. A inacreditável expulsão de Luis Díaz foi uma dupla-penalização ao jogador. E dupla porquê? Porque, após uma jogada onde desfilou técnica e potência incríveis - isso é que é o futebol, e sobre isso dever-se-ia falar muito mais - , para além de se ver forçado a sair do terreno (deixando o Porto em desvantagem numérica), da sua expulsão resultou o labéu (inaceitável, por não real) de que negligentemente (para não dizer intencionalmente) colocou em risco a carreira de um infortunado colega de profissão (a quem envio votos de o mais rápido restabelecimento). E isso simplesmente não se faz. O resto são narrativas, espuma que o tempo leva. 

luis godinho.jpg

10
Fev21

Tudo ao molho e fé em Deus

Coates e a razão hegeliana


Pedro Azevedo

Hegel disse um dia que a história se repete sempre. Se dúvidas houvesse sobre esta afirmação do filósofo alemão, o jogo com o Gil tirou-as de uma forma inequívoca. Retratando-o, à semelhança do que havia ocorrido na primeira volta, no relvado mais uma vez o Sporting se viu manietado na ligação entre os médios centro e os interiores, esteve em desvantagem no marcador e só melhorou após recorrer à largura que lhe proporcionou a alternativa do jogo exterior. Cá em casa, o ritual também foi repetido, entre picos de tensão a cada perda de bola nossa, mudanças estratégico/supersticiosas de sofá (o treinador de bancada e seus alhos à Oliveira...) e um desfibrilador sempre por perto não fosse a coisa no fim vir a dar galo.

 

Se a sensação de "déjà vu" esteve sempre presente como quartinho dos fundos no cognitivo dos Sportinguistas, a atenção imediata virou-se para a diversidade e plasticidade das formas geométricas que evoluiam no relvado, cuja riqueza merece o desenvolvimento que espero não Vos vir a maçar. Assim, se o Sporting iniciava a construção através de um pentágono formado por 3 centrais e 2 médios-centro, o Gil respondia com um triângulo que circunscrevia os nossos médios. E como muitas vezes os leões procuravam conduzir a bola pelo meio, a equipa de Barcelos, ciente de que Antunes dava pouca profundidade pelo lado esquerdo e como tal não era um factor de risco, fazia deslocar interiormente o seu avançado do lado direito para formar então um quadrado de pressão a emparedar a defesa e linha média leoninas. Já o avançado do lado esquerdo tinha uma outra missão: encostar à ala e assim procurar travar a progressão de Porro, de forma a que a linha de 5 defesas gilistas não afundasse no terreno e pudesse apertar por dentro quaisquer espaços entre-linhas que Pote, Paulinho ou Nuno Santos pretendessem explorar. Com tudo isto, a nossa circulação estagnou, reatando-se apenas nos fugazes momentos em que Matheus Nunes quebrava linhas de pressão em posse e combinava com o pivô do ataque ou que Porro conseguia fugir ao estrangulamento imposto no corredor e entrar em diagonais para o centro com o intuito de aplicar o seu forte remate. Para além de curto, este fluxo revelar-se-ia também ineficaz, porque Paulinho era apanhado em fora de jogo ou escorregava no momento da recepção da bola após o desequilíbrio estar criado, ou na medida em que não se pode esperar que pontapés de 30 metros entrem em todos os jogos. Para piorar a situação, se de uma perda de bola de Palhinha resultou um primeiro aviso que se consubstanciou numa dupla-oportunidade no mesmo lance para os gilistas, à segunda o Gil Vicente marcou mesmo depois de Feddal não ter alinhado por Coates e Antunes se ter esquecido de acompanhar a progressão do japonês que literal e lateralmente lhe "fugiu de moto" (Fujimoto). Com tudo isto, o Sporting ia para o descanso em desvantagem. Não porque a equipa não tivesse querido correr, ilusão que admito se tivesse momentaneamente instalado, mas essencialmente porque o bloqueio imposto pelos gilistas impedia que o Aston Martin leonino tivesse auto-estradas para acelerar. 

 

Na etapa complementar tudo mudou. Desde logo porque Rúben Amorim ao intervalo acrescentou largura à equipa, baixando Nuno Santos para fazer todo o corredor. Também na medida em que essa não foi a única alteração estrutural, visto que a substituição de Neto por Inácio não foi apenas uma mera troca de defesas e teve como consequência uma melhor saída de bola pelo lado direito, que criou incerteza e permitiu a Porro libertar-se mais por esse flanco. Coincidentemente, o Gil baixou bastante as linhas, não sei se por falta de ousadia ou cansaço físico (a disponibilidade nesse capítulo da nossa equipa impressiona). Com o seu avançado pela direita a ter de se preocupar em fechar a ala das investidas de Nuno Santos, aos de Barcelos começaram a faltar entreajudas no meio. O Sporting começou então a construir 20 metros à frente. A pressão intensificava-se e Matheus, que conjuntamente com Porro até estava a ser um dos melhores mas já tinha um amarelo, saiu para entrar o Bragança. Com a sua qualidade de fintar e circular em cabines telefónicas, o jovem da nossa Formação ia atraindo gilistas ao centro para depois criar superioridade numérica nas alas ou jogo entre-linhas. Acontece que a desinspiração dos nossos avançados foi adiando o golo: Paulinho (por duas vezes), TT e Pote desperdiçaram 4 soberanas oportunidades. Desesperava-se pela entrada de um jogador como Jovane que trouxesse criatividade e imprevisibilidade na área, mas Rúben optaria por mais progressão na saída de bola pela esquerda (Matheus Reis, com pouco ritmo, por Feddal) e refrescamento do meio-campo (João Mário por Palhinha). E a verdade é que acabaria por ser feliz, empatando após a ressaca de uma pouco ortodoxa bola centrada de uma zona praticamente perpendicular à baliza e ganhando o jogo na sequência de uma bola parada. Na finalização de ambas, um defesa para o efeito investido de avançado-centro, "El Gran Capitán Barba Rossa". Na sua origem, o Porro, o tal jogador que, alternativamente a Paulinho, poderia ter saído para a entrada do cabo-verdiano (nessa circustância encostando-se TT à ala como na recepção aos gilistas, jogo em que terminámos com um WM), sortilégios que expuseram a gloriosa falta de certezas de um jogo de futebol em toda a sua essência. 

 

Com esta vitória, o Sporting alargou para, respectivamente, 8 e 11 pontos a distância para Porto e Benfica. Num mundo normal isto seria um redobrado motivo de satisfação. Acontece porém que o futebol português e as suas polémicas têm um desvio-padrão significativo face à normalidade. Regressemos então à perspectiva hegeliana de que a história se repete e pensemos no caso Palhinha como a espada de Dâmocles outrora usada com êxito sobre Slimani. Aprendamos algo com isso e não nos deixemos desconcentrar. Porque, razão tem o Amorim, o foco tem de estar exclusivamente no "jogo a jogo". E só nisso. Por muito que doa a quem vá procurando semanticamente, semana após semana, novas formas (neste caso não-geométricas, mas cartesianas) de colocar a mesma pergunta: - "Lidera, logo é candidato?". Não, candidatos seremos sempre a ganhar... o próximo jogo. E, já agora, também, em casa, com umas ventosas (eléctrodos) ligadas ao Holter, a desembrulhar o desfibrilador...

 

Um bom dia para todos os Sportinguistas.

 

Tenor "Tudo ao molho...": o grande capitão Seba Coates. Já não tenho encómios e sobejam-me as emoções de cada vez que procuro descrever o apreço e gratidão que sinto pela sua conduta enquanto jogador e homem. Também ele me parece replicar os grandes capitães da nossa gloriosa história. A propósito, no fim do jogo gostei de ver o cabo(verdiano) Jovane abraçado ao seu capitão, sinal inequívoco do bom ambiente que se vive na "caserna". 

coates gil.jpg

09
Fev21

Estatísticas da Liga 2020/21 (Fim da 1ª volta)


Pedro Azevedo

O Sporting lidera no final da primeira volta com 6 pontos de avanço sobre o 2º colocado no campeonato. É também a equipa que menos golos sofre (9). Mantém o melhor marcador da competição (Pote). 

 

  1. Melhor rácio de CA p/ falta cometida: Paços - 11,3% (16º Sporting - 17,3%).
  2. Pior Rácio de CA p/ falta cometida: Famalicão - 19,9%. 
  3. Menos Faltas com. por jogo: Rio Ave - 13,6 Faltas (6º Sporting - 16,0 Faltas).
  4. Mais Faltas com. por jogo: Portimonense - 18,8 Faltas.
  5. Menos CA por jogo: Porto - 1,9 (16º Sporting - 2,8).
  6. Mais CA por jogo: Famalicão - 3,2.
  7. Menos Golos Sofridos: Sporting - 9 golos. 
  8. Mais Golos Sofridos: Fmalicão e Tondela - 30 golos.
  9. Mais Golos Marcados: Porto - 39 golos (2º Sporting - 36). 
  10. Menos Golos marcados: B SAD - 8 golos.
  11. Menos Posse de bola: B SAD - 42,7%.
  12. Mais Posse de bola: Benfica - 59,5% (3º Sporting - 57,2%).
  13. O Sporting cometeu 272 faltas que se traduziram em 47 amarelos (rácio de 17,3%).
  14. Tiago Tomás é o leão com mais faltas sofridas (37, 5º na Liga).   
  15. Pote (aproveitamento de 33,3%) é o mais rematador do Sporting (42 remates).
  16. Pote é o Goleador da Primeira Liga (14 golos).
  17. Maior sequência vitórias consecutivas: Braga e Paços (6).
  18. Há uma correlação entre a menor posse de bola da Liga (42,7%) e a classificação (18º) do Farense.
  19. No sentido inverso, o Paços tem o 2º pior registo de Posse de Bola mas está em 5º lugar na Liga.
  20. O Paços é a 2ª equipa que comete mais faltas (311), mas tem o 3º melhor registo de CA, eficiência que se pode explicar por a equipa raramente ser apanhada desequilibrada em transição (baixa posse de bola) e/ou por fazer as faltas aquando da pressão alta (uma pista: tanque é o 2º jogador mais faltoso da Liga e, simultaneamente, o que sofre mais faltas).
  21. O Sporting tem as mesmas faltas cometidas que o Porto e mais 14 cartões amarelos
  22. O Sporting tem menos 8 faltas cometidas que o Braga e mais 13 amarelos.
  23. Darwin (Benfica) lidera nas assistências (7), seguido por Quaresma (Vitória SC) e Angel Gomes (Boavista) com 5. .
  24. Quaresma (Vitória SC) lidera nos cruzamentos (80). Porro (9º, 52) é o melhor do Sporting.

ESTATÍSTICAS 17.png

Nota: Vitória e Farense têm 1 jogo em atraso.

 

09
Fev21

Ranking GAP


Pedro Azevedo

Nesta temporada de 2020/2021, o Sporting disputou até agora 25 jogos - 17 para o Campeonato Nacional, 2 para a Liga Europa, 3 para a Taça de Portugal e 3 para a Taça da Liga -, obtendo 20 vitórias (80%), 3 empates (12,0%) e 2 derrotas (8,0%), com 53 golos marcados (média de 2,12 golos/jogo) e 17 golos sofridos (0,68 golos/jogo).

 

Individualmente, Rúben Amorim subiu mais uma posição no Top 5 da exclusiva lista de treinadores do Sporting com maior percentagem de vitórias. Numa altura em que já realizou 36 jogos pelo clube em diversas competições, Rúben apresenta um registo de 72,2% de vitórias (26 em 36) em todos os jogos, igualando assim o homem que apurou o instinto goleador de Peyroteo (o húngaro József Szabó). O líder continua a ser o também inglês Robert Kelly (79,2%), seguido por Cândido de Oliveira (75,3%), pelo húngaro Alexander Peics (73, 1%) e por Amorim e József Szabó (72, 2%).

 

A nível individual, eis os resultados (estatísticas ofensivas):

 

1) Ranking GAP (medalheiro): Pedro Gonçalves (14,3,3), N. Santos (6,9,0), Jovane (6,2,1);

2) MVP: Pedro Gonçalves (51 pontos), Nuno Santos (36), Jovane (23); 

3) Influência: Pedro Gonçalves (20 contribuições), N. Santos (15), Sporar (11);

4) Goleador: Pedro Gonçalves (14 golos), Jovane e N. Santos (6);

5) Assistências: Nuno Santos (9), Pote (3), Tabata, Porro, Vietto, Feddal, M. Nunes, J. Mário, Jovane, TT, Plata, Nuno Mendes e Gonçalo Inácio (2).

 

Fazendo uma análise por sectores em termos de pontos MVP (golo=3; assistência=2; participação=1), teremos:

 

Pontas de Lança (total=55)TT (22), Sporar (20), Vietto (7), Pedro Marques (6)

(nota: TT também jogou como interior)

 

Interiores (total=122)Pote (51), Nuno Santos (36), Jovane (23), Tabata (12)

(nota: Jovane também jogou como ponta de lança)

 

Médios Centro (total=23)Matheus Nunes (10), João Mário (7), Palhinha e Bragança (3)

 

Laterais/Alas (total=36)Porro (20), Nuno Mendes (10), Plata (4), Antunes (2)

 

Centrais (total=23)Coates (11), Gonçalo Inácio (7), Feddal (5)

 

Guarda-redes (total=2): Adán (2)

 

Conclusões:

  • A posição de Interior contribui em acções de golo mais do dobro da posição de Ponta de Lança; A posição de Médio Centro tem menos preponderância nos nossos golos que a de Lateral/ala e exactamente que a de Central, o que pode indicar que RA vê-os mais como um factor de equilíbrio defensivo, sendo os desequilíbrios ofensivos mormente produto da circulação em "U";
  • Porro tem números ofensivos muito próximos dos pontas de lança TT e Sporar;
  • Ordem de importância no golo: Interiores, Ponta de Lança, Laterais/alas, Médios Centro e Centrais, Guarda-redes;
  • Um total de 20 jogadores já contribuiu para os golos leoninos. Dos utilizados, Max, Neto, Quaresma, Borja, João Pereira (1j) e Paulinho (1j) ainda não tiveram preponderância nos golos marcados. 

 

Ranking GAP (Golos, Assistências, Participação decisiva em golo):

ranking gap 090221.png

08
Fev21

Sobre "sacos de batatas"...


Pedro Azevedo

Após o "choro" de ontem de Vítor Bruno, adjunto de Sérgio Conceição, convém notar que tanto Tiago Tomás como Matheus Nunes precisam de menos tempo de utilização para sofrerem uma falta do que Corona. Fazendo a projecção face à média, se o TT e o Matheus tivessem os mesmos minutos de utilização do Tecatito as faltas cometidas sobre si seriam, respectivamente, 62 e 58 (o Corona sofreu 37). É só para recordar, não vá a narrativa portista apanhar alguém desprevenido...

 

P.S. Acresce que no final da primeira volta os jogadores do FC Porto tinham sofrido 283 faltas. Já os do Sporting haviam sofrido 308 faltas. 

#deixemjogarotiagotomas

#deixemjogaromatheus

faltas sofridas.png

Fontes: Liga Portugal e Transfermarket

08
Fev21

A aritmética do título (2)


Pedro Azevedo

Sobre a aritmética do título já falei aqui em 4 de Janeiro. Basicamente, sempre que uma nova época se inicia traço o seguinte cenário: o Sporting vence todos os jogos contra as equipas denominadas de "médias" e "pequenas" e perde os jogos contra os outros 2 denominados de "grandes". No fim, obtém 90 pontos, mais 2 do que qualquer equipa - Benfica em 15/16, Porto em 17/18, com 88 pontos - já conseguiu desde que o campeonato é disputado por 18 equipas e a vitória vale 3 pontos.

 

Dito isto, há um facto novo no horizonte. Com o empate consentido ontem pelos portistas em Braga, a equipa de Sérgio Conceição já só poderá somar 88 pontos finais. Como Benfica e Braga apenas poderão matematicamente ambicionar chegar aos 85 pontos, o Sporting, mesmo que venha a perder com o Benfica e Porto, se ganhar todos os jogos contra as equipas "pequenas" e "médias" somará sempre 90 pontos (podendo até chegar aos 96 com os pontos bónus), um cenario que pode servir de motivação extra a todos os nossos jogadores. 

 

E como chegámos aqui? Assumindo o pressuposto inicial, 4 derrotas e 30 vitórias significariam 90 pontos. Ora, é sabido que no entretanto perdemos 4 pontos contra "pequenos" e "médios", empatando em Famalicão e em casa contra o Rio Ave. Ora, tal deveria limitar o nosso horizonte final a 86 pontos. Acontece que o empate e a vitória caseira contra Porto e Benfica, respectivamente, foram 4 pontos de bónus face ao cenário esboçado de início. Assim sendo, o Sporting mantém-se na rota dos 90 pontos.

 

Evidentemente, a meio de uma maratona não se pensa na meta final. Pelo contrário, sendo natural até que surja a "dor de burro" provocado pela acumulação de ácido láctico, a concentração deverá estar no quilómetro seguinte. Estabelecem-se assim metas intermédias que é preciso superar. E é de ir vencendo cada uma que depende o êxito final. Assim também acontece no futebol, tal como tem sido exemplarmente explicado por Rúben Amorim através da frase "jogo a jogo". Façamos então de cada um desses jogos uma final, sendo certo que a partir de ontem ficámos a saber que superando 15 deles seremos de certeza campeões. Mas isso ainda vem longe, pensamos sim em Barcelos. É que olhar muito prospectivamente pode dar galo, melhor mesmo será pensar sempre no futuro próximo. 

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08
Fev21

Superbowl LV - A vingança de Tom Brady

A análise conhecedora do Leitor José Lopes


Pedro Azevedo

Só terá ficado surpreendido com a vitória dos Tampa Bay Buccaneers sobre os Kansas City Chiefs por 31–9 na passada noite quem não siga com atenção a NFL. Nas últimas semanas, os Chiefs (quanto tempo conservarão este nome é coisa que não se sabe, já que à luz das novas normas vigentes no desporto americano, referências que possam pressupor conotações ofensivas para sectores da população são condenadas, o que já levou a equipa de Washington a retirar o termo “Redskins” do seu nome) viram o seu plantel dizimado por lesões e infecções por SARS COV 2, o que os enfraqueceu muito.
Do outro lado, o grande Tom Brady, que aproveitou o rio de dinheiro que normalmente existe na Flórida, para levar os irmãos Glazer, donos da equipe dos Bucs (curiosamente também donos dos Boston Red Sox, da cidade de onde Brady transitou para Tampa Bay, e do... Manchester United) a apostar forte numa equipe capaz de acompanhar o seu estelar quarterback à vitória no Superbowl.


Os Bucs fecharam a temporada regular com uma sequência de quatro vitórias consecutivas e não pararam desde essa altuara, vencendo três jogos na pós-temporada na estrada - incluindo viagens para New Orleans e Green Bay para enfrentar Drew Brees e Aaron Rodgers, respectivamente - antes de destronarem os Chiefs na noite de domingo, tornando-se a quarta equipa na história da NFL a ganhar um Super Bowl como equipa que partiu dos wild cards, para mais sem a vantagem de jogar em casa, o que quer que signifique tal coisa nestes temps que vivemos.


Nesta passada noite, jogando no estádio da sua própria equipe, com uma multidão de fãs (sim, houve público!) da equipa da casa e 7.500 profissionais de saúde, o que sucede pela primeira vez no SuperBowl (os Superbowl são normalmente jogados em Atlanta ou Miami, locais com temperatura mais amena, nos normalmente gelados meses de Fevereiro nos Estados Unidos), Brady e os Buccaneers deram aos Bucs o seu segundo troféu Lombardi. Brady conseguiu 21 de 29 passes, para 201 jardas e três “touchdowns”, incluindo dois para o “tight end” Rob Gronkowski, seu antigo companheiro nos New England Patriots. Os Bucs basearam a sua vitória no que já se esperava, um desempenho defensivo brilhante. A defesa dos Bucs, que se vingaram da derrota frente a Kansas City na jornada 12 da temporada regular em que foram trucidados - para mais estando os Chiefs nesse jogo sem o seu estelar “quarterback” Patrick Mahomes - , desta vez quase não deixaram Mahomes jogar, pressionando-o fortemente, já que os Chiefs estavam privados dos seus “ofensive tackles” titulares Eric Fisher e Mitchell Schwartz.


Três jogadores que Brady recrutou pessoalmente para se lhe juntarem em Tampa, o já
mencionado Rob Gronkowski, o “wide receiver” Antonio Brown (também ex-companheiro de Brady em New England) e o “running back” Leonard Fournette – marcaram os “touchdowns” deste Super Bowl, com Gronkowski conseguindo dois ainda na primeira parte do jogo. Portanto, e acima de tudo Brady conseguiu aos 43 anos o seu sétimo anel. Ainda lhe falta muito para superar outras figuras de outros desportos americanos em número de títulos, como sejam Bill Russell, na NBA, que tem onze títulos, Yogi Berra que tem dez na MLB (baseball), entre outros.

 

Pessoalmente, penso que Brady se quis “vingar” de Robert Kraft, dono dos New England
Patriots, e do treinador que o recrutou e formou, Bill Bellichick (BB), com quem ganhou os seis anéis anteriores. Ter levado Rob Gronkowsky, que há dois anos tinha dito que abandonava os Pats e a NFL porque tinha lesões a mais, e Antonio Brown, que tinha sido excluído dos Pats sob pressão da própria NFL por estar envolvido em problemas pessoais, para Tampa com ele cheira muito a vingança pessoal. Há já vários anos que existia uma guerra latente entre Brady e Bellichick nos Pats, uma espécie de concurso pessoal, mais assumido por Brady do que por BB, sobre quem era mais responsável pelos últimos vinte anos de sucesso dos New England Patriots. Brady provou que conseguia vencer sem a férrea disciplina de BB, embora decerto tenha levado
com ele muito do que aprendeu em Boston para Tampa. Ele trocou Boston por uma equipe que há treze anos não chegava à “post season”, que não vencia um jogo nos “playoff” há cerca de duas décadas e que ainda detém a pior percemtagem de vitórias numa temporada na NFL. No entanto, Bellichick, além dos seis anéis com os Pats, tem mais dois como adjunto nos New York Giants, pelo que Brady, que já anunciou não pensar reformar-se antes dos 45 anos, ainda terá que vencer mais dois para o ultrapassar. E, para mais, tem uma folga de cap para o próximo ano de 50 milhões de dólares, o mesmo que Brady vai auferir nos seus dois anos de contrato com os Bucs. Bellichick, que tem agora de volta o seu coordenador defensivo Matt Patricia, vindo de uma má experiência como treinador principal dos Detroit Lions, e mantém o coordenador ofensivo Josh McDaniels, que tem resistido ao assédio para ser treinador principal de várias equipas (e se pensa poder vir a ser o sucessor de Bellichick).
Se os Pats conseguirem no draft um bom quarterback - a experiência deste ano com Cam Newton não resultou muito bem, diga-se em abono da verdade devido a mais jogadores do que qualquer outra equipa terem feito “opt down”, ou seja, escolhido não jogar este ano devido à pandemia Covid, e às inúmeras ausências e lesões que a equipa, já não tão forte como em anos anteriores, sofreu - , ou um “trade” de algum mais experiente, talves tenhamos de volta os Pats dominadores dos últimos anos, para competirem com Brady e com Mahomes, que no próximo ano (na realidade este ano, já que a NFL recomeça em Outubro), já com a equipa recuperada (esperamos todos que esta pandemia já esteja atenuada em Outubro), continuará decerto a ser uma das grandes favoritas à vitória final na próxima edição do Superbowl.


Afigura-se uma “post season” interessante, até porque alguns dos quarterbacks mais estelares da geração mais antiga (Aaron Rodgers, dos Green Bay Packers, e Drew Brees, dos New Orleans Saints, por exemplo) se poderão retirar, fazendo com que haja uma corrida a quartebacks no draft. Também resta saber como vai recuperar Joe Burrow, o novo “wunderkind” quaterback, que perdeu grande parte da sua época de rookie com os Bengals devido a uma rutura de ligamentos cruzados de um joelho.

 

Lá para Outubro há mais...

 

P.S. O meu agradecimento ao nosso Leitor José Lopes pela disponibilidade demonstrada na elaboração desta cuidada análise.

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08
Fev21

Eu show Brady


Pedro Azevedo

Os Tampa Bay Buccaneers, propriedade da família Glazer (igualmente detentora do Manchester United) são os novos campeões da NFL, tendo esta madrugada derrotado os até aí detentores em título, Kansas City Chiefs, no Super Bowl 2020. 

 

Este é apenas o segundo título da equipa da Flórida na competição. Porém, para o seu "quarterback" Tom Brady tratou-se do seu sétimo triunfo no Super Bowl (em 10 presenças na final), tornando-o mais vezes vencedor do troféu Vince Lombardi do que qualquer equipa na história da NFL (os New England Patriots e os Pittsburgh Steelers têm 6 vitórias). 

 

O mais extraordinário desta história é Brady ter-se mudado para a Flórida apenas nesta temporada. À procura de uma nova motivação, o "quarterback" escolheu esta equipa do sudeste dos EUA que o ano passado não havia conseguido qualificar-se para os play-offs. Entretanto, resgatou da reforma dourada o seu antigo colega de Boston, o "tight end" Rob Gronkowski, e igualmente influenciou a vinda de Antonio Brown, caído em desgraça nos Patriots por alegada má conduta de natureza sexual. 

 

Terminado em 5º lugar na Confederação de Futebol Nacional com 11 triunfos e 5 derrotas, os Buccaneers apuraram-se para os play-offs. A partir daí, foram subindo gradualmente de forma. Assim, nos oitavos-de-final ultrapassaram os Washington (antigos Redskin) e nos quartos os New Orleans Saints. O apuramento para a final produziu-se numa emotiva semi-final contra os Green Bay Packers, vencedores da conferência na fase regular da competição. Um jogo em que Tom Brady não esteve no seu melhor, o que levantou fundadas dúvidas sobre a sua prestação na final.

 

Francamente favoritos das casas de apostas, os Chiefs procuravam revalidar o título. Para tal, contavam com o desempenho de Patrick Mahomes, aquele que é considerado o melhor e mais versátil "quarterback" da actualidade. Do outro lado havia Brady e o factor casa: é que o Super Bowl LV ir-se-ia disputar em Tampa e com público (condicionado) presente nas bancadas. 

 

E Brady não desiludiu. Num jogo marcado pela intratável defesa dos Buccaneers, com os incansáveis "linebacks" Devin White e Ahaquil Barrett e o "safety" Antoine Winfield Jr como grandes destaques, Brady completou com êxito 201 jardas e lançou 3 touchdowns. A completar os passes decisivos estiveram Gronkowski (por duas vezes) e Brown (uma). O outro touchdown foi obtido através de uma corrida do "running back" Leonard Fournette.  

 

Vencendo já ao intervalo por 21-6, a experiência de Brady vir-se-ia a revelar decisiva pela forma como soube gerir o tempo de jogo, arriscando apenas o estritamente necessário. Com isso, nenhum dos seus passes foi interceptado e a equipa revelou-se sempre segura em campo. Do outro lado, ao génio de Mahomes faltou quem lhe desse continuidade. Muito mais móvel que Brady, o "quarterback" dos Chiefs, viria a destacar-se por um incrível passe em queda, desferido de uma distância de mais de 30 jardas directamente para a "end zone", quem em vez de terminar em touchdown morreu inusitadamente na viseira do capacete do running back Darrel Williams. Um bom paradigma do que se viu num estádio que teve 22.000 pessoas presentes nas bancadas, das quais 7.500 foram pessoal de saúde já vacinado. Mas a melhor alegoria do que foi o jogo acabou por ser protagonizada por White quando primeiro deflectiu e depois interceptou a derradeira oportunidade dos Chiefs de obterem um touchdown, dois movimentos imediatamente seguidos pelo deslizar da câmara na direcção do sorriso de vitória de Brady, que pacientemente agurdava junta à linha pela hora de entrar e terminar com o jogo. Com uma inquebrantável defesa aliada à experiência de Brady, os Buccaneers conquistaram o seu segundo título da NFL (vitória por 31-9). Para Brady foi o sétimo, a que juntou a 5ª eleição como MVP do Super Bowl. "With a little help from his friends Gronk and Brown". 

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06
Fev21

Tudo ao molho e fé em Deus

A Revolução


Pedro Azevedo

Caro Leitor, do Ilhéu de Monchique no Atlântico até Penha das Torres onde se avistam os primeiros raios de sol, uma Cortina de Ferro desceu sobre Portugal. Comunico-vos assim que o momento é grave e está a mexer com as correlações de poder que sempre conhecemos. Para que o entendam, na sua origem parece estar a Muralha de Aço resultante da união entre um pasteleiro (Matheus Nunes) e um operário (João Palhinha), uma coisa de fazer corar de inveja qualquer Vasco Gonçalves ou projecto de Geringonça neste país à beira-mar plantado. E por falar em à beira-mar plantado, tudo isto é sublimado pela Pérola do Atlântico (Pedro Gonçalves), um perigoso subversivo sempre disposto a desafiar a ordem instituída. Sem esquecer aquele que, reza a lenda, numa das suas expedições Fernão de Magalhães registou ter avistado quando viajando de leste a oeste: um monte muito peculiar a que deu o nome de "Monte Vi Eu" (declinado em Montevidéu), o imponente Sebastián Coates. Estejamos pois atentos, porque há que por todos os meios fazer conter esta revolução.

 

O Churchill que me desculpe por ter trocado o Báltico pelas Ilhas e o Adriático por Bragança, mas o pânico que se faz sentir nos nossos rivais justifica a truncagem. É como se tivessem sido tomados de surpresa por este movimento que se formou na clandestinidade e agora está progressivamente ("jogo a jogo") a tomar o poder. Não só no Continente, mas também nas Ilhas. Diga-se entretanto que todas as tentativas de o conter se têm revelado infrutíferas. Disso são aliás ilustrativos o espancamento e a tortura do apito a que ontem, na Madeira, Matheus e Palhinha, respectivamente, foram submetidos, tendo daí resultado uma eficácia nula para os propósitos de quem com tanto afã pretende manter o "status quo". Já o Pote, começou por escapar através de um túnel até ao mar e a última vez que foi visto estava a fazer baloiçar as redes do Amir, que a pescaria foi de alto nível. Quem ficou até ao fim a proteger a retirada em glória foi "El Capitán Barba Rossa" (Coates), um homem que se vem revelando uma fortaleza impossível de expugnar. Desta vez com a ajuda de um marujo que se julgava já reformado, um tal de Antunes ou Vitorino, que mostrou ainda estar para as curvas, ou para os (bom)bordos que envolvam os melhores caminhos marítimos. Ambos apoiados pelo jovem marinheiro Inácio, que do cesto da gávea vislumbrou mais longe.

 

Portuguesas e portugueses, continuaremos a dar notícias sobre estes dias turbulentos que ameaçam a paz e a ordem no nosso Portugal. A fazer fé nos rumores que circulam, à hora em que Vos escrevo as tropas do regime estarão reunidas de emergência na sede do Conselho de Disciplina. O motivo: procurar decapitar a intentona. É a última esperança. Pouco ainda se sabe sobre esta instância, mas Castigo Máximo obteve a informação de a futura acção estar assente num documento. A única coisa que podemos transmitir é que tem oito pontos. Sente-se o desespero...

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Gonçalves

 

P.S. Entretanto, parece que o Benfica de Jesus e de Vieira foi empatado por um Tanque nos Paços de Ferreira. (Ou como um treinador de meia-dúzia de milhões tem o desempenho de um outro que é obrigado a usar um boné que mais jeito daria na Luz para esconder os melões.)

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05
Fev21

Ranking GAP


Pedro Azevedo

Nesta temporada de 2020/2021, o Sporting disputou até agora 24 jogos - 16 para o Campeonato Nacional, 2 para a Liga Europa, 3 para a Taça de Portugal e 3 para a Taça da Liga -, obtendo 19 vitórias (79,2%), 3 empates (12,5%) e 2 derrotas (8,3%), com 51 golos marcados (média de 2,13 golos/jogo) e 17 golos sofridos (0,71 golos/jogo).

 

 

Individualmente, Rúben Amorim continua no Top 5 da exclusiva lista de treinadores do Sporting com maior percentagem de vitórias. Numa altura em que já realizou 35 jogos pelo clube em diversas competições, Rúben apresenta um registo de 71,4% de vitórias (25 em 35) em todos os jogos, permacendo em 5º lugar nessa lista. O líder continua a ser o também inglês Robert Kelly (79,2%), seguido por Cândido de Oliveira (75,3%), pelos húngaros Alexander Peics (73, 1%) e József Szabó (72, 2%) e por Amorim.

 

A nível individual, eis os resultados (estatísticas ofensivas):

 

1) Ranking GAP (medalheiro): Pedro Gonçalves (12,3,3), N. Santos (6,9,0), Jovane (6,2,1);

2) MVP: Pedro Gonçalves (45 pontos), Nuno Santos (36), Jovane (23); 

3) Influência: Pedro Gonçalves (18 contribuições), N. Santos (15), Sporar (11);

4) Goleador: Pedro Gonçalves (12 golos), Jovane e N. Santos (6);

5) Assistências: Nuno Santos (9), Pote (3), Tabata, Porro, Vietto, Feddal, M. Nunes, J. Mário, Jovane, TT, Plata e Nuno Mendes (2).

 

Fazendo uma análise por sectores em termos de pontos MVP (golo=3; assistência=2; participação=1), teremos:

 

Pontas de Lança (total=55): TT (22), Sporar (20), Vietto (7), Pedro Marques (6)

(nota: TT também jogou como interior)

 

Interiores (total=116): Pote (45), Nuno Santos (36), Jovane (23), Tabata (12)

(nota: Jovane também jogou como ponta de lança)

 

Médios Centro (total=23): Matheus Nunes (10), João Mário (7), Palhinha e Bragança (3)

 

Laterais/Alas (total=34): Porro (20), Nuno Mendes (10), Plata (4)

 

Centrais (total=21): Coates (11), Feddal e Gonçalo Inácio (5)

 

Guarda-redes (total=2): Adán (2)

 

Conclusões:

  • A posição de Interior contribui em acções de golo mais do dobro da posição de Ponta de Lança;
    • A posição de Médio Centro tem menos preponderância nos nossos golos que a de Lateral/ala e praticamente a mesma que a Central, o que pode indicar que RA vê-os mais como um factor de equilíbrio defensivo, sendo os desequilíbrios ofensivos mormente produto da circulação em "U";
  • Porro tem números ofensivos muito próximos dos pontas de lança TT e Sporar;
  • Ordem de importância no golo: Interiores, Ponta de Lança, Laterais/alas, Médios Centro, Centrais, Guarda-redes;
  • Um total de 19 jogadores já contribuiu para os golos leoninos. Dos utilizados, Max, Neto, Quaresma, Borja e Antunes ainda não tiveram preponderância nos golos marcados. 

 

 

Ranking GAP (Golos, Assistências, Participação decisiva em golo):

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04
Fev21

What???


Pedro Azevedo

"A deficiente calibragem técnica das linhas de fora de jogo originou a má avaliação de um lance de ataque do SC Braga, aos dois minutos do jogo com o Moreirense FC. O jogador do SC Braga encontrava-se em jogo por 1,18 metros e não em fora de jogo" - explicação oficial sobre golo (mal) anulado ao SC Braga 

 

Quer dizer, como se já não fosse mais do que suficiente a subjectividade da intensidade discricionariamente medida pelo VAR, ficámos a saber que as linhas de fora de jogo que nos aparecem no ecrã podem estar deturpadas por um erro de "calibragem técnica". "What"? É verdade, já não bastava o Conselho de Arbitragem, o árbitro, os árbitros assistentes, o quarto árbitro, o VAR e o senhor que traz as bicas para a rulote (assistente de VAR), temos agora de nos preocupar com a figura do "Técnico de Imagem". A quem cabe calibrar referências como as grandes-áreas, linhas laterais, linha do meio-campo, linhas de fundo, etc, de forma a poder medir-se o posicionamento relativo dos jogadores no campo. Diz o Duarte Gomes que havendo 3 câmaras na análise dos potenciais foras de jogo - de topo/master (ângulo aberto), de fora de jogo e de "curtos" (ângulo fechado) - o que falhou foi a triangulação entre elas, uma explicação em forma de assim (grande O'Neill!), como se o Nuno Mendes tivesse colocado a bola nas costas do lateral esquerdo contrário, o Nuno Santos aparecesse e tocasse para o lado e o Pote rematasse cento e dezoito centímetros por cima da barra. Porém, existe uma diferença: é que, enquanto o remate do Pote não deixaria de ter sido um mau gesto técnico, faria parte do futebol. Agora, num país que se pretende civilizado e que defenda a transparência e a integridade como valores de referência em sociedade, a Liga - organizadora da competição - e a FPF - responsável pela arbitragem - deveriam imediatamente ter anunciado a promoção de um rigoroso inquérito para apuramento das causas que originaram o erro, com o fim de as apresentar posteriormente a clubes e adeptos de futebol, dando garantias de eliminação de potencial erro futuro (através do reforço de meios técnicos e de infraestrutura) e blindando assim a competição contra a suspeição. Terá custos? Sim, montar por exemplo uma torre acima das bancadas de forma a se poderem elevar as câmaras (de outro modo colocadas em cima do relvado em estádios sem as melhores condições) terá um custo. Mas, qual é o custo da falta de transparência? 

 

Era só mesmo o que nos faltava: duvidarmos das linhas. Será que, para além do vídeo-árbitro assistente, passaremos também a ter a figura da "Tia" (Técnico de Imagem Assistente)? Este futebol português é um pagode. Oh yeah!

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03
Fev21

Análise ao Mercado de Inverno


Pedro Azevedo

Analisando do ponto de vista estritamente desportivo, o Sporting realizou em teoria um bom Mercado de Inverno. Nesse sentido, no papel, Paulinho é um "upgrade" face a Sporar, Matheus Reis uma melhoria em relação a Borja e João Pereira veio colmatar a ausência de um lateral/ala direito de raiz como alternativa a Porro. 

 

Começando pelo atacante comprado ao Braga, acredito que traga coisas ao futebol do Sporting que não tínhamos. Paulinho é mais forte nos apoios frontais que Sporar - envolvendo a equipa através de um bom passe de primeira, ou segurando a bola em zona de potencial perigo e permitindo assim aos interiores e "box to box" chegarem - e melhor dentro da grande área, revelando nesse particular melhor timing de ataque à bola e técnica de cabeceamento bem superior à do esloveno. Porventura não será tão forte quanto Sporar na exploração da profundidade e na transição, aspectos em que o esloveno, apesar de não muito rápido, se destacava pela inteligência de movimentação, mas a sua melhor relação com a bola e o golo pode ajudar simultaneamente as características de Nuno Santos, que embora adaptado como interior mantém o seu ADN de extremo que vai à linha e cruza à procura da referência na grande área, e de Jovane e Pote, jogadores que vindo de trás poderão beneficiar da fixação dos centrais que Paulinho faz tão bem. Acresce que Rúben Amorim conhece-o bem, tendo com ele trabalhado dois meses e duas semanas no Braga, tempo compreendido entre 23 de Dezembro de 2019 (data em que o treinador substituiu Sá Pinto) e 6 de Março de 2020 (ingresso no Sporting). Nesse período, Paulinho marcou 6 dos 25 golos obtidos na época, 5 deles no campeonato e 1 na Taça da Liga, competição que aliás o Braga de Rúben Amorim viria a conquistar. Dado esse conhecimento, mesmo pesando a incerteza como o atacante se irá adaptar a uma grande cidade e à exigência de um grande clube, será correcto pensar que Paulinho estará familiarizado com o sistema, as ideias e as dinâmicas de jogo do treinador, sendo esse menos um factor a necessitar de ambientação. Sendo certo que Paulinho é globalmente mais jogador do que Sporar, o risco aqui é o do esloveno vir a marcar mais do que o português, num cenário em que o Braga ainda não está totalmente afastado de disputar uma posição na tabela classificativa connosco. Isso, a acontecer, poderá criar algum ruído entre os adeptos leoninos, nomeadamente se o título nacional não for conquistado. Não é um cenário impossível de acontecer, o que não significará na minha opinião que a operação de mercado tenha sido incorrecta (do ponto de vista desportivo, insisto) da nossa parte. A concorrer para essa possibilidade está o facto de as equipas que defrontam o Braga não recorrerem a um bloco tão baixo como quando defrontam o Sporting, deixando espaços nas costas para as transições que tanto favorecem o esloveno. Todavia, a verdade é que o Braga já impõe um respeito nos adversários que não transforma esses espaços propriamente em avenidas. 

 

Em relação a Matheus Reis, é um jogador versátil que pode fazer duas posições (lateral esquerdo e central pela esquerda). Trata-se de um jogador que cresceu muito com Carlos Carvalhal no Rio Ave, treinador com quem se estreou em Portugal como central pela esquerda. Embora tenha actuado preferencialmente como lateral, Carvalhal utilizou-o como central em jogos de especial exigência, nomeadamente com Braga e Benfica. Não se pode dizer que a experiência tenha sido totalmente satisfatória na medida em que esses confrontos terminaram com duas derrotas (ambas por 2-0) para os vilacondenses. Viria a jogar de novo como central contra o Gil Vicente, mas o cenário manteve-se (derrota por 1-0), terminando aí o seu histórico como titular na Liga NOS nessa posição, aí voltando ocasionalmente como solução táctica alternativa durante os jogos. Porém, Matheus Reis viria a realizar uma boa época de 19/20 no Rio Ave, com 37 jogos, 1 golo marcado e 6 assistências. Destaca-se por ser um jogador com muita chegada à área adversária e bom entendimento do jogo, aspectos em que é um claro "upgrade" face a Borja, este último um jogador que como é do amplo conhecimento dos Leitores/Comentadores deste espaço não me convenceu desde o primeiro dia. Matheus poderá permitir gerir a condição física de Nuno Mendes e tornar-se a principal alternativa deste, até porque Antunes não parece ter sido um bom movimento do mercado anterior. Em relação à posição de central pela esquerda, acredito que Rúben Amorim dê primazia a Gonçalo Inácio como primeira alternativa a Feddal, podendo lançar o joker Matheus em momentos do jogo em que necessitemos de "pôr a carne toda no assador" (à semelhança de jogos como o do Gil Vicente em que Nuno Mendes passou a central pela esquerda e Nuno Santos recuou para lateral/ala). O único senão é estar há muito tempo parado (4 meses, desde a eliminatória com o Besiktas), mas isso não deverá ser muito problemático para um jogador de 25 anos.

 

João Pereira é um jogador que apesar dos seus 36 anos chega com ritmo do jogo. Disso é evidência o facto de ter realizado 47 jogos na última época e meia. Não tem tido muitas lesões, exceptuando uma curta paragem devido a um problema na virilha e uma rotura que o fez perder 3 semanas no início desta temporada. Vem suprir a ausência de um lateral/ala direito de raiz que substitua Porro, dado que Plata era uma adaptação. Segundo a imprensa, irá integrar os quadros técnicos de Alcochete na próxima época. É conhecido de Rúben Amorim, tem muita experiência e regressa para uma terceira volta no clube de José Alvalade, pelo que não necessitará de tempo de adaptação. Se Porro não se lesionar entretanto, a sua utilização visará a gestão da forma física do espanhol. À partida parece-me recomendável uma solução desta natureza em detrimento de um investimento no mercado, na medida em que só estamos envolvidos no campeonato, a prova europeia há muito que ficou pelo caminho e há um titular óbvio para a posição. 

 

Em termos de dispensas, Ilori (Lorient), Camacho (Rio Ave), Pedro Marques (Gil Vicente), Pedro Mendes (Nacional) e Ivanildo (Almeria) saíram por empréstimo, Ristovski (1M€, Dínamo de Zagreb) e João Silva (custo zero, Alavés) deixaram-nos a título definitivo. Sporar e Borja foram incluídos no negócio de Paulinho, sendo que o esloveno foi emprestado (cláusila de opção de €7,5 Milhões) e os direitos económicos do colombiano passaram para o Braga. Creio serem interessantes os empréstimos de Camacho e de Pedro Marques, que poderão crescer em competição. Camacho precisa de melhorar a tomada de decisão, Marques necessitava de um novo desafio num espaço competitivo de maior dificuldade. Esse espaço poder-lhe-ia o Sporting ter dado, mas a verdade é que a prioridade era Paulinho e ao nosso jovem ponta de lança nunca foi dada a oportunidade de mostrar continuidade de rendimento face ao demonstrado contra o Sacavenense. Tenho pena que Pedro Marques não tivesse ido para o Farense, nossa filial nº 2, que bem precisado está de um ponta de lança com faro de golo (Stojiljkovic tem outras características, mais de combate e de procura da profundidade), mas nem sequer sei se o clube de Faro mostrou algum interesse. Ao Gil sempre pensei faltar um homem com faro de golo, pelo que creio poder encaixar bem em Barcelos. As outras dispensas são de outros jogadores sem espaço neste plantel, tendo Ilori desperdiçado inúmeras oportunidades até. 

 

Se do ponto de vista desportivo estou satisfeito com o movimento no mercado, do ponto de vista financeira redobrei no meu cepticismo quanto ao futuro. Se, antes da pandemia, precisávamos de cerca de €70 milhões em vendas de jogadores para zerar os nossos Resultados anuais, o actual contexto sem Europa, receitas de bilheteira e previsível descida dos proveitos de merchandising veio ainda piorar mais a situação. Tal aliás explica em parte as dificuldades que temos sentido para pagar Rúben Amorim ao Braga e torna mais insustentável o argumento para a contratação de Paulinho, operação que mesmo considerando zero o valor de Borja (a venda poduziu-se por €3 milhões, ainda assim abaixo do valor de contratação, ao passo que a compra de Paulinho terá sido de €16 milhões) deverá ficar por 13 milhões de euros mais cerca de 2 milhões (segundo ouvi num telejornal) da diferença de ordenado de Borja até ao final do contrato (Junho de 2024) mais talvez 0,5 milhões de ordenados de Sporar até 30 de Junho. Um total de cerca de 15,5 milhões de euros por 70% do passe, que poderá ainda vir a ser acrescido de mais 7,5 milhões caso surja uma proposta de compra de 25 milhões pelo jogador que a SAD do Sporting venha a recusar, cenário em que o Sporting teria de comprar os restantes 30% do passe. E isto sem falar de possíveis comissões pagas, ou de um valor entre 10% a 15% que o Braga ainda poderá vir a buscar pela promoção ("vitrine") de Sporar caso este venha a ser vendido (o Braga também terá direito a comprá-lo no fim da época por 7,5 milhões de euros). 

 

Não é à toa que o Mercado de Inverno a nível internacional foi muito mais fraco que em anos anteriores. Os clubes, dada a queda pronunciada de receitas e o cenário de incerteza futura, compreensivelmente moderaram-se. Um pouco em contra-ciclo, o Sporting fez uma cava de roleta. Se ganhar o campeonato, argumentar-se-á que o jogador foi influente nesse triunfo, se se apurar directamente para a Champions a coisa será vista como assim-assim, se nenhum destes dois objectivos for alcançado então a operação poderá ser vista como um desastre. Acresce que o jogador tem 28 anos e o mercado está retraído, o que dificultará a sua revenda futura com alguma mais-valia. Adicionalmente, é preciso não esquecer que a banca deixou de apoiar os clubes portugueses, seja via financiamento, seja por via da tomada firme de empréstimos obrigacionistas (temos um que finda para o ano), o que nos deverá obrigar a descontar mais receitas da NOS. Este é um aspecto que considero nocivo à nossa sustentabilidade futura, como também o são quaisquer compromissos que passem o termo do mandato dos actuais orgãos sociais, algo tão criticado na gestão anterior e que até se tem vindo a agravar entre aumento da dívida a fornecedores e novos compromissos estabelecidos no tempo. A propósito, a quantos anos ficou estabelecido pagar Paulinho ao Braga? Compreendo, no entanto, que fosse difícil negar este desejo a Rúben Amorim. O treinador entrou em Alvalade numa altura crítica e com tudo a desmoronar-se. Inteligente, soube precaver-se e tirar partido disso e justamente reivindicar poderes alargados em matéria de contratações. Sinal disso foi nunca mais se ter ouvido que ao treinador caberia treinar e à Estrutura escolher os jogadores, modelo tantas vezes repetido no tempo de Marcel Keizer. Ora, depois de um trabalho fantástico em que tem vindo a conciliar resultados desportivos com apostas que num cenário normal de mercado teriam valorizado já em muito tanto os jogadores da nossa Formação como alguns contratados no Mercado de Verão, é explicável que a Direcção se sinta impelida a dar um presente ao seu treinador. O problema é que o Sporting continua a viver muito acima das suas possibilidades. A única novidade é que já não está só acompanhado pelo Porto nesse particular, porque o Benfica, após uma péssima gestão dos proveitos inerentes à venda de João Felix, passou de uma situação privilegiada para um estado igual ou pior. E, se na época passada ganhou cerca de €40 milhões de euros, isso aconteceu depois de vendas de jogadores de cerca de €130 milhões e Champions. Esta temporada, sem vendas significativas e sem Champions, como será? Obviamente, para o Sporting tentar ir à Champions também deverá ser um desígnio. Todavia, a sucessiva irrelevância na Europa conduziu-nos a um cenário em que o prémio de presença na fase de grupos é pouco mais do que metade dos de Porto e Benfica, razão pela qual deveríamos ter como principal preocupação o equilíbrio dos Resultados Operacionais, não considerando como actividade operacional aquio que é cada vez mais incerto (as vendas). Acresce que estamos a fortalecer economicamente todos os anos o Braga, o clube que em Portugal indiscutivelmente melhor tem lidado com o mercado e o contexto da crise sanitária e económica. 

02
Fev21

Tudo ao molho e fé em Deus

O Evangelho segundo Matheus


Pedro Azevedo

Eis o que era verdade no início da época: o Benfica partia com 100 milhões de euros de avanço, ia jogar o triplo e estava 10 anos à frente da concorrência. Não sei se os deuses andarão loucos, mas recordo-me de Pimenta Machado, que até é benfiquista, um dia haver avisado que, no futebol, o que hoje é verdade, amanhã poder passar a ser mentira. Não surpreende assim que tenham bastado 6 meses para o antigo presidente do Vitória de Guimarães voltar a provar o seu ponto (ou três). É que ontem, após ter perdido com o Sporting, o Benfica recuou vertiginosamente de 2031 até 1859, ano em que Darwin escreveu a sua Teoria da Evolução, publicação que a entourage de Vieira precisa rever com a maior urgência. [Nesse transe provavelmente envolvendo um(a) girafa (Luisão), que ninguém explica tão bem assim Darwin.]

Como se este Regresso ao Passado não tivesse sido já suficientemente doloroso, tal coincidiu com o dia em que o rival e líder Sporting provou também gastar milhões num jogador. E com o quê contrapôs desta vez o Benfica? Bom, teve de se contentar com o Ficanov (segundo o meu enviado-especial à Ucrânia, pronuncia-se "fica a nove"), coisa para ter deixado Vieira com um traumatismo "ucraniano"... [Também pode ter sido da Galinha (agora) à Kiev estar estragada.]

 

Desde o início do jogo, o Benfica procurou encaixar-se no Sporting, recorrendo até a 3 centrais para que a adaptação fosse mais perfeita. Porém, se defensivamente as águias montaram uma linha de 5, ofensivamente o Vertonghen encostava à lateral esquerda e o Grimaldo surgia como joker solto a tentar beneficiar da fixação que Cervi provocaria em Porro. Com esse sistema, o Benfica pretendia não só travar as investidas ofensivas do lateral/ala leonino como também perturbar a definição das funções defensivas deste e de Neto e criar aí envolvências que suscitassem uma superioridade numérica numa zona do terreno já de potencial perigo. Acontece que o Sporting de Rúben Amorim nunca defende a 5 quando a bola é metida nas alas, na medida em que o lateral/ala do lado da bola logo sai ao encontro dela, pelo que amiúde Porro ia ao encontro de Grimaldo e Neto basculava até à lateral para vigiar Cervi. E quando os dois partiam em simultâneo para cima de Porro, Matheus ocorria e evitava a criação da tal superioridade numérica. Com o tempo, desfeito o elemento surpresa que Jesus engendrou sem o efeito positivo do colhido no Dragão (Nuno Tavares e Grimaldo sem posição claramente definida baralharam as marcações portistas), o Benfica acabaria por desistir desta estratégia, procurando outros caminhos por via, primeiro, da substituição de Cervi por Taarabt e, depois, da troca de Grimaldo por Nuno Tavares, tentando então maior predominância no centro do terreno. 

 

Se a primeira parte terminou com uma única grande oportunidade de golo incrivelmente desperdiçada por Neto e mais acções desequilibradoras do Sporting através de Pote e do diabólico Tiago Tomás (sacou dois amarelos durante o jogo a defesas do Benfica em jogadas que de outra forma terminariam com ele isolado para a baliza), no segundo tempo o Benfica começou a aparecer mais perigoso na frente. Todavia, tendo sido os seus avanços bem contidos por Matheus (mais tarde também por Palhinha) e por uma defesa de betão, ainda assim, as melhores oportunidades foram do Sporting: primeiro numa arrancada de TT que, nada egoísta, serviu Pote para um remate que ficou prensado em Weigl; de seguida, numa brilhante investida de Jovane, que substituíra um pouco feliz Nuno Santos, culminada em remate deflectido de Pote que quase surpreendeu o atento Vlachodimos; depois, através de Palhinha (troca com João Mário) cujo remate falhou o alvo por escassos centímetros. 

 

O jogo caminhava para o fim, os nossos mais perigosos TT e Pote, esgotados, já haviam saído e pensei que o jogo terminaria a zeros. Adicionalmente, Bragança estava em campo ainda não há 30 segundos e aparentemente a sua troca por Pote significaria um pouco mais de contenção. Mas eis que surge mais uma tentativa de exploraçao da profundidade, Tabata em esforço e com o calcanhar leva a bola para a frente, Jovane baila já na área e cruza, como tantas vezes repetido em laboratório a bola vai de costa a costa à procura das costas do lateral adversário, Porro ocorre e centra, Vlachodimos soca como pode e Matheus aproveita o ressalto e marca. Estavam decorridos dois minutos do tempo de compensação, três que mais pareceram uma eternidade ainda haveria com que sofrer, mas a vitória, justíssima, já não fugiria. Afinal de contas, ganhou a equipa que tinha o sistema enraizado e rotinado e não aquela que improvisou e mudou para este específico jogo. Tudo normal, portanto, que esta coisa de génio da lâmpada acontece essencialmente em filmes (de série B).

 

Com Jesus indisponível, o Benfica recorreu a Deus, só faltando o Espírito Santo de outros tempos para completar a Santíssima Trindade. Todavia, o milagre não aconteceu e o "Evangelho" acabou por ser escrito segundo Matheus (5:6): "Felizes (Bem-aventurados sejam) os que têm sede e fome de justiça, porque eles serão saciados". (A propósito da injusta penalização a Palhinha que permitiu a Matheus assumir a titularidade, com um obrigado sentido a Fábio Veríssimo.) 

 

Quem deve estar a fazer horas extraordinárias na Luz é o "anjo" (João) Gabriel, porque os tempos estão difíceis e tal não deve ser simples para um porta-voz da boa nova aos benfiquistas... De forma que, como as coisas estão, talvez seja melhor o Jesus desistir de jogar o terço e passar a rezar o triplo, ou então efectivamente começar a jogar o triplo e rezar o terço à espera que tal ainda venha a ser suficiente. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": O "Menino do Rio" Matheus Nunes. Tiago Tomás seria a alternativa óbvia, mas toda a equipa (incluindo os menos inspirados, mas igualmente transpirados) funcionou como um bloco coeso e acreditou na vitória até ao fim. No final, venceu quem teve mais fé, o que não deixa de ser uma ironia atendendo a quem estava do outro lado. O caso Palhinha? Escreveu-se direito por linhas tortas. Aí Leões!!!

 

P.S. Tanto se falou de arbitragem esta semana que é justo reconhecer que Artur Soares Dias esteve em bom plano. Com um senão: amarelou prematuramente Gilberto e Tiago Tomás por "bocas", o que me pareceu desnecessário, acabando depois por ter de contemporizar com uma falta cometida pelo mesmo Gilberto sobre Nuno Mendes que seria um óbvio segundo amarelo e concomitante expulsão (roçar de pitons no gémeo, deslizando posteriormente na direcção do pé e colocando em perigo evidente a integridade física do nosso jovem defesa, o qual acabou atingido no tendão de aquiles e tornozelo).

matheus nunes benfica.jpg

01
Fev21

Match point


Pedro Azevedo

Logo à noite, Sporting e Benfica enfrentam-se no José Alvalade. É o dérbi dos dérbis, o clássico dos clássicos, o jogo sempre mais ansiado pela maioria dos adeptos portugueses. Um confronto com muita história, de supremacia alternada ao longo do tempo. O dérbi dos 64(!) golos de Peyroteo e dos 27 de Eusébio, dos Cinco Violinos e do Benfica campeão europeu, dos imortais duelos entre Damas e o Pantera ou entre Bento e Rui "Gazela" Jordão.  Por vezes decisivo para a atribuição do título de campeão nacional, como naquela tarde de 25 de Abril de 1948 em que o Sporting venceu por 4-1 na Estância de Madeira (antigo campo do Benfica) com um póquer de golos cortesia de Fernando Peyroteo, mítico avançado centro leonino que nesse dia viria a garantir para os leões o celebérrimo Campeonato do Pirolito, título conquistado por apenas um golo de diferença. Abril, mês aziago para o Benfica neste particular, pois a 13 do ano de 1986 viria a perder já no Estádio da Luz um novo confronto decisivo com os leões (2-1). Morato e Manuel Fernandes marcaram nesse dia, mas dessa vez a vitória leonina infelizmente só aproveitou a terceiros (FC Porto). 

 

O jogo de hoje adquire contornos especiais por ocorrer em época de retoma do Sporting e de queda do Benfica, cenário difícil de perspectivar aquando do início da competição dado o milionário investimento efectuado pelos encarnados. Aqui chegados, o jogo é nada mais do que decisivo para as águias, sendo obviamente muito importante para os leões. Ainda assim, a pressão estará repartida, que dérbi é dérbi e todos o querem ganhar. Simplesmente, uma derrota do Benfica deixá-lo-á arredado do título, pelo menos a fazer fé nos números que nos dizem que num campeonato a 18 e com 3 pontos por vitória nunca uma equipa conseguiu recuperar 9  pontos de desvantagem e sagrar-se campeã, possibilidade que deverá funcionar como uma motivação extra para os jogadores do Sporting. Assim sendo, o jogo adquire contornos mais vistos num court de ténis: uma vitória leonina significará a eliminação do adversário por via da concretização do "match point" que tem disponível no seu "serviço", o empate anulará esse "match point" e a vitória do Benfica será como um "break point" para o resto da temporada que há que jogar. Deste modo, aconteça o que acontecer, uma pitada adicional de sal se reunirá aos ingredientes do costume com o intuito de combater o insosso cenário de bancadas despidas de adeptos por via da pandemia.

 

Com toda a história que os enquadra somada às idiossincrasias relativas ao momento presente de cada um, Sporting e Benfica entrarão no relvado para adicionar mais um capítulo à gloriosa gesta dos dérbis. O jogo tem início às 21h30. Faites vos jeux!

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