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Castigo Máximo

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

De forma colocada, de paradinha, ou até mesmo à Panenka ou Cruijff, marcaremos aqui a actualidade leonina. Analiticamente ou com recurso ao humor, dentro ou fora da caixa, seremos SPORTING sempre.

Castigo Máximo

31
Out20

My name is Bond, James Bond


Pedro Azevedo

Sir Sean Connery, o Bond mais frio, sarcástico, credível e carismático de sempre, faleceu hoje aos 90 anos. Connery alcançou a popularidade com o papel de agente secreto do MI6, os serviços secretos britânicos. Não se ficou por aí a sua carreira, destacando-se as suas interpretações em filmes como "O Nome da Rosa" e "Os Intocáveis", este último a valer-lhe o tão merecido Oscar de Melhor Actor Secundário. O que poucos saberão é que antes da fama, quando as luzes dos holofotes não iam ainda para além de pequenas participações em musicais e peças de teatro, Sean Connery esteve para ser jogador do Manchester United. Tudo aconteceu após um jogo amador que disputou com o elenco de uma das peças em que entrava. Acontece que a partida disputou-se em Manchester e teve como espectador privilegiado Sir Matt Busby. Este, impressionado com a capacidade física do escocês, logo lhe propôs um contrato profissional sujeito a um período de testes. Diz a lenda que Connery, à época com 23 anos, sabendo que aos 30 anos um futebolista está perto do fim de carreira, preferiu apostar numa carreira de actor que lhe garantiria outra longevidade profissional. Perdeu-se mais um "Busby Babe", ganhou-se "O Bond". R.I.P. e obrigado!

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30
Out20

Dia de Finados pela arbitragem


Pedro Azevedo

Apesar de o árbitro ter anulado um golo limpo aos pacenses (com o "auxílio" do VAR) e ter erradamente marcado um penálti a favor dos portistas, o Paços de Ferreira venceu o FC Porto por 3-2. Os erros acumulam-se, pelo que, terminado o fim de semana futebolístico, na próxima segunda-feira (dia 2 de Novembro), a FPF, entidade que alberga no seu seio o Conselho de Arbitragem, deveria mandar celebrar o Dia de Finados da arbitragem portuguesa. É que há muito tempo que esta morreu e ainda ninguém lhe disse nada (mas a UEFA e a FIFA nos seus torneios de seleções têm dado um bom toque). É por isso chegado o tempo de os altos dirigentes da Federação fazerem o luto, despedirem-se dela (arbitragem) e partirem para uma outra, com novas regras de transparência e de escrutínio que permitam que os adeptos - consumidores final do produto futebol que curiosamente nunca são tidos nem achados em qualquer discussão - voltem a acreditar na integridade das competições. Isto como está, não pode mais ser escamoteado. 

30
Out20

Diego Armando faz 60 anos


Pedro Azevedo

O cidadão Diego Armando cumpre hoje 60 anos de idade. Já o seu alter ego, Maradona, não tem idade, é um mito. Se a Champions tem o majestoso Zadok the Priest, de Handel (em versão Tony Britten), para a história dos mundiais ficará sempre aquela maravilhosa jogada de uns quartos de final em que El Pibe fez do relvado do Estádio Azteca um campo de peladinha enquanto, como se não fosse nada com ele, ia driblando metade da selecção inglesa ao som da narração emocionada do uruguaio Victor Hugo Morales ("de que planeta vieste?). Poesia em movimento, um hino ao futebol!

 

Nesse dia, Maradona foi o génio da lâmpada que concedeu três desejos a Diego Armando: humilhar os ingleses, roubá-los indecentemente e qualificar a Argentina para as meias finais do Mundial de 86. Quatro anos após um conflito militar contra as tropas de Sua Majestade (Malvinas) que custou a vida a mais de seis centenas de argentinos, Diego foi nessa tarde o herói do povo, o Robin Hood dos argentinos, protagonizando "La Revancha del Tango". Já para os ingleses ele foi um provocador, um batoteiro, uma fraude, antítese que expressa na perfeição a heterogeneidade do seu ser. "Golo do Século" e "Mão de Deus" no mesmo jogo, uma dualidade sempre presente na vida de Diego. Como quando afrontou o poder da FIFA e expôs a corrupção que minava o organismo, ou no momento em que o seu vício finalmente abateu o Maradona que havia em si.

 

Suspeito porém que a história absolverá o homem e incensará o ídolo de multidões. Semanalmente, grupos de fiéis continuarão a comungar de cada cerimónia litúrgica realizada num campo de futebol, invocando os seus ídolos e defendendo a sua crença, porque o futebol é uma religião pagã com diversos profetas. Porém, lá longe, no seu Olimpo, haverá só um deus: Maradona, a.k.a. "d10s". Que outro daria a um pequeno clube do sul de Itália dois títulos de campeão contra os ricos do norte? Feliz Cumpleaños, Diego!

GOLO DO SÉCULO

(MARADÓ, MARADÓ)

(Manu Chao: LA VIDA ES UNA TOMBOLA)

(MARADONA vestido à SPORTING)

29
Out20

Tudo ao molho e fé em Deus

Um Sporting à Benjamin Button


Pedro Azevedo

O Sporting começou o jogo de uma forma lenta e muito previsível, foi-se revigorando à medida que os laterais passaram a ser alas puros e a saída via médios trocada pelo jogo em "U", e acabou rejuvenescido por um banho de golos sucessivos nos últimos 10 minutos que não expressa minimamente as dificuldades sentidas na maioria do tempo. Em suma, um Sporting à Benjamin Button que nasceu para o jogo com um Neto já avô e só deu a volta quando o avô deu lugar ao neto. 

 

Diga-se em abono da verdade que as dificuldades sentidas pelos leões se deveram à astúcia do treinador gilista. Sagaz, Rui Almeida bloqueou durante todo o tempo a saída de bola leonina pelo centro, dispondo para tal de um losango que enquadrava o par de médios do Sporting. Em permanente inferioridade numérica (2 contra 4) e sem centrais com qualidade técnica para conduzir a bola por entre as linhas da equipa de Barcelos e assim ajudar a diminuir a desproporção de homens no miolo, os leões viram-se bloqueados e sem soluções. Não se estranhou por isso que ao intervalo o resultado permanecesse inalterado. 

 

Para agravar a situação, uma desatenção imperdoável numa bola parada permitiu ao Gil Vicente adiantar-se no marcador logo após o reatamento. Ruben Amorim procurou mexer à hora de jogo, mas nenhuma das suas soluções resolveu o problema central e o Sporting continuou com apenas dois homens no meio-campo. Por essa altura (substituição de Neto), Nuno Mendes era o central pela esquerda, Pote recuara para fazer dupla com Palhinha e Nuno Santos já jogava mais como ala do que lateral. Porém, só aos 71 minutos, com a troca de Porro por Daniel Bragança, é que o Sporting conseguiu encontrar um antídoto para o espartilho em que o Gil Vicente o colocou. Não porque a equipa tivesse conseguido circular pelo meio - para tal recomendar-se-ia o 4-3-3, que além do mais nos teria exposto menos às transições adversárias que poderiam ter sido fatais assim houvessem tido uma melhor definição - , que continuava obviamente bloqueado, mas sim devido à adopção do 3-2-5. Ruben a imitar Herbert Chapman e a recriar o WM popularizado pelo Arsenal, com Tiago Tomás e Nuno Santos como extremos, Jovane e Pote como interiores e Sporar como avançado centro. Evidentemente, para além dos sistemas existem as dinâmicas, e de uma troca de posição entre Pote e Nuno Santos viria a surgir o golo do empate: o ex-famalicense cruzou, Nuno Santos antecipou-se a Jovane - estava com marcação - e apareceu ao primeiro poste a desviar a bola e Sporar cabeceou com êxito ao segundo pau. Estavam decorridos 82 minutos, um minuto que se viria a revelar de grande galo para os de Barcelos. Isto porque logo de seguida, o Sporting voltou a marcar: transição rápida, Sporar recuperou a bola e passou-a a Bragança, e o menino mete um passe frontal de grande classe a isolar Tiago Tomás que chutou no tempo certo e sem dar a possibilidade a Dennis de ser um pimentinha e estragar a noite aos Sportinguistas. Com dois golos num só minuto os gilistas desorientaram-se e, após uma perda de bola infantil dos de Barcelos, Pote encerraria a contagem com um passe à baliza de categoria. Foi um momento Art Deco, na medida em que misturou a exuberante beleza plástica da sua movimentação com o toque fino e suave que trouxe à memória a inteligência e a técnica rendilhada do ex-internacional português Deco. Ruben bem havia alertado que o jogo com o Gil seria a nossa Champions, e o golo de Pedro Gonçalves a fazer lembrar um moderno Deco foi o mais próximo que estivemos de ouvir a magistral composição de Handel. Música para os meus ouvidos, o único dos meus sentidos que por essa altura ainda parecia estar a funcionar após uma noite muito sofrida e em que as imagens que surgiam através do ecrã pareceram durante muito tempo inverosímeis.  

 

Tenor "Tudo ao molho...": Sporar

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27
Out20

Estatísticas da Liga 2020/21 (Jornada 5)


Pedro Azevedo

  1. Melhor rácio de CA p/ falta cometida: Paços (novo)  - 9,3% (18º Sporting - 22%)
  2. Pior Rácio de CA p/ falta cometida: Sporting - 22% 
  3. Menos Faltas com. por jogo: Benfica (novo) - 13 Faltas (7º Sporting - 14,8 Faltas)
  4. Mais Faltas com. por jogo: Boavista - 20,2 Faltas
  5. Menos CA por jogo: Paços - 1,6 (16º Sporting - 3,3)
  6. Mais CA por jogo: Marítimo e Nacional (novos) - 3,4
  7. Menos Golos Sofridos: Vitória SC e Gil Vicente  (-1 j) - 2 golos (3º Sporting - 3 golos)
  8. Mais Golos Sofridos: Boavista e Famalicão (novos) - 12 golos
  9. Mais Golos Marcados: Benfica - 15 golos [4º Sporting (-1j) - 8 golos]
  10. Menos Golos marcados: B SAD, Vitória SC e Gil Vicente (-1j) - 2 golos
  11. Menos Posse de bola: Marítimo - 39%
  12. Mais Posse de bola: Benfica - 58% (4º Sporting - 53,3%)
  13. O Sporting cometeu 59 faltas que se traduziram em 13 amarelos (rácio de 22%)
  14. Os jogadores do Sporting sofreram 73 faltas que deram 11 amarelos (rácio de 15,1%)
  15. Matheus sofreu 14 faltas, ou seja, 19,2% do total das faltas sofridas pelo Sporting

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25
Out20

Tudo ao molho e fé em Deus

Pote de ouro na casa de Matheus


Pedro Azevedo

Em nenhuma outra modalidade é tão possível o David bater o pé ao Golias como no mundo do ludopédio. Por isso, o futebol possui um sortilégio inigualável entre os diversos desportos. Muitas vezes a equidade provém da falta de eficácia do mais forte, outras vezes do engenho e da organização do mais fraco que permite que o todo valha muito mais que o somatório das partes. Na maioria dos casos porém esse equilíbrio é fruto das conjugação destes factores. Isto em condições de pressão e temperatura constantes do sistema, claro. Infelizmente, nas últimas décadas, em demasiadas ocasiões quando o Sporting joga, ou o termostato se avaria ou temos bar (e var?) aberto. Concomitantemente, o sistema desregula-se. E sempre que falha um sensor, nunca falta um censor.

 

Hoje à tarde, nos Açores, o Sporting podia e devia ter resolvido a contenda na primeira parte. Com Palhinha imperial no centro do campo, Matheus é como um elástico à sua volta que se vai esticando ou apertando consoante as necessidades da equipa. Durante o primeiro tempo esticou-se tanto que isso provocou suficientes desequilíbrios para matarmos o jogo. Faltou eficácia, que é como quem diz faltou um "Matador", um ponta de lança. Quem não tem cão, caça com gato, e Pote (a passe de Jovane) desfez a igualdade com um remate certeiro de pé esquerdo executado de ângulo difícil. Dir-se-ia que o pior já tinha passado, mas isso é coisa que nunca passa pela cabeça de um Sportinguista. Anos e anos de improbabilidades que se reverteram contra nós fazem com que em cada Sportinguista haja um ser muito desconfiado e cínico. Não se infira daí que temos medo de ser felizes. Nada disso. Aquilo que efectivamente tememos é voltarmos a ser apanhados desprevenidos. É que depois não haveria coração que aguentasse o Coates ensarilhar-se com a bola e abrir uma improvável autoestrada numa pequena ilha. Assim, lá fomos nós para o intervalo com mais uma daquelas vitórias morais do nosso passado recente.

 

No recomeço, o Sporting não voltou tão desenvolto. A relva, em péssimo estado, fofa e cada vez mais solta, também não ajudava. Mas fundamentalmente deixámos de controlar o meio-campo tão bem como no primeiro tempo. Para tal muito contribuiu o elástico ter-se partido. Esgaçado, tanto pelo uso (vai-vem constante) como pelo atrito (entradas a matar dos insulares), Matheus não conseguiu contribuir como anteriormente e a equipa ressentiu-se. O jogo tornou-se muito menos fluído e nem mesmo a entrada de João Mário o abanou suficientemente. Ainda assim tivémos duas soberanas ocasiões de golo, ambas ingloriamente desperdiçadas por Sporar (substituiu Jovane). Na primeira, o esloveno cabeceou sozinho e não acertou na baliza; na segunda a bola parece que o perpassou como se ele fora um holograma dos balcãs, efeito sobrenatural já avistado em duas ou três situações com idêntico protagonista em Alvalade. Porro e João Mário, respectivamente, fizeram as assistências com mel. Até que Pote, correspondendo a um passe longo de Feddal, beneficiou de um momento de apanhados em que o guarda-redes contrário se retirou a si próprio e a um defesa do lance e, novamente de pé esquerdo, marcou. 

 

Vitória justíssima do Sporting, ainda que tanta caridade cristã, embora neste caso com a atenuante de ser com (o) Santa Clara, não seja recomendável no futuro a não ser que também se pretenda fazer um voto de pobreza. 

 

Tenor "Tudo ao molho...": Pedro Gonçalves ("Pote")

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23
Out20

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay


Pedro Azevedo

Sancho Pança dizia ao seu mestre "yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay". Com esta frase, Cervantes colocou na boca do fiél escudeiro de D. Quixote um sentimento por muitos partilhado: não sendo racional acreditar na existência de bruxas, a superstição acaba por fazer temer esses míticos seres do oculto. 

 

O que dizer então da 3ª eliminatória da Taça de Portugal onde o sortilégio colocou frente-a-frente o Fafe e o Vilar de Perdizes? De um lado o Bruxo de Fafe, do outro a aldeia mais mística de Portugal, o jogo (aguardado para o dia 22 de Novembro) promete atrair à cidade do distrito de Braga curiosos interessados em ver bruxos e bruxas, diabos e mafarricos. Todos na esperança de literalmente observarem dentro das 4 linhas aquilo que um adepto Sportinguista figurativamente já há muito se apercebeu: é que, no relvado, o futebol português é solo fértil para o sobrenatural.  

21
Out20

O Pantera Cor-de-Rosa


Pedro Azevedo

Eu sei, é o quarto Post que faço sobre João Almeida, mas o ciclista português está cada vez mais perto de realizar um dos maiores feitos de sempre do desporto nacional. Amanhã será o Dia D para o João no Giro de Itália. A cumprir a sua terceira semana numa grande volta, o ciclista português está em território inexplorado. Não só é estreante nestas andanças velocipédicas como não se saberá de que forma o seu corpo reagirá à acumulação de tantos quilómetros. As grandes competições por etapas - Tour, Giro e Vuelta - são essencialmente provas de endurance que privilegiam ciclistas com muitos Kms nas pernas, pelo que geralmente o pico deste tipo de atletas atinge-se por volta dos 30 anos. Ora, o nosso João Almeida só tem ainda 22 anos e está no Giro somente devido ao incidente que afastou Renko Evanpoel, o jovem prodígio belga que estava destinado a ser chefe-de-fila da Deceuninck-QuickStep nesta prova. Ao mesmo tempo, enfrenta (Ca)Nibali, o italiano que já venceu as 3 Grandes Voltas, e o compatriota deste, o ainda mais veterano Domenico Pozzovivo. Mas não só destes tricolores transalpinos se faz a concorrência. O holandês Wilco Kelderman, segundo na geral a magros 17 segundos, e os jovens lobos Hindley (australiano) e Geoghegan Hart (americano) parecem especialmente ameaçadores sempre que a estrada empina.

 

Numa volta com estas características não pode haver um dia mau. A regularidade é importantíssima, a experiência também, a gestão do desgaste idém. Conseguirá o João levar a rosa até ao fim? Sobre isso tenho sentimentos contraditórios. Por um lado, o desgaste que sofreu na etapa de Domingo, sozinho durante 7 Km, exposto ao vento, sem ninguém para o ajudar - Masnada, seu colega de equipa, pela segunda vez, optou por seguir na roda e gerir a sua corrida em vez de num último esforço procurar cobrir o espaço que a Sunweb conseguiu abrir para o João - constituiu o tipo de erosão que geralmente se paga mais tarde com juros numa grande volta. Por outro, bastante mais animador, os sinais que ficam do João após os dias de descanso: tal como na segunda semana, nesta terceira semana do Giro o João apareceu renascido como a fénix, de cambaleante no Domingo para desafiante de toda a concorrência na terça-feira. Adicionalmente, hoje não deu um sinal fraqueza numa etapa em que os ciclistas tiveram de ultrapassar 3 contagens de montanha de 1ª categoria e uma de 3ª.

 

Amanhã há uma etapa muito importante do Giro, dir-se-ia a etapa rainha da prova. Classificada como de 5 estrelas, a ligação entre Pinzolo e Laghi di Cancano (207 Km) contém 1 contagem de montanha de 2ª categoria logo a abrir (Km 14), duas montanhas de 1ª categoria (Km 66 e Km 207), a última a coincidir com a meta, e ainda um prémio de montanha de categoria extra situado ao Km 169 em que os corredores ascenderão até aos 2758 metros. Com todas estas dificuldades, não será de admirar que provoque diferenças entre os principais competidores que ajudarão a definir a classificação final. Sendo o Giro uma prova por eliminação progressiva, seria importante e moralizador para João Almeida continuar a resistir no primeiro lugar da classificação geral. Se o conseguir, acredito que ultrapassará também bem o dia de Sábado, a última grande etapa montanhosa do Giro que se disputará na véspera do final desta grande competição velocipédica, a qual se concluirá com um contra-relógio de 15,7 Km com chegada a Milão. Aconteça o que acontecer, os momentos que o nosso jovem ciclista tem vindo a protagonizar já não poderão ser apagados da nossa memória, entrando num tipo de registo por nós não vivido desde os tempos do saudoso Joaquim Agostinho. Ao mesmo tempo desafiando todos os peritos, probabilidades e casas de apostas. O milagre já esteve mais longe de acontecer, mas seja como for ninguém tirará a João Almeida o epíteto de heroi improvável desta edição do Giro. Força no pedal, João!

 

P.S. Resultou no fim de semana passado, pelo que o fundo deste blogue permanecerá com o fundo rosa em homenagem ao João Almeida enquanto este for líder da classificação geral do Giro. Esperamos que tal possa acontecer até ao final do dia de Domingo.  

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21
Out20

Sabia que... (2)


Pedro Azevedo

... nos 3 jogos já disputados para a Primeira Liga, os jogadores do Sporting cometerem 50 faltas e sofreram 55? Às 50 faltas cometidas pelos nossos jogadores corresponderam 12 amarelos (24% amarelos/falta), enquanto as 55 faltas cometidas pelos nossos adversários tiveram como consequência a amostragem do cartão amarelo em 8 ocasiões (14,5% amarelos/falta). 

 

Dado curioso: atendendo que o Sporting utilizou até ao momento 21 jogadores e que foram cometidas 55 faltas sobre eles, tal representaria uma distribuição equalitária de 2,6 faltas sofridas por jogador. No entanto, salta à vista a discrepância observada em relação ao Matheus Nunes, jogador que só à sua conta já viu jogadores adversários entrarem à margem das leis sobre si em 11 vezes. Assim sendo, Matheus Nunes sofreu 20% do total de faltas cometidas sobre jogadores do Sporting. Importante interiorizar isto, nomeadamente quando se afirma que Matheus dá pouco ao ataque. Pudera, as suas iniciativas são geralmente travadas através de falta logo na saída para o ataque. Não admira portanto que, com 1 jogo ainda por realizar, o brasileiro figure no 8º lugar do ranking dos jogadores da Primeira Liga que sofreram mais faltas até à data, tendo à sua frente apenas médios ofensivos e avançados. Será caso para escrever #deixemjogaromatheus?

21
Out20

Craque da semana (6)

Agustín Palavecino


Pedro Azevedo

Prosseguimos a divulgação semanal de jogadores que se destacam em diversos campeonatos periféricos com um craque que actua na Colômbia: Agustín Palavecino. Palavecino, de 23 anos, é um médio ofensivo argentino (1,73m) em evidência nos colombianos do Deportivo de Cali. Com 8 golos e 4 assistências é actualmente o melhor marcador dos "cafeteros" na Primera A, o campeonato colombiano. 

 

Destro, com grande visão de jogo, drible vertical e facilidade de remate, este jogador proveniente dos argentinos do Platense, clube onde realizou a sua formação, deu esta temporada um salto de qualidade que confirmou as melhores expectativas deixadas em 2019. 

 

Com um valor de mercado de apenas 1,3M€ pelo Transfermarket, Palavecino não ficará certamente por muito mais tempo em Cali. O México, que costuma ser o destino preferencial dos jogadores que se destacam na Colômbia, Brasil ou a Europa deverão ser o passo seguinte na sua ainda curta, porém auspiciosa, carreira.

20
Out20

Entrada com garras de leão


Pedro Azevedo

Depois de ter ultrapassado a última ronda de qualificação para a Taça EHF - a segunda competição europeia em prestígio (inferior à Champions e superior à Taça Challenge que já conquistámos em duas ocasioões) - eliminando os romenos do Dobogea Sud Constanta, o Sporting estreou-se na fase de grupos da referida competição vencendo fora uma outra equipa proveniente da Roménia, o Dínamo de Bucareste, por 27-25 (16-15 ao intervalo). Com este triunfo, o Sporting é um dos líderes do Grupo B com dois pontos, os mesmos dos alemães do Fuchse Berlin e dos franceses do Nimes. Na próxima jornada (27/10), os leões receberão no Pavilhão João Rocha o já velho conhecido Tatran Presov, uma equipa eslovaca que recentemente encontrámos na Champions e que nesta jornada foi derrotada em casa pelo Nimes (22-28). O IFK Kristianstad, da Suécia, completa este grupo de seis equipas em que se apurarão quatro para os oitavos-de-final da prova. Do lado do Sporting, Pedro Valdés (6 golos) e Carlos Ruesga (5) estiveram em evidência. Por curiosidade, de destacar que Valentin Ghionea, nosso antigo jogador e actualmente no Dínamo, foi o melhor marcador da partida com 8 golos.

20
Out20

Estatísticas da Liga 2020/21 (Jornada 4)


Pedro Azevedo

  1. Melhor rácio de CA por falta cometida: Rio Ave - 6,4% (18º Sporting - 24%)
  2. Pior Rácio de CA por falta cometida: Sporting - 24% 
  3. Menos Faltas com. por jogo: Rio Ave - 11,8 Faltas (12º Sporting - 16,7 Faltas)
  4. Mais Faltas com. por jogo: Boavista - 20,3 Faltas
  5. Menos CA por jogo: Rio Ave - 0,8 (18º Sporting - 4)
  6. Mais CA por jogo: Sporting - 4
  7. Menos Golos Sofridos: Vitória SC e Gil Vicente  (-1 j) - 1 golo (3º Sporting - 2 golos)
  8. Mais Golos Sofridos: Tondela - 11 golos
  9. Mais Golos Marcados: Benfica - 13 golos [5º Sporting (-1j) - 6 golos]
  10. Menos Golos marcados: Rio Ave, B SAD, Vitória SC e Gil Vicente (-1j) - 2 golos
  11. Menos Posse de bola: Marítimo - 38,5%
  12. Mais Posse de bola: Benfica - 58% (8º Sporting - 51%)

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19
Out20

74:26


Pedro Azevedo

(Imagens: SportTV)

Estavam decorridos 74 minutos e 26 segundos de jogo quando Sérgio Oliveira cometeu esta infração sobre Matheus Nunes que arrancou os pés do brasileiro do chão. O árbitro, perfeitamente em cima do lance, agiu bem do ponto de vista técnico, deixando prosseguir o lance visto a bola ter continuado do lado do Sporting. Porém, disciplinarmente, a acção violenta do médio do Porto passou impune. Convido todos a reverem o lance aqui, através da box da Vossa operadora ou no canal YouTube de Castigo Máximo.

18
Out20

Tudo ao molho e fé em Deus

O “worst case scenario” do Sporting


Pedro Azevedo

O "worst case scenario" é um conceito de gestão de risco inerente ao planeamento de uma determinada estratégia que contempla o pior cenário que se pode perspectivar com razoabilidade a uma determinada situação a fim de melhor se poderem acomodar eventuais futuras contingências relacionadas com eventos muito improváveis. Muito aplicado na banca, empresas e forças armadas, ainda assim ontem voltou a ficar provado que o "worst case scenario" não serve ao Sporting. Acham que estou a exagerar? Imaginemos hipoteticamente o seguinte: um defesa do Porto põe a mão continuamente em cima do ombro de um avançado do Sporting que se isola na área e na sequência dessa acção cai. Perante esta situação, considerando a mais recente jurisprudência resultante do golo anulado a Coates em Portimão por mínima pressão (não continuada no tempo) com a mão, se eu fosse treinador do Sporting e estivesse a planear o jogo, na antevisão de um lance desses daria 95% de probabilidade a ser marcada uma grande penalidade contra o Porto e expulsão do jogador portista (último defesa). Todavia, na realidade - a hipótese formulada aconteceu mesmo em campo - tal vir-se-ia a revelar insuficiente, pois embora o efeito prático da decisão do árbitro tenha sido o mesmo, o jogador não viu o vermelho mas sim o amarelo (no caso, o segundo). Assim sendo, esta observação apontaria para uns 99% de probabilidade (mínimo: grande penalidade e cartão amarelo), intervalo de confiança para a gestão de risco que na história da humanidade só não resistiu ao 11 de Setembro de 2001 e à crise do subprime. Dir-se-ia então razoavelmente imbatível. Eis então que, consultado o VAR, não só o "penalty" é revertido como também o segundo amarelo. Nesse estádio, a probabilidade de contingência em termos de risco para essa situação específica já era equiparável à de um massivo ataque terrorista (ou à de uma emissão de obrigações hipotecárias tóxicas). Mas não ficaria por aí, pois o treinador do Sporting foi expulso por alegados protestos que não terão caído bem ao árbitro que anteriormente havia observado a grande elevação dos responsáveis do banco portista que no português mais irrepreensível e sem vislumbre de qualquer vernáculo lhe haviam pedido por favor, por entre tratamento de V.Exª., digníssimo e ilustríssimo, para consultar o revolucionário amperímetro com que ligado à corrente o VAR na Cidade do Futebol mede a intensidade. Conclusão: no futebol português nem o "worst case scenario" nos acode. Perante o que acabo de descrever, o empate final registado no marcador acabou por ser uma contingência menor em termos globais face a uma situação não-razoável que ocorreu durante o jogo, circunstância essa que me fez evocar os tempos de um certo treinador croata que por cá passou e tão boa impressão deixou pela coragem de apostar nos jovens e estoicismo cavalheiresco com que aguentou os sucessivos atropelos às regras da arbitragem que acabariam por desviar da rota do título uma equipa que no campo exibia um belo futebol.

 

O jogo? O Sporting foi mais equipa e o Porto teve melhores jogadores. A uma boa organização leonina responderam os portistas com as individualidades Luis Diaz e Corona. Matheus Nunes falhou à primeira e Nuno Santos não perdoou à segunda oportunidade. Numa diagonal entre os centrais, Uribe empatou. Luis Diaz ia semeando o pânico na direita da defesa leonina e, após um contra-ataque rápido mal desfeito pelo jovem Nuno Mendes, Corona espalhou o vírus do seu futebol no marcador com toda a defesa leonina em isolamento forçado. Em cima do intervalo, o "worst case scenario" descrito em cima.

 

No reatamento, a toada mantinha-se igual por entre terços e até rosários rezados de cada vez que a bola assomava a Neto. Até que ao fim do segundo terço (do jogo), Sérgio Conceição trocou Diaz e Marega por Martinez e Anderson e o Sporting aproveitou para tomar conta das operações. O Porto limitava-se ao tão enganador quanto ilusório "controlo do jogo", expressão do futebolês que já se sabe não augura nada de bom e precede um imediatamente posterior ar de estupefacção do treinador tuga com uma "batata" com que não estava a contar enquanto alegremente especulava com o jogo, ou seja, entregava a bola ao adversário. Simultaneamente, o Sporting ia progressivamente arriscando mais e mais a partir do banco. Até que uma transição dos dragões virou numa ainda mais rápida transição leonina - ou não tivesse vindo do carrinho de Palhinha - e Vietto empatou a partida após defesa de Marchesin a um toque de calcanhar do entretanto regressado Sporar. 

 

O segredo do Sporting esteve na labuta do miolo do terreno, onde Palhinha (segundo tempo) e Matheus Nunes (primeira parte) estiveram em bom plano e Pedro Gonçalves deu uma ajuda preciosa. Palhinha foi para mim o melhor em campo, por sozinho ter assumido a secção de metais e a percussão quando Ruben Amorim precisou de violinistas para as cordas com que subtilmente agarrou a equipa ao jogo face aos tocadores de bombo que vieram do Norte. Quanto ao brasileiro, voltou a ser massacrado com inúmeras faltas que, para além de nunca resultarem no cartão amarelo correspondente, acabam por o enfraquecer durante o jogo. Exemplo do que acabo de escrever foi a inacreditável inacção disciplinar do árbitro numa acção grave de um portista onde o Ma theus ficou partido em duas sílabas de dor numa palavra aguda, em lance que viria a terminar num remate de Porro a rasar o poste. Quanto a Pote, andou sempre abaixo e acima, defendendo e atacando, recuperando bolas, rematando sempre que pôde e cruzando como no lance do qual resultou o empate final que se viria a registar no marcador. Relevo ainda para a estreia de João Mário, um regresso a casa ao fim de 3 anos de ausência.

 

Tenor "Tudo ao molho...": Palhinha

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(Imagem: A Bola)

15
Out20

Tudo ao molho e fé em Deus

A moto Jota contra o Auto Sueco


Pedro Azevedo

Ao contrário do que autoridades sanitárias e comentadores descreveram, o Ronaldo esteve ontem no relvado do Sporting. Pelo menos no subconsciente dos suecos, os quais andaram sempre à procura do "Melhor do Mundo" de cada vez que os portugueses se acercavam da sua área. Debalde, pois foi como se perseguissem um holograma, deixando espaço para que o DJ de serviço aquecesse a noite fria de Alvalade.

 

Antes porém, os suecos foram ameaçadores. Com uma potência propulsionada por vários cavalos de força, o motor sueco encontrou durante algum tempo uma autoestrada no meio do campo lusitano. Porém, à medida que os portugueses foram construindo portagens e assim encurtando os espaços de circulação, os vikings deixaram de poder desenvolver todo o vigor da sua máquina e os seus problemas de afinação emergiram. Numa dessas pequenas cabines, Bruno Fernandes atrai dois suecos e encontra Jota solto. Este, nada egoísta, serve Bernardo e Portugal adiantava-se no marcador. Manietados, os suecos viam-se agora obrigados a acelerar em espaços de reduzida mobilidade. Em consequência, começaram a bater de frente e de lado e a desorganizarem-se. Pressentindo isso, Cancelo, sem ninguém a pressioná-lo, lançou a bola para as costas da defesa sueca onde a moto Jota acelerou mais do que toda a frota sueca e dilatou a vantagem portuguesa. Portugal ia para o intervalo com dois golos à maior. 

 

No reatamento, Portugal controlou totalmente o jogo. Com Pepe investido como Ministro da Defesa, todos os avanços suecos esbatiam na boa organização defensiva lusa. Simultaneamente, abriam-se espaços na frente por onde contra-atacar. Numa dessas ocasiões, Bruno Fernandes isolou Felix, mas o promissor avançado embora estivesse sozinho frente a Olsen encontrou pela frente um batalhão de comentadores que diariamente o pressionam até ao limite do surreal e falhou. Quem não desperdiçaria nova oportunidade seria Jota. Servido por William, entrou em altíssima rotação pelo lado direito da defesa sueca, mandou uma mudança abaixo, flectiu para dentro e apanhou em contramão o desamparado guarda-redes escandinavo. Estava feita a história do jogo. Começando a diesel, aos poucos a selecção de Fernando Santos foi boicotando as máquinas a combustão suecas, cansando-as e levando-as para terrenos onde os cavalos não conseguiam fazer a diferença, caminhos esses mais propícios a quem tem moto. Chamam-lhe Jota. Fixem-lhe o nome.

 

Um dos grandes méritos do engenheiro é este: sem dramas, quando não tem cão Fernando Santos caça com gato. Ou, como quem diz, sem Ronaldo, craque e inspirador desta nova geração, dá palco aos jotinhas. E Portugal continua a ganhar. 

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